Fórum para a preservação e divulgação do áudio analógico, e não só... |
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| Os bastidores do audio... | |
| | Autor | Mensagem |
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TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 12:38 | |
| José Miguel - TD124 escreveu:
- José Miguel escreveu:
...Seja quem for que construa por "medida" ou encomenda, dificilmente criará um nome que chegue muito longe. Há os que conseguem com muito esforço (dedicando tempo e dinheiro à empreitada), ... Existém muitos construtores por empreitada hoje em dia e o numero continua a aumentar pois existe uma procura da parte do consumidor ... basta ter um site e um pequeno grupo de clientes (um forum por ex) para começar. A partir desse ponto, e muitas marcas nasceram assim, é possivel de dar passos e se tornar um pequeno industrial e depois talvez um médio. Era nesse sentido que falei pois acho pena num pais pouco industrialisado como Portugal que essas competências não se concretizem em empresas de visibilidade nacional ou europeia. Os paises de leste fazém isso muito bem e jà possuém vàrias marcas activas na europa...
Como o Paulo sabe, e é público, eu não percebo nada de questões técnicas, menos ainda de construir. Contudo, sempre que me cruzo com alguém que domina estas artes pergunto pela "passagem de testemunho" (conhecimento) e pela existência de uma nova geração já activa.Toca num assunto que parece de raiz cultural, Portugal está mesmo sem grande indústria e as últimas décadas revelam que a pouca que existia foi sendo abandonada contra todas as hipóteses (havia dinheiro a entrar vindo da Europa, mas escolheram-se outros investimentos). Ao longo das mesmas décadas sempre se debateu o Ensino Profissional, que tristemente sempre foi olhado como ensino de segunda para alunos de terceira... A "tempestade" estava pronta e hoje estamos a sentir os efeitos... no tempo de pandemia, as indústrias ditas tradicionais têm trabalho, as empresas do ramo textil que conheço (sou natural da zona do Ave) e que se mantiveram relevantes, têm muito trabalho (a China não é desculpa para tudo).Creio que já se falou deste tema até em relação a outros construtores, não sendo advogado de nenhum, lembro que Portugal tem um salário médio muito baixo e não tem muita tradição de investimento nestas coisas. Pagar 3, 4, 5 mil euros por um amplificador é coisa para poucos, passar de "artesão" a micro-empresa já seria um milagre... quanto mais média (o Paulo está fora, mas digo-lhe que o tecido empresarial Português é na sua maioria composto por micro-empresas, umas poucas médias e meia-dúzia grandes).Quando não se cresce dentro, pode-se crescer fora... mas com que fundos? Com que mão-de-obra? Alguns dos construtores nem têm o ofício como primeiro emprego, arranjar quem trabalhe nesta área é complicado.Fóruns e amigos podem alimentar um, dois construtores, mas não farão deles pessoas relevantes no meio, nem com grande visibilidade. A evolução de projectos poderá ser de tal forma demorada, que acompanhar o Mercado será outra dificuldade no caminho.Não havendo terreno para subir os preços e não havendo escala, como se constrói uma empresa, micro que seja?Eu gostava de ver algo Português vingar, mas é complicado. Se um dia conseguir comprar uma peça de artesão, comprarei porque ela será relevante para mim, porque me dará o que procuro e não por algum sentimento de "relíquia". Pleno de confiança, passarei a palavra de forma tranquila. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Mudei para aqui para não poluir do outro lado com "off topic" . Compreendo a tua argumentação, mas ela não é valida complétamente. Até hà pouco tempo paises como a Polonia ou a Republica Checa eram mais pobres do que Portugal no indice do PIB (hoje jà nos ultrapassaram ) e isso não impediu o investimento pessoal e a criação de marcas e projectos individuais (artesãos) à volta do audio. Podemos sempre dizer que eles estão proximos do centro geografico da europa e Portugal està afastado ... mas com os meios de comunicação modernos isso não é (complétamente) um problema e os vinhos e azeites de artesãos portugueses vendem-se da mesma maneira que os italianos... O preço dos aparelhos também não é um, pois basta adaptar a categoria dos aparelhos aos meios do consumidor médio em função do mercado. Um aparelho a dez mil euros pode pareçer caro, no entanto tenho a certeza que existém em Portugal vàrias pessoas que podem comprar aparelhos assim. De certeza que hà menos que na Belgica, Luxemburgo ou Suiça mas hà de certeza... Um aparelho de qualidade encontra comprador e se é mesmo muito bom encontra com relativa facilidade ... é algo que mereçe reflexão da parte dos artesãos portugueses | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 13:48 | |
| - TD124 escreveu:
- José Miguel escreveu:
Eu gostava de ver algo Português vingar, mas é complicado. Se um dia conseguir comprar uma peça de artesão, comprarei porque ela será relevante para mim, porque me dará o que procuro e não por algum sentimento de "relíquia". ... José!... jà tens peças de artesão pois o teu phono e as modificações do Lenco são o quê ??? Aproveito e respondo aqui a esta parte: sim, o pré de phono é um exemplo desta conversa, a alteração feita no Lenco não a considero para esta conversa. O Carlos Meda, o senhor de quem falo para reparações, diz sempre: faço restauro e reparações para manter as portas abertas, o que gosto é de criar. O Guilhermino Pereira disse algo semelhante, ele tem o trabalho dele na Imacustica, mas por vezes lá lhe são lançados desafios e ele tenta responder na medida das possibilidades/tempo - os OTL já saem da sua oficina faz anos, o pré de phono foi feito numa série e vendeu-se (o que temos é o prototipo, nem é da série que foi vendida... a série vendida tinha as caixas com aquela placa com retro-iluminação como o OTL que partilhei). O Joaquim Pinto, o construtor com mais referências neste fórum, não me parece estar a caminho da criação de uma micro empresa... a peça mais em conta que faz deverá ser o Brutos, quase que aposto que vender 10/15 por mês não lhe dará segurança financeira... e como constrói ele essa quantidade por mês sem apoio de mão-de-obra? Para não falar que ainda teria que combater a ideia de que o pré de phono é caro... Eu não conheço a realidade do Centro e Leste da Europa de forma a poder falar dela, mas o que disse sobre Portugal vai para lá das premissas que o Paulo aponta como inválidas - eu sei que elas não explicam tudo, mesmo todas as que coloquei apenas explicam uma parte. Repare no que disse sobre o Ensino, talvez compreenda que o combate é mais profundo. Não estou a apelar a um qualquer sentimento de patriotismo, longe disso, antes de compreensão do trabalho. Enquanto se olhar de lado para carreiras ou profissões de trabalho manual, a coisa fica complicada até para criar empreendedores (palavra tantas vezes dita e ligada às novas tecnologias) nas áreas com esse tipo de trabalho. Não quero desencadear uma conversa altamente politizada, também não quero defender ninguém, como disse antes, eu não sou advogado de ninguém. O lado da qualidade para mim é algo que valerá sempre, quando disse que queria ter algo, estava a falar de forma mais direccionada a amplificação - não me expliquei bem. Não quero um qualquer amplificador só por ter saído de uma qualquer oficina de artesão, quero um que vá ao encontro do que procuro. Como já falamos, até pode dar-se o caso de nem vir a precisar de uma peça feita por "medida", porque eu não quero uma peça com grandes "tiques" de personalidade. Gostava de ter respostas mais claras sobre este tema, mesmo. Assisti de muito perto à queda da indústria têxtil em Portugal, fábrica após fábrica a fechar... o argumento era sempre o mesmo, a China. Mas como disse em cima, algumas modernizaram-se e ainda conseguem manter-se a trabalhar. Com muito desagrado/agrado, vi peças de roupa de grandes marcas venderem-se em Portugal Made in China, mas vi em Paris, Barcelona e Londres as peças dessas marcas com a etiqueta Made in Portugal (saídas de uma fábrica que conheço) - ainda hoje é assim e há o cuidado de escolher a origem das peças mediante o mercado onde vão ser colocadas. Não estou a demonizar a China, eles têm mão-de-obra mais barata, mas o que eles cada vez mais têm é uma capacidade de produção de alta qualidade e que respeita o padrão pedido. Voltando ao Audio: como se faz crescer uma empresa do zero ou perto disso? Primeiro é preciso que a pessoa queira... depois tudo o resto tem que ser bem pesado para passar pelo filtro do tempo. A qualidade vai ajudar a furar esse filtro, mas qualidade não chega. É preciso criar uma estratégia, é preciso oferecer ao Mercado algo que o Mercado não tem ou se já tem, tem que ser melhor. É uma daquelas máximas que aprendi a observar: se competes com produto, acabas a combater com preço... e o caminho será descer os preços, todos sabemos. Compete com uma ideia(lização) e poderá ser criado um novo segmento de mercado. | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 14:57 | |
| - José Miguel escreveu:
Voltando ao Audio: como se faz crescer uma empresa do zero ou perto disso?
Primeiro é preciso que a pessoa queira... depois tudo o resto tem que ser bem pesado para passar pelo filtro do tempo. A qualidade vai ajudar a furar esse filtro, mas qualidade não chega. É preciso criar uma estratégia, é preciso oferecer ao Mercado algo que o Mercado não tem ou se já tem, tem que ser melhor. ... Efectivamente estes dois pontos que sublinhei são essenciais e em qualquer parte do mundo. A mão de obra, a quantidade produzida e o preço são coisas que se controlam, que se preparam. Um aparelho que tenha sido estudado para ser feito em série artesanal leva pouco tempo a montar. Conheci a marca francesa Atoll quando nasceu e o amplificador IN80 ( o mais famoso nos finais de 90) era montado à mão pelos dois irmãos e eles produziam à volta de vinte por dia... Evidentemente que é necessario uma estratégia, mas mesmo para vender um unico exemplar tal é necessario. Ninguém compra um aparelho para fazer prazer ao construtor ou ao artesão ... se alguém compra é porque esse produto possui algo que motiva a compra. Pode ser o som, a estética, a relação qualidade preço, a tecnologia, a fabricação, a filosofia do criador ou uma mistura disto tudo ... mas tém de haver sempre um factor relevante. Quando se trata de OTL que é uma tecnologia relativamente rara a coisa torna-se mais simples pois a concurrência é menor, o Guilhermino Pereira e o Joaquim Pinto téem um trunfo na mão neste caso. Não é por acaso que abordei este tema... Marcas como a Primare, Copland, Electrocompaniet et Densen estão reunidas para comprar as peças e assim pagam mais barato pois encomendam mais. È possivel imaginar espaços de co-working aonde os construtores portugueses poderiam partilhar a compra das peças, a entreajuda técnica em sectores mais especialisados, a partilha de salas nas feiras e mesmo o marketing. Nenhuma empresa é fàcil a criar ném a vingar ... mas sém tentar ném experimentar, é garantido que nenhuma vinga | |
| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 15:07 | |
| Paulo, Provavelmente, também para não poluir o outro tópico, o José Miguel não disse tudo o que lhe apetecia. Mas, eu compreendo perfeitamente a "angústia dele", que também é a minha. Sei que tu saíste do País muito novo, mas julgo, com a idade de te aperceberes dos males que o mesmo sofria e, durante todo este tempo, acredito, de igual forma, que não será novidade nenhuma. O que se passa em Portugal relativamente a Empreendedorismo é uma questão antiga, cultural e educacional. Cultural, porque nós somos culturalmente pouco aventureiros. A história que se conta acerca dos Descobrimentos, não é bem verdadeira! Isto é uma história que dará para outro tópico. Adiante.. Educacional, porque os nossos índices de Qualificação, continuam baixos, pese embora o índice de escolaridade tenha aumentado, desde 25 de Abril de 1974, o certo é que, os índices de rendimento escolar continuam baixos e, pelo contrário (que não melhor) o índice de abandono escolar precoce é dos mais altos da Europa a 27. Também o facto de a ligação escola - empresa, apresentar indicadores praticamente desprezíveis e dos investimentos estruturais e de suporte públicos serem também pouco significativos, conduz-nos à situação de sermos um povo do fazer, mais do que um povo do promover, ou, pelo menos um povo do aprender a fazer e do aprender-aprender. Adiciono, ainda a isto tudo, a organização de base do Ensino em Portugal ser bastante crítica e, tendencialmente perdulária, com a tal agravante do Ensino Técnico-Profissional ser uma miragem. Ao sermos um povo do fazer - fazer, tal coloca-nos numa posição de fazemos aquilo que nos mandam fazer, sem grande capacidade de iniciativa - Empreendedorismo - com reflexos numa terrível característica de défice de organização, sem grande volume de produtividade global. Agravado com a falta de investimentos estruturais e orientação planeada e racional para tais investimentos, somos, frequentemente relegados para valorizar a importação do que a exportação, exactamente porque a iniciativa de industrialização e de crescimento industrial do País. Todas estes apontamentos dariam grande pano para mangas para outros tópicos com tanto mais desenvolvimento e razões de suporte do que as agora apontadas. Deixo só mais uma nota: Os portugueses quer culturalmente, quer por educação, têm pouca auto-estima e muito carácter 'classista'. O que é português só é bom da boca para fora. Normalmente se é português é "pobrezinho". Glamour e status é o que é feito/vem de fora do País. Um bom exemplo disto eram os discos da EMI / Valentim Carvalho, que eram todos feitos nos estúdios de Paço d'Arcos, desde 1963 (gravados, editados e prensados), iam para Inglaterra e regressavam às lojas da VC como importados. Obviamente mais caros, mas mais apelativos por parte do consumidor português. Durante anos, a maioria das máquinas fotográficas da Leica eram produzidas no norte de Portugal. Se dissessem Made in Germany, tudo bem, se pelo contrário, tivessem a etiqueta "Feito em Portugal", alguns amantes da marca já reclamava que não eram a mesma coisa. Situações idênticas se passava com inúmeros produtos que eram cá feitos. Um JP Viriatus e outros, tinham todas as condições de serem encontrarem nos mercados internacionais mas: 1. Os Joaquim Pintos nacionais, não se mostram muito motivados para tal; 2. A capacidade financeira para o lançamento internacional não é muita. Ou melhor é muito pouca; 3. O apoio estrutural - governamental - para a iniciativa de internacionalização de marcas portuguesas é, praticamente, inexistente; 4. Os Criadores portugueses, para se internacionalizarem, terão de ganhar hábitos de conformidade comercial no âmbito das regras internacionais o que não é fácil, principalmente para quem, normalmente, tem poucas bases de Gestão Empresarial; 4. A divulgação e a acreditação interna é pouca ou nenhuma, logo, dificilmente ganha crédito fora; 5. Etc., etc., .... E para já fiquemos por aqui! | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 15:23 | |
| O Gonçalo aponta ao centro do alvo e, porque estamos numa conversa relaxada, coloca a "seta" no vermelho. | |
| | | Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 15:38 | |
| Meus amigos, para já os construtores portugueses vivem apenas dos Portugueses e irão viver sempre assim, porque lá fora têm uma enorme concorrência e os nichos dos artesãos são para os nacionais.. Os ingleses criaram fama de terem sistemas bons, porque a sua indústria sempre foi suportada por imprensa escrita em inglês. Mas alguém acha que os aparelhos da Alemanha, França, Dinamarca, Itália, etc...etc...tocavam pior?
Para além do Joaquim, Rui Borges, temos por exemplo os Ruis que sempre tiveram sistemas e peças de sonho, que ombreavam com o melhor que se faz no mundo,
Os Japoneses foram os primeiros aperceber-se que através da divulgação dos seus sistemas em revistas publicadas em inglês e com massivas campanhas publicitárias poderiam obter vantagens na divulgação. Eu durante muitos anos apenas lia as revistas em Português e depois em Inglês e não sabia que a frança e a alemanha tinham um industria audio com tanta qualidade.
Existe maneira de sair deste marasmo em que se encontra a industria de audio portuguesa? Não! Mas se existir um pequeno mercado em que trabalhem para conhecedores não será ótimo? Penso que sim sem qualquer tipo de dúvida! E é por aí que terão que ir, nunca tentando ombrear com empresas e marcas estabelecidas isso é o suicídio.
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| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 15:40 | |
| - TD124 escreveu:
[...] Marcas como a Primare, Copland, Electrocompaniet et Densen estão reunidas para comprar as peças e assim pagam mais barato pois encomendam mais. È possivel imaginar espaços de co-working aonde os construtores portugueses poderiam partilhar a compra das peças, a entreajuda técnica em sectores mais especialisados, a partilha de salas nas feiras e mesmo o marketing. Nenhuma empresa é fàcil a criar ném a vingar ... mas sém tentar ném experimentar, é garantido que nenhuma vinga Paulo, Só tu, com a tua generosidade, consegues não por a desatar a rir, pois tenho por ti muita amizade e consideração. Mas realmente o facto de estares tantos anos fora de Portugal, é que te faz esquecer de algumas vicissitudes cá do burgo. Os exemplos que tu dás - todas marcas 'Vikings' - são interessantes mas são isso mesmo, Vikings. Relembro que há pouco mais de um século: Suécia, Dinamarca e Noruega, representavam regiões das mais pobres da Europa. Hoje, são das mais ricas. Incluindo socialmente, que não só economicamente. Estes países, no pós 1ª Guerra mundial, decidiram juntar esforços de reabilitação sócio-económica naquilo que se chamou a "Revolução Viking", tendo-os granjeado para o topo das listas num espaço de 50 anos. As práticas de partilha, estão-lhes no sangue, embora com muitas rivalidades entre eles. Todavia, quando se trata de unir esforços económicos as rivalidades são colocadas para planos muito inferiores. Em Portugal, para além da minha anterior resposta, ainda falta outra característica, bem Lusitana. A INVEJA!A inveja, é muito mais forte e objectiva, para o criador português do que a partilha e a conjugação de esforços. Eu já tentei (e tu sabes bem da minha ambição, em matéria de desenvolvimento de uma indústria do áudio em Portugal) a tua proposta (destacada em cima). Recebi como troco, todo um conjunto de maledicência, que reservo contar-te quando estivermos juntos novamente. | |
| | | Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 15:42 | |
| - Goansipife escreveu:
- TD124 escreveu:
[...] Marcas como a Primare, Copland, Electrocompaniet et Densen estão reunidas para comprar as peças e assim pagam mais barato pois encomendam mais. È possivel imaginar espaços de co-working aonde os construtores portugueses poderiam partilhar a compra das peças, a entreajuda técnica em sectores mais especialisados, a partilha de salas nas feiras e mesmo o marketing. Nenhuma empresa é fàcil a criar ném a vingar ... mas sém tentar ném experimentar, é garantido que nenhuma vinga Paulo,
Só tu, com a tua generosidade, consegues não por a desatar a rir, pois tenho por ti muita amizade e consideração.
Mas realmente o facto de estares tantos anos fora de Portugal, é que te faz esquecer de algumas vicissitudes cá do burgo.
Os exemplos que tu dás - todas marcas 'Vikings' - são interessantes mas são isso mesmo, Vikings.
Relembro que há pouco mais de um século: Suécia, Dinamarca e Noruega, representavam regiões das mais pobres da Europa. Hoje, são das mais ricas. Incluindo socialmente, que não só economicamente.
Estes países, no pós 1ª Guerra mundial, decidiram juntar esforços de reabilitação sócio-económica naquilo que se chamou a "Revolução Viking", tendo-os granjeado para o topo das listas num espaço de 50 anos.
As práticas de partilha, estão-lhes no sangue, embora com muitas rivalidades entre eles. Todavia, quando se trata de unir esforços económicos as rivalidades são colocadas para planos muito inferiores.
Em Portugal, para além da minha anterior resposta, ainda falta outra característica, bem Lusitana. A INVEJA!
A inveja, é muito mais forte e objectiva, para o criador português do que a partilha e a conjugação de esforços. Eu já tentei (e tu sabes bem da minha ambição, em matéria de desenvolvimento de uma indústria do áudio em Portugal) a tua proposta (destacada em cima). Recebi como troco, todo um conjunto de maledicência, que reservo contar-te quando estivermos juntos novamente.
Até têm uma só companhia aérea a SAS. Poderíamos fazer o mesmo com Espanha. Eu não ficaria minimamente melindrado. | |
| | | Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 15:49 | |
| [quote="Goansipife"] - TD124 escreveu:
A inveja, é muito mais forte e objectiva, para o criador português do que a partilha e a conjugação de esforços. Eu já tentei (e tu sabes bem da minha ambição, em matéria de desenvolvimento de uma indústria do áudio em Portugal) a tua proposta (destacada em cima). Recebi como troco, todo um conjunto de maledicência, que reservo contar-te quando estivermos juntos novamente.
Se calhar estarias a ser visionário antes de tempo. Por exemplo já viste que o nosso Audio-Vintage/Portugauidio é feito precisamente pela conjugação de esforços. Apenas por sabemos que a nossa paixão tem que ser divulgada? E estou certo que mais dia menos dia vamos ter um museu do nosso Audio e assim dar descanso ao Fernando Salvado, que já o tenta faz mais de 20 anos? Eu acho que o Português mudou muito, em muitos casos para pior em outros para melhor, mas acredito que o nosso problema é não atacar o mercado com as armas que temos. E nós podemos, porque existe qualidade, atacar o mercado que é destinado ao "artesão" como fizeram durante muitos anos os Italianos no audio e hoje têm empresas já com enorme consistência e nome. | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 11 2020, 21:06 | |
| - Alexandre Vieira escreveu:
(..) Existe maneira de sair deste marasmo em que se encontra a industria de audio portuguesa? Não! Mas se existir um pequeno mercado em que trabalhem para conhecedores não será ótimo? Penso que sim sem qualquer tipo de dúvida! E é por aí que terão que ir, nunca tentando ombrear com empresas e marcas estabelecidas isso é o suicídio.
Passo umas horas no trabalho e sem dar atenção a isto… nem sei por onde começar. Tendo a estar a par do Gonçalo nesta conversa, percebo que o Paulo tenha uma visão algo distante, mas questiono algumas afirmações do Alexandre e por isso usei essa parte da sua intervenção. Eu acredito que há forma de ultrapassar alguns problemas, de alguma forma até me sinto como parte do problema... não por não ser comprador, mas porque participo activamente de um espaço como este - já lá vou. Alexandre, creio que aqui ninguém quer que os construtores nacionais passem a enfrentar marcas estabelecidas - isso seria loucura. Mas o exemplo da Atoll até é pertinente, porque a marca tem umas dezenas de anos e cresceu bastante respeitando um bom plano. Em Portugal também existe alguma coisita... " O conceito foi pensado e criado, numa primeira fase, no Reino Unido, em 2009, onde foi feita uma prova de conceito “muito bem sucedida”. Em 2013, a empresa foi criada em Portugal, no Algarve: a escolha teve a ver com a qualidade de vida no Algarve, os recursos ao mais alto nível disponíveis a uma fração de custo inferior, o contexto multicultural do Algarve – culturas, línguas, transportes, etc, que ajudam a empresa que trabalha à escala mundial – e pelo apoio que é dado às novas empresas. “Temos foco na exportação desde o primeiro dia. As vendas em Portugal são muito poucas e, muitas vezes, feitas por estrangeiros que se encontram no país”, detalha Amélia." Esse é um excerto de um artigo sobre a Innuos, a Amélia é uma das fundadoras. Afinal é possível criar e desenvolver, mas é preciso o tal plano, a tal formação, o foco e empenho, ... empreendedorismo, se quiserem. A Innuos, pelo que compreendo, não é uma ideia apenas de Portugueses, mas eles souberam usar todos os fundos que estavam a ser distribuídos e escolheram Portugal como sede por isso e por terem melhores condições físicas (plano!). Testaram o conceito e perceberem que havia mercado, lançaram os seus produtos a pensar na exportação, conscientes que Portugal não chegava. Voltando aos construtores mais próximos do artesanato... a divulgação deles é muito importante, mas será o Portugaudio a resposta para isso? Será este fórum? Por vezes, ou muitas vezes, sinto que há tamanho fechamento, que não sei se seria possível colocar todos na mesma "escola" ou espaço virtual. Nem sei se já foram convidados... eu ofereci-me para entrevistar todos os construtores que conheço e que possam conhecer, dar luz a essa gente que bem merece. A minha posição foi completamente ignorada. Colocar uma entrevista num fórum, onde o entrevistado não participa (ou mesmo que participe), tem que ter algum apoio, nem que seja pelo lado da protecção do bom nome - apoio institucional. Uma entrevista deve ser enquadrada como tal, os comentários deverão ser abertos, creio que não haveria problemas, e o enquadramento facilitaria o bom ambiente. Na altura sugeri um nome para começar, João da Bernarda (nem sabia que o Alexandre lhe tinha pedido algo), porque ele apoia várias iniciativas que decorrem aqui, mas quem realmente conhece o Paulo e o que o move neste mundo do Audio? Sabemos que ele aprendeu com um grande, mas o que ficou desse tempo? Que bicho lhe mordeu para se lembrar de repensar peças como as células Shure ou braços Thorens? E unir isto tudo num Anti-Lenco que vai contra a tendência e está num plinto leve e com alguma flexibilidade? E o acolher do digital? A exploração dos auscultadores e seus amplificadores? Será que o uso de auscultadores se prende com a passagem por terras frias e consequente frio nas orelhas? E a sua loja? E as reuniões com outros amantes de audio? As viagens até Portugal? A sua participação aqui? E o vinho, inspira-o ou distrai? E o que dizem os seus olhos!?! Acredito que estas coisas não são exclusivas de Portugal, mas num país pequeno tudo ganha uma enorme escala... menos os negócios, que se mantêm pequenos (para mal de todos). Informar e criar um ambiente saudável é o mais importante, porque há trabalho que merece ser revelado ao público - aqui ou num evento simpático e bem organizado. | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Os bastidores do audio... Ter Ago 18 2020, 13:39 | |
| - José Miguel escreveu:
... Voltando aos construtores mais próximos do artesanato... a divulgação deles é muito importante, mas será o Portugaudio a resposta para isso? Será este fórum?
Por vezes, ou muitas vezes, sinto que há tamanho fechamento, que não sei se seria possível colocar todos na mesma "escola" ou espaço virtual. Nem sei se já foram convidados... eu ofereci-me para entrevistar todos os construtores que conheço e que possam conhecer, dar luz a essa gente que bem merece. A minha posição foi completamente ignorada. ... O Portugaudio jà é melhor do que nada para dar foco a um construtor (marca) artesanal ... mesmo se no fundo partilho contigo as duvidas se o evento ofereçe as condições ideais de promoção e divulgação. Também o papel do forum pareçe-me limitado e sòmente uma real sinergia entre o forum e esses construtores permitiria de alcançar resultados interessantes... Não tive conhecimento dessa tua proposição mas acho a ideia muito interessante. São atitudes como essas que representam uma verdadeira faisca. Muitas vezes o mais dificil é fazer o primeiro passo ... e depois as coisas tornam-se mais simples e o "empreendorismo" pode mesmo tornar-se evidente e simples. Penso que deverias fazer essas intervistas e apresentação independentemente do ponto de vista dos outros. Uma entrevista bem feita faz reflectir a todos e pode ser um novo começo e uma nova visão dos artesãos... Continuo a pensar que uma pequena concentração de marcas audio em Portugal é possivel ... mas serà necessario dar um empurrão e uma ajudinha | |
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