O estúdio analógico de Pedro Abrunhosa

http://boomstudios.pt/


20 de abril de 2008
Porto, 20 Abr (Lusa) - O melhor estúdio de gravação da Península Ibérica e um dos melhores da Europa está discretamente instalado em Gaia, na urbanização industrial de Canelas, chama-se Boom Studio e pertence a Pedro Abrunhosa.

O estúdio foi construído de raiz com as técnicas e materiais mais avançados, estando dotado de uma sala de gravação com 120 metros quadrados, onde cabe uma orquestra.

Desenhado e construído de raiz por Phil Newall, o mesmo engenheiro que concebeu o estúdio dos U2, de Michael Jackson e de várias outras estrelas da música internacional, é considerado como o "estado da arte" na tecnologia de estúdios de gravação.

A porta de entrada está ao lado da "docking station", onde os camiões descarregam instrumentos, que chegam ao estúdio por um corredor blindado - tudo neste edifício é blindado, por razões de segurança, dado o "incalculável" valor dos equipamentos que contém.

Ao entrar, depois de passar por uma recepção/sala de estar, circula-se por um corredor que passa ao lado da ampla régie, onde pontifica, entre outras, uma consola analógica de 64 canais, a famosa SSL (Solid State Logic) construída nos anos 80 e que representa o mais sofisticado que há a nível de gravação analógica.

Acedendo ao estúdio principal, com seis metros de pé direito, vê-se que duas das paredes desta sala estão dotadas de conjuntos de painéis trifásicos giratórios.

Cada uma das faces tem características sonoras distintas, sendo uma reflectora do som, outra difusora e a terceira absorvente, o que permite encontrar a combinação ideal para cada um dos projectos musicais que ali são gravados.

Destinadas a gravar instrumentos isolados, há, junto a esta sala, duas outras, mais pequenas, com características sonoras distintas, sendo uma revestida a pedra irregular, de forma a proporcionar um som mais agressivo.

As três salas comunicam visualmente entre si permitindo condições óptimas de comunicação entre os músicos.

Ou seja, podem aqui ser gravados os instrumentos isolados ou em conjunto, sem que o som de um deles entre no canal de gravação dos restantes, permitindo assim, na montagem, fazer modificações num só dos instrumentos sem obrigar a nova gravação conjunta.

"Só há em Espanha um estúdio equiparável a este, neste momento fechado na sequência de dificuldades financeiras, e há um outro em França, o Guillaume Tell", disse à Lusa Pedro Abrunhosa, visivelmente orgulhoso do investimento.

Além da beleza das instalações, o Boom Studio tem uma característica única e praticamente inédita neste tipo de equipamento: janelas para o exterior, deixando entrar luz natural.

Para quem está habituado a entrar em estúdios de gravação, sempre totalmente fechados ao exterior, esta é uma mudança radical, um estúdio com janelas, deixando ver a luz do sol, o azul do céu e o verde das árvores.

Os estúdios foram sempre totalmente fechados por razões óbvias de isolamento acústico (de dentro para fora e de fora para dentro) o que levou os construtores deste tipo de instalações a evitar cuidadosamente qualquer tipo de aberturas.

"Isso não acontece aqui porque o estúdio foi desenhado de raiz e construído com paredes em várias camadas de diferentes materiais que permitem um isolamento total. Mesmo as janelas estão concebidas de forma a garantir um isolamento sonoro total", explicou o músico.

Pedro Abrunhosa considera que esta é uma característica que dá ao Boom Studio uma mais valia de comodidade preciosa, já que os estúdios são lugares onde os músicos passam 12 a 20 horas por dia quando em gravação, dias e dias seguidos, o que é física e psicologicamente muito cansativo.

"Aqui estás a gravar e vês o céu, a luz do sol, é muito diferente e é também uma vantagem competitiva, na hora de vender os serviços, porque a rentabilização do investimento passa também por competir no mercado internacional da gravação de som", diz Abrunhosa, frisando que Charlie Watts, o baterista dos Rolling Stones, já gravou ali.

Para amenizar a dureza das sessões de gravação, o estúdio está equipado com salas destinadas a descanso e lazer, bar, restaurante e brevemente será ampliado com piscina e ginásio.

Quanto aos equipamentos, além da enorme consola SSL analógica (com monitores ProAc), que já não se fabrica e de que restam muito poucas no mundo, o Boom Studio está equipado com os mais sofisticados microfones, entre os quais os preciosos AKG-C12, que representam o top da captação de som analógica.

"São os microfones em que gravaram nos anos 50 e 60 os maiores, desde o Frank Sinatra até às mais importantes orquestras, podem ser considerados peças de museu, mas continuam a representar o cume da gravação analógica, garantindo uma qualidade e um calor que o digital não conseguiu ainda sequer igualar, muito menos ultrapassar", explicou Pedro Abrunhosa.

O músico sublinhou que "esta é uma indústria altamente especializada, de alta tecnologia, um mega projecto industrial na área da gravação, feito sem qualquer tipo de apoio".

"Outro objectivo é que o Porto tenha neste projecto mais um pólo de diferenciação e mais um centro de decisão. Temos aqui boas comunicações, um óptimo aeroporto, uma cidade linda com tudo o que é preciso, a Casa da Música, Serralves, o Douro, o FC Porto, tudo isto são argumentos para atrair negócio para este projecto, contribuindo para a descentralização do país", afirmou.

Quanto ao investimento, o músico explica-o com uma lógica inatacável: "faz todo o sentido investir em coisas que, embora à primeira vista possam não dar um lucro imediato, resultam num enorme aumento de produtividade".

Para o provar, o músico aponta para a régie e diz que neste momento tem ali temas gravados suficientes para dois CD's, um dos quais sairá já este ano.

Abrunhosa acrescentou que o investimento se justifica também porque "a música pode ser grátis, graças aos downloads piratas, a indústria discográfica pode estar em dificuldades, mas há cada vez mais música a ser feita e ela terá que ser gravada, pelo que um estúdio de gravação será sempre um investimento para o futuro".

Por outro lado, sustenta, a pirataria digital levou as grandes editoras internacionais a procurar cortar custos e que uma das consequências foi a retirada das suas delegações em Portugal, para Madrid, ficando em Lisboa apenas com escritórios residuais.

"Isto deixa os novos grupos desamparados, porque já não há quem os siga e apoie, potenciando o aparecimento de pequenas editoras alternativas", frisou.

Assim nasceu a dupla decisão de Pedro Abrunhosa de investir num estúdio "state of the art" - o Boom Studio - e de, paralelamente, lançar a editora Boom Records, que visa, sobretudo, dar oportunidade aos novos grupos da área do rock alternativo.

Quando Pedro Abrunhosa não está a gravar, estão no Boom Studio vários novos grupos, cujas produções deverão sair para o mercado durante o corrente ano, na Boom Records.

"Neste momento estou a viver a dualidade desta situação, porque, se por um lado sou obrigado a ir muito mais vezes a Madrid porque as grandes multinacionais retiraram-se para lá, por outro estou a aproveitar as oportunidades criadas por esta retirada", frisou.

PF.

Lusa/Fim

Fantástico estúdio... nem parece em Portugal...!

zaratustra escreveu:

Fantástico estúdio... nem parece em Portugal...!

Eu falo com o Pedro e tu vais lá fazer uma reportagem, queres ?

made in portugal

Milton escreveu:

zaratustra escreveu:

Fantástico estúdio... nem parece em Portugal...!

Eu falo com o Pedro e tu vais lá fazer uma reportagem, queres ?

Também posso ir?...plz...

Ulrich escreveu:

Milton escreveu:

zaratustra escreveu:

Fantástico estúdio... nem parece em Portugal...!

Eu falo com o Pedro e tu vais lá fazer uma reportagem, queres ?

Também posso ir?...plz...

Claro que sim, seguras no microfone...

Milton escreveu:

zaratustra escreveu:

Fantástico estúdio... nem parece em Portugal...!

Eu falo com o Pedro e tu vais lá fazer uma reportagem, queres ?

Perfeito, pedes emprestado o SB do Sérgio (Viciaudio), pego na D200, peço boleia ao Ulrich... e vou...!

zaratustra escreveu:

Milton escreveu:

zaratustra escreveu:

Fantástico estúdio... nem parece em Portugal...!

Eu falo com o Pedro e tu vais lá fazer uma reportagem, queres ?

Perfeito, pedes emprestado o SB do Sérgio (Viciaudio), pego na D200, peço boleia ao Ulrich... e vou...!

Combinado, só temos de saber onde paramos para almoçar

Já agora, qual o gravador?

Se me permitem apenas fazer um acrescento à notícia inicial.

O Boom Studio não foi sempre do Pedro Abrunhosa, o primeiro dono do estúdio foi o grande Produtor Mário Barreiros, guitarrista dos Jáfumega , baterista dos The Gift, e ícone na produção de música nacional.

Depois é que o Pedro Abrunhosa comprou o estúdio ao Mário Barreiros

Marcio Ferreira escreveu:

Se me permitem apenas fazer um acrescento à notícia inicial.

O Boom Studio não foi sempre do Pedro Abrunhosa, o primeiro dono do estúdio foi o grande Produtor Mário Barreiros, guitarrista dos Jáfumega  , baterista dos The Gift, e ícone na produção de música nacional.

Depois é que o Pedro Abrunhosa comprou o estúdio ao Mário Barreiros

Eu penso que há menos de 3 meses passou na Antena 1, um programa sobre este senhor, não foi ele que descobriu o Rui Veloso, os Taxi, Gabriela Schaaf, etc? Ainda é um dos poucos prazeres que me dá ouvir rádio (era depois das 23:00), os Naim(s) estavam quentinhos e o som estava mais equilibrado, é naquela hora em que começa aparecer que não temos uma hi-fi a trabalhar, mas sim uns amigos do estúdio que foram lá para casa mostrar-nos algo que desejam partilhar. Esse é o mal do meu sistema: se o som da fonte não for bem equilibrado, aquilo começa a dar asneira e perde-se o calor humano e ganha-se em estridência e "analiticidade" -> pronto inventei uma palavra nova! Mas compreenderam, não compreenderam?  

cabb escreveu:

Marcio Ferreira escreveu:

Se me permitem apenas fazer um acrescento à notícia inicial.

O Boom Studio não foi sempre do Pedro Abrunhosa, o primeiro dono do estúdio foi o grande Produtor Mário Barreiros, guitarrista dos Jáfumega  , baterista dos The Gift, e ícone na produção de música nacional.

Depois é que o Pedro Abrunhosa comprou o estúdio ao Mário Barreiros

Eu penso que há menos de 3 meses passou na Antena 1, um programa sobre este senhor, não foi ele que descobriu o Rui Veloso, os Taxi, Gabriela Schaaf, etc?  

Não posso confirmar mas também tenho ideia que sim, este grande produtor também fez parte do projeto Mingos & Os Samurais juntamente com Rui Veloso , e foi quem gravou os álbuns dos Ornatos Violeta também, entre muitos outros