Musica & Vinho...

Mais logo direi com um pequeno texto e uma fotografiazita o resultado deste momento hedonista e essencial na vida (para mim do menos...)!!!

Quando viverem momentos assim... toca a botar faladura aqui !!!

Mais um grande tópico para ver crescer, desde logo porque vinho é algo de que gostamos (falo no plural, aqui somos dois a gostar...).

Desde a nossa mudança de casa ainda não tivemos a oportunidade de reunir os amigos para um belo almoço ou jantar, mas já aproveitamos para visitar algumas Caves que nos rodeiam. Estamos muito perto delas, nem sempre podemos trazer o que queremos, mas lá se vai trazendo algo.

Aqui não há uma "feira" como essa, mas há promoções e para quem não pode sempre, aproveitar os descontos e experimentar é um caminho a seguir!

Vou deixar duas imagens que já rodaram em outro tópico, mas que exemplificam esta relação do vinho com a Música:

O vinho é um "generoso" do Porto, porque quando se dá ao braço para lavar os discos é preciso alimentar o corpo e a mente. A conversa ia acontecendo, a música a rodar...

Nessa noite eu e a Luciana ouvimos juntos Vol. 4, de Porto na mão e sempre com conversa a entre-cortar o que a Banda nos queria dizer... é assim, a Música também se pode experimentar com leveza e em momentos que não são dedicados apenas a Ela!

O vinho que aparece na imagem foi uma das nossas experiências, dentro das possibilidades optamos por esse. Quem já o experimentou gostou, creio que na relação qualidade/preço é uma boa surpresa para quem gosta de um Porto mais suave e doce.

Este Croft Platinum conquista logo pelo aroma, colocar o nariz bem dentro do copo é um prazer, pois os frutos são as estrelas e não o "álcool" que muitas vezes se sobrepõe. Na boca o comportamento é arrebatador do princípio ao fim, com princípio e fim de boca aveludado e frutado.

Talvez o ideal tivesse sido começar pelos vinhos de mesa, mas este "digestivo" também vai muitíssimo bem com queijos e talvez nem se portasse nada mal nessa mesa!

Continue à bien jouir et diviser avec nous!!!



(je va travailler, tout va bien... tout va bien...)

José Miguel escreveu:

(...) Nessa noite eu e a Luciana ouvimos juntos Vol. 4, de Porto na mão e sempre com conversa a entre-cortar o que a Banda nos queria dizer... é assim, a Música também se pode experimentar com leveza e em momentos que não são dedicados apenas a Ela! ...

Penso que a musica pode ser experimentada (ou vivida, escutada...) da maneira que nos apeteçer e que corresponda ao momento. Não ouço da mesma maneira o Skeleton Tree do Nick Cave e o Thriller do Michael Jackson... sém que esta comparação seja a manifestação da superioridade de um disco em relação ao outro.

No entanto quando escuto a musica com um copo de vinho na mão, raramente é um acto leviano, mesmo se às vezes aconteçe que o seja. Com a minha mulher deixà-mos hà muito de ouvir musica juntos (gostos demasiado opostos), mas partilhamos regularmente uma discussão à volta de uma garrafa com a musica em fundo... e nesses momentos é um instante ligeiro não hà volta da musica... mas com musica.

Ao contrario, quando decido de abrir uma garrafa e degustà-la em companhia de um disco é com a intenção de compreender ambos e de lhes dar atenção. Quando o faço com amigos é muitas vezes na intenção que o vinho crie uma proximidade (cumplicidade...) com a obra ou o disco com o néctar... é um jogo de espirito que gosto e que conjuga duas paixões...

Gostei de ler essa experiência à volta do Porto... que bebo pouco e do qual muitas vezes me desvio pelo alcool demasiado proeminente tanto no olfacto que na boca... mas os (muito) poucos grandes Porto que bebi foram verdadeiramente màgicos

No lugar certo, vamos lá falar da experiência que reúne Vinho e Música.

Ao contrário do Paulo, quando se abre uma garrafa de Vinho e se coloca Música, para já e aqui esta última tende a ficar como companhia - mesmo quando o álbum é cuidadosamente escolhido. A Música pode ser bem escutada com um copo na mão, mas isso acontecerá de forma excepcional e a regra dita que as conversas passarão para primeiro plano, porque um álbum bem escolhido e um copo na mão podem ser o mote para uma grande conversa.

Espero/esperamos um dia poder chegar a outros patamares de atenção, porque ainda estamos a aprender a escutar Música desta forma - em casa e por via de equipamentos que a possibilitam. Ainda ontem recebemos mais uma Lição... foi bom!

Vamos passar ao vinho!

Corria o ano de 2010 e fui surpreendido com a escolha do local de férias de Verão: Freixo de Espada-à-Cinta.
A Vila não era totalmente desconhecida, desde logo porque o seu nome peculiar a coloca facilmente na nossa memória, mas não estava a chegar muito mais longe. Tendemos a não estudar os locais para onde vamos de férias e escolhida a Casa onde ficar, partimos à descoberta.
Chegados a Freixo a surpresa foi... enorme!!! A Casa onde ficamos era secular e lá nos esperava uma senhora cuja delicadeza e abertura, atenção e dedicação nos deixaram imediatamente rendidos - queríamos ali ficar e ainda mal tínhamos chegado.

Partimos para o conhecimento da Casa, cada canto e móvel contava uma história, quer dizer, contava-nos as histórias a senhora com a maior paciência para connosco que nos perdíamos a cada passo. Depois começaram a discorrer as palavras sobre a Vila de Freixo e como ela cresceu e quase caiu... sobre os produtos mais típicos e sobre o artesanato. Tudo era bom, bom de ouvir!

No dia seguinte fomos brindados com um pequeno-almoço que nunca mais nos saiu da memória, cada produto sabia melhor do que nos lembrávamos de experimentar - as compotas caseiras, os doces em pasta de amêndoa, o pão, ... tudo tinha um sabor especial e as conversas continuavam.

Não me quero alongar muito, a Vila de Freixo está marcada na nossa pele e não a esquecemos, connosco trouxemos vários produtos da terra e outros que são fruto do lavor manual de senhoras com mãos de fadas... Algo que veio connosco foi este vinho Monte Ermos, várias garrafas bem entendido.

A senhora (do alto dos seus 80 anos) bem nos disse que aquele ano tinha sido bom e que fossemos bebendo e experimentando o vinho e nós fizemos isso.
A garrafa da imagem é a última de 2010 que tínhamos e foi bebida com imenso gosto:

Sábado foi o dia da Música Pop neste Fórum e nós acompanhamos as escolhas, o Vinho escolhido foi esse que de alguma forma pode ser "pop(ular)", porque é relativamente acessível e generoso, é cítrico com notas de frutas mais quentes e termina com aquele final de boca que chega à memória - longo!
Este de 2010 envelheceu estes anos connosco e dentro da garrafa, como outros que foram sendo consumidos. Em boas condições ele porta-se bem e permite o passar dos anos, ganhando mais cor e permitindo as notas de frutos mais quentes respirarem mais soltas. Mineral q.b., acompanha maravilhosamente uma refeição com base em Lulas - foi o caso e o casamento foi feliz!

Não consigo ser mais objectivo ao falar de algo que nos marca, mas a relação com este Vinho pode muito bem exemplificar o que pode ser a relação entre um Vinho bem escolhido e um álbum igualmente bem escolhido: tocante e provocadora experiência, de onde saímos maiores e melhores.

Infelizmente, aqui abandonado com o meu modesto "sistema do emigrante", nem vala pena fazer muito comparativos, visto que o vinho é quase sempre o mesmo. não é mau vinho de mesa, mas não tem o glamour que este tópico requer e merece.

Mas pronto, sendo um vinho "all-rounder", vai bem com vários tipos de musica e pratos.
O que me surpreende a mim e a todos os que aqui moram, é que dos muitos vinhos que aqui se podem adquirir, e tendo como limite as 10 libras/75cl, todos sem excepção são bastante inferiores a este Ermelinda Freitas. Pode parecer estranho, mas é a realidade.

E é este o único contributo possível de terras de sua majestade, onde o "comes e bebes" não é o forte dos indígenas que cá residem há vários séculos.

Ai essa modéstia...!!!

O seu sistema de "emigrante" é tudo menos modesto e colocaria muita gente de olhos em bico - aposto!
(eu incluo-me nesse lote de pessoas)

O vinho, esse em particular, não o conheço, mas conheço outros dessa "casa" e não são nada maus, sendo que muitos são mesmo excelentes relações qualidade/preço.

Toca a falar sobre o momento em que ouviu um disquito com um copo cheio nas mãos, porque tem um belo sistema, tem grandes álbuns e um bom vinho da sua querida terra - sim, essa escolha não me parece nada inocente!

Venho aqui deixar um ar de graça e brindar aos amigos, ás boas amizades e á Música !
Nesta foto estava a degustar um Late bottled vintage Taylor's...a musica de fundo era uma boa conversa de amigos !
Cheers !

Milton escreveu:

Venho aqui deixar um ar de graça e brindar aos amigos, ás boas amizades e á Música !
Nesta foto estava a degustar um Late bottled vintage Taylor's...a musica de fundo era uma boa conversa de amigos !
Cheers !

Se gosta desses vinhos generosos, tem de vir visitar estas terras!!

Luciana Silva escreveu:

Se gosta desses vinhos generosos, tem de vir visitar estas terras!!

A generosidade, segundo creio, não está apenas nos vinhos ! Essa caracteristica é-lhes conferida pelas gentes e pelo ambiente franco e saudável do Norte.
É uma visita que farei com gosto e é inevitável ! Já estava no meu roteiro e sinto mesmo que vou adorar.

Aqui pelo SUL e como bom mouro que me prezo ( embora de branca tez e louro pelo...), fico pelos Roxo's dos Moscatéis de Setúbal que dão luta de igual a igual (presunção?...) a esses caldos do Norte...



E, a escutar música(?), arrevezada mas bela!?...

Milton escreveu:

Luciana Silva escreveu:

Se gosta desses vinhos generosos, tem de vir visitar estas terras!!

A generosidade, segundo creio, não está apenas nos vinhos ! Essa caracteristica é-lhes conferida pelas gentes e pelo ambiente franco e saudável do Norte.
É uma visita que farei com gosto e é inevitável ! Já estava no meu roteiro e sinto mesmo que vou adorar.

E não esquecer admirar os belos monumentos que dão acesso a Lisboa... as Pontes, concerteza...


sorry, couldnt resist...

reirato escreveu:

Milton escreveu:

Luciana Silva escreveu:

Se gosta desses vinhos generosos, tem de vir visitar estas terras!!

A generosidade, segundo creio, não está apenas nos vinhos ! Essa caracteristica é-lhes conferida pelas gentes e pelo ambiente franco e saudável do Norte.
É uma visita que farei com gosto e é inevitável ! Já estava no meu roteiro e sinto mesmo que vou adorar.

E não esquecer admirar os belos monumentos que dão acesso a Lisboa... as Pontes, concerteza...


sorry, couldnt resist...

E não esquecer a placa que diz, "Lisboa 300 Km".



Tanta provocação não vai dar bom resultado.

Agora entendo a razão do estimado António desejar visitar o Porto e aqui chegado ver rapidamente a placa a sinalizar o caminho de regresso para Lisboa.
Com "meninas" desse calibre em casa, todos os caminhos irão dar a ... casa.  

Bem abertos os sentidos pelos generosos vinhos e outros produtos de alto valor nutritivo, a permanência estática perante AS belas e boas colunas é um objectivo que entendo, ainda que seja pouco saudável.

Elas, ele, a força delas perante ele...

António José da Silva escreveu:

... O que me surpreende a mim e a todos os que aqui moram, é que dos muitos vinhos que aqui se podem adquirir, e tendo como limite as 10 libras/75cl, todos sem excepção são bastante inferiores a este Ermelinda Freitas. Pode parecer estranho, mas é a realidade.

Estou complétamente de acordo e penso que o vinho exporta-se mal... ou é mal exportado. Na semana passada comprei esta garrafa de do Douro aqui por 10,85€ e é um bom branco... mas vi que em Portugal ele custa à volta de 4€, então ainda é melhor a esse preço. Um vinho françês que custa 7€ aqui, vai custar 15€ em Portugal e cerca de 30€ na escandinàvia... então efectivamente a relação està falseada...

Milton escreveu:

Venho aqui deixar um ar de graça e brindar aos amigos, ás boas amizades e á Música !
Nesta foto estava a degustar um Late bottled vintage Taylor's...a musica de fundo era uma boa conversa de amigos !

Estou contente de ver que andas em boa companhia (vinho e amigos...) então "à tua saude"  

reirato escreveu:

Aqui pelo SUL e como bom mouro que me prezo ( embora de branca tez e louro pelo...), fico pelos Roxo's dos Moscatéis de Setúbal que dão luta de igual a igual (presunção?...) a esses caldos do Norte...
...

Sendo eu da margem sul... também acho que os grandes moscatéis de setubal podem ser màgicos...

José Miguel escreveu:

No lugar certo, vamos lá falar da experiência que reúne Vinho e Música. ...
... Não consigo ser mais objectivo ao falar de algo que nos marca, mas a relação com este Vinho pode muito bem exemplificar o que pode ser a relação entre um Vinho bem escolhido e um álbum igualmente bem escolhido: tocante e provocadora experiência, de onde saímos maiores e melhores.
...

Gostei muito de ler essa sua historia aonde o vinho&musica se entremearam de souvenirs agradàveis. Estou de acordo que degustar um vinho à escuta da musica pode ser uma experiência rica e que valorise cada um dos intervenientes. Continue a mandar escrita dessa... que eu gosto

Enterrado em trabalhos (dois...), o tempo para a escrita e fruição do que mais gosto tem faltado... beber um bom vinho com calma tem sido quase impossível, mas os dias vão mudar, porque a Terra não deixa de rodar sobre si mesma e em volta do Sol.

Hoje passei pela Garrafeira que mais gosto de visitar, mas não encontrei o que queria... todavia encontrei outro com a "assinatura" do mesmo senhor: Anselmo Mendes.

Anselmo Mendes é um enólogo e acima de tudo um estudioso das castas que populam no Alto Minho - Região de Monção e Melgaço. Alvarinho é a casta mais conhecida, mas depois de ouvir o senhor o vinho que ficou na mente como que a bater à porta pedindo para entrar foi o Muros Antigos Loureiro...

Em breve será aqui apresentado um Alvarinho Muros Antigos, que será acompanhado com Música, pois claro, e um jantar a dois...

Deixo a dica para quem quiser experimentar!



Partilhada a dica, parto para o tema que foi abordado: preço do vinho nacional.

Os vinhos Portugueses são, na minha modesta opinião, a melhor relação qualidade preço em termos de nacionalidade que eu conheço.

Colocando países como Espanha, Inglaterra, França e Itália ao barulho, Portugal é o que tem a menor capacidade/poder de compra, fazendo com que os produtos não se valorizem em termos monetários/preço.

Conheço marcas (no universo do vestuário/calçado, vinho, azeite, ...) que tentaram uma valorização pelo preço, porque nós (Portugueses) ainda temos o péssimo hábito de duvidar da qualidade de um produto que se situa no sector intermediário da gama de preços... Um vinho de 5 euros Português pode brilhar em quase qualquer mesa, desde os tintos aos brancos, passando pelos rosés e espumantes.
Um vinho que custe 5 euros aqui, custará uns dez na Europa e nos Estados Unidos (há casos em que nos EUA custa pouco mais do que aqui, com o azeite é igual...), uns quinze a vinte euros no Brasil (os impostos são pesados...).

Os países em cima referidos (europeus) foram aqueles que já visitei com tempo suficiente para poder beber vinhos e comprar garrafas para consumir em casa (em todos eles já estive vários dias em casa...), mas em nenhum deles consegui o mesmo que consigo aqui.

Claro que o Poder de Compra não se compara e provavelmente teria que subir a fasquia para os 15 euros... mas...

Esta é uma conversa complexa, estaremos a perder pelo baixo valor/preço dos nossos produtos?
(no calçado e roupa acontece, o mercado dito "alto" desconfia...)

Em termos de valor fomos os 9º maiores exportadores de vinho em 2015, mas o valor poderia ser superior... como? Com a valorização do produto!
podem ler aqui: http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/agricultura_e_pescas/vinho/detalhe/portugal_e_o_nono_maior_exportador_de_vinho.html

Estou de acordo com o Paulo, talvez falte melhorar a "imagem" dos produtos e torná-los atraentes... mas espero poder conseguir continuar a beber aqui a preços competitivos!


Enquanto vos escrevi ouvi: Pendulum - The David Lieberman Quintet (muito bom!)
Enquanto vos escrevi e ouvi, bebi: Sagres Preta...

José Miguel escreveu:

Enquanto vos escrevi ouvi: Pendulum - The David Lieberman Quintet (muito bom!)
Enquanto vos escrevi e ouvi, bebi: Sagres Preta...

Sugestões de vinho aqui no trabalho não é fácil de seguir, mas o quinteto já soa nas pequenas colunas da Creative.

A minha experiência numa empresa do ramo automóvel (cablagens auto) diz-me que é possível seguir as dicas de vinho e outras bebidas mais...

Espreite os autoclismos - uma noite encontrei uma garrafa de JB fresquinha!!!

José Miguel escreveu:

... Os vinhos Portugueses são, na minha modesta opinião, a melhor relação qualidade preço em termos de nacionalidade que eu conheço. ... Um vinho que custe 5 euros aqui, custará uns dez na Europa e nos Estados Unidos ...

Claro que o Poder de Compra não se compara e provavelmente teria que subir a fasquia para os 15 euros... mas...

Não penso que o problema seja tão linear e tenho mesmo o sentimento (pelo que vivi...) que a grande relação qualidade preço dos vinhos portugueses não esteja na fasquia dos 5 euros, mas bem mais alto...

Deixo aqui dois vinhos franceses que bebo regularmente e que sigo hà vàrios anos: um bordéus branco e un provence rosado,... ora são vinhos que custam ambos um pouco menos que 5 euros !!!...

Ora não conheço em Portugal um vinho neste preço que os iguale em qualidade gustativa e global, pois estes que cito podem tão bem passar num aperitivo simples como num jantar com cozinha trabalhada, serem esperados uns anitos na adega(o rosado não...), ou simplesmente acompanhando um disco de jazz...

Mas quando penso aos vinhos do Luis Pato, Júlia Kemper ou um Monte Cascas Bucelas branco então jà tenho que dobrar (ou mais consoante) o preço aqui para encontrar equivalência justa. Vou regularmente à espanha aonde trago sempre uma ou duas caixas de Rueda Verdejo ... que pago à volta de 3€ a garrafa sém que conheça uma equivalência justa em Portugal, frança ou italia...

Penso simplesmente que o facto de se interessar ao vinho e de viver num pais produtor, permite com o tempo (e uma boa garrafeira) de encontrar joias boas. Se voçê vier me me ver, vai descobrir pérolas francesas com preços muito decentes, se eu for a Portugal é voçê que me vai fazer descobrir... e se formos ver alguém como nòs na espanha ou italia... o resultado serà que descobriremos os dois...

A frança produz vinhos entre 1,5€ e mais de 1000€ a garrafa... é evidente que a qualidade começa a existir a partir de 3€ ... mas a 5€ euros existe muita coisa boa e vinda de regiões célebres como a Alsace, Bordéus, Loire e Rhône... ou mesmo a minha região aqui  

José Miguel escreveu:

... Em breve será aqui apresentado um Alvarinho Muros Antigos, que será acompanhado com Música, pois claro, e um jantar a dois... ...

Conheço o loureiro que encomendo à Garrafeira Nacional em Lisboa mas tenho que experimentar esse alvarinho é claro...

Mas o jantar a dois e a musica&vinho tenho algumas experiências, mas uma bem estranha e bonita que vou partilhar:

Hà uns anos atràs é o aniversario da minha mulher e sabia que ela queria descobrir um novo restaurante que vinha de abrir. Reservei uma mesa e sém que ela saiba, fomos dar uma volta na cidade e chegando ao restaurante ela ficou surpreendida quando lhe disse que ali vamos comer...

Como todos os estabelecimentos modernos e chic, a decoração é trabalhada assim como o acolho e o conforto. Como é de tradição aqui para um aniversàrio a casa ofereçe a flauta de champagne desde o inicio... enquanto se escolhe a na ementa. Uma faixa de Bill Evans roda (Concerto de Paris) e digo-me para comigo que a musica é bem restituida (e a nivel correcto) o que é raro na maioria dos restaurantes...

Apòs o grande Evans a musica muda complétamente e encontro-me a escutar uma musica singular, algo alegre, repetitiva e desconhecida. Surpreendido pela musica que sém poder dizer se me tocava ou não... achei que casava muito bem com a frescura, acidez e a efervescência do champagne. Chamo a rapariga que nos serve à qual pergunto qual é a musica que passa nesse momento. Sém saber, ela diz-me que vai perguntar à patroa pois as playlists são da sua autoria. De repente a musica muda, faz-se minimalista e repetitiva mas a um ponto aonde a aridez é quase obcessional... penso ao Vladimir Martynov, Philip Glass, Terry Riley e mesmo Arvo Pärt sém certeza nenhuma !

Uma senhora de uns cinquenta anos vém e com um sorriso diz-me que a musica é do Steve Reich!!!... surpreendido pela resposta, pergunto-lhe se a faixa anterior também era dele à qual ela responde-me que é o mesmo disco que toca...   falà-mos um pouco de musica, depois de comida e enfim de vinho ao qual lhe pergunto que vinho me recomendaria escutando essa musica de Steve Reich!

Surpreendida, mas com um grande sorriso ela diz-me que poderia ser um branco muito mineral e monocepa da borgonha ou da loire... ou então um vinho potente, nocturno e profundo da nossa região... optei pelo segundo que me parecia mais ousado como casamento pois generosidade e austeridade estão em oposição...

Ela serviu-nos então a garrafa da foto, exactamente do mesmo ano e ainda tenho uma... e vivemos uma experiência magnifica à volta dessa musica hipnotica e dificil... acompanhada por um vinho elegante, estruturado e debordante de frutos vermelhos ! Uma verdadeira oposição estilistica... mas que funcionou !

No momento de pagar a senhora ofereçe-me o disco pois tocada pela minha atitude... deixo então a foto da garrafa e do dito cujo disco, que escuto neste momento, enquanto vos escrevo estas linhas...

A "patroa" iria ficar deliciada ao ler este post!

Mais um tópico 5 estrelas, digno de uma revista... O Hedonista...!

Quanto ao Loureiro (e Trajadura)... deixo-os para os apreciadores.
Pela parte que me toca e no que se refere à região minhota do Vinho Verde, prefiro, de longe, um vinho 100% Alvarinho.
Aliás, tenho para mim (seguindo os estímulos das minhas papilas gustativas) que o Alvarinho não é Vinho Verde, contrariamente aos estudiosos do tema...

(Estas parcas linhitas foram escritas ao som de um certo Elvis Costello - Trust)

O Alvarinho já tem uma Sub-Região quase dedicada, ou seja, já há quem o coloque fora da "grande" Região dos Verdes.

Claro que geograficamente ele é da Região dos Verdes e da tal Sub-Região Monção-Melgaço (isto para falar apenas em Portugal), mas sendo um mono-casta é Alvarinho e não se confunde com outros!

A Região dos Verdes é muito rica e há até alguns vinhos multi-casta que vão muito bem. O Loureiro foi uma descoberta de algum tempo, perto de casa dos meu pais há um que se tem vindo a afirmar...

Quinta de Gomariz, Sequeirô, Santo Tirso.

Eu e a Luciana somos do tempo em que este vinho era bem mais barato do que é agora e era o vinho que escolhia-mos e vamos escolhendo quando vamos à Taberna A Clínica - Areias, Santo Tirso!

É um vinho que tem sido premiado e isso tem feito o preço subir, hoje creio estar a 4 euros a garrafa, mas a produção e adega evoluíram muito, apostaram numa gama melhor para chegar a outros mercados. Na Taberna A Clínica continuamos a beber Quinta de Gomariz, sem rótulo...

TD124 escreveu:

José Miguel escreveu:

... Os vinhos Portugueses são, na minha modesta opinião, a melhor relação qualidade preço em termos de nacionalidade que eu conheço. ... Um vinho que custe 5 euros aqui, custará uns dez na Europa e nos Estados Unidos ...

Claro que o Poder de Compra não se compara e provavelmente teria que subir a fasquia para os 15 euros... mas...

Não penso que o problema seja tão linear e tenho mesmo o sentimento (pelo que vivi...) que a grande relação qualidade preço dos vinhos portugueses não esteja na fasquia dos 5 euros, mas bem mais alto...

(...)
A frança produz vinhos entre 1,5€ e mais de 1000€ a garrafa... é evidente que a qualidade começa a existir a partir de 3€ ... mas a 5€ euros existe muita coisa boa e vinda de regiões célebres como a Alsace, Bordéus, Loire e Rhône... ou mesmo a minha região aqui  

Boa tarde Paulo!

Eu entendo o seu ponto e até concordo com ele, estar num lugar facilita-nos a vida e os tais encontros com os "tesouros". Mas como este é o lugar que melhor conheço, acabo por ter esta "queda" para os nossos...

A França, especialmente a França, tem uma cultura de vinho e de venda que serve de exemplo. A forma como souberam explorar a sua imagem é incrível e está ligada a vários factores históricos. Nós, aqui no cantinho, raramente soubemos explorar as qualidades que são Naturais... se recuarmos 15 anos encontramos anúncios de quintas no Minho, no Douro e montes no Alentejo a preços ridículos, hoje já não é assim e os preços estão ao alcance de poucos.

O vinho (como outras indústrias) tem evoluído muito e os produtores têm sabido rodear-se de pessoas com conhecimento. Começaram a melhorar as Adegas e a construir laboratórios... aprenderam com bons exemplos, mas quando referi o valor de 5 euros tive em consideração o nosso mercado e poder de compra.

Vinhos para se baterem com os melhores também os temos, mas é verdade que começam a subir...

Na minha opinião dois grandes vinhos antes dos 15 euros:
Pó de Poeira: http://www.garrafeiranacional.com/2014-po-de-poeira-red.html
Duorum (será para breve aqui referido...): http://www.garrafeiranacional.com/2014-duorum-red.html

E eu a dar nos do Douro...

José Miguel escreveu:

... A França, especialmente a França, tem uma cultura de vinho e de venda que serve de exemplo. A forma como souberam explorar a sua imagem é incrível e está ligada a vários factores históricos. Nós, aqui no cantinho, raramente soubemos explorar as qualidades que são Naturais...

... Na minha opinião dois grandes vinhos antes dos 15 euros:
Pó de Poeira: http://www.garrafeiranacional.com/2014-po-de-poeira-red.html
Duorum (será para breve aqui referido...): http://www.garrafeiranacional.com/2014-duorum-red.html

E eu a dar nos do Douro...

Não sei se a frança valorisou a imagem dos seus vinho ou a criou... o que não é a mesma coisa. Pela sua geografi a frança possui climas muito diferentes e quase todos propicios ao cultivo da vinha (fora a bretanha e a normandia muito setentrionais). Os franceses souberam com os séculos perfeitamente adaptar a trilogia cepa/terreno/homém permitindo-lhes de produzir globalmente os melhores vinhos do mundo...

zaratustra escreveu:

... Pela parte que me toca e no que se refere à região minhota do Vinho Verde, prefiro, de longe, um vinho 100% Alvarinho.
Aliás, tenho para mim (seguindo os estímulos das minhas papilas gustativas) que o Alvarinho não é Vinho Verde, contrariamente aos estudiosos do tema...

Em frança o Alvarinho seria considerado um Cru ou um Grand Cru, que é um sub-apelido de uma região viticola. Mesmo se o Alvarinho é vinificado como um verde, o resultado gustativo não é equivalente, então deveria se chamar não vinho verde ... mas outra coisa afim de diferenciar. Na Galicia a região do Alvarinho é Rias Baixas (DOC) e não tém grande coisa a ver com o vinho verde...

È normal que fale dos Douro pois é aqueles que certamente melhor conheçe (não é por nacionalismo ), mas pessoalmente penso que as regiões que tém potencial para fazer os grandes vinhos portugueses de amanhã são a bairrada, dão e borba e tenho a certeza que sub-regiões vão aparecer rapidamente nesses vinhedos.

Vou-me interessar aos dois que citou e obrigado pela dica  

Sendo eu "natural" da Região dos Verdes e gostando muito dos vinhos leves e frescos típicos da Região, vou deixar aqui um artigo que saiu faz alguns meses, mas que pode ser um "guia" para a procura.
http://boacamaboamesa.expresso.sapo.pt/vinhos/2016-05-02-vinhos-verdes-conheca-os-melhores-para-2016

Por meio da Luciana e do seu trabalho em tempos idos tive a felicidade de participar em algumas dessas "reuniões" de produtores e gente que gosta do mundo dos vinhos.
Aproveito que o tópico se abriu a conversas sobre vinho sem música e deixo o exemplo da Região dos Verdes que vai muito além do Alvarinho - o mais famoso e quando se encontra um 100% Alvarinho de qualidade entende-se a fama!

A leveza dos vinhos da Região dos Verdes é a imagem de marca, ou era (!?!)... Alguns vinhos já começam a ganhar "corpo" e estão a evoluir mesmo no grau de álcool que começa a subir (12 graus nestes vinhos já revelam bem a evolução).
Experiências na produção e estágios de meses (6 a 10!) em barricas de madeira nova ou usada começam a dar frutos. Os produtores estão a olhar seriamente para o seu produto e os consumidores estão a deixar cair o preconceito face a estes vinhos - eram olhados como inferiores em vez de diferentes.


Neste momento estou a trabalhar, mas tendo em conta a hora e o facto de estar sol (sol de Outono que me deixou constipado...), um fresco, leve e cítrico vinho da Região dos Verdes ia muito bem acompanhado de um álbum:


Este álbum tem arranjos fantásticos, mas a voz está tão bem colocada que o palco é primeiramente dela e depois da orquestra.

Nos vinhos da Região dos Verdes muita coisa vai evoluir e as experiências continuarão, mas a frescura/leveza será sempre a nota dominante.  

A trabalhar ouço outras coisas, nada de Serge... mas lembrei-me deste mágico álbum e assim ainda se cruza Portugal com França.

Previamente a qualquer descrição, afirmo categoricamente que adoro vinho (ainda que não conceba de forma alguma que ele me embriague, portanto, sou apenas uma amante da parca degustação).
A escolha do tema é atraente já que a intensidade deste líquido condiz com todas as formas de arte e expressão. A poesia, a pintura e a música, para mim, são as formas que melhor se enquadram no exercício de ataque a um vinho. As três formas de criação têm funções estéticas, subjectivas, entrelaçadas em ritmos muito próprios que são excessivos para o terreno da racionalidade. O vinho assemelhe-se a elas, desperta no consumidor percepções extra-racinais, transportando-o para realidades obscuras, pouco definidas mas profundas. Uma nota musical pode dimensionar-nos para mundos possíveis, intocáveis; o aroma do vinho pode transportar-nos para mundos combinados; uma pintura pode oferecer-nos espanto e descentro (recordo a nossa passagem por uma igreja romana ─ Chiesa di Sant’Ignazio di Loyola ─ e a nossa estupefacção face à magnitude daquele teto, o silêncio que ele provocou e o mundo novo que Andrea Pozzo e a sua técnica da quadratura abriu para nós. Falamos muitas vezes nesta obra, mas nunca abordamos o que sentimos…) Provocações da arte!!



Prossigo nos comentários e a ideia do consenso entre vinho e música faz-me recorrer ao ano de 2009, ano em que relacionei-me com alguma proximidade com o vinho, e entre uma variedade de provas memorizei uma que despertou algum fascínio em mim. África do Sul, pimentos verdes e vermelhos, aromas intensos e muito coloridos, frescura e ritmos abertos e divertidos na boca… é assim que o defino. Jordan Sauvignon Blanc 2009 não é um vinho excepcionalmente elegante, não tem a cor púrpura que adoro, não tem volume na boca, é um branco… mas… é exótico e fica cravado no reservatório da memória. Pouco tempo depois da minha animada descoberta, o José provou-o e referiu o mesmo “tem, sem dúvida uma identidade africana”…



E para enamorar os sentidos, não é que a música africana é igual… tem uma trajectória  de movimento equiparada… um ritmo exuberante, quente, complexo… divertido e acima de tudo profundo.

José Miguel escreveu:

... mas tendo em conta a hora e o facto de estar sol (sol de Outono que me deixou constipado...), um fresco, leve e cítrico vinho da Região dos Verdes ia muito bem acompanhado de um álbum:


Este álbum tem arranjos fantásticos, mas a voz está tão bem colocada que o palco é primeiramente dela e depois da orquestra.

Nos vinhos da Região dos Verdes muita coisa vai evoluir e as experiências continuarão, mas a frescura/leveza será sempre a nota dominante.  

A trabalhar ouço outras coisas, nada de Serge... mas lembrei-me deste mágico álbum e assim ainda se cruza Portugal com França.

Compreendo a associação com o Gainsbourg, especialmente esse album que os meus amigos idolatram... infelismente sou insensivel desde sempre à musica do Serge (mas respeito), e que vejo (ouço) como pomposa e gratuita, um pouco como a musica de corte do Louis XV em Versalhes... tenho sempre escrupulos e culpabilidade quando digo isto, especialmente aqui, mas é mesmo assim    

Luciana Silva escreveu:

... afirmo categoricamente que adoro vinho (ainda que não conceba de forma alguma que ele me embriague, portanto, sou apenas uma amante da parca degustação). (...)

... memorizei uma que despertou algum fascínio em mim. África do Sul, pimentos verdes e vermelhos, aromas intensos e muito coloridos, frescura e ritmos abertos e divertidos na boca… é assim que o defino. Jordan Sauvignon Blanc 2009 não é um vinho excepcionalmente elegante, não tem a cor púrpura que adoro, não tem volume na boca, é um branco… mas… é exótico e fica cravado no reservatório da memória. Pouco tempo depois da minha animada descoberta, o José provou-o e referiu o mesmo “tem, sem dúvida uma identidade africana”…  ...

Eu bebo o que o vinho me dà... que muitas vezes é espiritual e elevador, doutras é excessivo e teatral e às vezes provoca tumulto e ébriedade... pois como disse o Álvaro de Campos, Sentir tudo de todas as maneiras ...

È verdade que os vinhos possuem muitas vezes notas especificas à região aonde nascem, sém que eu saiba se é sugestão ou realidade... mas penso que deve existir uma relação entre a casta e o terreno (terroir) aonde vive e cresce. Penso nomeadamente ao Cabernet Sauvignon que é uma casta de Bordéus aonde ela confere estructura, taninos, justeza, elegância e ligeireza... ora que desde que ela é plantada noutro sitio tudo é diferente. Penso especificamente aos Cabernets da California... que são macios, frutados quentes e ricos em especiarias apimentadas ou seja, o oposto de bordéus...

Esses vinhos pela exuberância, não se acomodam de cozinha subtil e trabalhada como os bordéus... mas casam maravilhosamente com um tartaro de vaca apimentado ao moinho...    ... e acompanham maravilhosamente um album de pop sumptuoso e venenoso harmonicamente como o que cito...

Boa tarde!

A associação entre um vinho leve com o álbum do Serge Gainsbourg foi pensada pelo facto de um e outro evidenciarem antes de outra coisa o seu carácter... o álbum tem arranjos elaborados e uma orquestração que a mim me toca, tem um pé fora da "chanson française", mas ao mesmo tempo não deixa de o ser.
Quem não o conhece tem a oportunidade de espreitar: https://www.youtube.com/watch?v=a3C4AVbqyY8
Por vezes parece que estamos a ouvir algo do "universo" do Rock progressivo/psicadélico, mas depois a voz em primeiro plano volta a centrar-nos na chanson... São, para mim, 28 minutos bem passados.

Agora mais uma entrada neste tópico dedicado ao "casamento" entre Vinho e Música...

No sábado tudo apontava para que um branco vindo do Alto Minho fosse aberto, mas afinal havia outro... um Douro branco chegou primeiro à meta para se fazer "casar" com um álbum que estava preparado para ser escutado depois do jantar:


O vinho é o Divínica Douro, 2013. Não é um daqueles que engana, bem fresco solta todas as notas florais e cítricas, porque até no Outono podemos ter um belo bouquet!

A razão deste vinho ter sido o escolhido é simples de compreender: tínhamos umas douradinhas prontas a saltar para o prato acompanhadas de legumes do formo e um álbum que abre o espírito a todos os Continentes deste nosso Planeta Terra.

Pois bem, Gonda Sextet - Sámánének é um álbum que não nega ao seu título, a "canção xamânica" está presente a abrir, no meio e no fim, mas faz-se acompanhar de uma bela viagem com sons de diferentes origens e que juntos nos permitem um grande momento.


Assim foi, até que a próxima oportunidade venha!

António José da Silva escreveu:

E é este o único contributo possível de terras de sua majestade, onde o "comes e bebes" não é o forte dos indígenas que cá residem há vários séculos.  

Nem tudo, o rosbife é um prato oriundo das terras de sua majestade ao qual faz parte das minhas preferências assim como o Wellington bife com massa folhada.

No que toca às bebidas temos a cerveja (morna) e o whisky.

A lista não é extensa mas nem tudo é mau.

zaratustra escreveu:

(...) Aliás, tenho para mim (seguindo os estímulos das minhas papilas gustativas) que o Alvarinho não é Vinho Verde ...

Agarrando nesta frase do amigo zaratrusta, aqui vai uma experiência de terça feira. No incio da semana fui passar três dias na Espanha na cidade catalã de Gérona. Gosto muito de deambular nas ruas estreitas e medievais e de alternar restaurantes mediterranicos à noite com simples tapas ao almoço ... o que me dà a impressão de ter viajado longe, ora que Gérona està apenas a 2h30 daqui...

Um amigo gémeo no epicurismo, pois gosta de comida, vinho e musica tinha-me aconselhado um restaurante aonde ele tinha comido um arroz de marisco que estava de desmaiar. Là fomos ao dito cujo, e quando perguntei qual vinho me aconselhavam, tive como proposição um branco da região (DO Empordà). Ora são vinhos pouco àcidos, frutados mas um pouco pesados e fortes em alcool, então pedi a carta dos vinhos para ver o que havia de outro ...

Deparei-me então com o Albariño das Rias Baixas dos nossos vizinhos galegos. Muitas vezes fiquei séptico com a degustação dos Rias Baixas que me pareçem não possuir a mineralidade, acidez e leveza dos nossos mesmo se partilham a cor palha e o frutado comum à cepa. Mas, arrisquei e encomendei a garrafa da foto para experimentar. E não é que foi uma descoberta esta garrafa pois desde o primeiro gole a frescura mineral perfeitamente assente num frutado exuberante deu-me um sorriso. O final longo, estruturado e rectilineo prova que o Alvarinho pode dar grandes vinhos de mesa...

Visto que a degustação foi alternada entre momentos em que pensei ao Vinho verde e outros aonde senti simplesmente uma outra forma de vinho branco, mais tranquilo e sério, a musica tinha que ser algo dualista também. De volta a casa fizémos um aperitivo aonde bebemos a mesma garrafa, acompanhada pelo album Down to the bone do Sylvain Chauveau. È uma homenagem aos Depeche Mode mas em musica de camara minimalista (piano, violino, violoncelo) com uma ambiência noturna mas muito bela. Então a oposição entre a voz quente do Sylvain, as harmonias acusticas suaves e a frescura frutada do vinho fez um efeito que me deu vontade de repetir a experiência ... aqui fica a dica então, e o sentimento como diz o amigo zaratrustra que o Alvarinho é mais do que Vinho verde ... é Alvarinho !!!

Quer dizer que a uva não quer saber de fronteiras.

António José da Silva escreveu:

Quer dizer que a uva não quer saber de fronteiras.

Não diga isso António... Pergunte às pessoas de Monção qual o melhor Alvarinho. Depois faça a mesma pergunta às de Melgaço.

Para ficar bem com as duas populações é melhor abanar sempre a cabeça - como no áudio, há diferenças!

António José da Silva escreveu:

Quer dizer que a uva não quer saber de fronteiras.

As fronteiras é uma especialidade do homém, como diz o amigo José. A uva sò tém a fronteira do clima ... então ném muito frio ném muito calor. Aqui a 100 Km hà duas denominações que fazem vinhos generosos como o Porto (Banyuls e Maury) ora que as uvas daqui ném sabem falar português

TD124 escreveu:

António José da Silva escreveu:

Quer dizer que a uva não quer saber de fronteiras.

As fronteiras é uma especialidade do homém, como diz o amigo José. A uva sò tém a fronteira do clima ... então ném muito frio ném muito calor.

Eu acrescentaria o solo.

António José da Silva escreveu:

TD124 escreveu:

António José da Silva escreveu:

Quer dizer que a uva não quer saber de fronteiras.

As fronteiras é uma especialidade do homém, como diz o amigo José. A uva sò tém a fronteira do clima ... então ném muito frio ném muito calor.

Eu acrescentaria o solo.

O "Terroir"!!!

Os Franceses conseguiram encaixar numa palavra o que um Português ou inglês encaixa em duas ou três frases bem grandes... mérito deles!

As fronteiras físicas são da nossa lavra, mas há condições que "mexem" com o normal desenvolvimento da uva.

O solo é um dos aspectos a ter em conta: arenoso, argiloso, calcário, basáltico, ...

O sol/chuva e temperatura do lugar: micro-climas...

As plantações envolventes...

Quem disse que para se fazer vinho era só plantar as vinhas, podar as vinhas, colher os cachos e pisar as uvas!?!?!?!

Como tem sido habitual cruzar-se por aqui audio e vinho, diria que não basta umas peças de qualidade e um esquema para se chegar a um bom amplificador ou gira-discos...

Segundo alguns, atá a inclinação da vinha conta. E também há más línguas que dizem que a apanha manual é preferível á apanha mecânica. Segundo essas mesmas más línguas, a apanha mecânica provoca um aquecimento na uva que retira alguma das propriedades da mesma. Se é verdade ou não...

Eu sinto que no Vinho e Audio estou em patamares semelhantes... não chego tão fundo!


Que raio de vida... vida de teso!

Este é o verdadeiro e único...

Este fim-de-semana foi passado num cenário bucólico, muito convidativo ao desenvolvimento de todos os  sentidos. A escolha recaiu sobre a região do vinho verde alvarinho e os pontos de degustação trouxeram-nos agradáveis surpresas... Eu que sou mais susceptível ao vinho cor púrpura, deixei-me levar pela simplicidade e ligeireza do cavalheiro Alvarinho!! Ele, que sempre apreciou os líquidos produzidos nessa região, deixou-se levar pelo conhecido... De copo em copo fomos esculpindo uma ligeira (falo por mim) imagem da região. O Alvarinho trouxe-me novas paixões: os nenúfares ilustram-no bem... vi tantos nos pequenos lagos e quedinhas de água que sempre que o copo se aproximava do nariz e da minha boca, o aroma era dos nenúfares, daquelas flores amáveis, suaves e doces que pairam nas água aparentemente paradas.



Sempre considerei os Alvarinhos adamados, característica que até a cor induz... o quartzo citrino remete sempre para ideias translúcidas, fáceis de combinar e potenciadoras de equilíbrio e quietude. O toque destes vinhos é fresco e descomprometido como as brincadeiras de adolescentes... E no fim de tanta leveza, vem os sentidos embriagados dos excessos cometido. O Alvarinho é tão aberto que deixamos que entre sem compromisso...
Trouxemos para casa  um Quinta de Golães, não a mono-casta (Valados de Melgaço) que tem um aroma de boca menos pronunciado, mas a receita da avozinha do Artur Meleiro que afirmava que um Alvarinho não deve morrer sozinho, por isso, a Alvarinho (85%) associou-se à Trajadura e à Loureiro, formando a sabia receita da quinta. Mais encorpado, floral e pronunciado este Alvarinho venceu os outros e hoje serve-se aqui...



Ainda traz as impressões digitais do queijo de cabra curado com Alvarinho e pimentos... Humm... Delicioso!
E Far Out a rodar combina bem, dando-lhe suspense...

Luciana Silva escreveu:

(...) Trouxemos para casa  um Quinta de Golães, não a mono-casta (Valados de Melgaço) que tem um aroma de boca menos pronunciado, mas a receita da avozinha do Artur Meleiro que afirmava que um Alvarinho não deve morrer sozinho, por isso, a Alvarinho (85%) associou-se à Trajadura e à Loureiro, formando a sabia receita da quinta. Mais encorpado, floral e pronunciado este Alvarinho venceu os outros e hoje serve-se aqui...

Gostei muito de ler o seu texto e senti mesmo o aroma dos nenúfares ... Obrigado

José Miguel escreveu:

O "Terroir"!!!

Os Franceses conseguiram encaixar numa palavra o que um Português ou inglês encaixa em duas ou três frases bem grandes... mérito deles! ...

Quem disse que para se fazer vinho era só plantar as vinhas, podar as vinhas, colher os cachos e pisar as uvas!?!?!?! ...

O "Terroir", as "Uvas" e o "Homém" que tém estes dois elementos em cada mão e que vai uni-los para criar o "néctar dos deuses". È uma bela santa-trindade !!!

Deus sòmente fez a àgua, mas o homém criou o vinho !!! Victor Hugo

TD124 escreveu:

Deus sòmente fez a àgua, mas o homém criou o vinho !!! Victor Hugo

Bendito seja o homem...

António José da Silva escreveu:

TD124 escreveu:

Deus sòmente fez a àgua, mas o homém criou o vinho !!! Victor Hugo

Bendito seja o homem...

Pelo menos no que diz respeito ao vinho e à musica ...

Sém esqueçer que por homém, quero incluir a mulher que também faz vinhos magnificos como é o caso da Julia Kemper em Portugal ou da Marlene Soria aqui ao lado da casa ... mas infelismente tão caro !

Estão dois idosos a jantar e diz o velho,

-Os anos passam e eu cada vez gosto mais de ti.

Diz a velhota,

-Ó homem, isso és tu a falar ou é o vinho?

Diz o velho,

Não Maria, sou eu a falar para o vinho.

António José da Silva escreveu:

... Não Maria, sou eu a falar para o vinho.

Tenho que sair essa à minha mulher !!!

TD124 escreveu:

António José da Silva escreveu:

... Não Maria, sou eu a falar para o vinho.

 Tenho que sair essa à minha mulher !!!