A rodar XL

Em Timisoara, cidade romena candidata a Capital Europeia da Cultura em 2021, actuou David Murray Infinity Quartet & Macy Gary na noite de 6 de Julho de 2013. Além do saxofonista e da vocalista, estiveram em palco: Jaribu Shahid (contrabaixo), Marc Cary (piano) e Nasheet Waits (bateria). Visionado no iConcerts.

Na actuação em Timisoara, não se vislumbra nenhuma combinação (peça de vestuário usada por baixo dos três vestidos utilizados). Em Abril, fará escala na cidade Invicta e em Lisboa.

Vamos dizer que é um disco de Jazz ... pois os grandes espaços harmonicos e ritmicos desta obra são tão inclassàveis quanto é esta flautista e cantora belga. Trinta (pequenos) minutos de poésia, cumplicidade, sensibilidade, beleza pura e no fim, a consciência de estar a ouvir uma obra prima imaculada que nos mergulha num sonho acordado. O ritmo lento e arejado assim que o canto lânguido e encantatório criam uma atmosfera que faz pensar por vezes aos Floyd (Echoes), Talk Talk (Wealth) ou mesmo ao crepuscular e luminoso Jeff Buckley (Lilac Wine). Os musicos favorisam o espaço e o silêncio e é nessa economia voluntària de notas virtuosas que a magia emerge e uma obscuridade feltrada nos cobre. Encontrando uma penumbra liberadora (no estilo do fado da Misia...) a  Melanie Di Biasio cria aqui uma obra que suspende o tempo e que deixa ao auditor o espaço da imaginação. Encontrar um grau tão elevado de pertinência e sensibilidade é a marca dos mais grandes, então ... a Melanie entra com o pé direito num grupo muito restrito de artistas!...

Na capa està escrito "sém forma e vazio" em hebreu afim de lembrar a origem escrita na biblia (Génesis) e nas costas a reçeita de um cocktail Molotov em italiano. Estes dois simbolos antagônicos serão a partir deste fabuloso EP a marca da musica dos GYBE como se a criação e a destruição formassem um todo. Lento, épico, catàrtico, potente, inspirado, majestoso,... são apenas alguns dos adjectivos evidentes à escuta desta musica que ressoa como um requiem de fim de século. Em 28 minutos este grupo eleva-se mais alto do que os outros e entra no mito. Uma musica politica, desencantada e radical que varre a poeira acumulada à porta do Rock. O Slow riot for new zerø kanada não é o maior album dos GYBE mas continua a ser o que possui a maior potência evocadora. O equilibrio entre progressão harmonica e explosão monumental cria um estado hipnotico, desarma e enfeitiça. Conscientes mas ainda jovens, os GYBE descrevem uma paisagem da humanidade que é desoladora, mas aonde a esperança ainda é possivel. Este disco serà o ultimo raio de fé antes da sombridão impenetràvel e devastadora da qual os GYBE são os profetas desde o inicio do século...