Olá outra vez
Depois de um incidente informático que fez desaparecer
metade das imagens do meu primeiro post (que acabo de
repôr), aqui vai a continuação do "meu sistema".
Agora, a parte "eléctrica" (ainda em 78rpm)
Como perceberam, caso não soubessem já, aqueles
"horns" como os da Western Electric na realidade eram,
em tamanho maior, os mesmos dos gramofones, só que
a membrana do "motor" em vez de ser accionada
directamente pelas vibrações da agulha de forma
inteiramente mecânica, passou a sê-lo através de
impulsos eléctricos, graças ao cruzamento com a
tecnologia dos telefones (engraçado, não é?)
E apareceram os primeiros altifalantes domésticos, para
ligar primeiro aos rádios (que inicialmente só se ouviam
com auscultadores)
e seguidamente, uma vez que o cinema sonoro ainda não
usava pistas de som na película, mas sim discos para
sonorizar filmes que na realidade ainda eram mudos
(sistema Vitaphone que foi abandonado pois era muito
difícil sincronizar o som e a imagem, de onde a cena
cómica do "Singing in the rain" quando as vozes ficam
trocadas)
Este é um dos primeiros protótipos de 33rpm, o WE 2-A,
reparem que muito semelhante ao da foto acima, e que
data de... 1926!!!!!!!!!
aparecem os primeiros "pick-up" eléctricos para uso
doméstico, como este braço B&O (já de 1933)
Como entretanto os rádios tinham começado a ter
altifalantes internos (ainda "horns") como o Magnavox
TRF 50 de 1924...
(Maravilhosa esta sinergia de tecnonogias)
...surgem primeiro (para uso doméstico e para quem
ainda tinha gramofones mecânicos mas passara a ter
em casa um rádio também) as primeiras cabeças de
leitura eléctricas para adaptar ao TUBO do braço do
gramofone acústico e que se ligavam directamente à
terra e à grelha da válvula de saída (amplificadora BF)
do rádio, e alguns anos mais tarde à entrada "Phono" que
todos os rádios passaram a ter a partir de 1930 mais ou
menos.
Esta cabeça de marca "Burndept" que eu tenho é um
desses adaptadores
Da parte de trás vêem-se os bornos para ligar os cabos
Montada no HMV 101
...só faltava ligar os cabos à válvula BF ou à entrada Phono
do Rádio, e dar à manivela...
Não faltou muito para aparecerem os primeiros Pick-up
inteiramente eléctricos, como este meu "Paillard" que
deve datar muito do princípio dos anos 30
Reparem que a marca (suíça) tinha obtido tanto prestígio
com os gramofones mecânicos que apesar de este prato
ser eléctrico o LOGO da marca ainda representa uma
cabeça acústica com diafragma de mica!!!
Adoro o design do braço, completamente "Déco"...
Continuando um pouco a história geral destas coisas,
como devem saber, em 1924 os Srs. Rice e Kellog (nada
a ver com os flakes) tinham inventado os altifalantes de
membrana como os que conhecemos e usamos hoje em
dia (a membrana ainda não era de papel, era de celulóide
nos primeiros modelos) que começaram a ser
comercializados a partir de 1926
Reparem que o magneto é um Electro-íman accionado por
corrente contínua, embora houvesse desde o início
também modelos com íman permanente.
E este, é o meu rádio-gramofone (sem marca) de 1940,
com um prato Garrard RC-65 com carregador automático
até 10 discos, e que tem precisamente um altifalante de
12" do sistema que acabo de referir (que ultimamente
voltou a ser fabricado por marcas Hi-End como a PHY ou
a Fertin, pois com o sistema "de excitação eléctrica"
obtêm-se fluxos mais fortes até do que com o Alnico)
Este aparelho foi fabricado na Bélgica, onde nesta altura
era permitido comercializar aparelhos "anónimos" feitos
à mão, como é o caso: o chassis interno é em cobre, o
rotor do veio do botão de sintonização usa rolamentos,
esse botão tem um desmultiplicador como nos rádios
profissionais para a sintonização fina das ondas curtas,
e a válvula de saída é a EL33, antecessora da EL34...
Quando o comprei apenas tive de o limpar e de mudar
4 ou 5 condensadores... as válvulas são as de origem,
ainda com selos de papel onde está indicada a data de
entrada em serviço. E funciona perfeitamente!!
Contrariamente aos dois aparelhos que acima descrevi,
que são apenas curiosidades, este soa muito bem
Primeiro o tenor Richard Tauber canta Cole Porter
(In the Still of the Night) e depois Walter Gieseking toca
Debussy (Reflets d'eau - La soirée dans Grenade).
Mais uma vez não se esqueçam de que o filme foi feito
com um telefone Samsung e de que os discos tal como
o aparelho têm... cerca de 73 anos!!!
A seguir vêm os meus amplificadores
Até amanhã!!!
Jorge