Olá a todos,
Esta é a primeira vez que participo num forum do AAP, embora já seja membro "voyeur" há algum tempo...
Apresento-me portanto, perante esta comunidade: -Sou o Carlos Silva, sempre estive envolvido no mundo da música, desde os meus 13, fui baterista e guitarrista em várias bandas nos anos 80, 90 e até 2004 sensivelmente... Desde muito novo, desenvolvi um enorme interesse pela eletrónica, inicialmente muito direccionada para os equipamentos audio de palco e PA (amplificadores de potencia, colunas, eletrónica dos próprios instrumentos, mesas de mistura, etc). Ao longo da minha vida fiz vários cursos de eletrónica e durante algum tempo cheguei mesmo a fazer reparação em audio, TV e video. Acabei por me formar em engenharia eletrotécnica e de computadores e atualmente (ainda) trabalho em telecomunicações.
Obviamente, o mundo da HI-FI é um dos meus grandes interesses, nomeadamente no que respeita ao audio analógico. Há alguns anos a esta parte descobri o mundo dos leitores/gravadores de fita magnética (R2R) e tornei-me absolutamente apaixonado por estas máquinas fantásticas...
Aliás, o motivo que me traz aqui hoje perante este forum tem precisamente a ver com uma destas máquinas, uma das minhas preferidas, por um lado pelas suas características técnicas e por outro, por se tratar de um modelo relativamente compacto, que se consegue enquadrar perfeitamente numa sala de estar "normal" - trata-se do AKAI GX-77.
Para além de ser uma máquina muito bonita e muito bem conseguida em termos estéticos, este AKAI tem aspetos técnicos interessantes, como sejam a possibilidade de fazer "manual biasing" nas gravações, auto-reverse e o uso das famosas cabeças GX.
Mas esta máquina tem um problema bastante conhecido, que se caracteriza pela lentidão com que a fita corre quando se usa as funções de bobinagem rápida FFWD e FRWD.
Esta lentidão pode estar relacionada com várias causas, inclusivamente até com sujidade presente nos roletos (pinch-rollers), cabeças e diversas outras partes presentes no caminho (path) que a fita percorre.
Mas o principal problema está relacionado com aquilo que eu entendo ser uma falha no design do módulo de carregamento e transporte da fita.
Passo a explicar: -Na maioria dos aparelhos R2R, quando é ativada a função FFWD ou FRWD, os pinch-rollers retraem-se, deixando de pressionar a fita contra o veio do(s) motor(es) de capstan e a fita é destacada do módulo das cabeças magnéticas, ficando assim a fita "livre" para correr mais rápido, sendo puxada apenas por um dos motores que fazem girar as bobines (reel motor).
Ora, neste AKAI não é bem isto que acontece - os engenheiros da AKAI fizeram sem sombra de dúvida um excelente trabalho ao inventarem um processo inovador que carrega/descarrega a fita e a encosta/desencosta do módulo de cabeças. Isto é feito através de um mecanismo vertical, situado na parte central da máquina, entre as duas bobines, que consiste num rolete que apanha a fita e sobe para a levar de encontro ao módulo de cabeças (p.ex. quando se pressiona o PLAY) e por outro lado, quando desce, desce tambem a fita, desencostando-a do módulo de cabeças (p.ex. quando se pressiona o STOP).
O problema está em que, esse mesmo roleto que sobe e desce, é tambem a peça central que interage com o sistema óptico do conta-fitas (quando está em cima, dado que é aí que se encontra o sistema de leitura do conta-fitas), que depois faz apresentar num display de segmentos vermelho a quantidade de fita transportada pelo sistema. Ou seja, quando se ativa as funções de bobinagem rápida FFWD ou FRWD, a máquina deveria fazer retrair e desencostar a fita do bloco de cabeças, mas para isso, o tal roleto que se desloca verticalmente teria que descer, fazendo descer tambem a fita, mas se isso acontecesse o rolete deixaria de cumprir a sua função secundária de interagir com o sistema de leitura do conta-fitas. Por esse motivo, e para que a máquina possa continuar a fazer funcionar o conta-fitas mesmo quando se ativam as funções FFWD e FRWD, o rolete mantem-se encostado na parte superior deste sistema vertical, pelo que a fita mantem-se sempre pressionada contra o bloco de cabeças, criando-se assim uma força de atrito desnecessária quando a fita está a passar em alta velocidade pelo sistema.
O resultado de tudo isto é que, quando a máquina está a rebobinar, sempre que a bobine que está a puxar a fita (take-up reel) começa a ficar cheia (mais pesada) o motor da bobine começa a perder força e como continua a ter que "arrastar" a fita que vem da outra bobine (feeding reel), fita essa que ainda sofre todo um conjunto de forças de inércia provocadas pelo facto de estar encostada e pressionada contra o bloco de cabeças, a velocidade da fita desce drásticamente e em muitos casos as bobines chegam mesmo a parar antes da rebobinagem estar completa.
Para resolver este problema, desenvolvi um kit que usa dois mini-relés 4DPDT e alguns diodos. Trata-se de uma pequena placa PCB de dupla face com cerca de 65mm x 30mm que pode ser facilmente alojada e instalada dentro da própria máquina e não necessita de alimentação externa, pois é alimentada pela própria PSU do AKAI.
O que o kit faz é alterar o modo como os dois motores das bobines são alimentados, de forma a que, quando é ativada a função FFWD ou FRWD, o motor da bobine passiva (feeding reel) funcione tambem de forma ativa, em conjunção com o motor que puxa (take-up reel), de forma a diminuir, por um lado, a tensão na fita e por outro, o esforço desenvolvido pelo motor que puxa. Temos então, sempre dois motores a trabalhar em conjunto - um que "puxa" e outro que "empurra" em vez de ter um comportamento passivo no processo. Isto faz aumentar consideravelmente a velocidade dos processos de (re)bobinagem e as bobines deixam de parar quando estão muito pesadas.
Desenvolvi um site na internet sobre este tema, que pode ser consultado em https://www.akaigx77mod.casteloseguros.com/home
O site está em 3 linguas: -Inglês, Francês e Alemão (desculpem, ainda não tive tempo para incluir uma versão em Português).
Podem consultar aí todas as informações sobre o kit.
Caso estejam interessados neste kit, poderão contactar-me através do email caos.drums@gmail.com
Um abraço a todos,
Carlos Silva
