- TD124 escreveu:
Resumindo, o Linn LP12 é um mau gira-discos comprado e possuido por muita gente surda ... mas sò uma minoria conheçe essa realidade
Paulo,
Na verdade, somos todos surdos, porque a única verdade científica, no áudio e não só, ninguém consegue ouvir com o ouvido do outro. Logo, esse outro, se contrariado na sua forma e percepção de escuta, dirá que o primeiro é surdo. É uma realidade!
O meu tio, surdo que nem uma porta, nos derradeiros anos da sua vida, quando dizia qualquer coisa, que não percebíamos e fazíamos aquela interjeição - 'Ahnn' - voltava-se para nós e dizia-nos logo:
«Vocês estão surdos! Ainda têm a lata de dizer que o surdo sou eu»Então, vou-te dizer, como é que os meus pobres ouvidos de surdo ouvem e percepcionam o famoso Linn Sondek LP 12.
Prós:
Quando bem afinado e enquanto aguenta tal afinação, o Sondek LP 12 apresenta-se, logo à primeira escuta, com um som do tipo
«straight to the point», como dizem os ingleses. Articulado, recortado e envolvente, com destaque numa maviosa gama média e uma transparência bem assinalável para um equipamento analógico, com timbres correctos em toda a tipologia de instrumentos reproduzidos.
Partiu da ideia e filosofia de um projecto extraordinário, diria mesmo fabuloso, que tinha tudo para dar certo, apesar de não deixar de, aqui e ali, apresentar apontamentos do chamado "som tipo inglês".
Contras:
O seu principal contra está, para os tais pobres ouvidos, no meu anterior parágrafo:
«Partiu da ideia e filosofia de um projecto extraordinário, diria mesmo fabuloso, que tinha tudo para dar certo...»Pese embora a herança Ariston e até mesmo Thorens, o Linn partia de um projecto com um princípio de funcionamento fabuloso e com todo o sentido, mas... com um mau caderno de encargos. Estou convencido disso!
Os materiais utilizados e as suas qualidades intrínsecas, eram francamente fracas, para não dizer mázinhas.
Sem exageros, ao fim de rodar uns quantos discos (eu diria, no máximo, ao fim de duas semanas), lá teríamos de voltar a afinar o gira discos, como já disse noutro tópico, principalmente no que à suspensão diz respeito. Em dias de calor intenso, como o verificado nestas últimas 2 semanas em Portugal (Torres Vedras teve dias que ultrapassou o 40º C), então era o fim da picada. Mas também dias mais húmidos, faziam sofrer, não só as suspensões, como todo o material metálico (de má qualidade) que equipa o gira discos.
Em termos sónicos, quando acaba o " curto prazo de validade" o som é inaudível, mesmo para um surdo como eu!
Não é por acaso, que há 48 anos, a Linn vem fazendo lançamentos de componentes extra, ditos de
«updates e upgrades, na tentativa (nem sempre conseguida e muitas vezes falhada) de resolver os erros de construção originais. O último, revela-se no actual topo de gama, com o sufixo 'Akurate' que integra, na caixa do gira discos, um pré de fono, a que chama de 'Urika', de bradar aos céus de tão mau e de tão sem sentido.
Salvam-se os braços: Ekos, Akito e Ittok (principalmente, para mim, este último).
Conclusão:
Linn Sondek LP 12,
quando bem afinado e enquanto dura essa afinação,
tem um som excelente (!), que muitos de nós procuramos sempre ter, de um equipamento deste tipo. Combinado então com um NAC 92, um NAP 250, um Prefix e SBL - tudo NAIM - fazia uma combinação histórica e de excelência. Era este o meu sistema nos anos 90.
O grande problema é, não haver muita gente com pachorra para estar a afinar o gira discos de 7 em 7 dias de utilização. Tão pouco para chegar a zangar-se com o formato vinil (foi o meu caso) para mais de uma década, pelas más experiências deste Linn.