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Assunto: Faleceu Bana, o "Rei da Morna" de Cabo Verde Sáb Jul 13 2013, 17:21
O cantor morreu esta madrugada no Hospital de Loures, em Portugal, vítima de doença prolongada.
Bana, de nome completo Adriano Gonçalves, 81 anos, foi um dos nomes que mais ajudou a projectar a música de Cabo Verde no mundo, desempenhando um papel fundamental como agente da cultura do arquipélago.
O cantor morreu na madrugada deste sábado e o funeral vai realizar-se na segunda-feira à tarde. Em comunicado, a embaixada de Cabo Verde em Lisboa manifesta “grande pesar” pela morte de Bana e informa que o velório se vai realizar no domingo, a partir das 13h, na Igreja da Sagrada Família, em Benfica, onde decorrerá, no dia seguinte, à mesma hora, a missa de corpo presente.
O funeral sairá na segunda-feira, às 14h15, em direcção ao Cemitério do Alto de São João, “onde o corpo será cremado, segundo o desejo manifestado [por Bana] em vida”, informa a nota da embaixada.
Bana nasceu a 11 de Março de 1932, no Mindelo, ilha de São Vicente, em Cabo Verde, dez anos antes da sua conterrânea Cesária Évora, falecida a 17 de Dezembro de 2011. Gravou mais de 50 discos, ao longo da sua carreira, iniciada em 1942, com apenas dez, tendo sido apadrinhado por B.Leza, um dos maiores músicos, poetas e compositores de Cabo Verde.
Alto (quase dois metros), de sorriso fácil e atento, embora alguns lembrem que quando se irritava se tornava insuportável, Bana deixa um legado extra-carreira, pois foi graças ao “Rei da Morna” que muitas das actuais “estrelas” da música cabo-verdiana começaram a brilhar. Foi Bana quem ajudou, por exemplo, Celina Pereira, Paulino Vieira, Tito Paris, Leonel Almeida, Titina, Zizi Vaz, entre muitos outros.
Em Maio de 2008, Bana sofreu um acidente vascular cerebral. Foram meses duros, mas que não o impediram de, depois, voltar a pegar no violão, pouco usual, e a cantar.
Companheiro de todos os “históricos” da música cabo-verdiana, Bana foi embalado pelos instrumentos tocados por Manuel d’Novas, Luís Morais, Morgadinho, entre muitos outros de todas as gerações.
Em 2012, foi distinguido com o Prémio Carreira, pelo Cabo Verde Music Awards, sucedendo a Cesária Évora, a “Rainha da Morna”. Ao longo da carreira foi alvo de inúmeras homenagens e uma das mais comoventes aconteceu em Junho de 1992, quando viu encher a sala da Aula Magna, em Lisboa, para celebrar 50 anos de carreira na presença de todas as gerações.
Luís Morais, Manuel d’Novas, Celina Pereira, Ildo Lobo, Morgadinho, Manel de Ti Djena, Ana Firmino, Zizi Vaz, Fernanda Queijas, Maria Alice, Titina, Leonel Almeida, Paulino Vieira, Tói Vieira, Armando Tito, Djon, Tito Paris, Vaiss, Nabias, Quim e Nando, todos nomes sonantes, estiveram lá a tocar para o “Rei da Morna”.
“Bana: Uma Vida a Cantar Cabo Verde” conta a sua vida num livro biográfico, escrito pela jurista portuguesa Raquel Ochôa, lançado em 2008 em Lisboa.
Antes de chegar a Portugal, o que só aconteceu em 1969, Bana passou pelo Senegal, Holanda, França e por muitos palcos do mundo, onde foi gravando discos uns atrás dos outros, a solo ou com os “Voz de Cabo Verde”.
A “estreia” em Portugal, que aconteceu na inauguração da Casa de Cabo Verde em Lisboa, dá-se pela insistência de vários elementos da Tuna Académica de Coimbra, que tentava levá-lo à então Metrópole em 1959. Entre eles figuravam Manuel Alegre e Fernando Assis Pacheco.
As reacções à morte do "Rei da Morna" O presidente de Cabo Verde afirmou na sua página do Facebook que o cantor cabo-verdiano Bana é uma “voz impar que não se vai”, considerando que ficará, “sempre” na memória de todos.
“Recebo a notícia da morte do nosso Bana. Esse, sim, cujo nome lembra de imediato o de Cabo Verde, a sua voz. Voz ímpar que não se vai. Voz que faz ecoar Eternidade, Nossa Senhora de Fátima, Lua nha testemunha, Na caminhe de Maderalzim, Traiçoeira de Dakar, Lora... Bana continua, pois, entre nós, sempre. Sempre grande, um dos grandes”, escreveu Jorge Carlos Fonseca.
“Há um ano, a meu lado, via-lhe e sentia-lhe as lágrimas fartas de um homem e de uma alma plenos de autenticidade. Ainda cantou uma morna. E continuou com as lágrimas. Foi-se o nosso Bana?! Não, fica eternamente connosco. A nossa solidariedade e a nossa partilha de dor com os familiares e os amigos”, concluiu o chefe de Estado cabo-verdiano.
O primeiro-ministro cabo-verdiano também falou da importância que o cantor teve em projectar Cabo Verde no mundo e que Bana que se tornou “claramente” um “património” do arquipélago e da humanidade. “Bana é um grande homem, um grande cabo-verdiano e um homem desta grandeza não morre, deixa obras que viverão eternamente. Bana projetou de tal modo Cabo Verde no mundo que é claramente um património nosso e da Humanidade”, disse José Maria Neves, ouvido pela Rádio de Cabo Verde (RCV).
Para José Maria Neves, a melhor homenagem que se poderá fazer ao cantor cabo-verdiano é trabalhar “arduamente” para elevar a Morna a Património Imaterial da Humanidade, processo que foi desencadeado em 2012 pela cantora cabo-verdiana Celina Pereira.
“Mais do que um busto, Bana poderá levar o nome de uma rua, de um edifício, de um património nacional. Mas acho que a maior homenagem que lhe poderemos prestar é elevar a Morna a Património Imaterial da Humanidade”, defendeu.
“Bana é um património do mundo, de Cabo Verde, e tudo o que pudermos fazer, aqui e na diáspora, para o homenagear, além da reedição das obras importantíssimas, continuarmos a trabalhar para que a Morna seja elevada a Património Imaterial da Humanidade”, insistiu.
Questionado sobre o facto de haver o desejo de o corpo do “Rei da Morna” ser sepultado em Lisboa e não em Cabo Verde, José Maria Neves afirmou compreender o desejo da família, salientando que, se houver mudança de ideias, o Governo assumirá a trasladação e prestará um funeral com honras de Estado.
“Teremos de fazer as articulações com a família. Temos de ver quais eram os desejos do próprio Bana e quais são as intenções da família. Havendo o desejo e a intenção da família em que ele seja sepultado em Portugal, teremos de fazer as necessárias articulações para prestar-lhe lá, em Lisboa, uma importante ilha de Cabo Verde, as devidas homenagens”, disse.
Tito Paris, emocionado com a morte do "padrinho", disse que Cabo Verde "ficou mais pobre". "Não sei como qualificar Bana, com aquele crioulo do Barlavento que ele usa na morna, que toca no coração de todos os cabo-verdianos", afirmou.
Também a cantora Lura lamentou a morte de Bana, "uma voz muito forte e marcante na casa de todos os crioulos, sobretudo na diáspora". Lembrou ainda o "sentimento" que o cantor punha em tudo o que cantava. "Bana foi sempre um extraordinário intérprete, sobretudo na interpretação do sentimento cabo-verdiano, que está completamente representado na sua voz”, acrescentou.
Mensagens : 506 Data de inscrição : 25/05/2013 Idade : 54 Localização : Perto do mar... Móóóó!!!
Assunto: Re: Faleceu Bana, o "Rei da Morna" de Cabo Verde Sáb Jul 13 2013, 19:25
Uma grande salva de palmas para o grande BANA e Q.P.D.
António José da Silva Membro AAP
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Assunto: Re: Faleceu Bana, o "Rei da Morna" de Cabo Verde Sáb Jul 13 2013, 20:33
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stardrake Membro AAP
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Assunto: Re: Faleceu Bana, o "Rei da Morna" de Cabo Verde Sáb Jul 13 2013, 23:03
Bana era, com efeito, um intérprete da Musica Cabo Verdiana, para além de uma pessoa singular e com uma trajectória de vida que dava para escrever vários livros.
Onde estiver, não deixará de cantar "Maria Bárbara (tradicional)".
Mário
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Assunto: Re: Faleceu Bana, o "Rei da Morna" de Cabo Verde