Gravações modernas - um desabafo

Caros todos,

Enquanto apreciador de música de vários géneros, e com o intuito de ouvir música com qualidade hifi, ou seja, a mais fiel ao momento da gravação e/ou de acordo com a intenção dos músicos, aceito de bom grado se o album me chega na forma de vinil, cassete, CD ou outro formato digital.
A intenção é apreciar a música com a maior riqueza acustica possível - os meus ouvidos agradecem e o prazer eleva-se.

Em pleno ano de 2019 (e coisa que já não é recente), vejo vários dos meus albums favoritos a ser reeditados em vinil quando as suas gravações foram em digital. Ora se a gravação foi digital não faria mais sentido gravarem HDCD's ou SACD's em vez de vinil com o intuito de reproduzir o mais fielmente a gravação?

No que me diz respeito prefiro as gravações em analógico e sinto que realmente há uma riqueza maior em comparação com o digital. Se houver escolha entre CD ou disco de vinil a partir de uma gravação analógica - escolho o disco de vinil. Mas se a gravação é digital qual é o ganho? Se a gravação é digital não é preferível manter o meio de reprodução digital, o CD?
Para quem como eu tem e gosta das cassetes há sempre a escolha, e o processo criativo, de passar um CD para cassete para lhe dar a tal transformação analógica e a tal sonoridade que a acompanha. Mas o meio original mantém a musica intacta.

No século XXI temos toda a capacidade tecnológica para produzir gravadores de fita com igual qualidade ou superior, e preços certamente inferiores aos do milénio passado. Não há qualquer dificuldade no processo mas simplesmente não há quem o queira fazer. Gravar no estúdio também as fitas em paralelo com o digital. Não custa nada e é um favor que fazem a si próprios e a nós.
Isso obrigaria também os musicos e cantores a tocar melhor, a esforçarem-se mais, mas sobretudo a deixar a componente humana na fita. Sem adornos nem correção de erros.

Mas as coisas não são assim.
Resta-me ir à worten comprar uma reedição remasterizada do Tom Waits em vinil e fazer figas para soar melhor do que o CD...

Boas audições,

Ready!

As gravações digitais são "perfeitas" mas os nossos ouvidos gostam mais das "imperfeições" geradas pelos dispositivos analógicos. E há um mercado importante em que as pessoas ouvem em vinil sem se importarem minimamente se foi tudo gravado digitalmente. O mercada é que orienta estas coisas.
Nós gostamos todos de bacalhau, estamos de acordo. Mas depois cada um gosta da sua maneira diferente de saborear a mesma coisa, seja à Brás ou à Zé do Pipo. .

galvaorod escreveu:

As gravações digitais são "perfeitas" mas os nossos ouvidos gostam mais das "imperfeições" geradas pelos dispositivos analógicos. E há um mercado importante em que as pessoas ouvem em vinil sem se importarem minimamente se foi tudo gravado digitalmente. O mercada é que orienta estas coisas.
Nós gostamos todos de bacalhau, estamos de acordo. Mas depois cada um gosta da sua maneira diferente de saborear a mesma coisa, seja à Brás ou à Zé do Pipo. .  

TD124 escreveu:

ReadySetSlow escreveu:

... Em pleno ano de 2019 (e coisa que já não é recente), vejo vários dos meus albums favoritos a ser reeditados em vinil quando as suas gravações foram em digital. Ora se a gravação foi digital não faria mais sentido gravarem HDCD's ou SACD's em vez de vinil com o intuito de reproduzir o mais fielmente a gravação?

O vinilo prensado a partir de um master digital não é um fenomeno moderno e na realidade data dos finais dos anos 70. O Brothers in Arms dos Dire Straits creio que foi o primeiro album de Rock gravado em digital e muitos como eu ainda téem o vinilo original de 1985, então ele jà tém 34 anos de existência! È verdade que a reprodução do master em digital serà mais fiel por causa das limitações técnicas do formato vinilo ... mas a copia de uma gravação analogica também serà mais fiel em digital que no vinilo, por causa dessas mesmas limitações. Depois o gostar mais em digital ou em analogico jà é algo de pessoal ...

No que me diz respeito prefiro as gravações em analógico e sinto que realmente há uma riqueza maior em comparação com o digital. Se houver escolha entre CD ou disco de vinil a partir de uma gravação analógica - escolho o disco de vinil. Mas se a gravação é digital qual é o ganho? Se a gravação é digital não é preferível manter o meio de reprodução digital, o CD? ...

Mesmo se a gravação original for em digital, a transposição desta no formato analogico vai permitir de usufruir com o toque liquido e envolvente que caracterisa a leitura vinilo. Algo vai se perder objectivamente mas em contrapartida para muitos algo vai ser ganhado subjectivamente. Afinal é o "prazer da escuta" que vai ser o juiz, não é ???

No século XXI temos toda a capacidade tecnológica para produzir gravadores de fita com igual qualidade ou superior, e preços certamente inferiores aos do milénio passado. Não há qualquer dificuldade no processo mas simplesmente não há quem o queira fazer. Gravar no estúdio também as fitas em paralelo com o digital. Não custa nada e é um favor que fazem a si próprios e a nós. ...

Voçê tém parcialmente razão no que diz e é verdade que a electronica de um gravador de fita poderia ser feita hoje, melhor e muito mais barato. Jà a mecanica complexa não seria o caso pois "hoje" a electronica não custa quase nada e a mecanica tornou-se extremamente cara, e a de precisão então custa um balurdio! Mesmo feito na china, um gravador a fita de qualidade seria mais barato "relativamente", mas continuaria caro no absoluto. Uma marca alemã continua a fazer gravadores a fita e eles custam entre 10000 e 24000€ ... não são nada baratos !!!...

Mas as coisas não são assim.
Resta-me ir à worten comprar uma reedição remasterizada do Tom Waits em vinil e fazer figas para soar melhor do que o CD...

Se o seu leitor de CD's for superior ao seu sistema vinilo o CD vai soar melhor, no caso contràrio serà o formato analogico que darà mais prazer ... e se os dois sistemas forem equilibrados, talvez tenha prazer nos dois lados !!!...

São questões deste tipo que permitem manter as portas abertas e descobrir caminhos.

Depois vem o ouvir, o experimentar, para encontrar o tesouro.

Mário Franco escreveu:

São questões deste tipo que permitem manter as portas abertas e descobrir caminhos.

Depois vem o ouvir, o experimentar, para encontrar o tesouro.

Sim, é mesmo isso. Li algures, num fórum talvez, já não me lembro, que desde os anos 70 que as fábricas de discos usavam um "Delay de 8 bits" no processo de fabrico dos vinis, portando, mesmo que num estúdio, o trabalho de gravação fosse totalmente analógico, o que é pouco provável nos últimos 30-40 anos, na parte do fabrico, haveria sempre algum processo digital lá pelo meio. O melhor mesmo é esquecer isso tudo, e ouvir a música.

TD124 escreveu:

O vinilo prensado a partir de um master digital não é um fenomeno moderno e na realidade data dos finais dos anos 70. O Brothers in Arms dos Dire Straits creio que foi o primeiro album de Rock gravado em digital e muitos como eu ainda téem o vinilo original de 1985, então ele jà tém 34 anos de existência! È verdade que a reprodução do master em digital serà mais fiel por causa das limitações técnicas do formato vinilo ... mas a copia de uma gravação analogica também serà mais fiel em digital que no vinilo, por causa dessas mesmas limitações. Depois o gostar mais em digital ou em analogico jà é algo de pessoal ...

Ry Cooder's Bop till you drop is often mentioned as first digital Rock recording in 1979, and of course it was released in vinyl...

... but almost 20 years later in 1997 he is the producer of the legendary "Buena Vista Social Club" which is available on vinyl with the proud inscription on the sleeve: Cut from Original Analog Master Tapes...

galvaorod escreveu:

As gravações digitais são "perfeitas" mas os nossos ouvidos gostam mais das "imperfeições" geradas pelos dispositivos analógicos.

Os meus não.

ricardo onga-ku escreveu:

galvaorod escreveu:

As gravações digitais são "perfeitas" mas os nossos ouvidos gostam mais das "imperfeições" geradas pelos dispositivos analógicos.

Os meus não.

Pois, mas o Ricardo tem de interiorizar que há pessoas diferentes de si, que querem, e têm o direito de, continuar a ser como são

mannitheear escreveu:

... but almost 20 years later in 1997 he is the producer of the legendary "Buena Vista Social Club" which is available on vinyl with the proud inscription on the sleeve: Cut from Original Analog Master Tapes...

Listen to the static and distortion at the start of Silencio by Ibrahim Ferrer.
That series of recordings is supposed to sound vintage, low-fi, decadent like the city itself.

I went to the club last week. A bit too loud, but a great musical experience.
But I was a bit underwhelmed with La Habana, to be honest. I didn't expect it to be in such a poor state of neglect. The magic is pretty much gone in my opinion...

Sim a coloração ou a tal musicalidade das gravações dá um mar de opiniões e depende realmente do gosto de cada um.

Aproveito para tocar na questão da masterização ou da própria gravação da musica que muito mais tem que se lhe diga.
Por exemplo esta semana ouvi um album do Chris Isaak, o cantor e autor da famosa música Wicked Game do principio dos anos 90. A qualidade do som é tão boa nessa gravação que qualquer sistema brilha inevitavelmente.
Outras boas gravações são por exemplo os albuns do guitarrista Joel Xavier, que foi ele próprio produtor, e a guitarra soa muito bem no meu pobre sistema.

Mas a maioria da musica que tenho em casa, em vinil ou em CD, peca pela fraca masterização (produção?) e é aí que a qualidade do sistema que temos em casa se torna fundamental para fazer aquele som soar como deve ser.

ReadySetSlow escreveu:

a famosa música Wicked Game do principio dos anos 90

Não me lembro da qualidade do som, sei lá porquê...