Fórum para a preservação e divulgação do áudio analógico, e não só... |
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| Dez amps para a historia... | |
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+11unidade zaratustra anibalpmm Mário Franco mannitheear José Miguel Goansipife António José da Silva ricardo onga-ku Aspra TD124 15 participantes | |
Autor | Mensagem |
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TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Dez amps para a historia... Seg Out 10 2016, 08:21 | |
| Na base do que foi feito para os giras... vamos là ver dez valvulados que fizeram a historia !!!... Espero que vos agrade tanto quanto os giras | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: O QUAD II Seg Out 10 2016, 08:26 | |
| Introdução: Na mesa redonda da corte real da alta fidelidade, e à direita do rei dos audiófilos, vamos encontrar o Sir Peter Walker. Este nobre cavaleiro foi o fundador de uma empresa especializada na sonorização em 1936 a “Acoustical manufactoring company”, e rebatizada QUAD “Quality unit amplified domestic”, ou seja, “Elemento amplificador para utilização domestica” em 1949. A alta fidelidade doméstica nasceu assim !!!, e foi das mãos de um artesão dos mais sensíveis (musico amador, e talvez um verdadeiro artista) que a hi-fi moderna foi forjada. Toda a sua vida (até aos anos 90), este homem puxou a alta fidelidade até aos limites da imaginação e da utopia, sempre no respeito da arte, ou seja, da musica. É um dos maiores, e dos mais respeitáveis (e respeitados) designers de sempre … O amplificador QUAD II monofónico nascido em 1951 (segundo do nome) é o sucessor do QA12/P, e é então o pai de todos os amplificadores modernos, não é o primeiro amplificador no absoluto é claro, mas é o primeiro que se destina a uma utilização domestica, o que é o objetivo da alta fidelidade. Vamos lá compreender juntos (frase que começa a ser conhecida), a razão do mito, da nobreza e da grandeza deste ancião de 65 anos de idade, que foi concebido para resistir aos assaltos do tempo … Apresentação: O QUAD II é um aparelho de dimensões modestas. Nasceu durante a monofonia, e quando a estéreo nasceu, bastava comprar outro para a segunda coluna. Foi concebido para acompanhar a QUAD ESL (a primeira coluna electroestática da historia), que participou, ou fez, a originalidade e a personalidade da marca, e tornou a QUAD num mito eterno. Nunca um Push-Pull foi tão simples: 4 válvulas, 12 resistências, 6 condensadores, 1 transformador de alimentação e um de saída!!! Uma demonstração de puro génio conceptual, simples, estável e terrivelmente eficaz…A escola Inglesa grava em ouro sobre azul a sua supremacia em matéria de áudio contra os fundadores americanos. O QUAD II só tem dois andares, o primeiro utiliza os pêntodos EF86 para combinar a entrada, desfasado e ataque num andar único!!! O andar de potência é concebido com as maravilhosas KT66 que acabaram de nascer, e segundo uma configuração mista, inspirada pelo amplificador americano do BOGEN. Os transformadores de saída, fabricados pela sublime empresa inglesa Partridge, são de uma qualidade fantástica para a época (e talvez mesmo hoje). Mas o génio absoluto é o andar de entrada. O desfazedor do tipo «Parafase», é modificado para se auto equilibrar. As colunas electroestáticas são cargas difíceis para os amplificadores, pois são como imensos condensadores, o que faz oscilar (fenómeno grave) os andares de potência. Com a ajuda de uma simples resistência no bom sitio … Peter Walker faz com que o QUAD II compense o efeito da coluna electroestática, e que o amplificador se autoequilibre em permanência. Genial, pois assim estabilizado, o QUAD II é um Jeep capaz de atacar, qualquer coluna da terra sem micro oscilações. Isto em 1951 através de métodos inteligentes, mas muito simples … compreendem a razão do mito? Vantagens: Uma muito importante veio de ser citada, ou seja, a estabilidade. O QUAD II pode atacar qualquer carga, sem modificação sensível dos seus parâmetros técnicos. Por si próprio este facto é raríssimo, mesmo no seio dos aparelhos modernos. A fiabilidade é legendaria, pois, a soma da simplicidade, dos poucos componentes, e o facto que estes últimos sejam de alta qualidade é muito propicio à longevidade de um aparelho. A qualidade dos transformadores de saída e da conceção, fazem com que as medidas técnicas (mesmo se estão ultrapassadas), sejam de um nível muito alto visto a idade do aparelho. A estrutura monofónica assegura um palco estável, coerente e com contornos relativamente bem definidos. A ultima qualidade é puramente subjetiva, pois acho este aparelho lindo e tenho uma ternura especial por ele. Uma espécie de brinquedo para grandes pessoas, que esconde a sua generosidade por detrás de uma carapaça austera. É o Garrard 301 dos amplificadores a válvulas, ou quase … Inconvenientes: Alguns, muitos mesmo …, mas em primeiro a alimentação que é muito fraca. Nessa época a tecnologia não permite de fazer condensadores de forte valor, e a reserva energética é muito pequena. Os graves e o controle destes, vão sofrer disso. A potência é pequena (cerca de 16 watts), e isso limita-o a colunas modernas com rendimento de mais de 90 / 92 dB. A simplicidade do circuito não permite de controlar todos os parâmetros, e assim a distorção e a estabilidade da fase (contornos dos instrumentos) vão sofrer à escuta. As resistências em carbono aglomerado (tecnologia da época), são menos definidas que as modernas e participam à espessura sonora (o que pode ser também uma qualidade). Enfim, o andar de entrada com pêntodos é austero nos limites da banda, que não são do mesmo nível que o médio, e a coerência sonora geral vai sofrer disso… Escuta: Este aparelho define o que será chamado o som QUAD, e de uma certa maneira, o som dito «Inglês» em geral. Antes de tudo o QUAD II é um médio de uma beleza que entontece… pois feito de sons estéticos, orgânicos e sensuais. É uma experiência a viver, por todos os que (até um certo ponto e com razão) só admitem os Single-ended, e que (sem verdadeira razão objetiva) criticam os Push-Pull. Um médio espesso, feltrado e rico harmonicamente (timbres), que se perdeu com o tempo, e que dá às vozes uma humanidade inesperada, anti-electronica. A banda não é muito grande e os graves são pouco controlados, devido à alimentação deficiente. Os agudos são belos sem atingir o nível do médio, devido às limitações técnicas do andar de entrada e à escolha (voluntária) de pêntodos neste lugar. O QUAD II faz pensar a um altifalante Full-Range, ou seja, a banda larga, pois ele não faz tudo nas duas extremidades da banda, mas o que faz no meio é de uma coerência e de uma qualidade que o tornam perturbante, e único. Casado com as colunas QUAD ESL, este amplificador hipnotiza, e faz pensar a alguns que a alta fidelidade não evoluiu muito depois. Não é o caso (como veremos com a evolução), mas a experiência é destabilizante. Um Amplificador feito à imagem sensível do homem que o criou, ou seja, um objeto raro. Uma das joias da coroa britânica… Anedota: Em 1993 a Quad apresenta a série 77 em Londres, aonde um esforço estético foi feito nos aparelhos que são visualmente mais modernos. Um jornalista francês fala com o Peter Walker e pergunta-lhe… se as diferenças são puramente estéticas ou se houve evolução na eletrónica, ao qual ele responde: Não porquê … havia qualquer coisa a mudar ou a fazer evoluir ???... | |
| | | Aspra Membro AAP
Mensagens : 354 Data de inscrição : 23/10/2010 Idade : 60 Localização : Porto ( para já... )
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Seg Out 10 2016, 09:23 | |
| - TD124 escreveu:
- Na base do que foi feito para os giras... vamos là ver dez valvulados que fizeram a historia !!!...
Espero que vos agrade tanto quanto os giras Bom dia Só valvulados?? Os outros também merecem umas crónicas espetaculares, não?? Ou como diz o brasileiro: fico no aguardo !!!! Abraço e venham elas. Aspra | |
| | | ricardo onga-ku Membro AAP
Mensagens : 6017 Data de inscrição : 02/01/2012 Localização : Terra d'Anglos...e Saxões
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Seg Out 10 2016, 10:31 | |
| Paulo,
Já alguma vez pensaste modificar/optimizar um QUAD II? O que é que lhe fazias?
Abraço, Ricardo | |
| | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Seg Out 10 2016, 11:44 | |
| Eu eu que ainda hoje tinha dito que teria todo o prazer em fazer a compilação de mais textos teus, e até sugeri os valvulados. Nem tinha reparado nesta maravilha. _________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte | |
| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| | | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Seg Out 10 2016, 14:25 | |
| O tópico previamente referido vê a luz do dia com um (ou dois!) amplificador de que gosto muito. Se me permitem, do ponto de vista de quem pouco experimentou os Quad II são uma experiência fascinante e o que o Paulo diz - sobre a gama média - sente-se na pele. A forma como o "ar se movimenta" à nossa frente é deliciosa e pode muito bem fazer nascer o bichinho das válvulas, iludindo a mente, promovendo a ideia que aquilo só é possível com válvulas - porque antes só se experimentou "bichinhos" pequenos a transístores... Como aposto desde já que não conhecerei mais nenhum daqui em diante, já aguardo por ler mais e mais, esperando que o diálogo ilumine o caminho. | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 07:30 | |
| - Aspra escreveu:
- ... Só valvulados?? Os outros também merecem umas crónicas espetaculares, não? ...
Sim! ... mas aqui seram sò valvulados e assimilados,... talvez mais tarde - ricardo onga-ku escreveu:
- ... Já alguma vez pensaste modificar/optimizar um QUAD II?
O que é que lhe fazias? ... Não!, mas modificaria a alimentação e o andar de entrada afim de aumentar a banda... mas a magia do médio desapareceria e não seria mais um Quad II ... então é deixar assim que està bem !!!... - Goansipife escreveu:
- ... O Quad II é daqueles Amps que gera grandes controvérsias à sua volta e à volta da sua qualidade de som. ...
A controvérsia é uma das particularidades mais antigas do audio... mas o QUAD II é um classico. Ora uma das particularidades dos clàssicos é que: Os cães ladram, mas a caravana passa... - José Miguel escreveu:
- ... Como aposto desde já que não conhecerei mais nenhum daqui em diante...
Espero que os conheça ao menos de nome... ou a marca | |
| | | ricardo onga-ku Membro AAP
Mensagens : 6017 Data de inscrição : 02/01/2012 Localização : Terra d'Anglos...e Saxões
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 09:28 | |
| - TD124 escreveu:
- ricardo onga-ku escreveu:
- ... Já alguma vez pensaste modificar/optimizar um QUAD II?
O que é que lhe fazias? ... Não!, mas modificaria a alimentação e o andar de entrada afim de aumentar a banda... mas a magia do médio desapareceria e não seria mais um Quad II ... então é deixar assim que està bem !!!... Mas teria melhor desempenho e isso é que interessa. R | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: O Marantz 8B Ter Out 11 2016, 09:49 | |
| Introdução: Praticamente ao mesmo tempo que o QUAD II foi comercializado, do outro lado do Atlântico criava-se uma empresa que iria marcar a alta fidelidade até aos dias de hoje. O destino desta empresa é trágico e poético ao mesmo tempo. E a historia de um homem que por paixão, orgulho e espirito visionário, vai fazer o melhor elemento hi-fi (na sua categoria), da historia e fazer falência por causa dele. Esse aparelho é o tuner a válvulas 10B da Marantz considerado como o Rolls Royce absoluto dos Rádios, é o TD124 da alta frequência. Em 1961 Saul B. Marantz o fundador da empresa, contrata Richard Sequerra (um jovem engenheiro de génio), para conceber o que é o seu sonho ultimo, ou seja fabricar o melhor Tuner de sempre e dá-lhe meios ilimitados para atingir o limite fixado. Em 1963 o 10B sai, mas custa uma fortuna, as raras vendas não conseguem amortecer os gastos no desenvolvimento do aparelho, e em 1964 ao bordo da falência ele é obrigado de vender a firma à Superscope Inc. Japonesa. Isto não tem nada a ver com a amplificação a válvulas, mas permite de compreender a razão do mito Marantz, pois o 10B nunca mais foi ultrapassado, na historia dos Rádios, e isto é um caso único. Evidentemente a Marantz fazia Amplificadores e Pré amplificadores, que tinham uma boa reputação. Um deles vai sair do ordinário e entrar na historia, é o 8B. O modelo 8 não é um aparelho mítico, é um aparelho culto*. Foi com o tempo e sobretudo devido aos audiófilos da escola Japonesa que o Marantz ganhou o respeito e a nobreza que ele tem hoje. Vamos lá compreender juntos a razão da coisa. Apresentação: O 8B é bonito para a época em que saiu, ou seja 1961. 10 anos apos a saída do QUAD II o Marantz possui códigos estéticos de um aparelho clássico. Comparativamente os rivais ingleses da época QUAD, Leak, Radford, etc.… parecem ser desenhados afim de integrar os bombardeiros da RAF! O aparelho é potente (2 por 35 watts), feito com componentes de alta qualidade, e o galvanómetro integrado permite de ajustar o bias com facilidade. Utiliza os pêntodos europeus EL 34 em ultra-linear, que são mais potentes do que os clássicos tétrodos 6L6 americanos da época. O transformador de saída tem vários secundários afim de fazer uma realimentação seletiva, e é uma obra prima no seu estilo. O seu circuito é clássico, quase próximo de um Williamson, como a maior parte dos aparelhos da época (e mesmo de hoje), mas é muito otimizado tecnicamente, e é sobretudo muito musical. Infelizmente tudo isto não vai ser suficiente para fazer um sucesso comercial, pois o mercado americano é muito claro nessa época. Os aparelhos americanos são valorizados pela potência e pelas qualidades técnicas (performances), o que vai dar origem à escola Americana, e os Ingleses pela qualidade da escuta. O 8B vai tomar posição entre os dois, e o publico americano vai-lhe virar as costas. Um outro fenómeno vai intervir, mas logo veremos mais tarde... Vantagens: O circuito muito trabalhado, afinado peça a peça à saída da fabrica, com pequenos condensadores para equilibrar a fase, permite uma estabilidade de fase em função da carga (colunas) muito boa. O bias é fácil a afinar, e a utilização moderada em potência das EL34, assegura longevidade e fiabilidade ao aparelho. Outra coisa que é rara neste aparelho, e uma qualidade, é o seu casamento com o pré amplificador da marca, que soa muito bem nesta associação. Esta particularidade fez do casal Marantz um sistema fácil a associar, que seja com as colunas Inglesas ou americanas da época. Inconvenientes: Na realidade não há nenhum !!!, fora os fenómenos comerciais americanos que já citei, a historia provou que este aparelho é de uma qualidade fantástica para a época, e que os exemplares em funcionamento continuam a ser robustos e de qualidade. Todos os pontos fracos do aparelho, estão ligados ao esquema, mas foram desenhados assim e de propósito para obter o som desejado, e isso não pode ser criticado como um inconveniente ... pois é voluntario. Escuta: O Marantz 8B é simplesmente, o mais musical dos aparelhos da época clássica americana. É um aparelho fino, extremamente delicado e refinado harmonicamente. Mas o seu som é do tipo da escola Inglesa e isto vai influenciar um outro mito americano que nascerá 25 anos depois. O 8B é de uma subtilidade nos timbres fantástica. É um dos raros Push-Pull que neste critério, pode ser comparado sem vergonha a um grande Single-ended de PX25 ou 300B. O nível de detalho nos finais de nota, na riqueza harmónica, igualam o melhor que se faz hoje. Como o QUAD II a banda não é enorme, mas é muito mais larga que este ultimo, com um som mais aberto e claro. O aparelho é relativamente rápido e preciso nos altos médios, o que lhe dá uma pequena ponta luminosa. Em paralelo com a riqueza harmónica, a dinâmica é boa e assegura uma compreensão rítmica sem defeito. O equilíbrio que possui entre suavidade e detalhe numa perfeita harmonia é um dos arquétipos da musicalidade intemporal. É o único Push-Pull que os fanáticos da escola audiófila Japonesa aceitam atrás de um sistema a alto rendimento do tipo Onken, Goto ou Sato. Não é por acaso ... e muitos single-ended da escola japonesa foram calibrados e afinados à escuta, tendo o Marantz 8B como comparação. O 8B não é um mito como os outros que abordaremos, mas é um caso à parte pela influência que terá, e pelo som que restitui. Sim, o Marantz não é um mito! mas é um sacana de imenso pequeno aparelho, e não há outro que da minha boca mereça a ternura desta frase... Anedota: Este Marantz como o Quad II, McIntosh MC275 ou o Harman Kardon Citation II tiveram (ou estão em projeto) reedições comemorativas. O Marantz é o único que corresponde exatamente ao circuito e sonoridade do aparelho original, o que prova que um grande clássico nunca sai de moda... * No mundo das artes considera-se uma obra como mítica quando desde a nascença foi aclamada como tal e uma obra culto quando o reconhecimento, foi feito com o passar do tempo… | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| | | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| | | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 12:15 | |
| _________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte | |
| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 12:20 | |
| - António José da Silva escreveu:
Infelizmente, e com muita pena minha, nunca ouvi semelhante combinação...mas adoraria ouvir. Podes ter um "cheirinho" desta combinação na Esotérico (Loures) com a actual versão do II, com as ESL 2912, ou se eles ainda lá tiverem uma ESL 63. Para mim, não é exactamente a mesma coisa, mas dá para ter uma ideia | |
| | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| | | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 12:24 | |
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| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 13:02 | |
| - TD124 escreveu:
- José Miguel escreveu:
- ... Como aposto desde já que não conhecerei mais nenhum daqui em diante...
Espero que os conheça ao menos de nome... ou a marca Boa tarde! Eu a marca e modelo posso dizer que conheço, desde logo este Marantz (conheço o modelo, mas da Marantz apenas ouvi equipamentos com transístores e nunca vi um a válvulas...). Talvez o problema seja meu, mas há um contexto em que estou inserido e não ajuda. Por partes: 1. Iniciei-me nesta aventura tarde: 2010!?! 2. Não conheço ninguém que tenha este/esse tipo de peças, gosto pelas peças, coleccione, ... 3. O Porto tem (parece ter pelo que ouço) alguns aficionados que não se abrem. 4. Não tenho recursos financeiros para experiências. 5. Não gosto (não me sinto confortável) de entrar em lojas a menos que tenha a possibilidade/necessidade de comprar - nem peças novas de topo conheço... 6. etc. etc. etc. ... Não é por falta de curiosidade ou de procura, já disse que leio e procuro ler sobre estes temas, mas conhecer por ler não é a mesma coisa que conhecer de ver/ouvir. Direi que conheço se experimentei, caso contrário não conheço! Gosto destes textos que escreve, são claros e ilustrativos, espero pelo próximo! Um dia talvez surjam as oportunidades de os experimentar. | |
| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| | | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 14:52 | |
| Forca nisso, depois contem lá como é. http://www.ebay.co.uk/itm/Marantz-8B-Tube-Amplifier-EL34-Push-Pull-Audio-Power-Heavy-Unit-/231764936023?hash=item35f6444557:g:bCUAAOSwT6pVie0W _________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 16:25 | |
| - António José da Silva escreveu:
- Forca nisso, depois contem lá como é.
http://www.ebay.co.uk/itm/Marantz-8B-Tube-Amplifier-EL34-Push-Pull-Audio-Power-Heavy-Unit-/231764936023?hash=item35f6444557:g:bCUAAOSwT6pVie0W Jà està contado... e à borla, então é tempo de passar a um outro !!! | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 16:39 | |
| - José Miguel escreveu:
- ...
4. Não tenho recursos financeiros para experiências. 5. Não gosto (não me sinto confortável) de entrar em lojas a menos que tenha a possibilidade/necessidade de comprar - nem peças novas de topo conheço... 6. etc. etc. etc. ... Amigo José,... sinto-me sempre desiquilibrado quando leio respostas como a sua. Em primeiro lugar, porque sei que o audio é um desporto de ricos (não vale a pena negar...), em segundo porque me sinto na posição do " que viveu tudo...", o que não é ném verdade ném a minha intenção nestes textos... O audio é o meu trabalho desde 95, então é normal que tenha vivido experiências relacionadas a ele... e ao mesmo tempo é uma paixão, então busco sempre algo de novo a viver (ouvir...), então procuro... Estes textos téem como objectivo de iniciar, de sensibilisar e de criar o respeito sém o qual a partilha da paixão não tém sentido. Tento de criar uma mini-cultura audio que mostra a complexidade da coisa... Ninguém compreenderà Portugal se não mergulhar nos seus 800 anos de historia ... ao mesmo tempo ninguém pode falar de audio, se não compreender os aparelhos seminais desta disciplina... O que venho de dizer... é o unico objectivo deste topico, ou seja, ajudar e não influenciar ... | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 17:07 | |
| Caro Paulo agora fiquei eu sem jeito... Eu só queria dizer que Conhecer (no sentido que dei) para mim implica a experiência e experimentar essas peças aqui - digo neste Tempo e neste Espaço - é muito difícil. Por vezes a sorte bate à porta, quando acontece aproveito! Os seus textos e conversas que eles geram são importantes, já o disse muitas vezes e repito quantas forem necessárias. Num sentido mais lato, Conhecer também é possível por meio desta troca de ideias e eu aproveito sempre - já deve ter reparado nisso, sou curioso. Não devemos ter receio de partilhar pensamentos, o que disse de forma alguma visava o Paulo ou álguém, só dizia de mim e da minha experiência. Aqui entre nós: experimentar é mesmo complicado e eu comecei por dizer que estou nisto faz uns poucos anos, terei mais pela frente e com o que vou aprendendo certamente estarei mais atento. Continue, vamos lá seguir o caminho! | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 19:15 | |
| - José Miguel escreveu:
- Caro Paulo agora fiquei eu sem jeito...
Eu só queria dizer que Conhecer (no sentido que dei) para mim implica a experiência e experimentar essas peças aqui - digo neste Tempo e neste Espaço - é muito difícil. Por vezes a sorte bate à porta, quando acontece aproveito! ... Compreendi José!... e compreendo perfeitamente que falar de hifi (ou de vinho...) sém degustar é algo de esteril ou mesmo frustrante. Mas, como o meu objectivo é de criar a curiosidade e o respeito, em relação a certas maquinas do passado que fizeram a historia... que elas nos agradem ou não, e sinto-me incluido nesta ultima frase... Então é simplesmente o prazer de viajar, relaxar e partilhar... e é pena que muitos dos que léem estes pedaços de audio não compartilhem dos seus sentimentos, pois ler é bem, partilhar é melhor !!! Não posso pela escrita lhe dar as sensações do vivido, mas talvez possa lhe aproximar e é jà muito... Obrigado pelas suas questões, duvidas e vontade de avançar neste mundo | |
| | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 19:31 | |
| - TD124 escreveu:
- Mas, como o meu objectivo é de criar a curiosidade e o respeito, em relação a certas maquinas do passado que fizeram a historia...
..e sem as quais provavelmente não existiria o presente. _________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Ter Out 11 2016, 20:01 | |
| "Não posso pela escrita lhe dar as sensações do vivido, mas talvez possa lhe aproximar e é jà muito..." É este o princípio, diria que o oxigénio necessário para que a chama siga a aumentar e aqueça o espírito e curiosidade, mas muito importante, também a imaginação! A parte da experiência eu considero-a fundamental, mas a experiência informada coloca-nos num patamar distinto e estas leituras informam, pela forma como escreve elas Ilustram. Há peças para as quais eu não olharia, mas sabendo o que elas representam e como nasceram... Vou confidenciar uma coisa: sempre evitei ler biografias de autores para não ser influenciado, aqui deixo-me ir alegremente... De alguma forma foi assim que nasceu a minha vontade de ter um Garrard 301, logo nos primeiros tempos da minha viagem - lendo, lendo, lendo (cheguei ao Lenco...). Claro que um dia espero poder ouvir e acima de tudo conseguir julgar de forma avisada - como uma prova! Voltando aos amplificadores: espero ser surpreendido, porque há peças incríveis! | |
| | | mannitheear Membro AAP
Mensagens : 1392 Data de inscrição : 01/08/2013
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 07:44 | |
| Dear José,
relax and enjoy!
I'm interested in Hi-fi and audio since the early 80s, but this topic will probably be a lesson in history to me and others, too! While I have heard some of the turntables TD124 wrote about, I have no experience with classic tube amplifiers. At the time I started the hobby the tube was at a low point in Germany. Of course, there were always tube amplifiers but mostly "modern" ones in esoteric systems. But I found nowhere playing one of the classic tube amps.
Cheers Manfred | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 13:16 | |
| Hi there! I am a very relaxed person and I intend to have a good fruition of the texts and conversation. I understand your message, as I said, experience those magnificent pieces is not a simple task, some of them are rare and expensive. Other problem is to find who have those pieces – of course Paulo’s experience (professional and personal) is unique and I appreciate the effort to share with us! I simply report my context, because here I don’t have opportunities to experience (the word that begin this parallel conversation) some of the pieces I really like to see and reed about. Maybe this conversation starts one journey to… Very thanks for your words, I am sorry for my pour English – I like to talk and learn about this “world”, because I really like to listen to Music. | |
| | | Mário Franco Membro AAP
Mensagens : 2494 Data de inscrição : 27/03/2013 Idade : 66
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 13:47 | |
| - TD124 escreveu:
Introdução: Na mesa redonda da corte real da alta fidelidade, e à direita do rei dos audiófilos, vamos encontrar o Sir Peter Walker. Este nobre cavaleiro foi o fundador de uma empresa especializada na sonorização em 1936 a “Acoustical manufactoring company”, e rebatizada QUAD “Quality unit amplified domestic”, ou seja, “Elemento amplificador para utilização domestica” em 1949. A alta fidelidade doméstica nasceu assim !!!, e foi das mãos de um artesão dos mais sensíveis (musico amador, e talvez um verdadeiro artista) que a hi-fi moderna foi forjada. Toda a sua vida (até aos anos 90), este homem puxou a alta fidelidade até aos limites da imaginação e da utopia, sempre no respeito da arte, ou seja, da musica. É um dos maiores, e dos mais respeitáveis (e respeitados) designers de sempre …
O amplificador QUAD II monofónico nascido em 1951 (segundo do nome) é o sucessor do QA12/P, e é então o pai de todos os amplificadores modernos, não é o primeiro amplificador no absoluto é claro, mas é o primeiro que se destina a uma utilização domestica, o que é o objetivo da alta fidelidade. Vamos lá compreender juntos (frase que começa a ser conhecida), a razão do mito, da nobreza e da grandeza deste ancião de 65 anos de idade, que foi concebido para resistir aos assaltos do tempo …
Apresentação: O QUAD II é um aparelho de dimensões modestas. Nasceu durante a monofonia, e quando a estéreo nasceu, bastava comprar outro para a segunda coluna. Foi concebido para acompanhar a QUAD ESL (a primeira coluna electroestática da historia), que participou, ou fez, a originalidade e a personalidade da marca, e tornou a QUAD num mito eterno. Nunca um Push-Pull foi tão simples: 4 válvulas, 12 resistências, 6 condensadores, 1 transformador de alimentação e um de saída!!! Uma demonstração de puro génio conceptual, simples, estável e terrivelmente eficaz…A escola Inglesa grava em ouro sobre azul a sua supremacia em matéria de áudio contra os fundadores americanos. O QUAD II só tem dois andares, o primeiro utiliza os pêntodos EF86 para combinar a entrada, desfasado e ataque num andar único!!! O andar de potência é concebido com as maravilhosas KT66 que acabaram de nascer, e segundo uma configuração mista, inspirada pelo amplificador americano do BOGEN. Os transformadores de saída, fabricados pela sublime empresa inglesa Partridge, são de uma qualidade fantástica para a época (e talvez mesmo hoje). Mas o génio absoluto é o andar de entrada. O desfazedor do tipo «Parafase», é modificado para se auto equilibrar. As colunas electroestáticas são cargas difíceis para os amplificadores, pois são como imensos condensadores, o que faz oscilar (fenómeno grave) os andares de potência. Com a ajuda de uma simples resistência no bom sitio … Peter Walker faz com que o QUAD II compense o efeito da coluna electroestática, e que o amplificador se autoequilibre em permanência. Genial, pois assim estabilizado, o QUAD II é um Jeep capaz de atacar, qualquer coluna da terra sem micro oscilações. Isto em 1951 através de métodos inteligentes, mas muito simples … compreendem a razão do mito?
Vantagens: Uma muito importante veio de ser citada, ou seja, a estabilidade. O QUAD II pode atacar qualquer carga, sem modificação sensível dos seus parâmetros técnicos. Por si próprio este facto é raríssimo, mesmo no seio dos aparelhos modernos. A fiabilidade é legendaria, pois, a soma da simplicidade, dos poucos componentes, e o facto que estes últimos sejam de alta qualidade é muito propicio à longevidade de um aparelho. A qualidade dos transformadores de saída e da conceção, fazem com que as medidas técnicas (mesmo se estão ultrapassadas), sejam de um nível muito alto visto a idade do aparelho. A estrutura monofónica assegura um palco estável, coerente e com contornos relativamente bem definidos. A ultima qualidade é puramente subjetiva, pois acho este aparelho lindo e tenho uma ternura especial por ele. Uma espécie de brinquedo para grandes pessoas, que esconde a sua generosidade por detrás de uma carapaça austera. É o Garrard 301 dos amplificadores a válvulas, ou quase …
Inconvenientes: Alguns, muitos mesmo …, mas em primeiro a alimentação que é muito fraca. Nessa época a tecnologia não permite de fazer condensadores de forte valor, e a reserva energética é muito pequena. Os graves e o controle destes, vão sofrer disso. A potência é pequena (cerca de 16 watts), e isso limita-o a colunas modernas com rendimento de mais de 90 / 92 dB. A simplicidade do circuito não permite de controlar todos os parâmetros, e assim a distorção e a estabilidade da fase (contornos dos instrumentos) vão sofrer à escuta. As resistências em carbono aglomerado (tecnologia da época), são menos definidas que as modernas e participam à espessura sonora (o que pode ser também uma qualidade). Enfim, o andar de entrada com pêntodos é austero nos limites da banda, que não são do mesmo nível que o médio, e a coerência sonora geral vai sofrer disso…
Escuta: Este aparelho define o que será chamado o som QUAD, e de uma certa maneira, o som dito «Inglês» em geral. Antes de tudo o QUAD II é um médio de uma beleza que entontece… pois feito de sons estéticos, orgânicos e sensuais. É uma experiência a viver, por todos os que (até um certo ponto e com razão) só admitem os Single-ended, e que (sem verdadeira razão objetiva) criticam os Push-Pull. Um médio espesso, feltrado e rico harmonicamente (timbres), que se perdeu com o tempo, e que dá às vozes uma humanidade inesperada, anti-electronica. A banda não é muito grande e os graves são pouco controlados, devido à alimentação deficiente. Os agudos são belos sem atingir o nível do médio, devido às limitações técnicas do andar de entrada e à escolha (voluntária) de pêntodos neste lugar. O QUAD II faz pensar a um altifalante Full-Range, ou seja, a banda larga, pois ele não faz tudo nas duas extremidades da banda, mas o que faz no meio é de uma coerência e de uma qualidade que o tornam perturbante, e único. Casado com as colunas QUAD ESL, este amplificador hipnotiza, e faz pensar a alguns que a alta fidelidade não evoluiu muito depois. Não é o caso (como veremos com a evolução), mas a experiência é destabilizante. Um Amplificador feito à imagem sensível do homem que o criou, ou seja, um objeto raro. Uma das joias da coroa britânica…
Anedota: Em 1993 a Quad apresenta a série 77 em Londres, aonde um esforço estético foi feito nos aparelhos que são visualmente mais modernos. Um jornalista francês fala com o Peter Walker e pergunta-lhe… se as diferenças são puramente estéticas ou se houve evolução na eletrónica, ao qual ele responde: Não porquê … havia qualquer coisa a mudar ou a fazer evoluir ???... Louvo a forma e o conteúdo destes artigos, assim como de alguns outros que os antecederam. Ao ver aqui o muito amado Quad II, interrogo-me sempre sobre a história conjunta, ou pelo menos aparentemente paralela, da Quad e da Leak. Com efeito, se a Quad lançou o QA12/P a Leak andava já nessa lides desde 1945 quando lançou o "Point One", ao qual se sucederam os TL/10, TL/25, TL/12Plus, TL/25Plus, TL/50Plus. Devido ao meu limitadíssimo conhecimento de electrónica nunca aprofundei bem este assunto mas desconfio que o prestígio superior da Quad poderá estar associado a manobras publicitárias e a uma maior permanência no mercado. Talvez o Paulo possa escalpelizar este assunto noutro tópico, fazendo nomeadamente uma análise comparativa das semelhanças e diferenças ocorridas na arquitectura dos circuitos. Creio que é um tema com pano para mangas | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: O McIntosh MC275 Qua Out 12 2016, 14:29 | |
| Introdução: Apesar de terem sido um pouco ultrapassados pelos ingleses nos anos cinquenta, os americanos sentam-se na cadeira do patrão desde o inicio dos anos sessenta. Exatamente no mesmo ano que o Marantz 8B foi comercializado, ou seja, em 1961, uma já estabelecida empresa americana lançava o aparelho que definiu os códigos da escola americana, e causou um choque tal, que redefiniu a hierarquia da hi-fi para os dez anos a vir. Estou a falar do McIntosh MC 275, que é a maior catedral tecnológica do áudio clássico e o apogeu deste período. Este aparelho vai eclipsar o seu concorrente direto, o já citado Marantz 8B. Imaginem a potência de tiro com 75 Watts reais nessa época, uma distorção muito fraca, e uma estética a se danar com os cromos sobre preto e o McIntosh em relevo com as letras góticas. Um mito absoluto vinha de nascer, e com ele a base filosófica da escola americana, ou seja, potência, tecnologia e desempenho. A empresa foi fundada nos anos 40 pelo Franck McIntosh no estado do Ohio com o nome de CRE (Consulting radio engeneering). Em 1946 o Gordon Gow torna-se o seu socio, e juntos eles vão criar o célebre circuito McIntosh “Unity coupling”. Este esquema eletrónico foi otimizado entre 1946 e 1949, data em que o modelo 50-2 foi apresentado. O modelo tinha uma potência de 50 watts com um par de tétrodos 6L6 em classe B, o que será a assinatura técnica de todos os amplificadores da McIntosh que serão produzidos. Apresentação: O McIntosh MC275 é uma unidade de potência estereofónica de 2 por 75 watts. Utiliza um Push-Pull por canal de tétrodos a raios dirigidos KT88. Esta válvula Inglesa fabricada e concebida pela GEC, vinha de ser comercializada e o Mac utiliza-a ao máximo da sua potência, mas sem problema para a longevidade da válvula. É um dos primeiros aparelhos a utilizar díodos na alimentação em vez de válvulas, o que abaixa a impedância da alimentação, e favoriza a reprodução dos graves. O circuito com cinco andares é de uma grande complexidade, mas o segredo que o torna impossível a copiar, é o transformador de saída “unity coupled”, bobinado pela empresa, afim de preservar o segredo. O esquema especifico da marca distribui a carga do andar de potência em cruzando parcialmente os ânodos, écrans e cátodos. A impedância mais baixa do primário do transformador, permite de ter menos fio e aumenta a banda disponível sem distorção. Como o sistema é cruzado no Push-Pull, a terrível “distorção de cruzamento” vai ser anulada, ou muito atenuada. A McIntosh patenteou este circuito, que nunca foi copiado e é uma das únicas marcas a trabalhar em classe B, nas mais altas esferas da hi-fi. O transformador de saída é uma obra prima com três primários independentes. Até hoje a única empresa que foi capaz de fazer uma réplica idêntica desse transformador foi a Millerioux em França, nos anos oitenta. O MC275 é para os designers o maior circuito a válvulas do áudio clássico, e continua a ser um dos mais originais de sempre... Vantagens: O funcionamento em classe B permite de ter um grande rendimento (fraco consumo e aquecimento) e de obter a maior potência possível. O aparelho tem um potenciómetro em entrada, o que permite de adaptar a sensibilidade ao pré amplificador que se queira. Os contactos e comandos de lado, facilitam as operações de conexão e de manipulação. A ultima é a plástica magnifica deste aparelho, que todos os amadores reconhecem à primeira vista... Inconvenientes: O primeiro são as válvulas de potência. As KT88 são utilizadas quase a fundo e se não forem de qualidade, a placa vai se tornar rubra e a válvula morre em três ou quatro meses. Este aparelho prova que em média, as válvulas modernas são muito inferiores às KT88 GEC e mesmo às 6550 da década de sessenta ou setenta. Os transformadores de saída são frágeis por causa dos fios finos utilizados e muito apertados uns aos outros. Desde que uma válvula de potência oscila, esses fios podem vibrar, fazer faísca e se destruir, matando o aparelho. A fiabilidade do aparelho é média, pois os circuitos complexos aumentam as possibilidades de avaria, mesmo se os componentes são da mais alta qualidade, como é o caso aqui. É por isso que um MC275 original em segunda mão constitui sempre um risco, devendo o aparelho ser controlado por um técnico antes da compra... Escuta: O MC275 não soa como nenhum outro aparelho, mesmo da marca. De uma certa maneira é uma alusão aos mitos fundadores americanos e aos grandes espaços. É um som poderoso, rápido, com uma banda muito larga e graves físicos. O palco é cinemascope como dizem os americanos para classificar as dimensões muito largas da imagem estéreo. Os agudos são bons, mas não são tão finos quanto os do Marantz 8B ou do Radford STA25. A dinâmica é explosiva e contrastada, com um sentido do ritmo constante. A dinâmica fina é menos subtil que a dos aparelhos atrás citados. Os timbres são bons, mas muito inferiores a um Marantz 8B ou mesmo aos do QUAD II. Finalmente o MC275 é o modelo do som americano, ou seja, a vida, a dinâmica, a abertura e mesmo a majestosidade. Efetivamente a linearidade é excelente e acoplada à rapidez criam uma sensação de tensão, de controlo e de espaço sonoro. No entanto a subtilidade, os timbres justos e a elegância da reprodução, não são o seu domínio predileto. Trata-se de um aparelho que os franceses chamam de rock 'n' roll, afim de acentuar a ideia que ele é mais excitante com a musica do Elvis que com a do Bach. Mas os aparelhos Americanos clássicos como o MC275 ou o Harman Kardon Citation II, casados com colunas Inglesas clássicas, como as Tannoy ou as Kef, podem ser uma associação complementar e que quando funciona é uma experiência audiófila a viver ao menos uma vez... Anedota: No Audi show de paris em 1995, a firma francesa Audax apresentou um kit (a montar) de mini-monitoras muito baratas. As colunas funcionavam tão bem e o som era tão espetacular, demonstrativo e espacial, que toda a gente acabava por comprar um kit. No dia seguinte com escrúpulos a equipa da Audax pôs o amplificador à vista, pois na véspera estava atrás de um cortinado … e era um velhote MC275!…
Última edição por TD124 em Qua Out 12 2016, 15:35, editado 1 vez(es) | |
| | | anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 15:05 | |
| Bravo pelo novo desafio Esse amp deve ser dos poucos q vão aqui ser descritos q já ouvi É um q está debaixo de olho desde a sua reedição no anos 90 | |
| | | zaratustra Membro AAP
Mensagens : 4762 Data de inscrição : 09/07/2010 Localização : Frossos, Albergaria-a-Velha
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 19:12 | |
| Também eu me atiro a estas crónicas com um olhar histórico, antes de mais, seguindo com atenção a seleção e as emoções expressas pelo escriba. Tenho tido a sorte de poder enfrentar, com alguma regularidade, em casa de um amigo, dois pares de Quad... II / ESL-63, em "audição de proximidade" (cerca de 2m). Concordo com a ideia geral do que tenho lido e ouvido (expressa, igualmente, neste texto do Paulo). A gama média é fantástica. Vozes e pequenos apontamentos sonoros de segundo plano distanciam-se muito, para melhor, do que consigo sentir em audição neste meu pequeno e modesto antro. Também me parece verdade que não será o sistema mais apto para reproduzir uma valente "rockada" na tradição Purple, Zeppelin... Opeth... Obrigado pela partilha, Paulo! Já começou a ser equacionada a possibilidade destas crónicas saírem em formato revista com o alto patrocínio do AAP...? | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Audio Research D79 & Conrad Johnson MV75 Qua Out 12 2016, 19:58 | |
| Introdução: Com o McIntosh MC275 a era clássica acaba, pois, um novo componente vai mudar a face da electrónica. A partir de 1968 o transístor é rei e as válvulas desaparecem quase completamente das aplicações áudio. Em 1970 apenas dois anos após a sua aparição a tecnologia a transístores saboreia uma vitoria total, mas cinco anos depois dois milagres vão de novo mudar o rumo da historia... e a válvula tal a fénix, renasce das cinzas até aos dias de hoje ... Como foi dito anteriormente, no principio dos anos setenta a sentença foi dada, pois a válvula está morta e o reino do transístor é total. Mas (comigo e com a historia há sempre um mas...) uma empresa nasce nesse ano que vai modificar com a ajuda (involuntária) de uma outra a face do áudio a válvulas. É preciso ver que nessa época, existe um stock de válvulas e de componentes alta tensão nos EUA gigantesco e que ninguém quer, pois está considerado como obsoleto. É o momento de fazer coisas extraordinárias, pois os componentes são vendidos ao preço da chuva. O Bill Z. Johnson compreendeu isso, e aproveitou da ocasião para concretizar a sua utopia, que era de fazer um aparelho louco pois extremamente complexo. Na realidade ele fez o maior aparelho a válvulas da era contemporânea e um dos maiores de todos os tempos. Em 1975 o Audio Research D79 nasce e cria um choque enorme no mundo do áudio. A reação do publico e da presse é imediata, pois vão considerá-lo como o maior amplificador de sempre... Mas no mesmo momento em que o D79 sai, dois funcionários do Banco Federal Americano (Lewis Johnson e Bill Conrad) estão a criar uma pequena empresa e trabalham num projeto similar, mas com uma filosofia diferente, que vai ser apresentado em 1977… trata-se do Conrad Johnson MV75. O publico está estupefacto e dividido entre a qualidade sonora do D79 ou a musicalidade do MV75. De esta divisão vai nascer a expressão “irmãos inimigos” para falar destas duas marcas, e torna-se impossível para o publico, assim que para os jornalistas, de falar de uma sem citar a outra. Estes “falsos gémeos” são os dois milagres que as válvulas necessitavam para atingir a eternidade. Em cinco e sete anos respetivamente, a Audio Research e a Conrad-Johnson eclipsam a McIntosh, Marantz e Harman Kardon do coração dos americanos. Juntos eles atacam o transístor pela frente e provam que a válvula ainda é a patroa no desempenho técnico, mas sobretudo na qualidade sonora. Este fenómeno vai reconfortar outros construtores para continuar na via das válvulas, ou para se lançar na aventura … A válvula vem de atingir a sua vingança ultima pela ressurreição inesperada, e no principio dos anos oitenta a sua reputação musical praticamente eclipsa completamente a do transístor. A historia vem de mudar de rumo de novo e este fenómeno explica o respeito eterno que os jornalistas, publico e melómanos têm (ou devem ter) em relação à Audio Research e à Conrad-Johnson. Excecionalmente vou analisar os dois em alternância afim que vocês compreendam melhor o que os une, e o que os separa... Apresentação do D79: Como podem ver pela imagem, este amplificador é mais parecido com um aparelho de medida que com um produto hi-fi. No interior é a mesma coisa, e o circuito do D79 é o digno herdeiro do McIntosh MC275, mas em muito mais complexo! O andar de entrada é uma obra prima do analógico com o desfasado Van Skoyok, e 10 tríodos para fazer os andares de entrada, desfasagem e ataque (o que faz dele um circuito no espirito da escola russa). O Push-Pull de 6550 (equivalente americana da KT88) possui 75 watts em montagem tétrodo. As alimentações de entrada e dos écrans são reguladas por transístores/ válvulas e são de uma precisão demoníaca (ainda uma alusão à escola russa, e que vai influença os LAMM modernos...). O andar de potência é de um génio intelectual que dá vertigens ainda hoje. A saída em simétrico, vai retornar nos cátodos das 6550 e estabiliza o amplificador em carga complexa. Este circuito exclusivo à Audio Research e nomeado “cathode coupled” é patenteado e explica a raça à escuta do aparelho, entre outras... Muito poderia ser dito sobre este aparelho, paginas inteiras, mas o essencial está dito... Apresentação do MV75: Esteticamente é o oposto, pois o Conrad é mais austero e minimalista (clássico) nas funções. No interior é a mesma coisa, mas em aparência somente. O circuito do MV75 aparenta-se a um clássico Williamson com uma ligação direta entre as duas válvulas de entrada. Mas o que faz o seu segredo é a otimização do circuito. Trata-se de um trabalho de ourives, com uma atenção diabólica ao mínimo detalho. A alimentação relativamente complexa e regulada a transístores do andar de entrada assegura uma tensão limpa, pura e a baixa impedância. É o primeiro aparelho (ocidental) que utiliza a teoria japonesa do som dos componentes, então cada um será escolhido à escuta, em função do lugar de trabalho e do resultado sonoro desejado. O andar de potência utiliza as mesmas 6550, mas em configuração ultra-linear o que será a assinatura da marca, e produz os mesmos 75 watts. A Conrad-Johnson cria um sistema de afinagem do bias (polarização) por led, fácil a utilizar e de uma grande eficiência. Os transformadores de saída, muito elaborados ao nível das bobinagens asseguram medidas muito próximas do D79. É o digno herdeiro do Marantz 8B em mais majestoso e ambicioso. Estão a ver como a historia nunca se perde, e encontra sempre o caminho de volta?... Vantagens do D79: A complexidade do circuito que visa a Alta Definição que é o lema da marca. O sistema único do andar de saída que assegura uma estabilidade em função da carga sem falhas. Toda a potência passa às colunas sem esforço nem perturbação. O sistema simétrico da realimentação negativa assegura-lhe medidas de distorção inferiores aos melhores transístores da época, e a todas as frequências, o que é raro mesmo hoje. Vantagens do MV75: Um astucioso sistema de compensação da distorção ao nível de cada andar, acoplado ao sistema ultra-linear assegura-lhe medidas globais semelhantes ao D79, mas com uma melhor presença das harmónicas pares. O espectro harmónico é perfeito e digno dos melhores single-ended comerciais. A alimentação regulada assegura uma transparência nas impulsões, do nível dos melhores catuais. Inconvenientes: Vou fazer curto aqui. O D79 pela sua complexidade extrema é mais frágil do que o MV75 que é de uma fiabilidade como um Caterpillar. O D79 deve ser ajustado regularmente (têm galvanómetros para isso), e não se deve deixar os tubos envelhecer muito. O MV75 basta mudar as 6550 todos os cinco anos. Conheci um aonde as válvulas tinham 15 anos de estar no aparelho, e isto com uma escuta diária de uma hora !!! Escuta do D79: A primeira coisa que salta aos ouvidos é a precisão, a definição e a rapidez. Os contornos das notas são transcritos com todo o ciselado e rendilhado. A estabilidade dos músicos no espaço é exemplar assim que a presença. A transparência é única, e duas notas próximas em timbre são diferenciadas sem dificuldade. Os sons e as notas possuem uma fineza e uma lisibilidade permanente. Uma dinâmica semi-explosiva, pois, perfeitamente controlada associada à definição sonora cria uma escuta efervescente e contrastada. A pulsação e o ritmo são controlados em permanência, mas com menos facilidade (subjetiva) que o MV75. Os timbres são muito bons, mas não atingem o êxtase harmónico do Conrad. A linearidade é estupenda e pode ser utilizada como diapasão para medir os outros amplificadores neste critério… Escuta do MV75: Serenidade, potência e majestade, tais são os elementos que nos invadem desde os primeiros segundos da escuta. O envelope harmónico é vertiginoso de beldade e acaricia os sentidos. Trata-se de um aparelho menos demonstrativo do que o D79, mas mais exigente no que diz respeito à atenção do auditor. O Audio Research aprecia-se e o Conrad degusta-se… então estamos numa escuta mais intelectual. Tudo passa sem esforço, sem vulgaridade e com elegância. Objetivamente o MV75 não atinge a definição do AR, nem mesmo a precisão espacial. Em contrapartida ele materializa melhor o palco, e dá um verdadeiro relevo aos instrumentos. A transparência tonal é de um nível muito elevado, e só os grandes single-ended (eventualmente) podem ir mais longe. Um monumento de musicalidade... Conclusão: Desempenho vs. musicalidade … tal é o dilema imposto por estas duas máquinas. No entanto o AR D79 é musical, mas não quanto o CJ MV75 … ora que o CJ é fantástico nas medidas, mas não tanto quanto o AR. Este dualismo da época contemporânea (após a chegada do transístor) vai ser o eixe da divisão no mundo do áudio. As escolas intelectuais vão se criar e com elas a intolerância que reina ainda hoje … veremos se a era moderna apazigua ou não este dilema! | |
| | | Goansipife Membro AAP
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| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 20:12 | |
| Bom..., isto não está a correr nada mal . Este Mac também conheço muito bem. Aliás, tive e convivi muito bem com um - versão II - durante cerca de um ano. Mas um amigo, queria porque queria, que eu lhe o vendesse e não tive como recusar, até porque sabia que, ano menos ano, teria de me desfazer dele. Eu e válvulas, temos uma relação difícil, não porque não goste - até gosto e muito - mas é uma incompatibilidade física, na verdadeira acepção do termo. É o amplificador de válvulas a que chamo o Solid State com lâmpadas. Tal como o Paulo diz (concordo com tudo a 100% ), é dinâmico, ritmado e com um som muito físico, mas... La élegance du style et la finesse du son, pas vraiment. Contudo, é o amp com o qual se ouve horas e horas de música, mesmo com colunas difíceis. Ainda com as versões mais recentes - já vai na sexta - que vão melhorando, aqui e ali, não perde a sua característica de som vulgarmente apelidado de "Som à americana". Paulo, mais uma vez | |
| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| | | | TD124 Membro AAP
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| | | | Goansipife Membro AAP
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| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 21:14 | |
| - TD124 escreveu:
- Goansipife escreveu:
- (...) Dos equipamentos Audio Research e Conrad Johnson, só falo na presença do meu advogado ...
Màs experiências ou simples alergia ...
Para que não fique o Tabu, aqui vai: Audio Research: São os aparelhos que mais me encantam, esteticamente. Reconheço algumas das características que lhe apontam. Nunca aos que são mais badalados. Conrad Johnson: Não os percepciono da mesma forma dos Audio Research, mas também reconheço algumas características que tanto falam por aí nas revistas da especialidade. Como sou surdo, que nem uma porta, fica, aqui mais uma...; Anedota: Quando estiver às portas da morte, espero estar a ouvir um ou outro. Certamente que ela virá mais tarde | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 21:35 | |
| - Goansipife escreveu:
- (...) Quando estiver às portas da morte, espero estar a ouvir um ou outro. Certamente que ela virá mais tarde ...
É uma simples alergia então | |
| | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 21:57 | |
| _________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qua Out 12 2016, 22:03 | |
| A minha vontade é deixar o trabalho e ir procurar outro trabalho... Só sabia da existência do Audio Research, mas o texto a comparar os dois deixa água na boca! O McIntosh MC275 já foi uma daquelas peças namoradas por via da leitura e tal, com o tempo deixou de ser e nem o ouvi - a Imaginação faz das suas... Não deixei de olhar para ele com vontade de o experimentar, como bem o dizem - tem o seu lugar na História e uma legião de fãs! Já espero pela aparição dos "pequenos" Single Ended... Esses mexem com a minha imaginação... actualmente! | |
| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| | | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| | | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qui Out 13 2016, 10:36 | |
| _________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: O Air Tight ATM1 Qui Out 13 2016, 13:05 | |
| Introdução: No inicio da década dos oitenta o mundo da alta fidelidade está perfeitamente cristalizado e é nas grandes linhas parecido com o que conhecemos hoje. A Áudio Research e a Conrad Johnson, com a ajuda dos seguidores americanos, reinam nas mais altas esferas da hi-fi, ao qual os jornalistas deram o nome de topo de gama “high-end” em inglês. Pela primeira vez na historia da disciplina, são as novas empresas que escrevem as regras do jogo e não as marcas clássicas. Estas ultimas de todas as maneiras já perderam a essência que as animava à exceção da McIntosh e da QUAD. A Marantz e a Harman Kardon são propriedade de grupos japoneses e apostam mais na quantidade que na qualidade. Na Inglaterra a QUAD, continua a escrever a historia, mas a transístores desta vez. Os veneráveis Leak, Radford, etc. já não existem. Em contrapartida novas marcas como a Michaelson & Austin (do Tim de Paravincini “EAR Yoshino”), Audion e Audio Innovations, estão preparadas para perpetuar a tradição Inglesa. Na Dinamarca Ole Môller está prestes a lançar o Copland CTA 401, e na França a Verdier e Yves Cochet produzem confidencialmente alguns aparelhos a válvulas. Na Alemanha a Kebshull, Dr. Klimo e a Orange áudio realizam aparelhos muito interessantes. Como veem a válvula vive, cresce e ganha terreno, mas as nuvens no horizonte continuam escuras e amerceadoras. É preciso ver que nesta época todas as válvulas utilizadas são os restos do stock existente dos anos 60/70. Os industriais não acreditam no retorno total das válvulas, e as poucas que são ainda produzidas em ocidente, é com finalidades militares!!! Sem a confiança dos industriais das válvulas, o futuro continua incerto, e o perigo de se esgotar os stocks, está na mente de todos os construtores, e cria o receio geral. No Japão a situação é clara, pois todos os grandes construtores pararam a produção de aparelhos a válvulas à exceção da Luxman que tem ainda para o prestigio um modelo ao catalogo, o MQ 360, e que quer acabar de uma maneira definitiva a produção deste ultimo. Um homem está na confidência das decisões da Luxman, e não por acaso, pois é ele o criador dos últimos modelos a válvulas da marca. A ideia que o “saber fazer”, ou seja, o Know-how Japonês em válvulas desapareça, não é aceitável. Em 1985 com a ajuda de um socio ele vai criar uma marca “testemunho” para perpetuar a arte japonesa e impedi-la de morrer. Este homem chama-se A. Miura e é o pai do primeiro aparelho, e o mais respeitado, da Air Tight, ou seja, o ATM-1, que vai ser o nosso hospede durante este capitulo. Apresentação: O ATM-1 é ao nível do circuito um aparelho clássico, uma espécie de continuidade à maneira japonesa do Marantz 8B, que estes veneram tanto. Mas isto é em aparência e em aparência somente. Na realidade o ATM-1 cristaliza a maestria da escola audiófila japonesa num aparelho comercial em paralelo com a Audio Note. Vamos lá compreender juntos a razão da presença deste aparelho aqui, nesta saga e nestas linhas. Em aparência o ATM-1 é um aparelho a válvulas clássico no desenho e na implantação dos componentes. Mas um olhar atentivo faz sair alguns elementos raros para a época. Os transformadores de saída são de um tamanho excecional em relação às EL34 que o equipam. Fabricados pela Tamura que é uma das melhores marcas de transformadores japoneses e dimensionados para passar o dobro ou o triplo da potência total (36 watts), eles asseguram uma linearidade sem falha a todas as frequências. São uma obra prima, cujo preço faria hesitar qualquer outro construtor! Mas não é tudo, pois uma olhada atentiva para o corpo, dá a ver o nível de perfeição deste ultimo. Fabricado em França nos Alpes próximo da Suíça, a qualidade de fabricação dá a medida da perfeição metalúrgica Francesa. Não há defeito nenhum, NADA... e no interior é a mesma coisa. A cablagem ponto a ponto em homenagem aos pioneiros QUAD, McIntosh é de uma perfeição total, e foi escolhido em função dos parâmetros da escuta. Os componentes são todos de uma qualidade excessiva, sem exceção ... Nenhuma nodoa ou resto de soldadura é visível no interior, e isto é a prova do espirito obsecional de fabricação deste aparelho. Ele vai utilizar díodos a válvulas no lugar dos solid state afim de puxar a tradição ao maximo e de obter a fineza de reprodução que esta técnica bem utilisada procura. O ultimo ponto que faz este aparelho particular é o numero de entradas. Só tem duas, uma à frente e uma atrás, o que faz dele um aparelho pouco tipico, pois não é nem um integrado nem verdadeiramente um amplificador de potência. Dois potenciómetros permitem de regular individualmente o nível sonoro de cada canal. Pode-se considerar o ATM-1 como sendo um amplificador integrado minimalista. A maior parte dos aparelhos chineses de hoje, tentam em vão, copiar a nobreza, assim que os códigos de fabricação deste aparelho, o que faz dele neste aspeto um verdadeiro chefe de fila. O Air Tight ATM1 é a renascença do classicismo ... Vantagens: Como todo aparelho “testemunho”, ou seja, baseado sobre um esquema clássico o ATM1 é fiável e robusto. Mas sendo equipado com os melhores componentes dessa época e com uma fabricação excecional, o ATM-1 é um amplificador finalizado e de nível audiófilo. A fiabilidade é excecional e o resultado de escuta é ao nível dos meios utilizados. A polarização automática faz dele um aparelho sem preocupações de utilização. As válvulas utilizadas são fáceis a encontrar. O estatuto de integrado minimalista, permite de ligar diretamente uma ou duas fontes. É verdadeiramente ao nível estético e de fabricação um belo e nobre objeto. Este aparelho perpetua (em melhor) o estilo clássico a válvulas... Inconvenientes: Visto que o esquema não é original, é impossível de revolucionar a escuta. Este aparelho vai muito mais longe do que os aparelhos do qual se inspirou, mas a veia é a mesma. É este o limite, e o preço a pagar destes exercícios de estilo. Outro inconveniente é a origem, pois até aos anos noventa a produção japonesa “audiófila” é desdenhada no ocidente. Foi preciso esperar o reconhecimento, tardio no mundo, da escola audiófila japonesa para que a Air Tight alcance a reputação e o prestigio que possui hoje. Escuta: Como todos os grandes aparelhos, o ATM-1 acumula os paradoxos. O som é contemporâneo, quase moderno mesmo, e muito afastado do estilo que a sua tecnologia feria imaginar. A dinâmica é muito boa e em osmose permanente com o ritmo. Os timbres são elegantes, mas sem excesso, uma certa forma de pudor invade a escuta deste aparelho. O ATM possui o claro/obscuro próprio à cultura japonesa e alterna uma face masculina e feminina. A sua justeza e objetividade são exemplares, e obrigam o ouvinte a ser iniciado para compreender estas qualidades. A capacidade de controle das colunas faz pensar (sem atingir) a aparelhos mais modernos com alimentações complexas. Mas os finais de nota e a palete harmónica assinam a utilização de díodos a válvulas e a qualidade extrema dos componentes … o que lhe dá um toque delicado e fino. No final o aparelho perturba, pois em se assentando entre o mundo clássico e o moderno, ele cria um estilo à parte que é necessário assimilar. Um aparelho que é uma estrela que ainda está muito longe de perder o seu brilho ... uma maquina fundamentalmente excecional! Escolha: Dois aparelhos estavam na lista para este artigo, pois o ATM1 ou o Audio Note Ongaku. Ambos são a ressurreição do classicismo ocidental à moda japonesa. No entanto tinha que escolher e o ATM1 parece-me respeitar uma continuidade cultural ora que o Ongaku é fiel a uma continuidade pessoal (como um Shindo). A escolha foi para aquele que se inscreve numa logica mais universal então … | |
| | | anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qui Out 13 2016, 13:40 | |
| O ATM 1 há já muitos anos q está debaixo de olho, pela sua beleza e simplicidade, sem q nunca o tenha conseguido ouvir Já o Ongaku em conjunto com umas Sonus Faber Guarneri foi o melhor sistema q já ouvi na minha vida | |
| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qui Out 13 2016, 14:19 | |
| AMT, Quê ???? Totalement inconnue. Bom..., não totalmente. À volta deste amp conheço uma história, para mim engraçada, para 2 amigos meus, não tanto. Mas obviamente fiquei solidário com eles. Aqui há uns 20 anos, 2 amigos meus adquiriram, por portas e travessas, cada um o Radford STA-25. Ambos, ou pelo menos um deles, intentaram uma intervenção no Radford, a la Air Tight ATM1. Dizia-me, o Tal, que queria arrumar o interior do Radford com cablagem Kimber e soldaduras ponto a ponto, a que se juntava a substituição, óbvia, dos condensadores já gastos pela idade, etc. Tudo, segundo os princípios de excelência de montagem do Air Tight. Coisa que o Radford não primava (palavras Dele). Resultado final: Saiu um amplificador tipo Melhoral. Não tocava bem, nem mal. Uma coisa ficou certa, não mais foi um Radford STA-25 Desculpem-me, mas não resisti... | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qui Out 13 2016, 14:50 | |
| - Goansipife escreveu:
- ... Resultado final: Saiu um amplificador tipo Melhoral. Não tocava bem, nem mal. Uma coisa ficou certa, não mais foi um Radford STA-25 ...
O melhor é inimigo do bom !!!... este ditado françês, pareçe ter sido complétamente esquecido ou desconhecido no mundo do DIY !!! | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: O Lectron JH30 Qui Out 13 2016, 16:23 | |
| Introdução: Desde o inicio dos anos setenta um fenómeno evidente começa a se constatar. O mundo dos audiófilos está partilhado entre os aficionados da válvula e os do transístor. Os primeiros celebram a riqueza harmónica, a vida, a classe e o natural da reprodução, mas os segundos argumentam que a transparência fina, o controle, o rigor e o equilíbrio de banda está do lado do “Solid State”. Quem tem razão? Os dois evidentemente!!! Daqui a imaginar a terceira via, ou seja, o aparelho que possa reagrupar as qualidades de ambos, há um pequeno passo. A ideia do hibrido vem de nascer, e marcas como a Philips vão fazer realizações interessantes desde os anos setenta. Mas é sobretudo os Amplificadores OTL do Futterman nos EUA que estabelecem os códigos desta nova disciplina. Mas se a ideia é nobre, na pratica a concretização patina, e está longe de atingir o ideal da sua promessa. Os aparelhos do Futterman são frágeis, às vezes instáveis e utilizam válvulas e mesmo transístores raros. Mas sobretudo o som não é o esperado, pois é parecido ou com uma, ou com a outra das tecnologias empregadas. A terceira via está blocada, e muitos designers começam a vê-la ou como uma utopia ou como uma disciplina rafeira e sem nobreza. Um outro fenómeno (e esta frase é medida...) vai agravar a situação nos anos oitenta. Um jovem engenheiro de génio (um fenómeno!) vem de sair uma serie de aparelhos a transístores que revolucionam a escuta e os códigos desta tecnologia. É a série ML do Mark Levinson, os verdadeiros, os únicos... O golpe é duro para o mundo das válvulas. Em apenas quinze anos o transístor atinge um nível de evolução tecnológica e de escuta que a válvula levou mais do dobro a atingir. A Audio Research e a Conrad Johnson ultrapassam-se a si próprios e resistem (é isto os verdadeiros mitos...), e atingem de novo os níveis impostos pelo “Solid State”. A Audio Research pelos híbridos, e a Conrad Johnson pela série Premier. Mas a terceira via continua a afastar-se da realidade concreta, e fecha-se a si própria, numa espécie mito inacessível. Mas o impensável acontece, e chega do lado de onde se esperava menos!!! No fim dos anos oitenta uma jovem empresa Francesa sai um amplificador hibrido a válvulas, que vai ser o manifesto da terceira via. A utopia torna-se realidade e da maneira mais brilhante que se possa imaginar. O criador deste aparelho J. Hiraga, grava de novo o seu nome no mármore, e escreve a grande historia à maneira dele. O Lectron JH30 é aclamado por uma presse unanima, da Alemanha até ao Japão, como um aparelho musicalmente extraordinário e único. Vamos lá compreender juntos a origem e as particularidades deste amplificador quase extraterrestre... O Pai deste aparelho é um audiófilo completo, e uma lenda viva. Filho de pai Japonês e de mãe Francesa, é um jovem estudante quando a escola audiófila nasce nos anos sessenta no Japão. Ele vai ser iniciado à audiófila por três mestres, o Sr. Sugano (Koetsu), o Sr. Anzaï (Anzaï Zaïka) e o maior perfecionista do Japão o Sr. Tanaka. No inicio dos anos setenta três dos seus aparelhos já foram editados pela Radio Jitsu, e o estatuto de mestre e de fundador da escola já lhe está adquirido. Sendo o mais jovem dos pioneiros, as suas criações são quase todas a transístores. De volta a França nos anos setenta ele cria uma revista seminal, L’Audiophile, que vai influenciar até hoje a audiófila francesa e ocidental. Especialista dos tríodos, do 300B em particular (que ele sabe metamorfosear em magia...), ele vai misturar o seu conhecimento das válvulas e dos transístores desde a metade dos anos oitenta. Em 1989 nasce o Lectron JH30, a partir de um exercício de estilo iniciado na revista L’Audiophile com o nome de Amplificateur Pacific. Apresentação: O Lectron JH30 é um aparelho simples em aparecia, mas é extremamente inteligente no seu concepto global. Os andares de entrada a transístores são simples e eficazes. Um andar cascado, a ganho elevado, com um transístor Fet e um Bipolar, asseguram o andar de entrada, de ataque e desfazedor, como no QUAD II. Só possui dois andares, o de entrada a transístores e o de potência com um duplo Push-Pull dos maravilhosos pêntodos EL84. Os transístores são regulados individualmente por uma alimentação simples e diabolicamente eficaz. Os componentes são todos de nível audiófilo, ou seja, o melhor, do melhor à escuta da época. Os transformadores de saída são a cereja em cima do bolo. O J. Hiraga vai utilizar o seu prestigio afim de convencer a firma Inglesa Partridge Transformers, a fazer sobre medida os transformadores áudios. Dimensionados para 90 watts, eles podem passar três vezes a potência do aparelho, com uma linearidade de 10 Hz – 90 KHz à potência máxima do aparelho! O JH30 é um verdadeiro integrado, e um phono universal (a transístores Fet) separado e alimentado pelo amplificador, pode-lhe ser acoplado. Uma astucia deve ser mencionada ao nível da utilização. Em facada há dois atenuadores (um por canal) com onze posições. Estes atenuadores servem a equilibrar o ganho, em função da fonte e das colunas, afim de utilizar o potenciómetro principal, de marca audiófila NOBLE, na sua zona linear, ou seja, de um quarto a três quartos do volume, e isto é uma ideia genial e única! Seriam necessárias varias paginas, para abordar cada detalho deste aparelho que por detrás de uma aparente simplicidade é na realidade de uma grande originalidade e dotado de um “saber fazer” único. O corpo é em alumínio e os transformadores são recobertos por um capot em inox não magnético. O circuito impresso é montado sobre suspensões, para evitar o efeito microfónico sobre as válvulas de potência, os suportes destas ultimas são arrefecidos! O aparelho é integralmente auto-polarizado e autoequilibrado, sem alguma necessidade de manutenção, ou de afinagem. É um aparelho que conjuga a originalidade conceptual e o rigor obcessional, a França e o Japão, e é deste choque cultural, que vai nascer a magia e o encanto ... Vantagens: O circuito que se resume a dois andares, favoriza um nível de transparência excecional. A alta qualidade dos componentes, faz com que o aparelho seja fiável. A Auto polarização torna-o quase tão simples de utilização do que um transístor. O phono separado é de uma qualidade fantástica. O tamanho modesto do aparelho permite de o integrar em qualquer móvel hi-fi. Visualmente é um belo aparelho, muito bem fabricado. Inconvenientes: A potência modesta de 30 watts do aparelho, e a utilização de válvulas EL84, que são menos conhecidas do que as EL34 ou KT88, não favorizam a perceção do aparelho como sendo, um verdadeiro representante do topo de gama. O preço muito elevado, e justificado pelo emprego de componentes caríssimos, vai ser mal compreendido, pois a audiófila ainda é confidencial. O JH30 vai se tornar um aparelho culto, como o 8B da Marantz... Escuta: A primeira escuta de um JH30 é perturbante e mesmo destabilizante, mas muito sedutora. Imaginem um aparelho rigoroso, transparente e definido, mas com um envelope harmónico em permanência humano, natural e anti-electronico. A linha melódica é suave e sedosa, mas as notas são perfeitamente definidas e desenhadas num espaço vazio. A musica nasce do silêncio e retorna a este numa espiral mágica que seduz tanto quanto impressiona. É isto a terceira via, e a nobreza dos verdadeiros híbridos. O nível de desempenho é absoluto, e faz dele um dos poucos aparelhos capaz de reproduzir a musica sinfónica em separando perfeitamente os instrumentos da orquestra, e em preservando o timbre próprio de cada instrumento. A subtilidade na micro-modulação é fantástica, e os finais de nota são de uma complexidade formal e harmónica, que transforma o auditor em ator. Este aparelho não faz ouvir a musica, ele faz senti-la, e a experiência atinge uma forma de êxtase sensual e dai nasce a sedução. Os contornos das notas não são nem aveludados como nas válvulas clássicas, nem austeros como em certos transístores. É o espaço do meio, ou seja, o da justeza formal. Um aparelho que em reproduzindo com honestidade a musica, prova que a verdade é mais bela, do que o mais fantástico dos sonhos ... Conclusão: Se de uma maneira muito estereotipada podemos dizer que as válvulas são românticas e os transístores austeros … então o JH30 ainda é um aparelho algo romântico no fundo. Esta faceta é voluntariamente escolhida pelo designer …, mas é discreta e ditada pelo hedonismo assim que pela cultura japonesa que privilegia a elegância discreta …, no entanto é objetivamente um (belo) defeito num hibrido! | |
| | | unidade Membro AAP
Mensagens : 201 Data de inscrição : 08/03/2012 Idade : 61 Localização : Almada
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qui Out 13 2016, 17:21 | |
| Caro TD 124 Após esta fabulosa e "apaixonante" análise e se eventualmente alguém procurar algum..., parece quase "irreal" estarem a pedir apenas quantia de 630€ Fiquei "...com água nos ouvidos..." https://www.ebay-kleinanzeigen.de/s-anzeige/lectron-jh30-roehrenverstaerker-audiophil-high-end-hifi/532517976-172-1052 | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qui Out 13 2016, 18:07 | |
| - unidade escreveu:
- ... Após esta fabulosa e "apaixonante" análise e se eventualmente alguém procurar algum..., parece quase "irreal" estarem a pedir apenas quantia de 630€
Fiquei "...com água nos ouvidos..." ... Amigo unidade, como eu disse o aparelho não foi um sucesso comercial e isso justifica os preços, pois em frança anda à volta de 1000€. mas muitas vezes o aparelho jà foi reparado, ora como os componentes são raros e carissimos... foram reparados com o equivalente moderno e a musicalidade desapareçeu com a reparação, não complétamente é claro ... mas o aparelho jà não é como deveria ser, ou como falei... Um gira da Pink Triangle custa à volta de 500€ na Net... ora que um Garrard 301 anda ao triplo ou quadruplo. Se não tivesse um gira ... seria o Pink e não porque é mais barato, mas porque soa melhor... Com os amplificadores é a mesma coisa ... mas de todos os que falei até agora, o Lectron é dificil de encontrar em bom estado (interno). Fora isso é necessario encontrar as colunas com o qual case bem (como para todos os outros...) e no final criar um sistema coerente à volta dele... Não é nada fàcil eu sei ... mas a reprodução de qualidade não nasce espontaneamente, então não chega de ter um ou dois bons produtos. Como diz um amigo meu que é jogador de Poker profissional : O importante não são as cartas, mas o que fazemos com elas ... Muitas pessoas pensam aparelho em vez de sistema, ora que deve ser feito ao contrario | |
| | | unidade Membro AAP
Mensagens : 201 Data de inscrição : 08/03/2012 Idade : 61 Localização : Almada
| Assunto: Re: Dez amps para a historia... Qui Out 13 2016, 18:25 | |
| Caro TD124 Agradeço o seu cordial e claro esclarecimento (conforme o habitual) e subscrevo em pleno a Máxima final..., e por isso sempre afirmo com convicção, que o meu sistema, é a soma de todos os seus componentes/afinações e sinergias (mesmo a mais ínfima) o que não obsta, a que um "...bom coração/amplificador..." tenha grande quota de responsabilidade, no que/e como "amplifica" a jusante e a montante... prime ele pela neutralidade ou pelo romantismo com que se aplique... E agora vou a correr.../enfrentar as filas, para chegar rapidamente ao "lar/doce lar..." para ver se o meu "adorado" amplificador, continua a dar o seu excelente contributo, na "motorização" dos sons/musica que me encantam/empolgam... | |
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| Assunto: Re: Dez amps para a historia... | |
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| | | | Dez amps para a historia... | |
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