Uma das grandes demonstrações de que se pode ser humilde, mas um grande e bom homem em simultâneo.
Ferpina Membro AAP
Mensagens : 10767 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 69 Localização : Assado - Perú
Assunto: Re: Eusébio Seg Jan 06 2014, 19:55
António José da Silva escreveu:
...
E viu-se hoje durante todo o dia. No estádio, nas ruas e no cemitério debaixo de chuva copiosa. Era efectivamente uma pessoa importante! Fez subir algumas vezes a autoestima de uma Nação, não só a benfiquista, mas de um Portugal inteiro.
_________________
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Eusébio Seg Jan 06 2014, 20:27
Ferpina escreveu:
António José da Silva escreveu:
...
E viu-se hoje durante todo o dia. No estádio, nas ruas e no cemitério debaixo de chuva copiosa. Era efectivamente uma pessoa importante! Fez subir algumas vezes a autoestima de uma Nação, não só a benfiquista, mas de um Portugal inteiro.
De todas as grande personalidades do sec. 20, foi a que levou o nome de Portugal mais longe e é sem duvida a mais conhecida pessoa de nacionalidade portuguesa.
_________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince
If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...
The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: Eusébio Seg Jan 06 2014, 20:56
António José da Silva escreveu:
Uma das grandes demonstrações de que se pode ser humilde, mas um grande e bom homem em simultâneo.
Ferpina Membro AAP
Mensagens : 10767 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 69 Localização : Assado - Perú
Assunto: Re: Eusébio Qua Jan 08 2014, 12:58
_________________
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Eusébio Qui Jan 09 2014, 12:00
Vale mesmo a pena ouvir.
_________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince
If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...
The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte
Ferpina Membro AAP
Mensagens : 10767 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 69 Localização : Assado - Perú
"Se a questão fosse a importância de Eusébio, seria difícil justificar a ausência, no Panteão, de Egas Moniz, José Saramago, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Vitorino Nemésio, Natália Correia, Sophia de Mello Breyner, António Sérgio, Álvaro Cunhal ou Sá Carneiro. Fico pelos nomes referidos pelo Henrique Monteiro , a que acrescento o que mais me choca: Arestides de Sousa Mendes."
"Se a questão fosse a importância de Eusébio, seria difícil justificar a ausência, no Panteão, de Egas Moniz, José Saramago, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Vitorino Nemésio, Natália Correia, Sophia de Mello Breyner, António Sérgio, Álvaro Cunhal ou Sá Carneiro. Fico pelos nomes referidos pelo Henrique Monteiro , a que acrescento o que mais me choca: Arestides de Sousa Mendes."
Não tenho nada contra a pessoa enquanto desportista pelo contrario, nunca o vi jogar e acho que este aproveitamento que se está a fazer da sua morte só é possível nos moldes em que a sociedade de hoje em dia se rege. Decisões a quente deste tipo não se deveriam fazer de animo leve. A Amália abriu um precedente. Hoje em dia realmente como não temo paciência para esperar por nada mete-se um desportista (não foi mais que isso) ao lado do Humberto Delgado que por muito que um gajo se esforce não consigo comparar o que um fez e representou com o outro.
Milton Membro AAP
Mensagens : 15388 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 63 Localização : Scalabicastro, naquele Jardim á beira, mal plantado
Assunto: Re: Eusébio Qui Jan 09 2014, 17:32
Também tenho a mesma opinião. Sou Benfiquista e acho o Eusébio uma Estrela Maior no panorama desportivo e até um símbolo do Portugal futebolístico. Muito poucos no mundo fizeram o que ele fez.
Acho que a decisão da transladação para o Panteão devia ser refletida com a distancia temporal e politica devida.
ricardo onga-ku Membro AAP
Mensagens : 6017 Data de inscrição : 02/01/2012 Localização : Terra d'Anglos...e Saxões
Assunto: Re: Eusébio Qui Jan 09 2014, 17:51
Fico estupefacto com tanta "histeria colectiva" por causa de um (bom) homem que ficou para a história (do futebol) porque dava uns "toques" na bola…
R
Rui Mendes Membro AAP
Mensagens : 3159 Data de inscrição : 17/04/2012 Idade : 53 Localização : Alfragide
Assunto: Re: Eusébio Qui Jan 09 2014, 18:47
ricardo onga-ku escreveu:
Fico estupefacto com tanta "histeria colectiva" por causa de um (bom) homem que ficou para a história (do futebol) porque dava uns "toques" na bola…
R
Esta precipitação é sinal dos tempos.
Agora tem de ser tudo imediato. O correio já não serve. O diário já não chega, muito menos o semanal.
Não é português. É geracional. Muitas regras semelhantes já foram alteradas. No Vaticano também, por exemplo, alteraram-se procedimentos para iniciar mais cedo a canonização do Papa João Paulo II e será santo já em abril deste ano.
Não estou a dizer que está errado. Só estou a observar...
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Eusébio Qui Jan 09 2014, 21:37
A mim parece-me que se estão a confundir as coisas. A Amália merece estar no Panteão e o Eusébio ainda mais.
_________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince
If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...
The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Eusébio Qui Jan 09 2014, 22:29
"... Era um homem com pouca cultura [...] Não sabia que ele estava doente, sabia que bebia muito whisky todos os dias, de manhã e à tarde, isso sabia..."
-Mário Soares, Ex-Presidente da República Portuguesa.
Repassando:
Era “só” um futebolista
Por Margarida Bentes Penedo
Considera-se um pensador, apesar de ter sido um estratega e um homem muito agradável sempre que a lisonja lhe servia os objectivos. Não está disposto a abdicar de um poder que já ninguém lhe reconhece, nem sequer dentro do partido. Rodeou-se de uma corte de intriguistas fracassados, porque os intriguistas com talento não precisam dele nem lhes sobra tempo para visitas de cortesia. Reúne-se, pública e periodicamente, com um conjunto de aduladores que se penduram no seu passado político como se o prestígio fosse transmissível por contágio. O nome de Mário Soares atesta, julgam eles, uma virtude "humanista" no curriculum de muitos cavalheiros. E assina artigos de opinião - numa prosa baixa, rude, desabrida e pesada, sem cor nem recursos linguísticos, com o garbo de um carroceiro e o estardalhaço de um sarilho na taberna.
Nunca suportou ser contrariado. Quando se candidatou à presidência do Parlamento Europeu (e perdeu para Nicole Fontaine), disse que os deputados tinham preferido votar numa "dona de casa". E há uns meses (não muitos), quando azulado de cólera apelou à violência contra o Governo e o Presidente da República, guardou uns insultos para os comentadores que não gostaram. Nunca admitiu que o fizessem para expressar uma discordância legítima, em resultado de uma inteligência própria e de uma diferente interpretação dos acontecimentos. Discordaram, escreveu Mário Soares, para "especular", "ao serviço do poder", e "para ganhar dinheiro".
Em 1986, quando se candidatou pela primeira vez à Presidência da República, Mário Soares chamou as "notabilidades" da época. Do mundo do futebol falou-se de muita gente, mas o mais "notável" (lembro-me bem, porque já me repugnava pelos projectos medonhos que desenhava) foi Tomás Taveira, que andava em namoro com a direcção do Benfica por motivos de um estádio, e encheu tempos de antena com aquele paleio aldrabão e cabelos soltos, pose marialva, frente ao ascoroso edifício das Amoreiras.
Eusébio não apareceu. Nem nessa altura nem noutra, porque Eusébio sempre fez - muito bem - o que lhe coube, e nunca falou de política. Competiu em partidas de futebol, porque era a sua profissão; e em protagonismo com o dr. Mário Soares, sem esforço e sem vontade, porque Soares não conseguiu associar-se ao seu nome nem conseguiu interpretar as coisas de outra maneira. O rancor foi ganhando volume naquela vaidade sem medida, e nenhuma oportunidade é melhor para aplicar um golpe no adversário do que apanhá-lo... morto.
Aconteceu hoje. O espectáculo repelente não desiludiu ninguém: foi baixo, como é marca do artista, vingativo como um filho mimado; vil como a sua prosa, confundindo (Soares sempre confundiu) coragem com desconsideração; ambíguo como julga que é próprio da alta política; cobarde como há muito não se via - mesmo em Portugal.
Soares disse que Eusébio era "modesto", "pouco instruído", "com pouca cultura", e "não se esperava dele que fosse um pensador". Fosse Eusébio comunista, ou lunático do PREC, e Soares (dominados os maus fígados) tê-lo-ia bajulado com encómios estremecidos, exigindo que o seu peito não seguisse a enterrar sem uma dose apreciável de quinquilharia dourada - por serviços à Pátria. Mas Eusébio distinguiu-se no desporto, onde o mérito é possível de medir. Sabe-se (nenhum letrado contesta) que não está no mesmo plano das proezas intelectuais.
A Al Jazeera e a CNN dedicaram-lhe reportagens. O Governo decretou, pela morte de Eusébio, três dias de luto nacional. No facebook houve logo quem se mostrasse desagradado. Quem pensa que os "humanistas" se distribuem pelos partidos, pelas "plataformas", pela "academia" e pelos fiéis das "ciências" sociais - é porque nunca deu uma volta no facebook, onde o "humanismo" (solto das limitações e dos compromissos de quem tem responsabilidades políticas) mostra os contornos extravagantes que atingiu, em níveis estratosféricos de pureza e intensidade. Um "humanista", quando "sério", opõe-se ao "populismo" e não engole um herói do futebol. Herói que é para ser respeitado tem de vir do "pensamento", dos "valores", da "cultura", ou da "revolução". Naquela arrogância de beatos, na admiração analfabeta pela "academia", no orgulho da virtude que se atribuem para se sentir maiores, e nos feitos dos outros sempre encontrar insuficiências, gostam da "igualdade" teórica, conceptual. Amam a "igualdade" enquanto for abstracta, enquanto for "nobre", e por isso intangível, saco para todas as recusas. Detestam o fenómeno real, que os agarra pelos pés e os faz descer do paraíso seguro das "ideias", onde nada os compromete, à imundície banal das pessoas - esses animais que os esperam, matreiros, vulgares, e mal cheirosos, com toda a espécie de riscos. Um "humanista" casto não digere um herói popular, acima de tudo, porque um herói popular nunca precisou de um "humanista" - nem nunca deu conta que isso pudesse existir.
O país vai unir-se numa homenagem a Eusébio - sentida, franca, e grata. Será comovente. Não é obrigatória.
Publicado no Gremlin Literário
_________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince
If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...
The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Eusébio Sex Jan 10 2014, 23:55
Assim sim, comparado a alguns que pouco fizeram pela nação, mas que o snobismo (ou pseudo-snobismo) nacional e as ocasiões assim o entenderam. Com este concordo, Eusébio no Panteão, não está em boa companhia (com poucas exceções).
Vasco Pulido Valente
O Panteão moderno, como quase tudo que é mau, foi inventado pela Revolução Francesa e pelas pomposas trasladações do pintor David. Mas, planeado para celebrar os deuses do novo renascimento da humanidade, o Panteão começou logo a dar sarilhos. Voltaire, o primeiro que lá entrou, conseguiu uma certa unanimidade. Mas Mirabeau, o segundo, acabou por ser rapidamente retirado, quando se descobriu que trabalhava para a Corte, e recebia dinheiro por isso. Para o substituir, os Jacobinos escolheram Marat, um terrorista assassinado por um virago virtuoso, Charlotte Corday. Felizmente, também este símbolo desapareceu com a fragorosa queda de Robespierre. E dali em diante, nem o Directório nem Napoleão mostraram um interesse particular em entronizar heróis. Parece que os mortos dividiam tanto como os ricos.
Como, de resto, demonstra o nosso Panteão, onde vários Governos recolheram uma extraordinária colecção para edificar a Pátria: Almeida Garrett, Amália Rodrigues, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, Humberto Delgado, João de Deus, Manuel Arriaga, Óscar Carmona, Sidónio Paes, Teófilo Braga. Numa palavra, alguns símbolos (menores) do anticlericalismo, da Maçonaria e da República, que, ainda por cima, muitas vezes se detestavam e se guerreavam; e no meio disto Humberto Delgado, dois ditadores e uma cantora de fados, que não se percebe como acabaram numa sociedade tão esotérica e exclusiva. Se os mortos falassem, com certeza que estes mortos não se falariam.
Como se calculará, esta conversa vem a propósito do voto da Assembleia da República, que determina o depósito de Eusébio no Panteão. Contra a qual tenho quatro ou cinco objecções. Por um lado, não me cheira que Eusébio gostasse de se ver naquela companhia. Por outro, ninguém lhe pediu autorização para esse exercício de propaganda dos políticos, que ele talvez não apreciasse. E há mais. Há que Eusébio era um génio da sua profissão e de repente (tirando Garrett e Amália) o rodeiam de uma série de mediocridades, que nunca se distinguiram por terem ajudado a humanidade ou os portugueses. Sim, senhor, Eusébio merece um Panteão. Mas não aquele. Um Panteão no estádio do Benfica, ou perto dali, que as pessoas pudessem visitar sem medo de se irritar ou contaminar. Quanto ao Panteão Nacional, do que ele precisa com urgência é de um “saneamento” sucessivo, que o aproxime um pouco da realidade.
_________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince
If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...
The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte
enxuto Membro AAP
Mensagens : 1283 Data de inscrição : 14/05/2011 Idade : 50
Assunto: Re: Eusébio Sáb Jan 11 2014, 00:07
Por acaso, diga-se que a esteves já antes disto devia ter vergonha de falar aos portugueses e agora, pior.
Ao pé desta gente, o Eusébio tinha uma cultura enorme. Podia ser ou não muito instruído, mas a cultura não é só instrução.
Já a instrução da esteves, por exemplo, só tem servido para atrapalhar.
Milton Membro AAP
Mensagens : 15388 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 63 Localização : Scalabicastro, naquele Jardim á beira, mal plantado
Assunto: Re: Eusébio Sáb Jan 11 2014, 00:56
Eusébio no Panteão ? Para já não.
O nosso Panteão tem muita gente de que gosto - Almeida Garrett, João de Deus, Aquilino Ribeiro - alguma de que não gosto, como Óscar Carmona e Sidónio Pais. Tem também Amália, que é um autêntico 'ovni' no meio de escritores e estadistas. Mas tem muita gente que não está lá e devia estar, como Egas Moniz e José Saramago (que foram prémio Nobel), Vitorino Nemésio, Natália Correia, Sophia de Mello Breyner (como bem propôs há tempos José Manuel dos Santos) e, no campo político, uma vez que la repousam Humberto Delgado, Manuel de Arriaga e Teófilo Braga, além dos já referidos Carmona e Sidónio, talvez António Sérgio, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro, entre outros. Além de que um Panteão que se preze deveria ter também Pessoa, Eça e Camilo. Qualquer um destes nomes pode figurar em cenotáfio (representação da urna) como sucede com Camões, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral ou Afonso de Albuquerque. Bem sei que Pessoa está nos Jerónimos, mas se há deuses da escrita portuguesa ele é um deles, sem dúvida. Se o Panteão serve também para desportistas, cantores e artistas diversos, proponho, no mínimo, Tomás Alcaide, Guilhermina Suggia e João Villaret.