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 O primeiro EP de »Os Curiosos«

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MensagemAssunto: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyTer Dez 27 2011, 22:57

Mais uma noite mal dormida e um acordar idêntico aos dos dias seguintes a ter recebido a notícia que o seu grupo de música rock iria, finalmente, gravar um disco.
O João tomou um duche rápido, arreou-se tipo estrela do rock e, como não podia deixar de ser, engoliu o frasquito de perfume. Sim, porque toda a gente sabia e sabe, que as probabilidades de encontrar gajas boas nos estúdios, são bastante grandes.

Saco das baquetas ao ombro, saiu de casa com aquele ar de quem, mais tarde ou mais cedo, teria que evitar os jornalistas sempre que pusesse um pé na rua. Claro que nesse dia, além da D. Nazaré a varrer o passeio só estava o Tejo fazendo a sua valente mija no candeeiro ao lado do quiosque.

Porque um artista não anda de autocarro e o Pai do artista não tinha dado autorização para o uso do carro da casa, o João apanhou um táxi que o deixaria no Restelo, mais precisamente nos estúdios do maestro JCP. Dada a distância da corrida, o táxi também o deixaria teso. Mas isso não importava nada. Começavam naquela manhã as gravações do primeiro disco da banda »Os Curiosos«.

E o João era realmente um curioso nato. Tinha sido ele o fundador da banda, e como sempre se tinha interessado por tudo o que estava relacionado com áudio, estava curioso como o caneco.
Além da aventura musical, preparava-se para, através de um sem número de perguntas, perceber o que realmente se passa quando se entra em estúdio para fazer um registo. Estava numa posição privilegiada: iria ter o seu primeiro contacto com um estúdio de gravação como músico.
Desde a captação do som da sua bateria, passando pela captação dos sons dos outros instrumentos, registo em fita magnética, gravação da voz, as dobragens, o equipamento utilizado. Tanta guloseima! Às tantas, nem teria sido necessário tanto perfume. Com tanta coisa deslumbrante a passar-lhe à frente dos olhos e dos ouvidos, talvez não sobrasse tempo para gajas boas. E daí…

Quando o João chegou ao estúdio já o Rogério ― filho do merceeiro do bairro ― tinha descarregado o material das »fragunete« do Pai, o Sr. António, que , coincidência do caraças, tinha sido o fiador das letras que permitiram a compra a prestações da deslumbrante Sonor Big Beat, novinha em folha.

Como não havia tempo a perder, o João começou a montar a sua (dele) bateria. O gajo sabia que o maestro JCP era um grande baterista e por isso esmerou-se na afinação da bateria. Por esse lado, o maestro e proprietário do estúdio não «pegaria«. Qualquer consideração menos abonatória acerca da afinação poderia ser contradita com,
― Mas esta é a minha afinação, e é a afinação que convém às músicas que a banda vai gravar.
Esta afirmação tinha tanto de verdadeiro como de arrogante. O que é certo é que vingou e o »boss« deu os parabéns pela afinação. Mas só deu os parabéns depois de ouvir os primeiros sons gravados através dos monitores da sala de controlo.

Depois da bateria montada e os últimos retoques dados na afinação, chegou um rapaz ― ajudante de JCP ― que começou a colocar os microfones na bateria.

O João sempre com os »faróis« escancarados, memorizou um a um os microfones colocados,
Tarola Ludwig Super Sensitive 14”x8” Hammered Bronze • Shure SM 57 Dinâmico
Timbalão Suspenso Sonor Big Beat 12”x8” • Sennheiser MD 421 Dinâmico
Timbalão Suspenso Sonor Big Beat 13”x9” • Sennheiser MD 421 Dinâmico
Timbalão de Chão Sonor Big Beat 16”x16” • Sennheiser MD 421 Dinâmico
Bombo Sonor Big Beat 22”x14” • ElectroVoice RE-20 Dinâmico
Prato de Choques Zildjian New Beat 15” • Neumann KM 84 Condensador Pequeno Diafragama
Overheads L/R • Par de Neumann KM 84 • Condensador Pequeno Diafragma

De repente o João resolveu entrar a matar e como tinha lido umas »cenas« numa revista de áudio que lhe tinham trazido dos estrangeiros, atirou a matar, com ar de sabichão, mas todo borrado por dentro,
― Não vais pôr um microfone na pele de baixo da tarola?

Tiro e queda: mandou uma bisca de entendido, tratou o rapaz por tu e marcou mais dois pontos.
Decididamente o maestro começava a ter vontade de desancar o puto João, que no meio da sua »melguice« demonstrava que era um puto interessado.

O ajudante lá colocou um micro na pele de baixo da tarola para captar o som do »snare« (bordoeira, esteira). E o João ouviu a recomendação de JPC ao engenheiro de som,
― Não te esqueças de meter a merda do micro da pele de baixo com a fase invertida.

JPC percebia da poda, claro. Se a pele de baixo da tarola vibrava por simpatia com a pele de cima, se os microfones de cima e de baixo estivessem na mesma fase os sons captados pelos dois microfones teriam sinais contrários (+/-) e portanto haveria um cancelamento.

E o João também reparou que o engenhocas carregou no botão de inversão de fase na via da mesa de mistura onde estava ligado o microfone da pele de baixo.

E seguiu-se a rotina de captação dos sons da bateria. Um a um foram soando os componentes da bateria, enquanto o eng. ajustava o ganho de cada pré-amplificador de microfone incorporado nas vias da mesa. Depois de uma primeira afinação dos ganhos dos micros, JCP pediu ao João para tocar um padrão semelhante àqueles que iria utilizar nas músicas a gravar. E o puto lá desancou as peles com a tarola a cascar no 2 e no 4, bombas no bombo e colcheias chapadas no prato de choques.

Passados uns padrões e umas »malhas« que o puto tinha copiado do Ian Paice ― mal e porcamente, diga-se de passagem ― JCF, antecipando o que o João iria melgar, exclamou através dos monitores da sala de gravação,
― João! Anda cá ouvir o som da tua bateria.

Porra! Naquela altura nada teria feito o puto levantar-se que nem um foguetão do banco da bateria. Ia entrar pela primeira vez numa sala de controlo de um estúdio e, ainda por cima, para ouvir o som da sua bateria registado num gravador cujas bobines e fitas pareciam pneus de carros de corrida.

Continua…
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyTer Dez 27 2011, 23:09

O primeiro EP de »Os Curiosos« 754215

Muito bom. Fico à espera que a segunda parte seja lançada rapidamente, especialmente para ver qual o resultado da ideia brilhante do João em relação à colocação do mic.

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 01:20

Porra, já valeu a pena ter-me desenrolado do sofá e vir ao PC(como isto soa mal)....
-Ó melher, já vou....agora estou aqui a ler uma coisa mais interessante....
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 14:47

O primeiro EP de »Os Curiosos« 754215 O primeiro EP de »Os Curiosos« 754215
à espera da continuação....
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 17:37

Parte II

Como que impelido por uma qualquer força cósmica, ou em bom português, com fogo no cu, o João entrou pela sala de controlo através daquela porta com uma espessura monstruosa e mais difícil de abrir do que a carteira de um forreta.

Fez um esforço descomunal para não ficar de boca aberta e, não propriamente como boi para palácio, ficou a olhar para aquelas guloseimas todas, ali mesmo à mão de semear. Tanta luzinha! Tanto botão! Tanto tanta coisa linda!
Soltou uma pergunta, meio balbuciada, meio gaguejada, completamente suplicada,
― Posso só dar uma vista de olhos?

Começou pelo rack de outboard (móvel onde estão montadas as unidades de processamento de som e efeitos, não incluídos na mesa de mistura).
― Chiça (pensado, não dito).
Os compressores mais lindos que jamais vira. Gates a dar com um pau. Pré-amplificadores de microfone a válvulas! Um Eventide. O JCP tinha um Eventide! E um T. C. Electronics 2290 Digital Delay. E claro, imponente lá estava uma reverberação digital Lexicon 480L com o respectivo L.A.R.C. em cima da mesa de mistura (L.A.R.C. = Lexicon Alphanumeric Remote Control). Pela primeira vez estava à frente de equipamentos que só tinha visto em revistas e que nem sonhava existirem em Portugal.
O maestro, antes que o João lhe ferrasse a pergunta da ordem, perguntou,
― Queres saber como é que a tua bateria está a ser captada e processada?
― Bruxo! Quero dizer, sim maestro. Por favor. (sempre educado, este rapaz João…)

JCP ― O sinal do micro do bombo entra no pré de micro da mesa e através de um insert (sistema que permite enviar o sinal da mesa para fora, ser processado e reenviado para a mesa) vai ao compressor. Não vás tu, de repente, ficares com o pé pesado e desatares a bombar com mais força. Apenas está a funcionar como segurança. E não está a limitar abruptamente.
A tarola também tem um insert para um compressor mas neste caso serve para, apesar de, reduzir a gama dinâmica da tarola, permitir que as tuas notas de tarola saem mais consistentes e mais ou menos com a mesma intensidade.

― Filho de um boi convencido (pensou o João). Então este car……. Está a dizer que eu não tenho uma mão esquerda consistente? Se calhar, não. Afinal esta merda é mesmo rock e a tarola tem que soar no dois e no quatro à estalada. Nada de festinhas na tarola.

Umas passagens dos registos dos sons da bateria, alguns comentários acerca do som dos pratos, o puto com cara de parvo a ouvir o som da sua bateria, tocada pelas suas mãos e pés, num ambiente de sonho.
― OK. Vamos tratar do baixo eléctrico (JCP).
― Vamos (João).
― Não, vamos nós, pessoal do estúdio, tratar do som do baixo.
― Sim, eu percebi (João, meio atrapalhado). Eu vou dar uma ajuda ao »Traques« na afinação do som do amplificador. O maestro desculpe mas a malta chama »Traques« ao Pedro porque o rapaz às vezes entusiasma-se e ao puxar as cordas do baixo com mais força a »cena« fica com som de traque.
JCP, lacónico.
― Pois.

De volta à sala de captação, o Pedro já estava de volta da sua Precision Bass e do Vox Foundation.
Desta vez o João não abriu a boca e ficou à espera daquilo que o Tó (o ajudante de JCP) iria fazer.
E o rapaz colocou um Shure SM 57, um Sennheiser MD 421 e um RE-20 apontados ao altifalante do Vox. E ligou uma saída do amplificador a uma D.I. Box (D.I. = Direct Injection. Dispositivo que permite a ligação de um sinal de alta impedância, nível de linha, não balanceado a uma entrada de baixa impedância, nível de microfone, balanceado).
― Brilhante, pensou o João. Os gajos vão captar o baixo através do altifalante numa pista, e o som directo da guitarra (D.I. out do amp, através da D.I. box para a entrada de micro da mesa) noutra pista. E depois na mistura usam o que soar melhor ou uma combinação dos dois. Esta merda está compôr-se. A ver se o »Traques« atina.
O »Traques« era um gajo que arranhava bastante bem guitarra normal. Mas como a banda precisava de um baixista e o »Traques« media 1,60m, foi de imediato escolhido para baixista.
Apesar de não ter uma técnica excepcional, era extremamente musical. Não fazia números de circo mas dava um suporte do caraças à banda. E o João sentia-se muito confortável com um baixista tão seguro.

E o Pedro »Traques« lá desfilou umas notas que foram gravadas. Depois umas malhas com a bateria para ouvir como soavam juntos e qual era a ligação do bombo e do baixo.
O mesmo tipo de compressão no baixo, isto é, apenas um controlo dos picos para que as notas, eventualmente, mais inadvertidamente fortes não mijassem fora do penico. O microfone escolhido foi um Sennheiser MD 421. E ficou colocado muito ligeiramente fora do eixo do altifalante. Assim captava o gravão e o som cheio do baixo, mas também o ataque das notas.

E a coisa começava a soar. A base da secção rítmica estava pronta. Seguia-se a guitarra e o órgão. Estes, só para as partes de apoio rítmico.

Se na parte da guitarra a coisa foi relativamente rápida e fácil, já a porra do Hammond ia descambando e quase fazia abortar o projecto.

A guitarra Stratocaster ligada a um amplificador Marshall foi captada com o Shure SM 57 da ordem, numa posição ligeiramente fora do eixo do segundo altifalante de baixo e com um AKG C 414 B-TL II mais afastado, para captar o som geral dos quatro altifalantes. Também aqui os dois microfones seriam enviados através da mesa para duas pistas diferentes. O som da guitarra do Luís não foi processado na captação. O Luís tinha os seus sons (tanto os limpos, como os distorcidos ou com overdrive) devidamente tratados com os seus próprios efeitos e processamento e o que houvesse a fazer, seria feito na fase de mistura.

Continua…
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 17:59

( mesmo sabendo que o mestre Mário não gosta se smiles, não resisto)
O primeiro EP de »Os Curiosos« 754215 O primeiro EP de »Os Curiosos« 754215
venha mais... O primeiro EP de »Os Curiosos« 693932
obrigado.
O primeiro EP de »Os Curiosos« 754215
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 19:20

Amigo Mário, muito boa biografia!

Continua, por favor.

Abraço
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 20:57

A partir de hoje, a minha noção de colocar um disco no prato alterou-se por completo. Claro que tinha uma ideia da complexidade de um trabalho de gravação, mas não a este nível. Só espero que o Mário troque por miúdos o que descreveu com mestria porque tenho imensa dificuldade com as notas chinesas.

Eu sei que ele gosta de bonecada mas quero que ele se lixe.

O primeiro EP de »Os Curiosos« 754215 O primeiro EP de »Os Curiosos« 754215

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 21:23



Muito bom Mário! Espero ansiosamente a segunda parte.

Boas audições
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 21:53

Serpigo escreveu:


Muito bom Mário! Espero ansiosamente a segunda parte.

Boas audições

Desculpem o off-topic. Mas Serpigo, estás desfasado temporalmente O primeiro EP de »Os Curiosos« 936335

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 21:56

Ferpina escreveu:
Serpigo escreveu:


Muito bom Mário! Espero ansiosamente a segunda parte.

Boas audições

Desculpem o off-topic. Mas Serpigo, estás desfasado temporalmente O primeiro EP de »Os Curiosos« 936335


Pois, ele enganou-se. Espera ansiosamente a terceira parte (é favor ler um outro tópico onde confessa perante o publico que lhe faltam dois parafusos)

E eu espero no fim desta cronica ficar a entender algo de captação áudio para depois ser gravado. Será? O primeiro EP de »Os Curiosos« 447836

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 22:58



Depois de resolvida a questão dos parafusos!

De facto enganei-me, agora já consegui, com muito esforço da minha parte, descobrir a primeira e a segunda parte.

Assim sendo, e como o António já me corrigiu, estou agora mais descansado à espera da próxima parte (ia escrever terceira mas não vá o Diabo tecê-las).

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 23:00

Serpigo escreveu:


Depois de resolvida a questão dos parafusos!

De facto enganei-me, agora já consegui, com muito esforço da minha parte, descobrir a primeira e a segunda parte.

Assim sendo, e como o António já me corrigiu, estou agora mais descansado à espera da próxima parte (ia escrever terceira mas não vá o Diabo tecê-las).


A diferença que dois pequenos parafusos fazem. O primeiro EP de »Os Curiosos« 933723


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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 23:03



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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQua Dez 28 2011, 23:08

Entretanto ficamos (in)pacientemente à espera da continuação e consequente aprendizagem desta complexa arte da gravação.

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQui Dez 29 2011, 11:11

HATS OFF, amigo MJC

O primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« BravoO primeiro EP de »Os Curiosos« Bravo


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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQui Dez 29 2011, 23:37

Parte III

A captação do Hammond iria dar que falar. Ou melhor dizendo, que pensar. Em bom português, iria dar azo a uma discussão do caraças.
Contava-me o João, numa das nossas incontáveis conversas em noites de insónias,
― Sabes que eu sempre fui um tarado pelo som do Hammond. Desde o seu aparecimento até à sua »adopção« pela maioria dos teclistas de rock. Também sabes que para o órgão Hammond ter o seu som característico é obrigatório ser ligado, amplificado e reproduzido através de um sistema de altifalantes Leslie.
Deixa-me que te recorde como funciona um Leslie. O sistema Leslie consiste num armário pesado como um raio que incorpora:
Um amplificador.
Um divisor de frequências (XOver com o corte na região dos 800−1000Hz).
Duas vias de altifalantes
Um altifalante para os graves, altifalante que está montado na horizontal. Como na horizontal? Deitado! Porra! Com o cone virado para baixo.
Por baixo desse altifalante roda uma espécie de tambor que faz com que o som saia por uma abertura que está sempre a girar.
Os agudos são reproduzidos por duas cornetas montadas a 180º num rotor.
Tanto o tambor dos graves como o rotor tem duas velocidades: lenta e na bisca, velocidades essas que são comandadas pelo executante através de um comutador montado no órgão.
Os rotores têm dois motores cada: um para a velocidade lenta e outro para a rápida. O tambor e o rotor dos agudos giram em direcções opostas.
Continuava o João,
― A beleza do som do Hammond tem muito a ver com a forma como o sistema Leslie reproduz os sons do órgão.
A velocidade lenta nas partes… lentas e arrastadas. Topas o »Child in Time«?
A broa do »Leslie« nas cenas mais esgalhadas, continuando nos Purple, na parte do meio do »Lazy« (na intro do »Lazy« também se ouve muito bem o Leslie na velocidade lenta).
Ora bem, para captar este movimento qualquer ignorante sabe que só com um microfone a coisa não funciona. E na altura, ou por falta de vontade ou porque, só para o Hammond, eram precisas três pistas, a coisa estava difícil.

Ainda por cima, o João tinha composto uma música cuja intro devia ser feita pelo Leslie, sem notas de órgão, só com o ruído da turbulência causada pelos rotores a moverem ar. Lindo! Era a simulação perfeita do vento. Apesar do sacana do »Traques«, perante as dificuldades, ter logo sugerido que dava umas bufas e a coisa, com mais ou menos processo de sinal e efeitos, era capaz de soar a ventania. A coisa cheirou mal e o João disse logo que não era boa ideia.
Para encurtar a história e depois de muita discussão o João (o puto era convencido mas até sabia umas coisas) sugeriu que se gravasse o Hammond em três pistas (mono graves e stereo agudos) e depois, se houvesse necessidade de libertar pistas, fazia-se uma pré-mistura das três pistas para duas. E lá se estudaram as melhores posições para os microfones de modo a tirar partido da estereofonia para reproduzir o movimento.
Um bom microfone dinâmico para o grave, e dois bons microfones dinâmicos para os agudos. E garanto-vos (eu, narrador e amigo do João) que a coisa resultou.

E assim, já com o almoço um pouco atrasado, a captação da base rítmica estava praticamente concluída. A seguir aos morfos proceder-se-iam às primeiras gravações (takes) e, eventualmente, depois de mais algumas afinações, era bem capaz de ficar algo definitivamente registado na fita.

O almoço decorreu normalmente, a malta não se empanturrou demasiado, o »Traques« foi proibido de comer a sopa de feijão ― que por acaso, segundo o João, estava com um aspecto do caraças ― e depois de uns cafés, uns cigarros, e uns comentários acerca da empregada, lá foi a banda para o estúdio.

Quando o pessoal lá chegou, já estava montado na sala de controlo um microfone onde o João Carlos (o vocalista) iria cantar a sua parte, apenas para servir de guia àquilo que a malta estava a tocar. E começaram a tocar a primeira música. O eng. de som e o maestro deram mais uns toques na equalização dos instrumentos e ouviu-se a voz do JCP pronunciar a frase que todos queriam ouvir mas ao mesmo tempo, lhes levaria os tintins até quase ao pescoço,
―Vamos gravar!

E o João através da janela que ligava a sala ao controlo reparou no gravador a arrancar e uma porrada de luzes vermelhas a acenderem-se nos vuímetros dispostos na vertical por cima do magnífico Studer.

A primeira música estava a correr muito bem quando de repente o João Manuel (teclista) parou.
Perguntou o João,
― Enganaste-te? Deste uma ao lado?
Responde o João Manuel, muito à rasca,
―Não, borrei-me com os nervos. Tenho que ir à casa de banho.

Depois deste infeliz episódio »Os Curiosos« fizeram três takes da primeira música e o maestro chamou-os para a sala de controlo para ouvirem as gravações e darem a sua opinião.
Chegaram à conclusão que a base rítmica do take nº 2 estava quase perfeita. A bateria e o baixo estavam muito bem colados e apenas seria necessário picar um ou dois power chords de guitarra e talvez corrigir uma entrada ligeiramente fora de tempo (por antecipação) do Hammond.
Nada mal para uns estreantes que nem sequer estavam a gravar com metrónomo. O tempo não estava com uma perfeição de relojoaria Suiça, mas para o estilo de música estava impecável. E com muita alma.

E no resto da tarde e parte da noite, depois de um leve e rápido jantar, fizeram-se mais uma série de takes da segunda música e igualmente se chegou à conclusão que existiam dois takes que se poderiam aproveitar. Havia que escolher o melhor, o que também constituía uma nova experiência para a banda.

Que grande primeiro dia!

Continua…
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 00:43

Esperamos ávidamente pela continuação....

Este tópico talvez ficasse melhor aqui, não ?
https://www.audioanalogicodeportugal.net/f36-gravacao-tecnicas-de-captacao
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 01:03

O primeiro EP de »Os Curiosos« 58893
Porra, o Mário não gosta de smiles ( perdão )
Só me apetece aplaudir...
Venha a continuação.
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 01:05

Também eu, tenho acompanhado com bastante interesse esta série. Ainda bem que é diária e coincidente com a Casa dos Segredos. Obrigado Mário. Não pares!


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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 10:11

Milton escreveu:
Esperamos ávidamente pela continuação....

Este tópico talvez ficasse melhor aqui, não ?
https://www.audioanalogicodeportugal.net/f36-gravacao-tecnicas-de-captacao

Claro que nesse menu é que ele fica bem. E eu que me fartei de procurar o local mais adequado...

É melhor ser o Sr. Adm. Miltyon a fazer a mudança, não vá eu mandar o tópico para o site da DGCI.

Abraço,

Mário João
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 21:51

Milton escreveu:
Esperamos ávidamente pela continuação....

Este tópico talvez ficasse melhor aqui, não ?
https://www.audioanalogicodeportugal.net/f36-gravacao-tecnicas-de-captacao

Já agora e se o topico vai ficar por aqui, vou postar aqui os finalmentes de uma das gravaçoes, o Mario que me mande pró....#$%&" se cometi alguma inconfidencia...
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 22:38

vlopes escreveu:
... ...
Já agora e se o topico vai ficar por aqui, vou postar aqui os finalmentes de uma das gravaçoes, o Mario que me mande pró....#$%&" se cometi alguma inconfidencia...
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Tu já "fostes"!
E eu em vez de ver a continuação da minha série predilecta, vou gramar a Casa dos Segredos. Podias ter esperado para depois da meia-noite!

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 22:44

Parte IV

A manhã do segundo dia começou com os curiosos bem mais confiantes, de tal forma que chegaram a perguntar ao maestro se ele achava que seria possível repetir as músicas gravadas no dia anterior numa tentativa de fazer o take 100% perfeito.
JCP respondeu que se a editora pagasse até podiam ficar a viver no estúdio.
E assim depois de aquecerem as mãos e darem umas passagens pela terceira música, voltaram à rotina da gravação.

E o segundo dia correu normalmente com uns bons takes da terceira e da quarta música. Esta última demorou um pouco mais de tempo a gravar porque era muito sincopada e havia muitas acentuações e a malta não estava a atinar. E naquele tempo não havia edição digital que cola os instrumentos ao cagagésimo, mesmo que na gravação estivesse cada um para seu lado. Mas com o João Carlos a dar uma dicas pelo microfone através dos auscultadores de monitorização que o pessoal tinha, a coisa lá chegou a bom porto. Mal sabiam eles que essas ligeiríssimas falhas davam uma onda muito humana à música, longe da frieza de algumas gravações feitas por máquinas, editadas por máquinas que soam tão perfeitas que se devem destinar a serem ouvidas por máquinas.

Dois dias, as bases de quatro músicas gravadas. Não se podia pedir mais. Quer dizer, se a banda dispusesse de um orçamento para estar um mês em estúdio e para encher uma porrada de fitas de 2” com takes, tinha sido melhor. Mas não havia cheta. Era uma semana para gravar, misturar e mandar para a fábrica.

O terceiro dia deveria começar com a gravação das partes melódicas e solistas do Hammond mas o João Manuel teve que ir fazer uma exame qualquer ao Hospital e quem gravou foi o Luís. Se tudo corresse bem as guitarras ficavam prontas e, inclusivamente, podiam tentar alguma percussão e adereços.

O Luís ia gravar solos e comentários com a Fender Stratocaster, com uma Gibson Les Paul e uma parte acústica com um caixote de marca desconhecida mas que tinha um som do caneco.
Começou com a guitarra acústica. O Tó do estúdio montou dois microfones em duas hastes com girafa e apontou um Neumann 84 quase na direcção do orifício acústico da guitarra e outro a apontar para a posição onde o braço encaixa no corpo da guitarra. O João pediu-lhe para apontar este Neumann um pouco mais para cima de forma a captar o arrastar dos dedos nos trastes da escala, porque a malta da banda curtia aquela sonoridade.
E ficou giro.

Seguiram-se as gravações de partes de guitarras que implicavam dobragens (gravar a mesma linha em duas, ou mais, pistas) para serem posteriormente misturadas.

E a meio da tarde, depois de um intervalo para café chegou a altura de gravar os solos de guitarra.
O Luís sacou da sua bela Les Paul, soltou os cavalos do Marshall e aquela merda mandou uma brasa indescritível. Giro, giro, é pensar que passados quase quarenta anos, um gajo liga uma Les Paul e solta as goelas a um Marshall e o som continua a ser qualquer coisa de especial.
O miúdo Luís (era o mais novo da banda) tocava mesmo muito bem. Tinha estudos. E conhecia as guitarras muito bem. E mandava uma cabeleira quase até à cintura o que até ajudava o som…
E começou a desfilar solos atrás de solos. Faziam três takes em três pistas diferentes. E depois mais três. O João não me pode precisar se a rotina se repetiu por três ou quatro vezes. Mais não seria muito conveniente pois a fita começaria a ficar cansada com tanto grava-apaga-grava.
Uns toques nos microfones, uns ajustes no ganho do pré-amplificador de microfone, bicadinha numa ou outra equalização, compressor num solo que precisava de ser »achatado« por exigência da música e ficaram registados na fita solos verdadeiramente excepcionais. O Luís era fantástico.
E o gajo até afinava as guitarras entre os takes…

O João que depois de gravar as partes de bateria passou a estar sentado na sala de controlo ao lado do engenhocas, não perdia uma. Entretanto o maestro já se tinha apercebido que os putos não eram assim tão toscos e não havendo perigo de desaparecerem microfones, já quase não punha os pés nas sessões de gravação. E a banda entendia-se muito bem com o eng. e com o Tó.


O quarto dia trouxe então o João Manuel para gravar o seu Hammond. Os microfones foram colocados tal como no primeiro dia. Um nos graves na base do Leslie e um par no rotor do agudos.
Mas ainda se fizeram umas quantas experiências. Começaram por experimentar captar o som do rotor dos agudos utilizando a técnica X-Y, a qual consiste em montar dois microfones cardióides de forma a que as suas cápsulas formem um ângulo de 90º. Mas chegaram à conclusão que a gravação ficava com pouca profundidade e espaço.
Depois da técnica A/B optaram pela repetição do método ORTF (Office de Radiodiffusion Télévision Française).
Neste caso foram empregues dois microfones cardióides formando um ângulo de aproximadamente 110º e separados (as cápsulas) cerca de 17 cm.
O movimento do Leslie e o som coral do Hammond resultava na perfeição.
Ainda tentaram a utilização de dois Neumann 84 nos extremos da caixa junto ao rotor, mas como afirmou JPC, não resultou. Ou segundo o João,
― Granda merda.

E o João Manuel tocou as suas partes com muita inspiração do John Lord, som propositadamente distorcido, registos do órgão com muita percussão (parecia uma cobra a cuspir) e o João baterista estava nas suas sete quintas: música, bateria, estúdio, Hammond. na altura, eram só quatro quintas mas eram das boas.

No fim da gravação do Hammond passaram todas as músicas ― ainda sem nenhuma mistura, por mais grosseira que fosse, só uns toques nos volumes para se poder ouvir ― e a fita estava pronta para receber a voz. E os coros. E, eventualmente, a tal percussão, se acrescentasse algo à música.

A gravação das partes vocais ia dar trabalho. Por todas as razões e mais alguma. A »mais alguma« tinha a ver com o facto de só o João Carlos ― o vocalista ― cantar muito bem. Os outros gajos não cantavam peva, por isso quando chegasse a altura dos coros, ia ser de gritos (literalmente).

Continua…

A todos os interessados, o narrador informa que amanhã, por ser dia de bebedeiras, o folhetim não aparecerá à hora normal. Mais informa, o editor responsável, que a Parte V deverá chegar às bancas por volta das 15:00.
Aproveita tambem o director comercial para informar que, apesar do aumento do I.V.A. a partir do primeiro dia de Janeiro, o preço de capa não sofrerá nehuma alteração. Já a fraca qualidade dos textos deverá piorar ainda mais devido ao facto do autor raramente beber álcool e, tanto no dia 31 como no dia 1, ser submetido a um tratamento rigoroso em volumes etílicos. Não sabemos mesmo se a parte VI aparecerá somente em meados de Janeiro.
Já cá mora o Pol Roger e o Heidsieck. Alguém me arranja uma garrafa Louis Roederer Cristal Brut?
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 22:46

Ferpina escreveu:
vlopes escreveu:
... ...
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptySex Dez 30 2011, 23:42

Viva,
aproveito o primeiro interregno para felicitar o autor por este relato cheio de qualidade técnica e emocional.

As palavras conseguem, pelo menos em mim, criar "o" ritmo de emoção que nos agarra à leitura.

Eu revejo algumas experiências minhas, no devido contexto, mas recordo com carinho.

PS: para mim amanhâ vai ser

Vértice reserva, ganha ao "Champagne" em provas cegas Muito Bom

e o meu "clin d'oeil" : Ruinart Brut o meu preferido O primeiro EP de »Os Curiosos« 936335


Que se lixe a Troika Orquestra

Abraços
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyDom Jan 01 2012, 11:09

Parte V

Chegara finalmente o primeiro dia de gravação da(s) voz(es). Uma certeza: o que estava feito estava bastante bem. Uma ― grande ― incerteza: como estariam as goelas do cantor.
Felizmente, estavam bem, muito obrigado e hoje em dia, passados tantos anos, o João Carlos continua a berrar Iron Maiden por esse país fora que é um consolo.

Escusado será dizer que o João estava em pulgas para perceber como iria ser a gravação da voz do João Carlos. As dúvidas eram tantas que teve que fazer uma lista dentro da sua própria cachola,
1- Que microfone iria o maestro usar?
2- Qual o ambiente em que esse microfone iria ser colocado?
3- Que pré-amplificador de microfone iria ser utilizado?
4- Com que tipo de compressão iria ser gravada a voz?
5- Iria o João Carlos pedir que a monitorização da sua voz nos auscultadores tivesse um cheirinho de efeito para ele se sentir mais confortável, ou preferiria o som seco da sua voz nos auscultadores para que a afinação fosse mais exigente?
6- Como iria ser feita a dobragem da voz principal nas partes das músicas que assim o exigissem?
Usando o delay do Eventide? Ou o do T. C. Electronics? Ou iria o João Carlos gravar a mesma parte várias vezes em pistas diferentes, funcionando as diferenças entre as interpretações como um delay e um chorus natural?

Uma a uma as suas dúvidas foram sendo esclarecidas. E o João tinha decidido não abrir a boca, a menos que presenciasse algo que o desagradasse profundamente. Bem ou mal, tinha composto as músicas da banda e iria colaborar na produção do disco.

O Tó depois de ajeitar uma haste de microfone gigantesca que deixaria o microfone pendurado, entrou na sala com uma caixa do caraças e sacou um AKG C 12 que aquela trampa parecia um canhão. Mais um que o João só tinha visto em revistas. E verdade seja dita que com toda a admiração que tinha pelos Neumann era mesmo um C 12 que ele gostava de ver.
O Tó montou o AKG, colocou o filtro de rede ― pop filter ― à frente para minorar o efeito dos pês ― as palavras começadas por pê provocam uma ventania do caneco que sem o filtro causaria como que o som de uma explosão na gravação ― e ligou o cabo do microfone à alimentação que era um caixote de tamanho razoável.
Ao lado do João estava um puto, muito puto, que era o irmão mais novo do João Carlos e que tinha prometido ao João que, caso pudesse assistir à gravação do irmão, lhe apresentaria uma miúda que morava no bairro das Colónias e que estudava perto da casa deles, no Liceu D. João de Castro. Claro que o puto foi assistir à gravação. E como era fã do grupo, disparou logo curioso?
― Porque é que o gajo montou o microfone de cabeça para baixo? Já vi que estes microfones granjolas são sempre montados de cabeça para baixo. E são também ligados a uns tijolos antes de serem ligados às mesas de mistura.
O puto sabia umas lascas porque ia assistir a quase todos os concertos da banda, trazia as cervejas e chibava os comentários das gajas enquanto a banda estava a tocar. Consta que sempre que algum gajo da banda facturasse uma desconhecida, era obrigado a pagar, no mínimo, uma sandes de couratos ou umas tiras de polvo seco ao puto.
Respondeu o João,
― Porque é que estes microfones são ligados a umas caixas é coisa para eu te explicar noutra altura. A razão porque a maioria deste tipo de microfones é montada com a tola para baixo é simples: estes microfones utilizam uma válvula na sua pré-amplificação. Essa válvula está dentro do corpo do microfone e liberta um calor do camandro. O ar quente sobe.
― Para cima? Perguntou o puto.
― Não, havia de subir para baixo. Respondeu o João, ao mesmo tempo que arreava um calduço no puto.
Continuou o João,
― Ora como estes microfones utilizam uma membrana bastante grande mas muitíssimo fina, se a tola do microfone, que é como quem diz, a cápsula, estivesse virada para cima, apanhava com o calor todo e sabes o que é que acontecia?
― Ia com o c%&#$*+.
― Mais ou menos. Neste caso esticava a membrana e podia fazer com que ela rebentasse. De qualquer forma iria alterar as características do som do microfone.
― Tem piada. Lá em casa o meu pai diz que não é o calor, mas sim a humidade que lhe faz inchar o pau. A minha mãe até já comprou um higrómetro, diz ela, que é para estar a pau com o pau.
Nunca percebi. O meu trabalha numa drogaria, não tem nada a ver com marcenaria.
Pimba! Calduço no puto.

Montado que estava o C 12 e ajeitado o micro e o filtro para a altura do João Carlos, o Tó entrou com uns biombos muito pirosos, muito mais feios que os da casa da Dona Gina, e começou a colocá-los à volta do microfone e do João Carlos.
O.K., pensou o João. Esta sala não tem grandes qualidades acústicas e o maestro vai captar a voz do João com o mínimo de reflexões, portanto com o mínimo de som de sala, e posteriormente na mistura, afinfa-lhe com a reverberação da Lexicon 480L que nem ginjas. É o que quase toda a gente faz, sejam as salas boas ou más.
Tinha chegado a altura de captar a voz do João Carlos. O João e o puto foram para a sala de controlo, não sem que o João avisasse o puto que se abrisse a boca, ou mexesse nalguma trampa, levava um cascudo que ia parar ao Tejo.

O AKG tinha sido ligado através do cabo de microfone a um pré-amplificador que nem em revistas, nem em sonhos o João alguma vez julgara poder ver: um Drawmer 1969 Mercenary Edition!
Que coisa linda! Pré-amplificador de microfone, compressor, tudo cheio de válvulas e com dois vuímetros maravilhosos. 2 canais. Stereo. Portanto um gajo podia utilizar aquele equipamento e gravar em stereo qualquer coisa. Se o João tivesse sabido antes, tinha cravado o JCP para gravar os stereo das guitarras e teclas com aquela cena. Mas parece que o maestro só utilizava o Drawmer nas vozes para não gastar as válvulas…
Então aquilo funcionava assim,

Continua…

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyDom Jan 01 2012, 11:47

Obrigado Mário, está maravilhosos. As imagens dos mics. a válvulas são fabulosas. Que coisa mais linda.
Já agora, podes explicar um pouco melhor a cena dos compressores?

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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyDom Jan 01 2012, 20:56

Parte VI

E pronto, mais tarde ou mais cedo, teria que acontecer. JCP e o João desentenderam-se relativamente à forma como a voz do João Carlos deveria ser registada na fita. Não adianta narrar o que realmente aconteceu. De facto existia uma grande diferença de critérios entre ambos. E o João não quis ver o trabalho de quase ano e meio ser posto de parte em detrimento do óbvio e do fácil. Por mais que esse fácil e óbvio vendesse e agradasse a muitos.

E assim terminava aquela longa empreitada que, apesar de tudo, tinha dado um enorme prazer ao João.

Despediram-se amigavelmente, sem qualquer espécie de rancor. Seguiram os seus caminhos. Consta que o João ficou com o master do que tinha sido gravado até então. Mas nunca mais teve vontade de o revisitar.

FIM
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyDom Jan 01 2012, 21:03

MJC escreveu:
Parte VI

E pronto, mais tarde ou mais cedo, teria que acontecer. JCP e o João desentenderam-se relativamente à forma como a voz do João Carlos deveria ser registada na fita. Não adianta narrar o que realmente aconteceu. De facto existia uma grande diferença de critérios entre ambos. E o João não quis ver o trabalho de quase ano e meio ser posto de parte em detrimento do óbvio e do fácil. Por mais que esse fácil e óbvio vendesse e agradasse a muitos.

E assim terminava aquela longa empreitada que, apesar de tudo, tinha dado um enorme prazer ao João.

Despediram-se amigavelmente, sem qualquer espécie de rancor. Seguiram os seus caminhos. Consta que o João ficou com o master do que tinha sido gravado até então. Mas nunca mais teve vontade de o revisitar.

FIM

De certeza que é o fim? Isso não dá para esmiuçar mais um pouco? Que alternativas ou métodos eram preferidos por um, e o que é que ficou registado para a posterioridade?


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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyDom Jan 01 2012, 21:14

Ora aí está um master que eu gostava de ouvir !
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MensagemAssunto: Re: O primeiro EP de »Os Curiosos«   O primeiro EP de »Os Curiosos« EmptyQui Mar 15 2012, 11:16

Ontem dei com uma técnica de microfones que desconhecia: Optimum Stereo Signal Recording with the Jecklin Disk

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