Benny Carter nasceu em 1907 e morreu em 2003 com 95 anos.
Começou por aprender musica através das lições de piano dadas pela sua mãe, tocou Trompete, Saxofone Alto, Clarinete e rapidamente se envolveu também na composição.
Tocou nas grandes orquestras de Fletcher Henderson e na de Duke Ellington nos anos 20 e 30, onde além de tocar ajudou também na composição de temas.
Mudou-se para a Europa em 1935 para tocar trompete na orquestra de Willie Lewis, e também trabalhou durante uns tempos nessa altura para a BBC.
Nessa altura durante os 3 anos que esteve na Europa (antes de voltar para os estados unidos em 1938) viajou pela Europa onde tocou e gravou com os melhores músicos de Jazz Ingleses, Franceses e Escandinavos da época.
Altura em que tocou também com os músicos Americanos que visitavam a Europa, por exemplo em 1937 em França com o seu amigo Coleman Hawkins e com mais dois saxofonistas Europeus (André Ekyan e Alix Combelle) além do grande guitarrista Django Reinhardt.
Os temas destas sessões de 1937 foram mais tarde revisitados em 1961 no disco “Further Definitions” de Benny Carter, um álbum da Impulse considerado uma obra prima e um dos discos mais influenciadores e importantes do Jazz.
No disco “Further Definitions” Benny Carter além de tocar Saxofone Alto e do seu trabalho como compositor, acima de tudo teve o mérito de deixar todos os músicos brilhar, e vejam que músicos brilharam :
Benny Carter — alto saxophone
Coleman Hawkins — tenor saxophone
Phil Woods — alto saxophone
Charlie Rouse — tenor saxophone
Bill Perkins — tenor saxophone
Bud Shank — alto saxophone
Buddy Collette — tenor saxophone
Teddy Edwards — tenor saxophone
Bill Hood — baritone saxophone
Barney Kessel — guitar
John Collins — guitar
Mundell Lowe — guitar
Don Abney — piano
Dick Katz — piano
Ray Brown — bass
Jimmy Garrison — bass
Jo Jones — drums
Alvin Stoller — drums
Infelizmente nos últimos anos apenas houve uma reedição normal e barata da Impulse deste álbum e o som não sendo mau, também não era nada de especial, este é um álbum que concerteza terá uma reedição audiófila mais dia menos dia, pelo menos assim o espero e isso justifica-se plenamente.
Mas o meu disco preferido de Benny Carter é um que foi feito 4 anos antes, em 1957 para a Contemporary Records, o belo disco “Jazz Giant”.
E vejam que grandes músicos entram também neste album:
Benny Carter — Saxofone Alto e Trompete
Ben Webster — Saxofone Tenor
Barney Kessel — Guitar
Shelly Manne — Drums
André Previn — Piano
Frank Rosolino — Trombone
Jimmy Rowles — Piano
Leroy Vinnegar — Baixo
Benny Carter foi um dos melhores líderes de Big Bands, um grande compositor e um belo multi instrumentista, um homem completo no Jazz com uma bela e longa carreira.
“Jazz Giant” é um excelente trabalho, uma relíquia do Swing e com um excelente som.
As performances de Benny Carter e de Ben Webster neste álbum são razões mais do que suficientes por sí só para o ouvirem, os restantes músicos também os acompanham com grande entusiasmo e competência rítmica.
Os solos de Benny Carter mostram aqui a sua extrema elegância e o tom do Ben Webster é cheio de swing sem ser demasiado sentimental.
Benny Carter além da forma bela como toca o seu Saxofone Alto, toca também Trompete em duas faixas em que demonstra aqui o quanto ele se podia ter dedicado ainda mais a esse instrumento com resultados igualmente proveitosos.
Um álbum cheio de Swing, vindo de um tempo em que o Jazz era um encontro entre amigos e não uma exploração individual introspectiva.
Felizmente a Analogue Productions reeditou este álbum num LP a 33rpm há uns anos atrás e mais recentemente em duplo a 45rpm, sendo que este último ainda está disponível, estas reedições têm ambas um som fabuloso.
Muito mais a dizer haveria acerca da longa carreira artística de Benny Carter que durou quase 80 anos ao mais alto nível, mas estes dois são para mim os dois albuns mais importantes a ter e a ouvir deste grande Mestre.
Algumas frases interessantes :
At my age, I realize that my most precious possession is time, and I've got too much unfinished work to do to spend even a minute talking about myself
-- Benny Carter
You got Duke Ellington, Count Basie, and my man, the Earl of Hines, right? Well, Benny's right up there with all them cats. Everybody that knows who he is calls him 'King.' He is a king!
-- Louis Armstrong (in A Call to Assembly by Willie Ruff, Viking, 1991)
Everybody ought to listen to Benny. He's a whole musical education.
-- Miles Davis (to Leonard Feather, Down Beat, 5/25/61)
He's everything a musician would want to be.
-- Ella Fitzgerald (in Benny Carter: Symphony in Riffs, a film by Harrison Engle, 1991)
Benny opened the eyes of a lot of producers and studios, so that they could understand that you could go to blacks for other things outside of blues and barbecue. He's a total musician. He was the pioneer, he was the foundation. He made it possible for that doubt to be taken away.
-- Quincy Jones (in Benny Carter: Symphony in Riffs, a film by Harrison Engle, 1991)
...probably the most rounded and sophisticated of all the jazz composers.
-- André Previn (in Benny Carter: Symphony in Riffs, a film by Harrison Engle, 1991)
He's the consummate musician. More than anyone else, he represents what American music is all about.
-- David Sanborn (in Benny Carter: Symphony in Riffs, a film by Harrison Engle, 1991)
When I grow up I want to be just like Benny Carter!
-- Dizzy Gillespie (concert, Princeton University, 11/10/79)
He is all that every jazz musician the world over wants to be. He's performed 20,000 nights. How many shoes have been shined? How much mascara put on? Rouge? How many of those impossible bowties have been tied? How many love songs have been sung? How many dances have been danced? How many have passed to the sound of his music? It's been said that a man should not be forced to live up to his art. Benny Carter is one of the rare instances when we wonder whether the great art that a man has created can live up to him.
-- Wynton Marsalis (excerpt from remarks at Kennedy Center Honors program, 12/3/96)
I had the chance to play with Benny "The King" Carter here in Copenhagen for three days in the Montmartre, and two days in Paris. "What a Thrill." He knows so much music, and he is the only person that I get the shakes trying to play my horn behind or with him (smile). However, it was a ball.
-- Ben Webster in a letter to Mary Lou Williams, postmarked Copenhagen, September 16, 1971 (courtesy of the Mary Lou Williams Collection at the Institute of Jazz Studies, Rutgers University)
Abraços,
Jorge Ferreira
