O Post-Rock

Olà,

Vou abrir aqui um topico sobre um ramo do Rock que talvez alguns de vos desconheçam, o Post-Rock. Este termo foi utilisado e criado pelo jornalista musical Simon Reynolds quando em 1994 na revista “Mojo” escreveu a critica do album “Hex” do grupo inglês Bark Psychosis. Como ele explicou mais tarde na revista”The wire”, ele utilisou este termo para designar uma musica que toma as raizes no rock e na sua instrumentaçao, mas que se afasta no sentido da organisaçao musical. Os instrumentos (sobretudo as guitarrras) não são utilizadas para criar “riffs” e medidas binarias (ou muito raramente), mas para criar vagas harmonicas em movimento perpétuo, sem tema aparente nem melodia exprimida como habitualmente. Visto do seu ângulo o Post-Rock é um estilo que utilisa alguns codigos do Rock experimental, do Progressivo, do Krautrock, do Space-rock, do Math-rock, do Punk, da Electronica, do Jazz e da musica contemporanea, para criar algo de insolito, de novo e de mais rico que a soma dos ingredientes que o compoem.

As opiniões divergem quanto aos albuns fundadores do estilo. Para alguns o Album “Spiderland” dos Slint é o primeiro manifesto do genero, para outros o “Hex” jà citado dos Bark Psychosis é o detonador. E dificil de determinar efectivamente um album seminal, mas o que é certo é que os dois ultimos albuns dos TalK-Talk, ou seja “Spirit of eden” e “Laugthing stock” sao muito influentes no nascimento deste ramo. Mas o que é paradoxal é que nos anos noventa o termo é utilisado sobretudo para citar grupos de Rock experimental sem vozes, o que està em contradiçao com os grupos seminais.

Para muitos o Post-rock é um estilo intelectual e repetitivo, sem verdadeira personalidade ném direção. Isto tém uma parte de verdade, mas uma parte so. Quanto a ser intelectual, o problema jà tinha existido no passado para com os Floyd, Genesis, Van der graaf generator, Robert Wyatt, etc ..., pois (é um facto) no mundo do Rock desde que a musica se torna rica, diferente e em movimento perpétuo, ela é classificada de intelectual. O Post-rock não escapa a esta analise, mas o que é perturbante é que o estilo nasce de grupos aonde os membros tém no inicio entre 17 e 20 anos, ou seja, muito mais jovens que a média no rock, e que isto é muito raro nos ramos intelectuais do Rock. A critica que o estilo se repete é verdadeira para os grupos americanos que praticam um post-rock do tipo Space-rock, e que é raramente imaginativo, mas nos grupos underground o estilo atinge niveis de originalidade raras. Mas é um facto que o estilo não tém uma direçao definida. Muito aberto e sem limites ritmicos ou harmonicos, o Post-rock pode ir do Jazz muito ”free” até à musica comtemporanea minimalista ou ao oceano de guitarras em distorsão.

E esta riqueza que gosto no estilo, e então aos poucos neste topico falar de albuns que são manifestos desta riqueza e desta diversidade ...

Até+

o nosso amigo Ghost tém razão em pensar que a faisca do Post-rock tenha sido o (Spirit of eden) dos Talk-Talk, um album magnifico pela beleza, pela sensibilidade e pela originalidade. No entanto nos Estados unidos o album (Spiderland) dos Slint é considerado como o nascimento do movimento. Visto assim para os europeus o Post-rock é uma evoluçao do Pop-rock, e para os americanos uma evolução do Punk-rock. Ambos são verdade e os dois segmentos continuao a viver juntos hoje, mesmo se hà grupos americanos do tipo Talk-Talk como os Au revoir borealis e em europa grupos do tipo Slint como Mogwai. Mas como em todas as vertentes musicais, apareçe sempre um grupo que vai cristalisar as raizes e dar um verdadeiro sentido estético ao estilo. O grupo que vai escapar à classificaçao do tipo Talk-Talk ou Slint, mas criar uma unificaçao de estilo no género são os Godspeedyou Black Emperor! Este grupo canadiano de Montreal é hoje um mito underground. Este grupo de jovens fez simplesmente a musica mais excitante do cruzamento do século XX e XXI. Em quatro albuns eles deixão um verdadeiro Réquiem de fim de século, e uma medida de temperatura justa, do triste mundo que deixamos aos nossos filhos, para herdar. Uma musica inquiéta, desesperada e hipnotica que faz passar os Cure e Joy Division por grupos alegres. Aos confins do Space-rock, do contemporaneo minimalista e do Rock-experimental, esta musica atinge a universalidade que faz da musica uma arte primeira. Os GYBE, pois é assim que os intimos tratam o grupo, deixão o livro do desasossego em musica. Com o meu filho do meio (18 anos) fomos a muitos concertos pelo mundo fora do grupo, e no dia 14 de Dezembro estaremos em Londres para a ultima actuaçao do grupo. Vamos de novo poder dizer ao Efrim (lider do grupo), que a musica dele(s) atingiu em cheio um puto de 18 anos e um velho de 45. Vou poder lhe dizer de novo que o desespero desta musica fez do meu puto alguém de maior e mais rico, ela deu-lhe coragem e certezas, e finalmente talvez seja esta a maior obra alcançada pelos GYBE. Fazer nascer do caos, a lucidez e a maior das esperanças para o futuro...

... e de novo vou ver esse puto que poderia ser meu filho me dizer emovido, thank’s a lot Paulo, it’s kind ...