Um Lenco (quase) Rat's Look

Sempre desejei fazer um Anti-Lenco no estilo Rat's Look ou seja, complétamente ferrugento e digno de partir para o lixo por fora mas... imaculado mecanicamente e com um desempenho superlativo! Serà para outra vez ou um dia mas... desta vez recebi um que até ném està muito mau por fora (alguma ferrugem) mas por dentro é uma desgraça... é um Anti-Rat's Look ou para resumir um bom candidato ao lixo, para mim é claro!...

Mas, vou utilisà-lo como cobaia para testar as minhas capacidades de restauração mecanica, coisa que detesto e que nunca fiz até hoje. Para alguns até pode pareçer que o aparelho ném està muito mau... para mim é um destroço e desde que se fala de mecânica de precisão, o que teoricamente é um gira-discos, então este é um exemplo do contrario da precisão pois nada està bom, e não é uma simples questão de limpeza pois o WD40 não faz milagres...

Jà identifiquei vàrios problemas e vou resolvê-los pouco a pouco, ficam algumas fotos...

A descoloração da placa apòs a desmontagem do motor mostra que este trabalhou muito e que talvez esforçou um pouco! Os residuos que fazém pensar a uma carbonisação deixam marcas pretas nos dedos indicando um trabalho prolongado sém lubrificação correcta o que obriga o motor a esforçar... neste caso é de esperar que seja a mesma coisa para o eixo. A solução é simples mas chata e delicada: Desmontar o motor e mudar as chumaçeiras assim que a placa de nylatron e refazer o azimute e afinagem do nariz! Desmontar o eixo, repolir e mudar as chumaçeiras e as peças associadas como a esfera e o nylatron. Tudo isto serà lubrificado antes da montagem com massa para as peças perifericas e oleo para as peças em rotação directa... uma boa seca

O Lenco avança... entremeado com a trabalho que tenho actualmente e não é ele verdadeiramente o principal ou o mais urgente, mas vai-se fazendo. Jà està quase nu e vou tratando de alguns problemas... a poeira de madeira permite de ver a massa seca que se instalou por todo o lado ao ponto que com a seleção de velocidades é necessario esforçar para que se mexa e o interruptor funciona quando quer! Vou desmontar todas as articulações mecanicas, limpar tudo com acetona e remontar com massa carregada de litio que vai impregnar o metal, serà eterna e vai compensar o desgaste... também vai diminuir o barulho rafeiro, de tipo ferro-velho, quando se move as articulações. O interruptor vai ser desoxidado e lubrificado com um produto para ver se volta ao normal ou não... senão vai ter que ser mudado.

Tenho a sorte que o meu vizinho tém um torno de equilibragem de precisão no seu trabalho... amanhã leva o rotor do motor e o eixo para controlo da equilibragem e concentricidade e eventualmente dar um toque se for necessario. As bobines do motor foram medidas e a isolação também então tudo pareçe bom do lado eléctrico... vou mudar as chumaçeiras do motor hoje, vou também mudar as chumaçeiras e esfera do eixo e evidentemente todos os tapetes de nylatron dum lado e outro afim que fiquém como novos. As coisas vão avançando...

Enquanto desmonto tudo preparo as peças que vou mudar. Toda as chumaçeiras em bronze esponja vão cozer uma hora a 200° no oleo mineral e depois mais uma hora a 100° com arrefecimento no forno... por volta das 18h jà devem estar cozidas. Tenho duas esferas, uma em inox e outra em aço ao volfrâmio... como não gosto dos metais exoticos serà a esfera de inox como originalmente, a improvisação não é coisa boa

Entretanto e enquanto isto se faz vou escutar um vinil pois trabalhar no domingo  

Pensava que abriria uma garrafita de vinho...

Ghost4u escreveu:

Pensava que abriria uma garrafita de vinho...

Uma coisa não impede a outra caro fantasma... não são incompativeis

TD124 escreveu:

A descoloração da placa apòs a desmontagem do motor mostra que este trabalhou muito e que talvez esforçou um pouco! Os residuos que fazém pensar a uma carbonisação deixam marcas pretas nos dedos indicando um trabalho prolongado sém lubrificação correcta o que obriga o motor a esforçar... neste caso é de esperar que seja a mesma coisa para o eixo. A solução é simples mas chata e delicada: Desmontar o motor e mudar as chumaçeiras assim que a placa de nylatron e refazer o azimute e afinagem do nariz! Desmontar o eixo, repolir e mudar as chumaçeiras e as peças associadas como a esfera e o nylatron. Tudo isto serà lubrificado antes da montagem com massa para as peças perifericas e oleo para as peças em rotação directa... uma boa seca

TD124,

Parabéns pela iniciativa de reviver um Lenco para as próximas gerações.

Estou também tentando reviver um Garrard 301.

Como dizemos aqui no Brasil, sucesso na empreitada!

Edmar

edmararj escreveu:

...Parabéns pela iniciativa de reviver um Lenco para as próximas gerações.
...
Como dizemos aqui no Brasil, sucesso na empreitada!...

Obrigado caro Edmar... não gosto de restaurar aparelhos mas este é de um amigo então tento ser sério e aplicado mas, é uma trabalheira que faço sém vontade! Sim, no fim vai ficar como novo mecanicamente e talvez mesmo melhor do que o original nmho...

Estou a gostar de ver,  eu ha uns dias estive tentado a comprar um Lenco,  mas depois repirei fundo não comprei por afinal já nem discos de vinil tenho e nem sei se já tenho vida para voltar a ter, mas ter de refazer um plinto de um Lenco só por isso me deu vontade de o comprar


Já agora qual é o modelo deste Lenco,  pelo que está a fazer acredito que o deixe como novo., parabens.  o restaurar e dar uma nova vida a algo é bom, faz puxar pelo cérebro e garante uns bons dias entretenimento

Boa sorte e vá colocando fotos pois é uma trabalho bem interessante.

O trabalho vai continuando e pouco a pouco o Lenco aproxima-se do desejado:

Já tive a minha dose de Lencos. Saltei para uma versão PTP com um plinto em POM. Mesmo assim tem muito ruído de fundo para meu gosto. Em música clássica não consigo tolerar o motor de traineira lá no fundo. Desconfio que se mudar o veio e arranjar um prato 100/100 direito (coisa que nunca consegui e já lá vão três) a coisa pode melhorar. Confesso também que o seu som poderoso de idler resulta bastante bem em “rock” e hard bop jazz.
Keep the idler spinning
João

Eu também estou a fazer reviver outro mas em outra direção. Não sou eu mas o amigo Daniel. Hoje estivemos de volta dele e adorei o silêncio do rolamento. Vamos depois no final comparar as versões.

A coisa està a chegar ao fim e o momento crucial chegou, remontar e afinar o motor! Esta fase delicada vai determinar se vamos ter um gira silencioso ou se ruidos mecanicos e ou de indução serão audiveis durante o rolamento. O motor não é o unico culpado dos ruidos de funcionamento nos Lenco a roda mas é um dos principais culpados. O stator foi montado com uma chave dinamometrica e controlado para se assegurar que não possui nenhum ruido de indução ném vibrações de 50Hz... no final serà deixado a descansar 24 horas e recontrolado no dia seguinte, se necessario serà dado mais um toque nos parafusos para estabilisar o stator.

As chumaçeiras molas e anilhas de centragem serão montadas devidamente impregnadas de massa de litio em todas as zonas de contacto e mesmo nas paredes do compartimento... os buracos das chumaçeiras em contacto com o eixo do motor (rotor) serão lubrificadas sòmente com oleo sintético. Quatro espaçadores serão inseridos entre o rotor e o stator durante a montagem final afim de se assegurar que a distância entre eles é uniforme, isto é um ponto muito importante... eles serão retirados desde que a carcaça do motor estiver devidamente aparafusada.

No final vamos afinar o nariz do motor que é a operação mais delicada e que vai determinar a ausência total de ruido durante o funcionamento do motor. Vamos pousar o motor numa caixa de cartão ou de madeira que vai servir de caixa de ressonância e amplificar o barulho em funcionamento. O nariz serà afinado para diminuir ao maximo o ruido e serà apertado (blocado) nesse ponto. No final o motor suspendido por dois dedos não deve fazer ruido nenhum mesmo colado contra os ouvidos...

Todas estas operações serão feitas com a terra ligada ao motor por questões de segurança!

No final o patinho feio torna-se em belo cisne... complétamente silencioso, subtil e musical!!!

João da Bernarda escreveu:

... Já tive a minha dose de Lencos. Saltei para uma versão PTP com um plinto em POM. Mesmo assim tem muito ruído de fundo para meu gosto. Em música clássica não consigo tolerar o motor de traineira lá no fundo. Desconfio que se mudar o veio e arranjar um prato 100/100 direito (coisa que nunca consegui e já lá vão três) a coisa pode melhorar. Confesso também que o seu som poderoso de idler resulta bastante bem em “rock” e hard bop jazz. ...

Olà João, os idlers e quaisquer que sejam (mesmo um 930) não são as mecanicas mais silenciosas da terra... entre os três veios para fazer rodar um gira idler (quatro para o 124) e o unico veio de um direct drive não hà milagre! Mas, isto não impede que um idler pode ser suficientemente silencioso para que seja inaudivel... e mesmo para se comportar correctamente ao teste do estetoscopio, não hà razões para que não seja um aparelho capaz de ler qualquer estilo de musica, com os limites do vinil é claro...

Todos os idler não téem um som poderoso, ao menos no sentido do ritmo acentuado e contornos espessos que é gabado nos Lenco... na realidade estamos a festejar os seus defeitos. Um lenco perfeitamente optimisado pode ser bom, muito bom e a vàrios niveis! Um ponto importante a respeitar é a montagem da roda no braço. Mudar as anilhas de baquelite para anilhas em teflon, lubrificar as anilhas com massa e o veio com oleo. Utilisar uma lamina da barba para deixar a folga entre a roda e a peça de blocagem... assim isto vai rodar bem e silenciosamente