Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Seg Mar 23 2020, 12:21
Estimados companheiros.
Parece que foi ontem o Y2K, mas já existem "putos" que nasceram neste século, são membros do fórum e já votam e têm carta de condução, emprego ou estão a terminar os seus estudos.
Na verdade este século já leva alguns anos...
Vamos então mostrar que os membros deste fórum ouvem música actual e não são tipos cristalizados e postar aqui o vosso TOP-5-Y2K.
Obrigado desde já pelo vosso contributo que ajuda outros a descobrirem novos sons e caminhos.
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Seg Mar 23 2020, 13:16
Não sou muito fã destas listas, desde logo porque a Arte requer tempo e o novo milénio ainda é jovem... por outro lado, sinto que muito do que hoje se cria me escapa e por isso vou acompanhar e participar, com certeza sairei a ganhar.
Um dos álbuns que merece aqui estar é:
Kamasi Washington - The Epic (2015)
A minha escolha vai ao encontro dos dias que vivemos, além de toda a materialidade, neste tempo é preciso dar largas à nossa outra face, a Espiritualidade - todos temos, é da nossa natureza.
O álbum caiu como uma pedra no charco e as ondas não se fizeram esperar. Além do "monstro" que é, The Epic ainda se tornou palco para muitos dos jovens Músicos que nele participam. Além disto, possibilitou que movimentos semelhantes recebessem mais luz e fossem vistos com olhos de ver. A "nova" cena Londrina já existia, mas parecia passar despercebida.
Pode parecer que este álbum recupera a fase dourada do Jazz Espiritual (1965/75!?!), o que não deixa de ser verdade, mas não fica a dever em nada aos gigantes... como se disse, e bem: nós somos como anões em cima de ombros de gigantes, vemos mais longe do que eles... (Bernardo de Chartres). Kamasi Washington não temeu seguir os gigantes e colocar-se em cima dos seus ombros, não temeu afirmar a necessidade de espiritualidade na Música/Arte e criou!!!
O Mundo precisa de uns abanões de tempos em tempos, estamos a viver um desses abanões e a banda sonora poderia ser The Epic... porque vamos ter a necessidade de nos pensar, de erguer e caminhar, talvez a grande mudança passe pela aceitação da nossa Natureza.
Num tempo em que se procura "desconstruir", "hiper-especializar", "dividir", alguém ousa pensar em unidade. O álbum merece o título, porque é uma abordagem a nós!
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Seg Mar 23 2020, 16:57
O Meu top cinco:
1.º
Vasto em abrangência e de tirar o fôlego em sua beleza, Illinois pode muito bem ser o álbum que anunciou Sufjan Stevens como um dos artistas mais talentosos deste jovem século.
2.º
O sentimento geral deste disco é de contemplação sombria, no espírito da saudade portuguesa - uma palavra intraduzível para muitas línguas - que expressa uma sensação de perda, de desejo, mas também de beleza e está no coração do fado . E este é o equivalente romeno, é a filosofia popular fatalista com a transitoriedade da existência em seu núcleo. É um disco imperdível.
3.º
Tanto na forma quanto no conteúdo, o Silent Shout dos The Knife é sombrio e inebriante, explorando territórios electrónicos sinistros e é ainda mais subversivo pelo fato de ainda emergir como um álbum de dança cativante. No seu todo é uma experiência emocionante, a que ninguém fica indiferente.
4.º
"English Riviera" é um mar profundo de ideias e imaginação: um mundo de sonhos distante e ilimitado, cheio de romance, nostalgia, que nos capta para aquilo que é mais importante na música - a simplicidade.
5.º
É uma das experiências musicais mais agradáveis que já tive! Este é um dos discos de rock indie mais emocionantes e energéticos que eu já ouvi. A estréia de Arcade Fire foi um clássico instantâneo assim que saiu e não é difícil dizer o porquê! Basta ouvi-lo.
Última edição por Alexandre Vieira em Qua Mar 25 2020, 21:11, editado 1 vez(es)
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 12:11
Alexandre Vieira escreveu:
... Vamos então mostrar que os membros deste fórum ouvem música actual e não são tipos cristalizados e postar aqui o vosso TOP-5-Y2K. ...
O José Miguel tém razão de dizer que a Arte requer tempo e mesmo quando considera que o milénio é ainda jovém (pudera) ... mas ném um ném outro são razões para não ter uma opinião pessoal sobre os 20 anos decorridos. A unica coisa que fica em suspenso é de saber se esta lista é uma evaluação ou uma apreciação. Não conheço tudo o que foi produzido em 20 anos no século XXI evidentemente, hà mesmo estilos que pratico pouco ou nada ... mas do que escutei e conheço, aqui vai a minha lista daqueles que penso serem candidatos para atravessar o tempo, apresentados por ordem cronologica:
Radiohead - Kid A (2000)
Num final de século aonde o rock exausto està de coma, o Kid A vai ser o medicamento que vai lhe evitar a morte cerebral. O som deste album afasta-se da zona de conforto do rock e vai buscar as asperidades de textura dos Autechre, a elegância atmosférica do Aphex Twin e o ritmo falsamente sincopado dos BOC. Esta fusão é tão conseguida que o Kid A é o melhor album de electronica feito por um grupo de rock ou o contràrio. Nesta ambiguidade apareçe uma reflexão sobre o estilo, sobre a essência e sobre o futuro do rock. Este desvio vai determinar a evolução do rock do século XXI e o seu imenso legado ainda não està devidamente compreendido ...
Joanna Newsom - Ys (2006)
Para classificar este album seria necessario inventar estilos como Folk Barroca, Folk Sinfonica, Folk Progressiva ou talvez resumir isto tudo em Folk Inteligente! Esta obra feita de cinco faixas que duram entre 7 e 16 minutos é épica pela construção e vertiginosa no resultado. As orquestrações (arranjos) atingem cimos de complexidade e elegância vestindo da melhor maneira a voz e a harpa da artista. A Joanna Newsom cria um caleidoscopio de paisagens estranhamente intimas e paradoxalmente exoticas. Uma verdadeira magia percorre esta obra alucinante que deixa o ouvinte exausto mas feliz. O album "Ys" exige um pouco de esforço do auditor mas dà em troca um universo unico e que vai maravilhar os humanos para toda a eternidade ...
Burial - Untrue (2007)
Numa época aonde a musica tenta se diversificar pela adição estilistica de novos elementos, o Burial lembra-nos que um estilo pode ser auto-suficiente. Sém nunca se afastar da mecânica do Dubstep, o "Untrue" destructura a ritmica, ocupa o espaço e transforma as texturas para criar uma obra tentacular em metamorfose permanente. Este trabalho de desintegração vai criar uma multitude de pulsações que se entrechocam, cada uma criando um bloco complexo e devastador de uma beleza arida. Um album nocturno e sombrio que jà é um caso de escola para o futuro. O Burial fala à inteligência do auditor e não ao ego e deixa no final um sentimento balsâmico para o espirito e excitante para o corpo. Uma obra que jà é um padrão ...
Portico Quartet- Isla (2009)
O jazz, quando existe, continua a fazer do novo com o velho e o que escapa a este constato não deveria se chamar jazz nmho. Os Portico Quartet téem o mérito de tentar encontrar uma outra linguagem e forma(s) abrindo esta musica aos ouvintes oriundos de outros universos. A maneira "total" de trabalhar a ritmica e a atenção dada aos silêncios criam um efeito bola de neve regojizante. Uma musica que possui a vitalidade do jazz sém cair nas exigências intectuais. Uma musica ludica que esconde a sua complexidade para melhor sublinhar os momentos recreadores. Esta atitude leva o grupo a ser um idolo dos Hipster e dos bares de rooftop ... isto é limitante para a criatividade do grupo mas indica o caracter "diferente" desta musica ...
Oneohtrix Point Never - Replica (2011)
Esta obra é simultâneamente uma Masterclass de Experimental Ambient e ao mesmo tempo uma obra visionària construida para atravessar o tempo. O Daniel Lopatin (OPN) utilisa todas as ferramentas e astucias da electronica actual para criar um puzzle sonoro aonde as colagens e samples dos anos 80 se alternam, entrechocam e fusionam num magma abstrato mas altamente expressivo. Uma doce melancolia invade o ouvinte e apesar da rigidez electronica, o equilibro tonal é suave, orgânico. Extremamente cinematografica esta obra percorre o tempo e a memoria como um scanner e deixa uma visão contrastada sobre o homém tecnologico. Uma obra de reflexão que jà é considerada um classico e posiciona o OPN como o Tarantino da musica electronica ...
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 16:14
No seguimento da minha primeira escolha, vou deixar a segunda:
Antony And The Johnsons - I Am A Bird Now (2005)
Não escondo que a Música é para mim uma das mais belas formas de Arte e uma das que consegue chegar mais longe na capacidade de comunicar a nossa Natureza. O Homem não é só corpo, assim como não é só o presente... ainda hoje a Luciana escreveu para outro fim "vamos negando o nosso Ser, afirmamos o Estar e vamos sendo"...
Antony Hegarty tem uma daquelas histórias de vida que dava um livro, um filme, ... dava isso tudo, mas também dava para criar Música e ele serviu-se da sua história e criou. Vejamos...
"One day I'll grow up, I'll be a beautiful woman One day I'll grow up, I'll be a beautiful girl One day I'll grow up, I'll be a beautiful woman One day I'll grow up, I'll be a beautiful girl But for today I am a child, for today I am a boy For today I am a child, for today I am a boy For today I am a child, for today I am a boy One day I'll grow up, I'll feel the power in me One day I'll grow up, of this I'm sure One day I'll grow up, I know a womb within me One day I'll grow up, feel it full and pure (...)"
Este álbum reúne muito do que se pode encontrar dentro da vida de Antony, desde as participações até às letras, tudo soa a biografia e, de alguma forma, a visão de futuro. É sabido que quando olhamos para o passado ou para o futuro transportamos connosco o que somos e por isso a nossa história está longe de ser algo estático. Antony quando criou For Today I Am A Boy ainda estava longe da sua transformação, mas já a pensava e não temia anunciar isso ao mundo.
Parece drama?
Esqueçam isso e pensem nisto:
Nietzsche um dia deixou-nos em metáfora as transformações que o espírito necessita passar para chegar a uma realização maior. Antony simplificou tudo isso e canta como vê a sua vida, sabe ter um fardo nas costas, uma luta contra o "dragão" para travar... uma afirmação para fazer.
Um dia este álbum estará ao lado dos de Nina Simone, Billie Holiday, Woody Guthrie, Dylan, Chico Buarque, ... porque as canções são mais do que arranjos instrumentais e a Música mais do que experimentalismos.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 16:52
José Miguel escreveu:
... porque as canções são mais do que arranjos instrumentais e a Música mais do que experimentalismos.
La musique commence là où s'arrête le pouvoir des mots ... Richard Wagner
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 17:43
TD124 escreveu:
José Miguel escreveu:
... porque as canções são mais do que arranjos instrumentais e a Música mais do que experimentalismos.
La musique commence là où s'arrête le pouvoir des mots ... Richard Wagner
Sim, a Música tem essa capacidade, ir além das palavras.
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 17:53
José Miguel escreveu:
TD124 escreveu:
José Miguel escreveu:
... porque as canções são mais do que arranjos instrumentais e a Música mais do que experimentalismos.
La musique commence là où s'arrête le pouvoir des mots ... Richard Wagner
Sim, a Música tem essa capacidade, ir além das palavras.
Normalmente a instrumental
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 19:02
Alexandre Vieira escreveu:
... Normalmente a instrumental
Sim!, mas faço uma excepção para a opera . Mais a sério, não sei se o Antony vai encontrar o seu lugar na historia ao lado dos artistas que o José Miguel cita. Tenho quatro albuns dele e apòs o seu post fui re-escutar o concerto na dinamarca ... e o sentimento que jà partilhei por aqui persiste. Para mim o Antony foi um epifenômeno que apareçeu no bom sitio e no bom momento. O seu canto demasiado maneirista e os arranjos estereotipados feitos para valorisar o seu vibrato (magnifico é verdade) não me pareçem subir a rampa do tempo ném se bonificar. Ao contràrio tenho a impressão que essa melancolia foi cristalisada numa porção do espaço e do tempo e que se evaporou, como se fosse desporvida de essência propria e universal ... um epifenômeno.
Mas talvez seja o José Miguel que tém razão e seja eu que veja as coisas do lado escuro ... é perfeitamente possivel
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 19:24
Na primeira intervenção eu disse que não ligava muito a eatas listas, pois é necessário tempo para compreender e filtrar as criações.
O Homem, como espécie, ainda tem muito para evoluir, mas já se notam linhas a ser pisadas e outras ultrapasaadas. A questão de género tem crescido do ponto de vista da problematização, nem a ausência do "género" nos documentos parece escapar...
Eu não quero dizer que o Antony pensou como hoje se pensa, mas cantou o que sente... A vertente instrumental é a base perfeita para ele e as saus palavras, bem arranjada e plena de sentimento. O Tempo tem filtrado as criações e as que abordam o Homem e o problematizam tendem a resistir.
Tudo isto faz parte do meu olhar a Arte...
ps.: eu escolhi esse álbum e letra pois acredito... é difícil ouvir esse álbum e pensar que aquilo não é comunicação do "eu" pela Música.
reirato Membro AAP
Mensagens : 3642 Data de inscrição : 08/11/2010 Idade : 80 Localização : Stª Maria de Belém, Lisboa
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 19:34
TD124 escreveu:
… … … Sim!, mas faço uma excepção para a opera … … …
Também eu, do meloDRAMA se podem retirar muitas emoções da alegria ou ligeireza quase cómica até à sombria profundidade domais negro drama…
Como aqui, se os vossos browsers conseguirem desembrulhar este Ballo in Maschera de antologia, ele próprio com um drama dentro, pois um dos principais cantores, Dmitri Hvorostovsky no papel de Renato, viria a falecer nem dois anos passados sobre esta produção/gravação.
Eu sei este video é um desafio para alguns programas de PC mas vale a pena tentar!?… São três partes mas vêem encadeadas quando se abre a primeira, hay valientes!?...
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 20:32
José Miguel escreveu:
Na primeira intervenção eu disse que não ligava muito a eatas listas, pois é necessário tempo para compreender e filtrar as criações.
ps.: eu escolhi esse álbum e letra pois acredito... é difícil ouvir esse álbum e pensar que aquilo não é comunicação do "eu" pela Música.
José, isto é uma lista pessoal sém pretensão e que não muda ném o rumo das obras supracitadas e ainda menos a da Musica. Permite-nos de discutir um pouco entre nòs e de mostrar o nosso "eu". Dai que seja importante de comentar as escolhas dos outros e se necessario argumentar, pois assim nos desvendamos ainda mais. Eu estava persuadido que o Kid A seria uma escolha do Alexandre ... mas sabia que ele ia meter na lista o Illinoise e o Funeral ... ele jà tinha dito o grande apreço que tém em relação a essas obras, mas as outras três fui espreitar pois inesperadas. Da mesma maneira esperava de ti obras "espirituais" pois é o teu mood actual (jà brinquei sobre isso ) e esperava ver o Birds Requiem para ai na tua lista. Como vês o objectivo da lista não é nada de especial, fora a partilha ...
Quanto à comunicação do "eu" pela parte do Antony, não duvido ném um instante disso ... talvez seja mesmo esse o seu limite. A Arte não é feita sòmente de auto-retratos ném de auto-biografias ném mesmo de dramas interiores encenados pela musica ... senão o Skeleton Tree, o Blackstar, o Vulnicura e o Thank's for the dance teriam um lugar de destaque nesta modesta lista (coisa que mereçem todos). Felizmente que a Arte que é a Musica aborda a vida nas diferentes vertentes que ela possui, pois assim é o homém e o "eu" quando livre do seu "umbilicalismo". O Antony não tém o monopolio da autenticidade artistica e o seu canto plangente não é mais sincéro do que a distância altiva do Bowie ou o sarcasmo do Cohen, ambos face à morte. Um auto-retrato pode ser uma obra de arte eterna e a historia provou isso ... mas nesses casos o "eu" cristalisa o "tudo" e atinge assim o universal. O Antony pareçe-me não ter atingido esse patamar, posso estar errado evidentemente mas assim o sinto
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 20:34
reirato escreveu:
... Também eu, do meloDRAMA se podem retirar muitas emoções da alegria ou ligeireza quase cómica até à sombria profundidade domais negro drama…
Complétamente de acordo caro Reirato
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 21:06
TD124 escreveu:
José Miguel escreveu:
Na primeira intervenção eu disse que não ligava muito a eatas listas, pois é necessário tempo para compreender e filtrar as criações.
ps.: eu escolhi esse álbum e letra pois acredito... é difícil ouvir esse álbum e pensar que aquilo não é comunicação do "eu" pela Música.
José, isto é uma lista pessoal sém pretensão e que não muda ném o rumo das obras supracitadas e ainda menos a da Musica. Permite-nos de discutir um pouco entre nòs e de mostrar o nosso "eu". Dai que seja importante de comentar as escolhas dos outros e se necessario argumentar, pois assim nos desvendamos ainda mais. Eu estava persuadido que o Kid A seria uma escolha do Alexandre ... mas sabia que ele ia meter na lista o Illinoise e o Funeral ... ele jà tinha dito o grande apreço que tém em relação a essas obras, mas as outras três fui espreitar pois inesperadas. Da mesma maneira esperava de ti obras "espirituais" pois é o teu mood actual (jà brinquei sobre isso ) e esperava ver o Birds Requiem para ai na tua lista. Como vês o objectivo da lista não é nada de especial, fora a partilha ...
Quanto à comunicação do "eu" pela parte do Antony, não duvido ném um instante disso ... talvez seja mesmo esse o seu limite. A Arte não é feita sòmente de auto-retratos ném de auto-biografias ném mesmo de dramas interiores encenados pela musica ... senão o Skeleton Tree, o Blackstar, o Vulnicura e o Thank's for the dance teriam um lugar de destaque nesta modesta lista (coisa que mereçem todos). Felizmente que a Arte que é a Musica aborda a vida nas diferentes vertentes que ela possui, pois assim é o homém e o "eu" quando livre do seu "umbilicalismo". O Antony não tém o monopolio da autenticidade artistica e o seu canto plangente não é mais sincéro do que a distância altiva do Bowie ou o sarcasmo do Cohen, ambos face à morte. Um auto-retrato pode ser uma obra de arte eterna e a historia provou isso ... mas nesses casos o "eu" cristalisa o "tudo" e atinge assim o universal. O Antony pareçe-me não ter atingido esse patamar, posso estar errado evidentemente mas assim o sinto
Eu estou globalmente de acordo com o Paulo, a minha posição face a estas listas é apenas pessoal... Mas gosto muito desta conversa sobre as obras e acredite que não fica nada por ouvir.
Não queria dizer que o Antony é o único "autêntico", queria dizer que a autenticidade é importante e ele tem essa característica - a Música dele transporta-nos para o seu mundo... o seu mundo tem muito de semelhante ao nosso, de todos!, porque partilhamos sentimentos/emoções para lá das causas. Eu não tenho dúvidas existenciais face ao meu género, mas revejo-me na luta interna pelo ser mais próximo da ideia de "eu".
Hoje defendo este álbum e até o coloquei em paralelo com Nietszche, daqui a uns tempos poderei mudar... Mas hoje penso que a obra de Antony tem tudo para ser duradoura.
A minha lista de cinco está mais ou menos pensada, mas não incluirá Birds Requiem... Entre ontem e hoje ouvi-os (ouvimos!) todos e aconteceram animadas conversas aqui em casa. Posso adiantar que Antony e um/dois outros seriam escolhas certas da Luciana, dos outros logo falarei, mas lembro que a nossa colecção de vinil começou com a oferta (prenda simbólica minha para ela) de um álbum do Antony... E nem gira-discos tínhamos.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 22:36
José Miguel escreveu:
... mas lembro que a nossa colecção de vinil começou com a oferta (prenda simbólica minha para ela) de um álbum do Antony... E nem gira-discos tínhamos.
Nesse caso isso dà um valor simbolico suplementar a esses discos ... fazém parte da vossa historia !!!
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qua Mar 25 2020, 22:44
TD124 escreveu:
José Miguel escreveu:
... mas lembro que a nossa colecção de vinil começou com a oferta (prenda simbólica minha para ela) de um álbum do Antony... E nem gira-discos tínhamos.
Nesse caso isso dà um valor simbolico suplementar a esses discos ... fazém parte da vossa historia !!!
Nem só de razão vive o... Vivemos nós.
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qui Mar 26 2020, 09:24
José Miguel escreveu:
TD124 escreveu:
José Miguel escreveu:
... mas lembro que a nossa colecção de vinil começou com a oferta (prenda simbólica minha para ela) de um álbum do Antony... E nem gira-discos tínhamos.
Nesse caso isso dà um valor simbolico suplementar a esses discos ... fazém parte da vossa historia !!!
Nem só de razão vive o... Vivemos nós.
Mesmo!
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Qui Mar 26 2020, 18:14
Hoje não tinha pensado deixar aqui um dos cinco, mas terminei mais cedo uma das minhas tarefas e cá vai...
Opeth - Blackwater Park (2001).
O milénio ainda era recém-nascido, mal respirada, mas levou com uma tal pancada que logo se ergueu e fez grande...
Os Opeth são Suecos e apenas aponto a sua origem porque para aqueles lados o Metal é levado a sério. A banda e principalmente o grande Músico/vocalista Mikael Åkerfeldt cresceu num meio favorável, mas eles (muito mais ele!) queriam mais, desde logo porque conheciam mais.
Os três primeiros álbuns parecem esquissos produzidos por jovens que queriam dizer o que lhes ia na alma, mas assim que se abre Still Life, o quarto álbum, logo se percebe que o panorama ia mudar. A banda estava a amadurecer e começam a ouvir-se faixas mais Progressivas que lembram Música de outras décadas. Pelo meio aparecem belas canções que rasgam como o plano mais pesado, mas que o completam.
Por fim chega o tempo de Blackwater Park e a parceria com o mago Steven Wilson, esse mesmo dos Porcupine Tree... ele ajudou a produzir e pegou nos teclados. O rastilho já estava prestes a chegar ao seu destino, Steven Wilson foi o extra de oxigénio que permitiu o álbum que merece todos os créditos e reconhecimento.
O que se pode dizer mais... já tanto foi dito! Tecnicamente exemplar, escrita de qualidade, produção no ponto, controlo de todos os momentos para gerar vários sentimentos no ouvinte... a faixa que dá nome ao álbum é uma daquelas que provoca arrepios, leva-nos pelos caminhos que a imagem da capa retrata... conduz-nos a nós. (...) We have all lost it now Catching the flakes of dismay Born the travesty of man Regular pulse midst pandemonium You're plucked to the mass Parched with thirst for the wicked
Sick liaisons raised this monumental mark The sun sets forever over Blackwater Park."
Como já assisti ao vivo, apenas posso dizer que o álbum não é fruto apenas do estúdio. Senti a mudança de teclista, mas colocar alguém a fazer o trabalho criado por outros é sempre complicado. Assisti à transição de baterista e também essa foi notória... tecnicamente o actual é muito bom, mas falta-lhe o nervoso latino que tinha o Martin Lopez.
Os álbuns mais recentes evoluíram para um registo Progressivo mais próximo do que seria de esperar da evolução do género desde os 70's. Basta ouvir o Mikael Åkerfeldt para perceber a razão desta evolução, afinal todos vamos amadurecendo e ele, como criador, também experimenta isso.
Fica Blackwater Park, um daqueles álbuns que ainda hoje escuto com total prazer. Mesmo estando distante do movimento Metal, acompanho por meio dos amigos que tocam e escutam, ainda me divirto em alguns concertos.
nota: a Luciana não me deixa fechar isto sem uma referência a outro álbum dos Opeth e da parceria com o Steven Wilson... Damnation é o tal e não se pense que nasceu por acaso, já havia um largo grupo de canções, é normal serem encontradas canções no meio do aparente caos. Steven Wilson lançou a provocação, alguns membros da banda não queriam, mas avançaram, felizmente avançaram.
pedrolopes Membro AAP
Mensagens : 409 Data de inscrição : 19/03/2015 Idade : 40 Localização : Oeiras
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Sex Mar 27 2020, 15:29
Deixo aqui uma das cenas mais loucas que descobri. Os Strawberry Girls do EUA, são uma banda de prog rock moderno e são fantásticos.
É impossível arranjar os discos na Europa, apenas pelo bandcamp e dos EUA sai caríssimo.
Investiguem a discografia toda. Mas deixo aqui o mais recente deles:
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI Sex Mar 27 2020, 15:52
José Miguel escreveu:
... Por fim chega o tempo de Blackwater Park e a parceria com o mago Steven Wilson, esse mesmo dos Porcupine Tree... ele ajudou a produzir e pegou nos teclados. O rastilho já estava prestes a chegar ao seu destino, Steven Wilson foi o extra de oxigénio que permitiu o álbum que merece todos os créditos e reconhecimento. ...
Não conheço a musica dos Opeth e não escuto Metal. Sei pelos concertos que os amadores dos primeiros albuns dos Ulver (Black Metal) são aficionados dos Opeth, basta ver os t-shirts. Gostei do que escutei, mais pesado e frontal do que Ulver mas extrêmamente bem feito. As diferentes camadas melodicas sobrepõem-se e aumentam a potência invocadora desta musica aonde paira também nostalgia e sonho. Por momentos pensei aos primeiros Isis também ... grande obra !!!...
Conteúdo patrocinado
Assunto: Re: Desafio - "OS CINCO MELHORES ÁLBUNS DO SEC. XXI