Qual a razão de escutar Música?

Na semana passada voltei a ler o blog escrito por Nick Cave, para quem não sabe, deixo aqui: https://www.theredhandfiles.com/
Entre as muitas perguntas que lhe são enviadas, ele escolheu responder (mais uma vez) a uma que coloca Israel no centro da atenção. Para aqui não interessa debater a situação de Israel, antes a resposta do Músico:
“My music is not designed to reward people for good behaviour, nor do I make music to punish people for bad behaviour. My music is not conditional. It is for everybody, regardless of their actions, good or bad or otherwise. I hope my music has the capacity to advance the world in a positive direction. I say my music because I believe each musician should be afforded the respect to arrive at their own understanding of what the exact purpose of their music is. I make music in the hope that it improves matters, that it makes things better.”

A resposta parece encerrar alguma contradição, mas no fundo ela é altamente pertinente e colocou-me a pensar mais uma vez se o destino desta bela forma de Arte está a ser alcançado. Obviamente que um criador que coloca a sua criação em espaço público não pode controlar quem a ela acede, nem deve julgar quem a poderá escutar sem conhecimento de causa, mas pode criar com a tal intenção de fazer algo bom florescer.

Aqui chegado, penso no simples: para uma obra de Arte, uma canção que seja, chegar ao fim que lhe foi destinado, é necessário quem dela se ocupe.

A pergunta que dá nome ao tópico passa a ser o meu centro de reflexão, por que razão escutamos Música?

Eu escuto por dois motivos: ocupação dos tempos livres e reflexão.

Não consigo experimentar a escuta de Música de forma constante em modo reflexivo, mas como o faço com todos os alvos que procuro conhecer, mesmo quando experimento Música em modo de relaxamento acabo por ser ocupado por ideias que sei estarem presentes em cada faixa ou sou assaltado pelos pensamentos que projectei na obra.

Assim sendo, se a Música tem como princípio constituinte interagir com quem a escuta e não raras vezes promover um mundo melhor e mais consciente/reflexivo, por que acontece tanta gente andar acompanhado de Música e ela não produzir efeito?

A Música desde tempos antigos é usada para ligar o Homem ao meio e a si mesmo, seja pela forma de transmissão de conhecimento (poesia e música acabam por facilitar a transmissão de conhecimento pela oralidade), seja pela forma de aprofundamento de conhecimento (reflexão para lá das palavras). Vários campos foram tocados pela Música, desde o espiritual ao sócio-político, dos sentimentos aos conflitos entre gerações ou nações, dos valores utópicos às realidades distópicas.

Por que escutamos Música enquanto pergunta também me apareceu na mente depois de...

Na semana passada, ao ver a entrevista a António Barreto (não a vou comentar, pode ser vista aqui: https://www.rtp.pt/programa/episodios/tv/p39545), apanhei a referência a uma cantata de Bach: Ich habe genug (que António Barreto traduz livremente para “Já tenho o suficiente”).

Como é hábito, sempre que algo me toca eu vou procurar com calma o que posso aprender sobre isso. Neste caso fui escutar a cantata e procurar a sua letra. Assim que cheguei à parte de recitação/recitativo vi isto:
(…) “It is enough.
My one consolation is this:
That I am Jesus’ beloved and he is mine.
In faith, I hold him.
For in Simeon, I already see
The joy of life to come.
Let us go forth with Simeon!
Ah! if only the Lord
Would free me from my body’s enslavement;
Ah! if indeed my liberation were soon,
With joy I would say to you, O World,
It is enough. (…)”

A cantata parece retirada de um livro de Platão, “o corpo é a prisão do espírito” já dizia o Grego. É verdade que tendemos a atribuir ao corpo (metaforicamente) os males que nos assaltam, os desejos descontrolados. O espírito, esse, parece condenado ao que o “outro” lhe dita, pobre espírito.
É caso para dizer que nenhum deus poderá salvar um espírito que se condena a ser secundário, mesmo aos ditames dos deuses. Espírito é sinónimo de razão e quem a não exercita, acaba mesmo sob os ditames do que não compreende.

A Música parece dizer-nos tanto e tão pouco, para que a escutamos?
Quero acreditar que será para bem mais do que justificar a existência das traquitanas que ocupam as nossas salas.

José Miguel escreveu:

... Aqui chegado, penso no simples: para uma obra de Arte, uma canção que seja, chegar ao fim que lhe foi destinado, é necessário quem dela se ocupe.

A pergunta que dá nome ao tópico passa a ser o meu centro de reflexão, por que razão escutamos Música?

Eu escuto por dois motivos: ocupação dos tempos livres e reflexão.

... A Música parece dizer-nos tanto e tão pouco, para que a escutamos?
Quero acreditar que será para bem mais do que justificar a existência das traquitanas que ocupam as nossas salas.

Olà José Miguel ... penso que o espirito sintético não seja o teu ponto forte e mais uma vez para ires de Porto a Lisboa fazes um desvio por Madrid, a viagem pode ser mais directa e ràpida 

No entanto a tua pergunta é pertinente, essencial mesmo num forum que roda à volta da Musica! Tomei o tempo necessario a responder com o recuo necessario para ser o màximo honesto e concreto. Para começar, não sei qual é o destino da musica, não sou artista, e penso que os destinos sejam multiplos e a musica pode ser muito bem um dominio manipulador ou elevador, depende da musica, da sua intenção primeira e por natureza de quém a faz...

Abordaste um blog que desconhecia e que não fui ver, o pensar dos artistas não me interessa, no entanto creio possuir toda a discografia do Nick Cave e é um dos musicos como o Springsteen, Waits ou Wyatt que aprecio muito. No entanto, estou muitas vezes em desacordo com as "ideias" que ele transmite nas suas canções ... mas como sou adulto e na medida do possivel lucido não baralho as coisas. Ele tém direito de dizer o que pensa e mesmo quando não estou de acordo lutarei para que ele o possa dizer ... mas não sou obrigado a estar de acordo! O que digo justifica que tenha dito vàrias vezes neste espaço que quando a palavra se junta à Musica ... esta ultima começa a perder o seu sentido primeiro, ela torna-se simples e uma arte menor como dizia o Serge Gainsbourg...

Dito isto, posso dizer que a Musica permite-me uma evasão sensorial, ela transporta-me para uma dimensão paraléla à da realidade. Ela faz-me viajar em direção de horizontes singulares que sò existém nesse espaço, ela alimenta-me o espirito e o corpo ... procura-me sensações singulares dos quais seria orfão sém ela. A Musica multiplica ou atenua as minhas sensações e cria a diagonal que vai das làgrimas até ao rir...

Visto como jà disse que não gosto das palavras na Musica ... quando escrevo a musica em majusculo falo da musica sém palavras globalmente, mesmo se gosto de Opera. A musica que me toca obriga a uma iniciação e à compreensão dos simbolos pela qual ela se exprime, é mais austera e cerebral na aparência mas os sentimentos que ela me evoca são mais autênticos. A Musica é então para mim, a vàlvula de descompressão da realidade e a porta de acesso a um novo universo sensorial ... por isso a escuto e tenho necessidade dela. Voilà brevemente a coisa 

Eu para ir do Porto a Lisboa não sigo por Madrid, mas é verdade que faço uma viagem fora das auto-estradas, com paragens e, por isso, mais lenta.

Eu poderia chegar aqui e colocar apenas a pergunta ou uma imagem que não me pertence a servir de introdução à pergunta, mas a pergunta surgiu novamente pelos motivos que partilhei - está tudo no caminho a direito, mas requer paragens.

Sobre a pergunta e possíveis respostas, para mim não há certo ou mais certo, há lugar à partilha. Os exemplos que usei aparecem por se terem cruzado comigo, não creio que o Nick Cave esteja mais correcto na sua forma de pensar do que um Músico que crie apenas por dinheiro ou para conquistar umas raparigas. Bach não foi usado para fazer a apologia de um deus ou religião qualquer, mas essa cantata apareceu depois de ler Nick Cave e voltou a fazer-me pensar (tenho andado a escutar algumas coisas de Bach via auscultadores e Tidal, não deixo de encontrar nas obras uma mensagem que tem imensa pertinência para lá da primeira aparência; outra que me ficou na memória foi BWV 60 O Ewigkeit, du Donnerwort).


Compreendo o que o Paulo diz sobre Música sem letra e por vezes sinto necessidade de escutar Música instrumental sem a presença de palavras. As nossas próprias palavras irão ocupar-nos, mas o som criará uma via que nos permitirá outro tipo de liberdade.

E é assim, talvez outros partilhem connosco a razão de escutarem Música, seja lá que razão e tipo de Música for - da Pop à dita erudita, o que não faltam são razões para nos sentarmos a escutar.

José Miguel escreveu:

... Bach não foi usado para fazer a apologia de um deus ou religião qualquer, mas essa cantata apareceu depois de ler Nick Cave e voltou a fazer-me pensar (tenho andado a escutar algumas coisas de Bach via auscultadores e Tidal, não deixo de encontrar nas obras uma mensagem que tem imensa pertinência para lá da primeira aparência; outra que me ficou na memória foi BWV 60 O Ewigkeit, du Donnerwort).

... o que não faltam são razões para nos sentarmos a escutar.

O Bach pelas funções que teve durante a sua vida (organista e mestre de capela) escreveu muitissimas cantatas, uma nova para cada domingo, e sempre orientadas no sentido religioso e da sua fé evidentemente. Não é a façeta do seu imenso trabalho que me toca mais (fora o oratorio para o São Mateus), mas ela é o reflecto de uma época e das convições do compositor. Tenho a certeza que a leitura dessas cantatas pode abrir a porta a vàrias reflexões ... mas não busco isso na musica, busco o "extase" que porventura possa estar associado e comunicado, da mesma maneira que não escuto We Insist em pensando ao segregacionismo ou ao racismo ... esses elementos estão subentendidos mas a Musica ultrapassa-os, por isso torna-se universal e eterna...

O Stabat Mater do Pergolese (ou qualquer outro Stabat Mater) fala do sentimento de Maria que assiste à crucificação do seu filho Jesus Cristo, mas é uma paràbola sobre a dor de ser mãe ... a obra é eterna pois aborda a maior dor que possa existir que é a perda de um filho, sobretudo para uma mãe. Essa dor existerà sempre e desde a italia até ao japão, ela ultrapassa as culturas, os regimes, as religiões e o estatuto social ... é e sera sempre infinitamente actual. Existém sentimentos universais e quando a musica fala deles, então ela interessa-me e toca-me, sém isso ela permite-me de passar um bom momento simplesmente e jà é bom !!!...

Não faltam razões para sentar e escutar efectivamente ... deixo esta ultima obra que evoquei

A resposta mais intuitiva e rápida que irrompe no meu pensamento é: Ouvimos música devido a não termos o suficiente. Bach criou Ich habe Genug como prenuncio da libertação das amarras, da contemplação de uma nova vida, do afago do Criador… criou a sonofonia que envolve a própria morte.

Tudo o que existe tem um som próprio, o que nós nomeamos de silêncio também o tem. A mente trabalha com sons (as palavras são um exemplo perfeito disso) e cria através deles. Por isso, usar o que tem para transformá-lo numa mensagem rítmica e de puro deleite (ou seja, artística) é uma consequência natural.

Não ter o suficiente é um pensamento que prioriza o acto e a apreciação criativa. Alguém dizia que somos actores enquanto cá estamos e, portanto, a sonoplastia transforma a nossa longa actuação num realismo mais sentido. Precisamos da música para nos exprimirmos, para escavar fundo, respirar intensamente, potenciar a alegria e a dor… A música transporta esta vida para um lugar extra, para uma sensação além…

Ouvimos música porque ela nos provoca, atiça a nossa quietude, leva-nos com ela…

Observo muitas vezes as crianças a ouvir música em cenários mais confinados… O corpo embala e perdem a noção de onde estão. Deixam-se ir.

Nós quantas vezes nos envolvemos e deixamos o corpo e a mente ir ao som de uma música? Saímos do lugar… vamos apenas... encontrar o que não temos em acto.

Eu não gosto de música. Pensando bem, percebo o motivo.

José Miguel escreveu:

... o que não faltam são razões para nos sentarmos a escutar.

Luciana Silva escreveu:

... Eu não gosto de música. Pensando bem, percebo o motivo.

Estàs enganado ... eis a prova 

TD124 escreveu:

José Miguel escreveu:

... o que não faltam são razões para nos sentarmos a escutar.

Luciana Silva escreveu:

... Eu não gosto de música. Pensando bem, percebo o motivo.

Estàs enganado ... eis a prova 

Com essa o Paulo fez-me pensar nisto:


A lançar flores sobre os nossos felizes desencontros.

Escutar música pressupõe intenção, envolvimento, entrega. É mais do que entretenimento. Comovimento?

Em tempos recebi este livro de presente; o tema é o deste tópico, razões para escutar Música.
Não é um grande livro mas é um bom catalisador.



https://www.bertrand.pt/livro/se-beethoven-pudesse-ouvir-me-ramon-gener/19276833

ricardo onga-ku escreveu:

Escutar música pressupõe intenção, envolvimento, entrega. É mais do que entretenimento. Comovimento?

Esse tipo de escuta vai ao encontro da Música, quando a procuramos e a queremos compreender para lá do conjunto de sons, quando queremos seguir com ela sabendo que ela nos pode realmente levar. Contudo eu compreendo bem o que a Luciana disse, pois claro, que vai no sentido da Música que nos conquista sem nós fazermos por isso.

Para este segundo momento talvez seja necessária abertura e sensibilidade, as crianças em particular são verdadeiras esponjas e absorvem muito do meio, nós adultos vamos perdendo essa característica... talvez por isso se espere chegar rapidamente ao destino, sem noção da perda que o ganho de tempo implica.

Como duas faces de uma mesma moeda, essas duas formas de ser tocado pela Música estão ligadas. Como alguém dizia um destes dias, se ela fizer parte da nossa formação passaremos a ser mais atentos ao que ela é e nos diz, mesmo de forma inconsciente.

José Miguel escreveu:

ricardo onga-ku escreveu:

Escutar música pressupõe intenção, envolvimento, entrega. É mais do que entretenimento. Comovimento?

Esse tipo de escuta vai ao encontro da Música, quando a procuramos e a queremos compreender para lá do conjunto de sons, quando queremos seguir com ela sabendo que ela nos pode realmente levar. Contudo eu compreendo bem o que a Luciana disse, pois claro, que vai no sentido da Música que nos conquista sem nós fazermos por isso.

Para este segundo momento talvez seja necessária abertura e sensibilidade, as crianças em particular são verdadeiras esponjas e absorvem muito do meio, nós adultos vamos perdendo essa característica... talvez por isso se espere chegar rapidamente ao destino, sem noção da perda que o ganho de tempo implica.

Como duas faces de uma mesma moeda, essas duas formas de ser tocado pela Música estão ligadas. Como alguém dizia um destes dias, se ela fizer parte da nossa formação passaremos a ser mais atentos ao que ela é e nos diz, mesmo de forma inconsciente.

Se a percebi bem não sei se estou plenamente de acordo com a Luciana. Sou selectivo e por isso limito a minha exposição apenas a géneros musicais que aprecio mas isso não me impede de me deixar deslumbrar, encantar, conquistar.

O autor do livro que mencionei acima treinou como cantor e defende que devemos estar activamente abertos a todos os tipos/géneros de música.
Eu concordo em teoria mas na prática existem instrumentos de cuja sonoridade eu não gosto e formas de expressão que não aprecio e, portanto, géneros que não exploro, que evito activamente.

Não sei se fico a perder, até porque a duração da nossa existência é limitada.

Também não costumo usar música como pano de fundo das minhas actividades.
Por vezes faço-o quando conduzo, embora normalmente escute rádio com programação temática não musical, ou quando estou a efectuar uma tarefa puramente mecânica que não requer envolvimento intelectual, por exemplo cozinhar ou lavar a louça ou produzir desenhos técnicos em CAD.

Não suporto música de fundo em restaurantes, lojas, supermercados.

José Miguel escreveu:

... Com essa o Paulo fez-me pensar nisto:


A lançar flores sobre os nossos felizes desencontros.  

O auto-retrato do Banksy no muro da galileia ... a melhor maneira de ofereçer flores nmho 

ricardo onga-ku escreveu:

José Miguel escreveu:

ricardo onga-ku escreveu:

Escutar música pressupõe intenção, envolvimento, entrega. É mais do que entretenimento. Comovimento?

... Para este segundo momento talvez seja necessária abertura e sensibilidade, as crianças em particular são verdadeiras esponjas e absorvem muito do meio, nós adultos vamos perdendo essa característica... 

... não sei se estou plenamente de acordo com a Luciana. Sou selectivo e por isso reduzo a minha exposição aos géneros musicais que aprecio mas isso não me impede de me deixar deslumbrar, encantar, conquistar. ...

Repito o que escrevi que foi: Dito isto, posso dizer que a Musica permite-me uma evasão sensorial, ela transporta-me para uma dimensão paraléla à da realidade. Ela faz-me viajar em direção de horizontes singulares que sò existém nesse espaço, ela alimenta-me o espirito e o corpo ... procura-me sensações singulares dos quais seria orfão sém ela. A Musica multiplica ou atenua as minhas sensações e cria a diagonal que vai das làgrimas até ao rir...

Sempre me abandonei aquando da escuta musical, ainda hoje, mas não com todos os estilos ... penso que todos partilhamos isto de maneira mais ou menos acentuada e de certeza com estilos diferentes...

TD124 escreveu:

ricardo onga-ku escreveu:

José Miguel escreveu:

ricardo onga-ku escreveu:

Escutar música pressupõe intenção, envolvimento, entrega. É mais do que entretenimento. Comovimento?

... Para este segundo momento talvez seja necessária abertura e sensibilidade, as crianças em particular são verdadeiras esponjas e absorvem muito do meio, nós adultos vamos perdendo essa característica... 

... não sei se estou plenamente de acordo com a Luciana. Sou selectivo e por isso reduzo a minha exposição aos géneros musicais que aprecio mas isso não me impede de me deixar deslumbrar, encantar, conquistar. ...

Repito o que escrevi que foi: Dito isto, posso dizer que a Musica permite-me uma evasão sensorial, ela transporta-me para uma dimensão paraléla à da realidade. Ela faz-me viajar em direção de horizontes singulares que sò existém nesse espaço, ela alimenta-me o espirito e o corpo ... procura-me sensações singulares dos quais seria orfão sém ela. A Musica multiplica ou atenua as minhas sensações e cria a diagonal que vai das làgrimas até ao rir...

Sempre me abandonei aquando da escuta musical, ainda hoje, mas não com todos os estilos ... penso que todos partilhamos isto de maneira mais ou menos acentuada e de certeza com estilos diferentes...

Abandono, evasão. Sim, acho que serve.

ricardo onga-ku escreveu:

Se a percebi bem não sei se estou plenamente de acordo com a Luciana. Sou selectivo e por isso limito a minha exposição apenas a géneros musicais que aprecio mas isso não me impede de me deixar deslumbrar, encantar, conquistar.

(...)

Também não costumo usar música como pano de fundo das minhas actividades.
Por vezes faço-o quando conduzo, embora normalmente escute rádio com programação temática não musical, ou quando estou a efectuar uma tarefa puramente mecânica que não requer envolvimento intelectual, por exemplo cozinhar ou lavar a louça ou produzir desenhos técnicos em CAD.

Não suporto música de fundo em restaurantes, lojas, supermercados.

Ricardo, referi apenas a minha tendência de olhar para a música como um meio de nos transcender, de nos encaminhar para lugares não explorados de outra forma. Para mim a principal função da música é exponenciar e revelar o mais primário que há em nós. A música leva-nos para o desconhecido...

Perdemos alguma espontaneidade com o avançar da idade, mas o que a música provoca nas crianças (elas deambulam, embalam-se fora de meio, ao ritmo do som) também provoca em nós. Não gosto de música porque ela coloca-me, não raras vezes, em caminhos tortuosos... Por exemplo, a música clássica faz-me verter lágrimas, cresce dentro de mim a ponto de me abanar. Não a posso ouvir muitas vezes.
Refiro sempre que a musica pode ser aquele clique que nos faz passar para outra margem... para o delírio!

Ouço poucos estilos musicais e sou muito mais fechada do que o José, tolero pouco a música.  
Todas as minhas actividades essenciais são desenvolvidas com o máximo de quietude possível, sem música de fundo. Ela perturba-me, desfoca-me, então prefiro os ruídos do ambiente.

TD124 escreveu:

Repito o que escrevi que foi: Dito isto, posso dizer que a Musica permite-me uma evasão sensorial, ela transporta-me para uma dimensão paraléla à da realidade. Ela faz-me viajar em direção de horizontes singulares que sò existém nesse espaço, ela alimenta-me o espirito e o corpo ... procura-me sensações singulares dos quais seria orfão sém ela. A Musica multiplica ou atenua as minhas sensações e cria a diagonal que vai das làgrimas até ao rir...

Sempre me abandonei aquando da escuta musical, ainda hoje, mas não com todos os estilos ... penso que todos partilhamos isto de maneira mais ou menos acentuada e de certeza com estilos diferentes...

A música permite-nos exponenciar a realidade, dar-lhe mais cor e intensidade e, em consequência disso, ultrapassa-a e leva-nos para outra dimensão. É verdade o que diz.
E é por isso que fujo dela.    

Luciana Silva escreveu:

ricardo onga-ku escreveu:

Se a percebi bem não sei se estou plenamente de acordo com a Luciana. Sou selectivo e por isso limito a minha exposição apenas a géneros musicais que aprecio mas isso não me impede de me deixar deslumbrar, encantar, conquistar.

(...)

Também não costumo usar música como pano de fundo das minhas actividades.
Por vezes faço-o quando conduzo, embora normalmente escute rádio com programação temática não musical, ou quando estou a efectuar uma tarefa puramente mecânica que não requer envolvimento intelectual, por exemplo cozinhar ou lavar a louça ou produzir desenhos técnicos em CAD.

Não suporto música de fundo em restaurantes, lojas, supermercados.

Ricardo, referi apenas a minha tendência de olhar para a música como um meio de nos transcender, de nos encaminhar para lugares não explorados de outra forma. Para mim a principal função da música é exponenciar e revelar o mais primário que há em nós. A música leva-nos para o desconhecido...

Perdemos alguma espontaneidade com o avançar da idade, mas o que a música provoca nas crianças (elas deambulam, embalam-se fora de meio, ao ritmo do som) também provoca em nós. Não gosto de música porque ela coloca-me, não raras vezes, em caminhos tortuosos... Por exemplo, a música clássica faz-me verter lágrimas, cresce dentro de mim a ponto de me abanar. Não a posso ouvir muitas vezes.
Refiro sempre que a musica pode ser aquele clique que nos faz passar para outra margem... para o delírio!

Ouço poucos estilos musicais e sou muito mais fechada do que o José, tolero pouco a música.  
Todas as minhas actividades essenciais são desenvolvidas com o máximo de quietude possível, sem música de fundo. Ela perturba-me, desfoca-me, então prefiro os ruídos do ambiente.

Percebo melhor e concordo.
No meu caso posso dizer que não só não gosto de música de como pano fundo como também não gosto de música ambiente (género musical). Talvez as duas estejam ligadas.
Quando escuto música dedico-me exclusivamente a essa obra.
E quando leio não consigo ouvir música.

Boa tarde a todos,

Bom tópico que para aqui vai.


Como sempre a minha resposta não será tão elaborada como outras.

Eu gosto, sempre gostei de ouvir musica e os motivos são simples.
Quando ouvimos musica somos levados para outro local sem darmos por isso e com a mesma musica, dependendo da situação, contexto, humor, podemos ser levados para uma infinidade de locais.
No entanto também podemos simplesmente sair e não ir para lado nenhum.

A música tem o poder tanto de acentuar ou reduzir a intensidade do espaço e ambiente em que nos encontramos.
No fundo acho que gosto de ouvir musica, porque no final, me sinto bem ou pelo menos melhor do que antes do fazer.

Cumprimentos,
Rafael Silva

Tankado escreveu:

... No fundo acho que gosto de ouvir musica, porque no final, me sinto bem ou pelo menos melhor do que antes do fazer. ...

Caro Rafael ... não é necessario fazer uma resposta elaborada para dizer o essencial, voçê jà disse tudo

TD124 escreveu:

Tankado escreveu:

... No fundo acho que gosto de ouvir musica, porque no final, me sinto bem ou pelo menos melhor do que antes do fazer. ...

Caro Rafael ... não é necessario fazer uma resposta elaborada para dizer o essencial, voçê jà disse tudo

Eu não diria melhor, é uma excelente razão e bem explicada!

E que a Música te traga (Rafael) aqui mais vezes.