Ajuda com escolha de auscultadores

Olá a todos,

Estou a pensar comprar uns auscultadores para substituir uns Grado SR125 e em particular apostar nuns planar magnéticos.
Dentro do meu orçamento (nos 300€), tenho estes em consideração: Fostex T60 ou Monoprice Monolith M1070.

Pergunto se algum dos ouvintes deste forum já testou os auscultadores acima partilhando o que acha do seu som.

Aquilo que me chama a atenção nos Monolith M1070 é sobretudo a reputação de terem um som muito neutro e serem mais fiéis ao original em termos em timbre, tempo, etc.
No entanto a construção dos auscultadores parece-me fraca no que diz respeito a durabilidade, e nesse sentido os Fostex T60, por exemplo, parecem ser muito mais robustos e aguentarem uma vida de utilização.

Pesa apenas que, sendo o meu objetivo comprar uns auscultadores com um som bastante bom, será que os Fostex T60 têm o mesmo calibre dos Monolith?

Fora isso, acham que há outros auscultadores planares magneticos digos de consideração dentro deste orçamento?

Obrigado desde já,

Ready!

Caro ReadySetSlow,

Em primeiro lugar algumas considerações:

1. Perguntinha difícil de responder. Se já com colunas a orientação não é fácil de dar pela multiplicidade de variáveis na equação, nos headphones a coisa ainda se complica um pouco mais, pese embora, para além das características sónicas da nossa preferência há sempre uma que nunca podemos relegar para segundo plano. O Conforto

2. Parece que o mindset, já está orientado para 2 alternativas.

3. Tradicionalmente e infelizmente os auscultadores planar-magnéticos bons, tem um preço bem mais elevado que o apontado como orçamento e estas 2 alternativas....humm....

Repito, auscultadores é uma escolha extremamente pessoal mas, como conheço as duas alternativas apontadas, questiono (para meu gosto, claro) o porquê substituir os Grado SR125e por estes? Será boa opção?

Dentro do valor de orçamento, pessoalmente e a querer mudar, apontaria para os Grado SR325e, ou para os Sennheiser HD650s (não sei se ainda estão em produção), ou para os Meze 99 Classics. Estes últimos não conheço, mas tem tido bastantes elogios, por todo o lado.

Eu tenho uns Grado SR60e para bater e uns Bayerdinamic DT880 pro (250 Ohm), estou satisfeitíssimo com ambos e não sinto falta de mais nada. Mas isso sou eu.

Em primeiro lugar tenho de dizer que não percebo muito de auscultadores.

Há pouco tempo estava a ponderar substituir os meus Grado 125 por uns melhores que estivessem ao nível dos meus IEMs Flare Áudio Pro.
E concluí que não é nada fácil e até desisti da ideia.

Para além da questão do preço dos auscultadores levanta-se também a questão da amplificação.

Isto para dizer que convirá levar o amp de auscultadores para testar com as diversas alternativas. Tal como nas colunas convém sempre testar em conjunto com a amplificação.

Goansipife,

Excelente observação.
Talvez eu tenha uma ideia pré-concebida que os planares magnéticos nesse patamar de preço são melhores auscultadores do que os seus pares dinâmicos.

Pessoalmente tenho dúvidas se aquilo que mais gosto são uns auscultadores mais musicais (coisa que os dinâmicos são por regra), ou a fidelidade / neutralidade.
Posto isto nunca testei nem os planares magnéticos nem os eletrostáticos.
Sei porém que se entrarmos com estes ultimos na equação o preço sobe ainda acima dos planares.

Isto aguçou-me a curiosidade. Será que ficaria melhor servido se apostasse (apesar de não ser já) nuns eletrostáticos como os Stax no patamar dos 500-600€?
Será que uns Stax usados na gama dos 300-500€ me deixarão mais satisfeito com o resultado final?

Atenção que eu tenho um musichall modesto mas que me soa muito bem, e portanto sei que um investimento desta envergadura nuns auscultadores tem de valer a pena e durar muito tempo (os Grado 125, por exemplo, estiveram quase 20 anos comigo).

P.S. os Mezze 99 têm efetivamente muito boas avaliações; a estética não é a minha prioridade mas o que dizem do som e do conforto é muito positivo.

Radamel,

Uma boa ideia.
Tenho um DAC Beresford Caiman SEG que gosto muito e que tem amplificador para auscultadores.
Se for testar alguns levarei o DAC comigo para fazer uma avaliação de acordo com o meu sistema.

Eu sugiro uma leitura atenta das reviews de Auscultadores da ASR, são extremamente detalhadas e contém toda a informação para uma escolha acertada:
- https://www.audiosciencereview.com/forum/index.php?pages/HeadphoneReview/

Para baralhar um pouco mais, costumo seguir o site e youtube
"Mind the headphone" deixo uma pagina com um link para
um guia de headphones em pdf.

http://mindtheheadphone.com.br/2016/06/guia-mind-the-headphone-em-pdf/

ReadySetSlow escreveu:

...Estou a pensar comprar uns auscultadores para substituir uns Grado SR125 e em particular apostar nuns planar magnéticos.
...
Pesa apenas que, sendo o meu objetivo comprar uns auscultadores com um som bastante bom, será que os Fostex T60 têm o mesmo calibre dos Monolith?...

Se o seu objectivo é de comprar uns auscultadores com um som bastante bom e no patamar dos 300€ ... penso que é melhor comprar bons electrodinamicos no lugar de planares de entrada! Nessa zona de preço os planares existentes téem compromissos de fabricação que vão impactar a qualidade de restituição e não podem competir em fidelidade com bons electrodinamicos. Os Beyerdynamic DT880, AKG K702 ou Sennheiser HD650 continuam a ser exemplares de alta qualidade que podem competir com os modelos citados! Tente escutà-los e faça uma ideia por si mesmo...

Caro TD124,

Concordo com o que disse e que vem no seguimento dos outros comentários.
Estou a informar-me um pouco melhor e de facto uns dinâmicos farão mais sentido neste orçamento.

Ok, depois de alguns dias a ir lendo as avaliações, os auscultadores que me parecem mais próximos da minha preferência são os Sennheiser HD 650 e os Hifiman Sundara.

Os HD650 são abertos, dinâmicos, e têm como factores característicos a excelente qualidade dos médios no que diz respeito ao timbre dos instrumentos nessa gama de frequências. São particularmente bons para baixo e bateria (fora os pratos), e especialmente bons nas vozes e instrumentos de sopro porque, como referi, reproduzem muito bem o timbre dos médios e médios/graves. Por outro lado são menos proeminentes nos agudos e na intensidade dos sub-graves.

Os Sundara são abertos, planares, e têm como característica fundamental os excelentes agudos, em particular na velocidade com que transmitem o ataque das cordas, e são também mais completos na faixa dos graves porque têm uma curva mais plana e extensa nessas frequências, e porque soam um pouco mais fortes nos graves.
As avaliações apontam para estes auscultadores quando se trata de ouvir cordas (em especial os violinos), piano e demais instrumentos agudos. Os pratos da bateria também deverão soar melhor nos Sundara.

As avaliações que li indicam que devido as essas diferenças complementeares e não substitutas, pode-se até afirmar que uns auscultadores não substituem os outros, já que os primeiros são excelentes na gama dos médios e os segundos nos agudos e graves.
Posto isto, a minha decisão passará mais por outros fatores também importantes tais como a qualidade de construção e o conforto em audições prolongadas.

No processo equacionei também e retirei os seguintes auscultadores da gama dos 300-500 EUR da minha lista:
- Sennheiser HD 660s - porque são menos empolgantes nos agudos e tonalmente menos equilibrados do que os HD 650;
- Monolith m1070 - porque são mais poderosos nos graves e apresentam alguns picos na curva de resposta que pode torná-los fatigantes no longo prazo;
- Beyerdynamic DT 1990 - são muito bons em tudo mas favorecem os estilos modernos de musica (eletrónica e pop) uma vez que o som é mais afinado para graves e agudos deixando os médios em segundo plano - têm um som em V. Como eu ouço sobretudo musica clássica, jazz, música instrumental, soul e rock clássico os Sennheiser têm a vantagem em relação a esses auscultadores e assim não se justifica a diferença de preço (que é mais de 100€).
- Fostex T60Rp - têm surgido problemas de qualidade ciclicamente e acontece muitas vezes serem entregues com drivers que apresentam um som rasgado (chocalhar) nos sub-graves que os torna incómodos e pode até ser audível. Receber uns em excelentes condições é um sorteio e acarreta o risco de ter de os restituir e receber outros iguais.
- Meze 99 Classics - estes auscultadores estiveram em luta par-a-par com os Sennheiser mas eu li em várias avaliações (e há acordo nesse aspeto) que estes auscultadores são muito confortáveis e muito divertidos, porém não serão os mais adequados para música clássica e instrumental quando os Sennheiser, por exemplo, têm melhor separação de instrumentos e maior equilibrio tonal, que são fatores muito importantes para mim. Estou certo que iria gostar muito deles mas dado o investimento considerável acho que prefiro apostar nuns auscultadores acusticamente mais equilibrados na reprodução dos géneros de musica que mencionei.

Posto isto, pergunto se alguém do forum tem os Sundara ou os HD650 e que possa partilhar a sua experiência.
Pergunto também outra coisa. Vejo que há a possibilidade de substituir os cabos não-balanceados por cabos balanceados e que isso só é adequado quando o comprimento do cabo ultrapassa os 3m. Esta suposição está correta? E já agora, os cabos balanceados podem ser usados em qualquer amplificador ou é preciso que este tenha as saídas balanceadas?

Obrigado,

Ready!

Por acaso preciso de investir nos bons headphones e estou a seguir atentamente este tópico. Eu tenho uns já antigos HD 555. Vamos ver se existem novidades para ambos ficarmos a par...

ReadySetSlow escreveu:

... Hifiman Sundara.

Nem de propósito, saiu hoje a review no ASR:
https://www.audiosciencereview.com/forum/index.php?threads/hifiman-sundara-review-headphone.22529/

A propósito de Auscultadores, esta página contém os filtros de equalização para a obtenção de um resultado neutral, para a maior parte dos auscultadores:
- https://github.com/jaakkopasanen/AutoEq/tree/aad110b2ae899a08b08e6b9385e81e2d640d0015/results/rtings

A equalização trabalha sobre o driver de som do sistema que será Wasapi ou Asio e poderá levar a alguma perda de fidelidade.
Mas esses filtros são excelentes e irei certamente experimentar com os auscultadores que vier a comprar.
Uma ótima recomendação sem dúvida e agradeço desde já por isso.

Estando aqui a falar de digital, e não querendo aprofundar muito porque esse campo (não parecendo) também dá pano para mangas, acrescento um desafio para quem ainda não experimentou, com base neste artigo:
https://audiophilestyle.com/forums/topic/59138-subjective-comparison-of-software-music-player/#comments

Basicamente, e como já tinha falado num tópico antigo, os nossos PCs têm um caminho de sinal que irremediavelmente impossibilitam o bit perfect entre o software leitor de musica (foobar, roon, jriver, audirvana, etc) e a placa de som / DAC ligada ao PC.
Já foram feitas experiências em que se descobriu que alguns leitores tocando a partir do RAM do PC, saltam uma grande parte do processamento de som e melhoram em muito a qualidade em relação a, por exemplo, o JRiver e o Roon.

Eu já experimentei o leitor PlayPCMwin e de facto o som é muito bom.
Ainda mais fácil de usar é o muito simples Winyl (na versão portable) e que também é considerado superior ao JRiver e Roon no processamento de som.
Escolho sempre o driver Asio nas definições do Winyl, e o meu PC está ligado a um DAC Beresford Caimans SEG por TOSLINK.
Os resultados são excelentes e penso que um teste aos novos auscultadores que comprar vai fazer maravilhas seja nos Sennheiser, Hifiman ou Meze.

Ainda em relação ao porquê de querer dar um novo dono aos Grado SR125.
Estes auscultadores estiveram comigo muitos anos.
São muito agradáveis, têm um som doce nos médios e graves e são de audição fácil, de resto como devem ser os Meze também julgando pelas avaliações.
Acontece que ao fim destes anos todos sinto muita falta dos agudos e da "imagem" ou do "palco sonoro" porque de facto os Grado soam muito bem com rock clássico e soul, em que os instrumentos não se acumulam em camadas complexas como acontece na música clássica, no rock moderno, ou avantgarde.
Por exemplo, os Grado tocam muito bem os Doors, Deep Purple, Jimi Hendrix, Miles Davis, Jaco Pastorius, ou Milton Nascimento.
Já se estiver a escutar Stravinsky, Harold Budd, Carlos Paredes, Depeche Mode, Massive Attack ou até os Pink Floyd, sente-se falta de alguma coisa que tem a ver com o palco sonoro e os agudos demasiado suaves.
Nestes ultimos grupos/compositores que assinalei, ou há camadas complexas de instrumentos ou composições que são muito equilibradas desde os graves aos agudos, e neste campo os Grado não se destacam.

Para além do mais tenho uns fones simples de PC, os HyperX Cloud comprados à cinco anos, que apesar de não serem suaves e macios como os Grado nem tão musicais, têm no entanto um som muito mais completo e equilibrado (perdendo porém nos graves que são fracos). Os HyperX são acusticamente mais naturais e isso agrada-me muito.
A partir dessas constatações fui me apercebendo que nem os Grado nem os HyperX são completos, e ouvindo uma musica nuns e depois trocando sinto que ambos são bons, porém um tanto incompletos para aquilo que a música tem para dar.

Então acabarei por comprar os Sennheiser HD650, os Hifiman Sundara ou os Meze 99 Classics, e hei-de dar notícias assim que tiver umas 40 horas de audição em cima deles - para que eles também possam "abrir"  

Ready!

ReadySetSlow escreveu:

... Então acabarei por comprar os Sennheiser HD650, os Hifiman Sundara ou os Meze 99 Classics, e hei-de dar notícias assim que tiver umas 40 horas de audição em cima deles - para que eles também possam "abrir" ...

Està a falar de Can's com respectivamente 40, 300 e 32ohms e ainda por cima com duas tecnologias diferentes ... é como se estivesse a falar de colunas com 8, 60 e 7.5 ohms e ainda por cima umas de alta sensibilidade e outras de baixa, pareçe-me evidente que o amplificador ideal para umas não o serà para a outra

Nunca ouvi os Sundara mas conheço muito bem os HD650 e os Méze, ambos belos auscultadores, mas que necessitam cada um um amplificador diferente ou um amplificador capaz de cobrir essas diferenças de impedância e então (muito) mais caro do que os auscultadores dos quais està a falar...

Ler artigos é bom e pode ajudar a definir alguns modelos que possam corresponder ao seu desejo e exigências mas nada vale a escuta por si mesmo ... sém isso serà sempre uma escolha às cegas com o inconveniente no final de obter um bom produto no absoluto, mas que não funcione como poderia ou ao seu gosto...

100% de acordo.
A preferência pessoal ditará a escolha e isso não significa que os auscultadores sejam piores ou melhores. Da mesma forma que o preço mais alto pode não significar que se ficará mais satisfeito.
O amplificador que os alimentar também poderá fazer uns se salientarem e outros não, mas é um facto que os os planares vao precisar de mais corrente para tocar e não irão dar para telemóveis ou aparelhos de baixa potência.

ReadySetSlow escreveu:

Isto aguçou-me a curiosidade. Será que ficaria melhor servido se apostasse (apesar de não ser já) nuns eletrostáticos como os Stax no patamar dos 500-600€?
Será que uns Stax usados na gama dos 300-500€ me deixarão mais satisfeito com o resultado final?

A Stax for this price is difficult to find but can be a very nice solution.

Even in the Stax world, the match between amplifier (or energizer aka transformer) and headphone is the key!

I have very good memories of the Gamma Pro with SRD-X amplifier. Unfortunately I never owned it but had it for test at home. Instead I bought a Gamma Pro with SRM-1 MK2 Pro amplifier which should be better - but actually did not reach the magic and balance of Gamma Pro with SRD-X!
Instead of Gamma Pro the Lambda are more common and I heard good things about Lambda Nova Basic with SRD-X, but never listened myself.

ReadySetSlow escreveu:

...O amplificador que os alimentar também poderá fazer uns se salientarem e outros não, mas é um facto que os os planares vao precisar de mais corrente para tocar e não irão dar para telemóveis ou aparelhos de baixa potência.

Os HD650 também não vão (bem) funcionar com telemoveis e com a maioria dos amplificadores com preços atractivos ... os OTL são uma escolha interessante ou então amplificadores de alta impedância

O meu amplificador é um Denon PMA 1500 IIR.
Tem uma potência de 70W por canal a 8ohm mas no manual do aparelho não faz qualquer referência à impedância da saída dos auscultadores.
Será que este amplificador consegue alimentar os Sundara ou DT1990 Pro?

ReadySetSlow escreveu:

O meu amplificador é um Denon PMA 1500 IIR.
Tem uma potência de 70W por canal a 8ohm mas no manual do aparelho não faz qualquer referência à impedância da saída dos auscultadores.
Será que este amplificador consegue alimentar os Sundara ou DT1990 Pro?

Tém aqui neste topico as razões de utilisar amplificadores especificos com os auscultadores: Auscultadores

Boa!
Não conhecia o tópico e já lhe dei uma longa leitura que foi muito esclarecedora.

Entretanto já tive oportunidade de ouvir os Meze 99 Classics.
Achei agradáveis mas não senti que fosse um salto óbvio dos Grado Sr125.
Em parte esses auscultadores lembram a assinatura sonora dos HyperX Cloud Stinger que tenho no computador.
Os Meze são melhores, sem dúvida, mas não significativamente.
Em relação aos Grado acrescentam mais graves e mais agudos tendo um som nitidamente em V, mas prefiro o timbre dos instrumentos nos Grado e acho-os acusticamente mais fiéis ao original (ou porque são abertos e soam menos "abafados").
Mas se não tivesse os HyperX como backup, e se não tivesse passado pelos Grado recomendaria certamente os Meze a quem procurasse uns auscultadores bons.
Pessoalmente também acho que os Meze satisfazem mais quem gosta de uns graves poderosos, o que não é o meu caso.

Como qualidades aponto o facto de os Meze serem muito confortáveis (muito mesmo), e leves também. Dá para usar horas a fio.
O cabo que os acompanha também parece bom.
E finalmente, são extremamente fáceis de alimentar dada a baixa impedância.
Assim, para quem quer uns auscultadores versáteis, confortáveis e com um som forte e divertido, encontra aí uma solução.

Para mim a procura continua até encontrar uns auscultadores neutros q.b. e que sejam um salto significativo dos Grado (que entretanto já têm novo dono).

Ready!

Olá a todos,

Tomei a iniciativa de adquirir uns Hifiman Sundara.
Já lhes coloquei aprox. 40h de uso.
Comprei-os numa conhecida loja de Aveiro onde me permitiram escutar os ditos fones antes de os comprar (a título excepcional por não ser costume abrirem as caixas sem garantia de venda).
Aproveito para agradecer a disponibilidade dos gerentes que foram muito prestáveis na demonstração.

Ao fim de 2 semanas tenho algumas conclusões em relação à "assinatura sonora" dos fones e também em relação ao conforto e grau de qualidade.

Em relação à qualidade e conforto posso dizer que os fones são mediamente confortáveis a puxar para o bom.
Tanto os Grado como os Meze são mais confortáveis mas esses assentam em cima das orelhas enquanto os Sundara assentam à volta.
Como eu tenho uma cara larga os Sundara apertam um pouco e por isso não posso dizer que são excelentes em termos de conforto, mas pelo menos usam-se 2 a 3 horas por dia sem problemas. A partir daí começam a sentir-se menos confortáveis para quem como eu tem uma cara mais larga, mais redonda.
Claro que ainda só os usei perto de 40h e eles ainda se irão adaptar mais.
Em termos de qualidade de construção eles são bons e dão a impressão de durarem bastante tempo, mas há relatos nos fóruns que a tinta na zona dos extensores se gasta um pouco à medida que se esticam e encolhem os fones para quem os está sempre a guardar na caixa.

Agora o fundamental, o som!

A primeira impressão que tive foi muito diferente da que tenho agora.
É um facto que estes fones têm um período de "burn-in" em que o som passa de claro, com muito ênfase nos agudos, para neutro. Portanto na primeira audição eu achei-os imediatamente melhores do que os Grado que tinha, em relação ao timbre e quantidade de informação devolvida - os detalhes da música. Falarei mais sobre isso adiante.
Ainda assim, eles soaram particularmente agudos e quase sem graves abaixo dos 100 Hz nas primeiras 10h de audição. Eu comprei-os sabendo que mais tarde os graves iriam surgir, e que com o uso os agudos iriam ficar mais contidos de acordo com as avaliações que outros fizeram destes fones nos fóruns estrangeiros.
Assim foi, hoje os fones são neutros e reveladores.
Porém sente-se uma redução na quantidade/intensidade dos graves a partir dos 60 Hz para baixo, que não agradará a quem coloca os graves como fator preponderante no som que gosta de ouvir. Eles estão lá, mas são contidos.
Ainda em relação ao "abrir dos fones" com o uso dia após dia, direi que são uns auscultadores neutros (se não se aplicar equalização) com agudos e médios suaves mas nítidos, são também muito rápidos na resposta (que se nota muito bem no ataque das cordas) e que soam acusticamente mais realistas para quem como eu gosta muito de musica tocada sem amplificação, ao vivo.

De notar é que nas primeiras audições as membranas dos drivers estão muito presas, e por isso não se consegue ter um volume médio quando eles são ligados a uma placa de som de um PC. Depois de 20h de uso os fones já são facilmente alimentados pela saida headphones de um PC.
Também, aplicando equalização no PC - uma experiência que fiz de acordo com a recomendações do fórum AudioScienceReview - o som devolvido por estes fones torna-se muito musical. A recomendação que fazem é de subir o ganho dos sub-graves (abaixo dos 60Hz), por outro lado diminuindo a intensidade dos agudos na gama dos 6Kz (se a memória não me falha).
Estes fones soam mesmo muito bem com equalização (paramétrica) e é a primeira vez que tenho bons resultados com a equalização, visto que com os Grado, os HyperX e os Jabra que tenho a equalização distorce o som.
Nos Sundara não se sente qualquer distorção do som com equalização, e portanto eles são muito maleáveis quando tentamos resolver as poucas falhas que os drivers apresentam, manipulando o ganho nas frequências.
Também importante é referir que quando se diminui ou aumenta o volume não se nota uma perda ou ganho acentuado de graves ou agudos, nem se tem aquela sensação anasalada quando se baixa muito o volume. Os Sundara permitem audições suaves permanecendo ainda reveladores e satisfatórios.

Tentando transmitir melhor como soam estes auscultadores, aproveito também para descrever - subjetivamente - o que apreendi ao longo da audição de alguns albums que tenho.
A escolha foi em partes iguais aleatória, decidida de acordo com o que apetecia ouvir no dia, inclinada para alguma musica mais complexa em intrumentos, mas sem dar uma atenção especial a vozes como as que encontramos no smooth jazz, canto lírico, ou pop, que não são os meus géneros preferidos.

Andy McKee - Gates of Gnomeria (instrumental, guitarra)
As cordas são viciantes. É dificil fazer uma avaliação cuidada dos fones quando as cordas soam tão limpas e fáceis de escutar.
Ouve-se o album todo distraido do que se estava a fazer.
O que sobresai nestes fones são as micro-harmónicas que se ouvem perfeitamente e que até aqui só consegui ouvir ao vivo.
O roçar dos dedos nas cordas também é perfeitamente nítido.

Depeche Mode - Ultra (synth-pop ou pop rock com muitos sintetizadores)
Este album, assim como tantos outros da banda, é construído camada sob camada por instrumentos, sintetizadores e vozes.
Com os Sundara ouvi pela primeira vez o coro presente em muitas musicas que antes era um som pouco nitido, e que agora é perfeitamente separado dos outros sons que estão a acontecer nesse instante.
O guitarrista costuma fazer a segunda voz e o timbre da voz dele é muito bem definido em relação ao que o vocalista está a cantar.
Os pratos da bateria ouvem-se muito definidos e separados tal como as vozes.
Os médios e agudos são doces e os graves ganham muito com equalização neste album em particular.
O palco sonoro (imagem stereo) não é enorme mas é grande o suficiente para nos sentirmos mais perto da banda, com ela distribuida mais à nossa volta, não sendo um som íntimo que parece que vem de dentro da cabeça.
O timing / ritmo é excelente e a bateria nunca soa agressiva.
Também se nota o eco digital das vozes aplicado na produção. Nunca tinha tido essa percepção nítida do que é gravado e do que é acrescentado.

Herbie Hancock - Headhunters (jazz de fusão, funk jazz)
O ritmo é excelente. O album soa bem mas muito neutro.
A equalização aqui transforma o jazz em puro funk, forte e poderoso.
Porém desligando a equalização parece até que nos habituamos a ter graves menos proeminentes e tive até a sensação de que a pseudo-acustica manda muito na percepção que se tem do que se está a habituado a ouvir, e confunde os sentidos sobre o que é mais neutro - mais ou menos graves?
Neste album, e com estes fones dada a separação de intrumentos que eles permitem, passa-se da sensação do escutar uma banda para a sensação de um grupo de músicos individuais constantemente a construir a sua melodia em articulação com os colegas. A música deixa de ser um todo para se notar detalhadamente a soma das partes e o que elas contribuem para o todo.

Derrick Hodge - Live Today (jazz de fusão, guitarra baixo em destaque)
Soa perfeitamente bem sem equalização.
Apesar de ser um album de baixo não se sente a falta de sub-graves e tem-se até muita satisfação a ouvir as micro-harmónicas das cordas, tal como na guitarra clássica.

Pink Floyd - Live in Pompeii (rock instrumental / psicadélico)
No Echoes Part I a voz do Richard Wright tem outro ênfase. Faz-nos lembrar o quanto ele contribuiu para a construção dessa peça e a voz dele é tão fácil de escutar que se sente o empenho dele do principio ao fim.
A guitarra do David Gilmour tem uma quantidade bem vasta de texturas hipnotizante na Echoes.
Gostava de referir que este album foi gravado ao ar livre, ao vivo, mas com os Sundara a noção de escala é maior e nota-se muito bem que se está num auditório, ou grande recinto talvez pelos tais ecos paralelos ao que se está a tocar, captados pelos microfones.
Será por isso que a música tem este nome?

Gene Koshinski - Layers (orquestra, percussão)
Pura percussão. Um album que soa fantástico nestes fones.
Os vibrafones destacam-se pela cor e textura.
Espetacular. Ponto.

Nicole Willis and the Sould Investigators - Keep Reachin' Up (soul)
Curiosamente o tempo, ou melhor, o ritmo, é diferente agora do que eu conhecia antes ou talvez da percepção que tinha dele.
Isto é, o ritmo é tão bem definido, ou talvez o ataque sendo tão preciso na bateria, soa agora muito mais acústico e gravado ao vivo do que antes.
Fiquei com a impressão também que a distorção dos instrumentos tem aquele toque das válvulas e então leva-me a crer que a gravação foi feita em analógico, e também talvez a produção.
O album é mais cru, mais quente, mais elétrico.
Fiz estes comentários porque eu não tinha a mínima percepção disso antes mas estes fones são muito reveladores e destacam coisas que antes não conseguia ouvir.

Michael Jackson - Off The Wall (soul/RnB)
Este album é extremamente divertido com equalização.
Mesmo muito musical e com um ritmo R'n'B espetacular.
Posso garantir que a "Rock With You" é uma das músicas que de todas soa no seu auge com estes fones.
É viciante, e eu recomendo vivamente.

Jorge Palma - Só (piano)
Ouvem-se bem os ecos da sala de gravação, a acustica do sala, e o eco aplicado à voz do JP.
O piano soa definitivamente a Grande Piano.
Este album, nestes fones, revela o génio artístico do Jorge Palma que estava então no seu auge.
Tocado e cantado com perfeição, com perfeita cadência na melodia, excelente ritmo, e tudo sobressai na sua excelência.
O album já era bom mas agora considero-o uma obra prima da nossa música.

Xutos & Pontapés - Dados Viciados (rock)
O rock não vê nos Sundara o seu expoente.
Por um lado estes fones não realçam os sub-graves e por outro eles dão uma resposta um pouco analítica dos instrumentos.
Por isso soa um bocado estéril e neste género os Meze 99 Classics soam melhor.
- Porém!, a outra música que soa espetacular nestes fones tal como o "Rock With You" do MJ, é a "Manhã Submersa".
A paisagem sonora criada pela banda nesta gravação é tão boa, mas tão boa e tão bem conseguida, que a música dá arrepios.
Antes era "No Quarto de Candy" a minha favorita. Agora é esta, de longe.

Igor Stravinski - A Ave de Fogo (orquestra)
Para terminar em estilo.
Ouvir esta obra do princípio ao fim, sem puxar pelo volume para não se apanhar nenhum susto lá para a segunda parte, é um verdadeiro prazer.
Até aqui ouvi, ouvi e ouvi a Sagração da Primavera, mas com os Sundara já temos uma orquestra constituida por dezenas de elementos e esta obra soa agora muito melhor do que nunca pela genialidade, e eu consegui quase adormecer a ouvi-la não fossem os bombos estragar esse momento de passagem.
Sem dúvida que as orquestras soam melhor, mais definidas nestes fones.


Conclusão:
São uns fones neutros, confortáveis q.b., sem ênfase nos sub-graves, mas com médios suaves e agudos doces.
São rápidos e precisos no ritmo, reveladores de detalhe e separação de instrumentos.
Acusticamente, em relação ao timbre, são um pouco melhores do que os Grado SR 125 que tinha, mas destacam-se mesmo é nos fatores acima.

Estou satisfeito e acho que encontrei o que estava a procurar.

Ao dispor,

Ready!

ReadySetSlow escreveu:

... Conclusão:
São uns fones neutros, confortáveis q.b., sem ênfase nos sub-graves, mas com médios suaves e agudos doces.
...
Estou satisfeito e acho que encontrei o que estava a procurar.

Caro ReadySetSlow, antes de mais obrigado pelo relatorio de escuta e de vida com esses auscultadores ... é algo de raro por aqui e portanto pode ajudar os outros interessados 

Estou contente que tenha encontrado o que buscava, tal é o objectivo, e agora toca a dar-lhes trabalho e a usufruir...

Bravo