Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: A Sair do Forno Sex Out 16 2020, 11:12
Os albuns recentes ou que veém de sair são pouco badalados por aqui. Sou adepto de uma revista muito eclética que todas as semanas comunica nos diversos estilos os albums que acabaram de chegar. Vou partilhar aqueles que me tocam e deixar um cheirinho quando possivel. È uma maneira de falar de algo mais importante do que o passado, falar de hoje...
Evidentemente que o espaço està aberto a todos os que queiram partilhar as novidades, quais que sejam
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A Sair do Forno Sex Out 16 2020, 11:38
A voz do Matt Berninger (The National) é uma das mais reconheciveis no panorama do rock-alternativo, talvez mesmo uma das mais belas. Neste seu primeiro album solo o rapaz rodeou-se de grandes musicos e foi mesmo buscar o mitico Willie Nelson que apadrinha o projecto. O que deveria ser um album de covers acabou por estar recheado de faixas originais. Resulta um album de Folk-Rock nocturno mas nunca monotono pois os arranjos são variados e inspirados. A voz de baritono do Matt Berninger entusiasma, toca e o cerebral cantor de Brooklyn faz pensar aos albums seminais dos The National (em menos rock) e mesmo ao High Violet. Talvez aqui seja a obra aonde a sua voz seja a mais envolvente e aonde o seu canto se exprime melhor. Album que alterna sensualidade e faixas profundas este Serpentine Prison é um disco carregado de veneno lirico. Um verdadeiro disco de autor que deve ser escutado rapidamente e obrigatoriamente ... dou-lhe uma nota de 8/10
Matt Berninger_Serpentine Prison (2020)
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A Sair do Forno Sex Out 16 2020, 12:47
TD124 escreveu:
A voz do Matt Berninger (The National) é uma das mais reconheciveis no panorama do rock-alternativo, talvez mesmo uma das mais belas. Neste seu primeiro album solo o rapaz rodeou-se de grandes musicos e foi mesmo buscar o mitico Willie Nelson que apadrinha o projecto. O que deveria ser um album de covers acabou por estar recheado de faixas originais. Resulta um album de Folk-Rock nocturno mas nunca monotono pois os arranjos são variados e inspirados. A voz de baritono do Matt Berninger entusiasma, toca e o cerebral cantor de Brooklyn faz pensar aos albums seminais dos The National (em menos rock) e mesmo ao High Violet. Talvez aqui seja a obra aonde a sua voz seja a mais envolvente e aonde o seu canto se exprime melhor. Album que alterna sensualidade e faixas profundas este Serpentine Prison é um disco carregado de veneno lirico. Um verdadeiro disco de autor que deve ser escutado rapidamente e obrigatoriamente ... dou-lhe uma nota de 8/10
Matt Berninger_Serpentine Prison (2020)
E pronto lá vou eu ter gastar dinheiro num novo álbum! 8/10 é uma nota de excelência!
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A Sair do Forno Sex Out 16 2020, 12:50
Alexandre Vieira escreveu:
... E pronto lá vou eu ter gastar dinheiro num novo álbum! 8/10 é uma nota de excelência!
Eu jà gastei mas estou feliz agora
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A Sair do Forno Sex Out 16 2020, 13:13
TD124 escreveu:
Alexandre Vieira escreveu:
... E pronto lá vou eu ter gastar dinheiro num novo álbum! 8/10 é uma nota de excelência!
Eu jà gastei mas estou feliz agora
O meu enorme problema é falta de tempo para ouvir música nos próximos tempos. É mesmo um enorme desafio fazê-lo.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A Sair do Forno Sex Out 16 2020, 23:18
Alexandre Vieira escreveu:
... O meu enorme problema é falta de tempo para ouvir música nos próximos tempos. É mesmo um enorme desafio fazê-lo.
Para mim também pois tenho trabalho para cima da cabeça, tenho 40 vinilos novos que ainda não escutei ... no entanto a Musica é-me primordial! Faço playlists a escutar no carro, cozinho com o leitor de MP3 nos ouvidos e escuto os novos albums mesmo com amigos a jantar em casa ... para resumir, desenrasco-me
Sém Musica ... ném me interessa o audio, portanto é a minha profissão
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A Sair do Forno Sáb Out 17 2020, 14:01
TD124 escreveu:
Alexandre Vieira escreveu:
... O meu enorme problema é falta de tempo para ouvir música nos próximos tempos. É mesmo um enorme desafio fazê-lo.
Para mim também pois tenho trabalho para cima da cabeça, tenho 40 vinilos novos que ainda não escutei ... no entanto a Musica é-me primordial! Faço playlists a escutar no carro, cozinho com o leitor de MP3 nos ouvidos e escuto os novos albums mesmo com amigos a jantar em casa ... para resumir, desenrasco-me
Sém Musica ... ném me interessa o audio, portanto é a minha profissão
Verdade mas eu no carro agora ando numa de ouvir só Antena 2, faz-me bem e não me irrito tanto no trânsito!
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A Sair do Forno Dom Out 18 2020, 13:11
Que o mundo do rock progressivo tenha vindo buscar influências no Jazz pareçe-me ser claro, jà o contràrio pareçe-me menos evidente. Penso no primeiro album atmosférico e floydiesco da Melanie de Biasio e o resto ao qual penso são instantes ou momentos de inspiração sém que o rock seja um padrão definido. Aqui neste ultimo album do Yves Rousseau Septet em contrapartida a influência é patente e o musico reclama mesmo que a obra seja uma homenagem aos grupos da sua adolescência. Assim, os Soft Machine, Genesis, Yes, Frank Zappa e outros King Crimson vão ser a matriz sobre a qual os musicos vão criar as suas inteligentes improvisações. Habil e inspirado o Yves Rousseau evita os clichés associados ao rock progressivo e estabeleçe uma conexão mais cerebral e menos formal com o estilo. A sua musica é feita de fulgurâncias criativas, travessias harmonicas, rupturas melodicas ... a musica sempre em movimento alterna os ritmos e as paisagens, o auditor subjugado sente a construção do progressivo e mesmo uma forma de transe no estilo Trip. Uma obra surpreendente que mostra o poço de criatividade que a frança possui no dito novo jazz. Uma obra àspera que associa a perfeição formal à imprevisivel criatividade do Jazz ... dou-lhe uma nota de 7/10
Yves Rousseau Septet_Fragments (2020)
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A Sair do Forno Dom Out 18 2020, 15:54
Este tópico ainda me vai dar muito jeito, eu tenho o hábito de olhar para trás, bem para trás e esqueço-me/fico sem tempo de olhar para o que se vai fazendo mais próximo do Presente.
Estes dias andei acompanhado de Brian Eno e dos seus trabalhos "ambient", pois bem, no seguimento desses momentos apareceu uma sugestão que é deste ano:
The Disappearing Collective Vol. I by Slow Dancing Society
Pode ser escutado aqui: https://pitp.bandcamp.com/album/the-disappearing-collective-vol-i
“The things we love will one day disappear - first slow and then so quick.”
Matthew Ryan
Para os que além de escutar Música, acabam por se interessar por ler o que os próprios Músicos dizem, a frase que deixo em cima não será uma surpresa, uma vez que participa da descrição do álbum. É uma ideia que parece apontar aos dias de hoje, ao processo de mudança que é a vida, ao nosso destino enquanto seres incapazes de contrariar a peregrinação do tempo. O álbum é de Música Ambient, além da electrónica, há sempre sons que lembram uma floresta que a capa retrata.
Os títulos das faixas e a sequência das mesmas está muito bem conseguida, a maior de todas é a que fecha e chama-se An Other. Volto à frase que escolhi citar, pois as "coisas" que amamos são Outro, este álbum poderá ser uma excelente banda sonora para quem quer aproveitar e e lembrar que é melhor aproveitar enquanto o lento não passa a rápido.
Ah! Gosto muito do título e faixa What We Knew As Children, penúltima faixa... não é que as crianças saibam algo que os adultos não saibam, não é que as crianças tenham uma particular inocência que os adultos não tenham, mas todos nós nessa idade temos menos amarras e conhecemos um pouquinho mais livres, até o Outro.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A Sair do Forno Seg Out 19 2020, 09:50
José Miguel escreveu:
... Estes dias andei acompanhado de Brian Eno e dos seus trabalhos "ambient", pois bem, no seguimento desses momentos apareceu uma sugestão que é deste ano:
The Disappearing Collective Vol. I by Slow Dancing Society
... Os títulos das faixas e a sequência das mesmas está muito bem conseguida, a maior de todas é a que fecha e chama-se An Other. Volto à frase que escolhi citar, pois as "coisas" que amamos são Outro, este álbum poderá ser uma excelente banda sonora para quem quer aproveitar e e lembrar que é melhor aproveitar enquanto o lento não passa a rápido. ...
Gostei de ouvir este album deveras enoesco! Mesmo se estou mais inclinado para uma dark-ambient menos linear, gostei da construção do album e das conexões que propõe. Hà um pequeno cheirinho do espirito contemplativo e lirico ... à la ECM, mesmo na capa
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A Sair do Forno Sex Out 23 2020, 19:12
Eu bem disse que este tópico ainda me haveria de dar jeito, por isso vou puxar por ele partilhando um autor que tenho visitado desde que o descobri:
King Krule - Man alive (2020)
King Krule é o projecto de Archy Marshall, um jovem Londrino que se expressa usando a Música de uma forma que está entre o Punk e o novo Psicadelismo - a sua Música empurra para um mundo onde o sonho não tem as mais vivas cores, mas não deixa de colocar uma luz ao fundo do túnel.
Conheci King Krule por meio do álbum Ooz de 2017, gostei da energia, das letras desgarradas, do uso de códigos que pertencem a outros estilos, mas que se misturam de forma natural. O jovem amadureceu, com Man Alive a viagem não deixa de ser sombria, a mensagem não deixa de ser carregada de reflexão sobre o meio que ora o alimenta ora o faz querer fugir, não deixa de apontar à luz, mas... as faixas encadeiam-se, passam de umas para as outras e as imagens parecem formar um filme. Sim, há algo de cinematográfico em Man Alive, somos levados a mergulhar nesse mundo que ele pensa de forma guiada, há um guião.
Permitam-se a embarcar, ignorem até o que digo, entre Ooz e Man Alive a aparente perda de energia não passa disso mesmo, por vezes não é preciso gritar ou libertar altos rifs de guitarra para se fazer a terra estremecer.
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A Sair do Forno Sáb Out 24 2020, 10:36
Prezado José Miguel,
Aproveitando a sua referência a King Krule, dedique meia hora visionando a "vivência" na Lua.
Com melhores cumprimentos,
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A Sair do Forno Sáb Out 24 2020, 11:48
Desde a saida do album Born to Die em 2012 a Lana del Rey foi categorisada de Baby Doll Chic! A artista parecia ser mais um dos efémeros epifenômenos que apareçem, e desaparecem, regularmente na musica ... um puro produto de moda, o fruto do instante. Os albums que vão seguir vão pouco a pouco levar a duvidar das interpretações precipitadas do inicio e a saida do ultimo album Norman Fucking Rockwell! mostrou à face do mundo que a rapariga era capaz de fazer uma obra de autor, que era uma artista. Na continuidade dessa ultima obra a Lana del Rey vém de sair um livro de poesia e um disco aonde ela declama esse livro com musica feita pelo Jack Antonoff, que jà tinha assinado o ultimo album. Esta iniciativa, rara na Pop, é a prova da vontade de destruir uma imagem artificial que lhe foi colada desde o inicio e que a artista dinamita desde então. A ambiguidade continua presente e seria falso de dizer que a artista apareçe sém mascaras ném parapeitos nesta obra, uma forma de controle pudico e manipulador subsiste e tal é uma das suas assinaturas. Não obstante, este Violet Bent Backwards Over the Grass é uma obra corajosa e simbolica pois feita de alteridade assumida ... ao ponto de levar a perdoar as inevitàveis falhas de juventude nas letras. Dou-lhe uma nota de 7/10...
Lana del Rey_ Violet Bent Backwards Over the Grass (2020)