Acabei recentemente de ler o livro “Making Rumors”, escrito por Ken Caillat, co-produtor e engenheiro responsável pela gravação e mixagem final do albúm “ Rumors” dos Fleetwood Mac. É uma narrativa agradável e minuciosa de todo o processo de criação e produção deste trabalho icónico e globalmente conhecido. Além da abordagem relativa às peripécias de relacionamento entre todos os envolvidos, o autor descreve por vezes de forma bastante minuciosa, quer o processo criativo, quer o processo técnico de produção praticamente canção a canção, o que permite por exemplo, ler um capítulo e procurar através da audição da canção “ver” o processo técnico envolvido. Além disso a leitura permite conhecer como era na época o ambiente existente nos estúdios de gravação, muito diferente dos dias de hoje, pois na altura vivia-se práticamente dentro do estúdio; comiam, bebiam, descansavam, e consumiam a fim de alcançar a “ transcendência”.
A gravação do álbum durou práticamente um longo ano, o que na altura não era comum, mas o resultado final foi excelente, o sucesso de vendas e da crítica projectou definitivamente o então práticamente desconhecido Ken Caillat para uma carreira auspiciosa. O trabalho também é conhecido pela sua excelência sónica , mérito de Caillat, que ainda teve o cuidado de deixar master tapes e cópias de 1ª geração em condições fabulosas.
Enfim, acho que é uma leitura muito agradável e recomendável, recheada de muitos aspectos curiosos acerca da banda e da produção do albúm.
Algumas curiosidades; sendo certo que o processo criativo foi mais ou menos colectivo (banda), o homem de estúdio da banda, criativo, meticuloso e obcecado pelos pormenores e perfeição foi Lindsey Buckingham. A masterização do albúm foi feita no estúdio da Capitol Records, por Ken Perry , que inicialmente fez o “cut” de qualquer coisa como 146 laquers!!!!!!! (lado a+b). Chiça, são muitos laquers para a prensagem inicial. Aliás, Caillat, preocupado com o facto de ver acumulados pelo chão do estúdio as caixas dos laquers e ao saber por Perry que o ideal era que a metalização fosse realizada no mais curto período possível, a fim de evitar o fenómeno dos laquers terem a tendência, com o passar do tempo voltarem ao estado original, logo tratou de arranjar autorização para que a metalização fosse realizada num operador independente, perto do estúdio, em vez da fabrica normalmente utilizada pela Warner. Na verdade o ultimo toque pessoal de Caillat no álbum Rumors foi no mínimo peculiar, durante duas semanas transportou pessoalmente todos os dias os laquers, do local de masterização para a metalização. Delicioso pormenor que os audiófilos agradecem.