A rodar XXXVI

É difícil ouvir o álbum «À espera de Armandinho», de Pedro Jóia, e não pensar no talentoso Armando Augusto Freire, de quem se disse: "o guitarrista de dedos encantados".

Também é penoso não pensar no neto de Gonçalo Paredes, filho de Artur Paredes, dois magníficos executantes de guitarra portuguesa. Carlos Paredes, designado "o homem dos mil dedos", se fosse vivo teria 91 anos. Editado em 1971 e reeditado em 2011 por uma etiqueta de Illinois, «Movimentos perpétuos» é uma obra-prima!

Guardo agradáveis recordações do concerto de Siouxsie and the Banshees, no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, na segunda metade da década de 90.

Na história actual do jazz vocal feminino, Diana Krall ocupa um lugar cimeiro. «Stepping out», relembra a fase da cantora/pianista desconhecida. 1993 foi o ano da edição do álbum, cujas sessões de gravação contaram com John Clayton (contrabaixo) e Jeff Hamilton (bateria). Entre uma dúzia de temas, encontramos o mítico «Body and soul», o instrumental «42nd street» e «As long as i live». Apesar de constituir o disco de estreia de Krall, trata-se de um registo que em nada indigna um apreciador de jazz. O prefácio do álbum é assinado por Ray Brown.

Dia submerso na noite. «I giorni delle arance» é muito mais do que uma sucessão de apontamentos de piano (Luca Zanetti) e acordeão (Silvia Cucchi), é também uma colecção de 12 temas digestivos para a leitura das últimas páginas do «Livro do desassossego».