Fórum para a preservação e divulgação do áudio analógico, e não só... |
Fórum para a preservação e divulgação do áudio analógico, e não só... |
|
| Para iniciar uma aventura com áudio em casa. | |
|
+5Ruben Pinto luis lopes paulov Alexandre Vieira José Miguel 9 participantes | |
Autor | Mensagem |
---|
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015
| Assunto: Re: Para iniciar uma aventura com áudio em casa. Dom Nov 21 2021, 11:48 | |
| - TD124 escreveu:
Desculpe, tinha-me passado ao lado esta sua intervenção e agora compreendo melhor a relação que o José fez entre musicalidade e linearidade. Compreendo que voçê fassa uma interpretação pessoal da palavra (musicalidade) como o José faz e de certeza muitos outros mas... corremos o risco de nos encontrar na situação descrita pelo Lenine: Façam engolir a "palavra" e as pessoas vão acabar por engolir a "coisa"! O termo (musicalidade) utilisado no contexto do audio tém um significado bem particular e paradoxalmente, na açeitação convencional do termo, para que a musicalidade exista é necessario uma deformação, voluntaria ou não, da linearidade, entre outras coisas. A "musicalidade" é um termo que define uma "constante", uma "reçeita" ou uma "manipulação" da apresentação sonora que provoca no auditor sensações especificas... como são a luminosidade, a aeração ou a austeridade sonora...
Um Sugden A21 SE com um Garrard 301 e um par de LS3/5a serà considerado como um arquétipo da "musicalidade" pela grande maioria dos audiofilos, sém que obrigatoriamente todos apreciem esse sistema ou desejem o possuir. A "musicalidade" é quase o oposto de "realismo" e define uma apresentação sonora que "canta" bem, sém que esse "canto" seja o das sereias e obrigatoriamente nos subjuge a todos. Para resumir, e na açeitação historica do termo no audio, a "musicalidade" està em oposição flagrante com a "linearidade"... estando esta ultima em relação directa com o "realismo" ou "natural" O Paulo alerta e bem para um princípio de dominação (física pela via do vergar o intelecto), mas depois relata a inclinação de alguns como se fosse uma regra... que por acaso entra bem como exemplo do princípio que se quer evitar. Musicalidade, acredito mesmo e parti desse princípio, todos concordaremos que geralmente vai ao encontro do que descreve, mas está longe de ser uma definição factual - há concordância na observação de um comportamento, mas a definição é outra coisa. Para mim e para mais algumas pessoas o que se apelidade de musicalidade num sistema é sinónimo de algo subjectivo e não "quantificável" que se enquadra nas dependências do gosto. Estas conversas valem a pena para se compreender o fundo de significado e referência das palavras, só assim conseguimos chegar a algo que nos serve de referência. Quem se inicia não saberá onde procurar "musicalidade" nas características (não digo técnicas) de um sistema, por isso é uma qualidade complicada de descrever (para mim, claro). | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Para iniciar uma aventura com áudio em casa. Dom Nov 21 2021, 13:43 | |
| - José Miguel escreveu:
- ... Musicalidade, acredito mesmo e parti desse princípio, todos concordaremos que geralmente vai ao encontro do que descreve, mas está longe de ser uma definição factual - há concordância na observação de um comportamento, mas a definição é outra coisa. Para mim e para mais algumas pessoas o que se apelida de musicalidade num sistema é sinónimo de algo subjectivo e não "quantificável" que se enquadra nas dependências do gosto...
Na minha primeira intervenção sobre o termo "musicalidade" eu tinha-a descrito como não sendo ném uma qualidade ném um defeito... na minha ultima apresentação apareçe de uma maneira subliminal, ou entre as linhas, que ela està mais proximo de ser um defeito do que uma qualidade, mesmo se não é! Que algumas pessoas queiram ver a "musicalidade" como a meta ou o objectivo ultimo de um sistema (qualidade) ou que outras vejam nessa constante uma manipulação artificial ou o resultado de uma série de deficiências técnicas (defeito)... é a cada um de decidir e o audio é nmho por demasiado livre e permissivo desde que toca à subjectividade. Infelismente existém muito menos reflexões teoricas sobre a subjectividade no audio do que sobre a técnica o que leva a interpretações deveras pessoais sobre alguns termos e mesmo sobre as definições... portanto globalmente açeites! A "musicalidade" é antagonista do "realismo" e isso criou sempre debates e confusões e é o eixo mesmo do audio vs hifi... deixo um artigo da Stereophile que se apoia sobre um outro artigo dos anos 70 e que aborda esta velha discordia que nunca terà fim Precisão ou musicalidade (texto em ingés) Como jà repeti vàrias vezes, a musicalidade não é ném uma qualidade ném um defeito pois é um "traço de caracter" ou uma "constante"... ela não deve ser vista como "quantificavel" mas como "reconhecivel" exactamente como a "luminosidade", a "explosividade", a "lentidão" ou outros termos equivalentes, portanto "reconheciveis" com um pouco de experiência. Que estas "constantes" agradém ou não é outro problema e por demasiado vasto e vou dar um exemplo à volta da "musicalidade" que mostra a atitude de camaleão dos audiofilos à volta destas discussões complexas (basta ver o n° de aspas que ponho)... Um Garrard 301, um Lenco L75 e um Linn LP12 são aparelhos reconhecidos como "musicais" e por isso adoptados e mesmo adulados por muitos audiofilos. Os dois primeiros são "involuntariamente musicais" e o ultimo é "voluntariamente musical" pois como jà expliquei a "musicalidade" é uma deformação da linearidade que produz uma reçeita sonora que globalmente é agradavel a escutar. Penso que o que venho de dizer não é muito polémico, fora para o Linn. Portanto, e é aqui que as divergências apareçem de repente, eu sempre tratei esses aparelhos de "maus giras" e isto pode se aparentar a um paradoxo pois a "musicalidade" é agradavel, ela é mesmo "sedutora" para ser mais exacto... então como eu disse que a "musicalidade" não é um defeito, por extensão não podem ser "maus aparelhos"! Se a "luminosidade" (proeminência linear das frequências a partir dos médios agudos) não é um defeito em si... ela torna-se em "agressividade", "metalisação", "projeção sonora" e "leveza demasiada" se o nivel de proeminência for demasiado em relação às outras frequências pois a "coerência sonora" vai ser rompida. Se um aparelho, portanto reconhecido como "musical", possuir um desiquilibrio da linearidade cuja intensidade rompa audivelmente a coerência então o "realismo" (associado à fidelidade) torna-se impossivel... o termo defeito pode então ser utilizado e por extensão a caracterisação de "mau aparelho"! Tàs a ver como tudo isto é muito simples e extremamente complexo ao mesmo tempo, pois tudo é questão de proporções como na farmaceutica... a boa dose ajuda e o abuso mata PS: Muitas pessoas que falam da "musicalidade" dos aparelhos vintage em relação aos modernos estão, muitas vezes, a gabar defeitos... mas hà "defeitos" reconhecidos pela orelha como "musicais". Sei que não dei a volta ao problema e que de certeza as coisas não ficaram mais claras, ném para ti ném para os outros, mas ao menos tentei como pude de dissipar este nevoeiro... | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Para iniciar uma aventura com áudio em casa. Dom Nov 21 2021, 14:39 | |
| Paulo, para mim essa questão está clara faz tempo, pode acreditar. Muitas das nossas conversas, tópicos abertos por si, pelo Ricardo onga-ku, etc., ajudaram e de que maneira. Lembro muitas vezes a autópsia que fez por aqui, que vai ao encontro do que agora escreve. A minha estranheza com as suas primeiras mensagens veio disso mesmo, pois não disse nada contrário ao que agora leio. Quando brinquei com a sua referência a Lenine (eu tinha em memória algo semelhante dito por Bourdieu, mas poderei estar a confundir), brinquei por compreender que tantas vezes é dita uma coisa que ela acaba por ser entendida como uma "regra" (engolida): um equipamento para ser musical tem de distorcer. Não deveria ser assim, por princípio e bem entendida a palavra musicalidade, mesmo em áudio essa qualidade deveria andar de mãos dadas com fidelidade... mas eu disse que não ia virar o tópico para o lado da Educação e Aprendizagem, as referências de cada um servirão para preencher esta e muitas outras palavras. Acredite Paulo que coloquei esta questão no campo do gosto com o maior respeito e abertura (consciente), pois no campo da iniciação (sem grandes experiências portanto) o que menos convém são trincheiras e dogmas (o "gosto" está a transformar-se num dogma, pelo menos como vou vendo ser tratado, quase desligado de outros conceitos, mas no princípio temos de agarrar as pontas imediatas). Os aparelhos ditos vintage agradam a muita gente e eu conheço pessoas que gostam deles (como já partilhei), nós já gostamos... hoje ouvimos alguns sistemas e recordamos o que já tivemos, mas quer eu quer a Luciana sabemos que não é aquele o nosso caminho. Ouvimos aqui e acolá outras coisas que nos tocam mais, fomos mudando com as experiências. | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Para iniciar uma aventura com áudio em casa. Dom Nov 21 2021, 17:37 | |
| - José Miguel escreveu:
- ... o que menos convém são trincheiras e dogmas (o "gosto" está a transformar-se num dogma, pelo menos como vou vendo ser tratado, quase desligado de outros conceitos, mas no princípio temos de agarrar as pontas imediatas)...
Se conseguirmos todos fazer abstração do sentido literal da palavra "musicalidade" e açeitar que no audio o seu sentido é figurativo e desconectado do gosto, da mesma maneira que o adjectivo louro ou ruivo é desconectado da beleza... jà estamos a fazer um passo para a frente na compreensão mutua. Também, se admitir-mos que a qualidade que mais valorisa um sistema é o equilibrio entre as suas diferentes propriedades sonoras... então a "musicalidade" torna-se num adjectivo com dois gumes que pode ser uma mais valia ou um defeito! A boa utilisação e compreensão destes conçeitos pode então ser de grande ajuda para um principiante ou mesmo para os audiofilos confirmados. Pois hà algo que para mim começa a ser uma constante que é a distorção da apresentação dos sistemas num forum e a escuta desses mesmos sistemas na realidade, como se as palavras não tivessém um sentido comum. Prefiro uma pessoa que me diz abertamente que gosta dum defeito mas gosto menos quando se trata de apresentar um defeito como sendo uma qualidade. O gosto, qualquer que seja, assumido e descomplexado nunca me perturbou... | |
| | | José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
| Assunto: Re: Para iniciar uma aventura com áudio em casa. Dom Nov 21 2021, 17:46 | |
| - TD124 escreveu:
- José Miguel escreveu:
- ... o que menos convém são trincheiras e dogmas (o "gosto" está a transformar-se num dogma, pelo menos como vou vendo ser tratado, quase desligado de outros conceitos, mas no princípio temos de agarrar as pontas imediatas)...
Se conseguirmos todos fazer abstração do sentido literal da palavra "musicalidade" e açeitar que no audio o seu sentido é figurativo e desconectado do gosto, da mesma maneira que o adjectivo louro ou ruivo é desconectado da beleza... jà estamos a fazer um passo para a frente na compreensão mutua. Também, se admitir-mos que a qualidade que mais valorisa um sistema é o equilibrio entre as suas diferentes propriedades sonoras... então a "musicalidade" torna-se num adjectivo com dois gumes que pode ser uma mais valia ou um defeito! A boa utilisação e compreensão destes conçeitos pode então ser de grande ajuda para um principiante ou mesmo para os audiofilos confirmados. Pois hà algo que para mim começa a ser uma constante que é a distorção da apresentação dos sistemas num forum e a escuta desses mesmos sistemas na realidade, como se as palavras não tivessém um sentido comum. Prefiro uma pessoa que me diz abertamente que gosta dum defeito mas gosto menos quando se trata de apresentar um defeito como sendo uma qualidade. O gosto, qualquer que seja, assumido e descomplexado nunca me perturbou...
Deixo a última frase sublinhada e não poderia dizer melhor (já o disse tantas vezes por aqui!). A frase que o Paulo colocou a negrito não vai nesse sentido, como creio que compreende. edit: há um dito popular que diz "quem feio ama, bonito lhe parece", por isso quem ouve por fora terá outra experiência. | |
| | | Conteúdo patrocinado
| Assunto: Re: Para iniciar uma aventura com áudio em casa. | |
| |
| | | | Para iniciar uma aventura com áudio em casa. | |
|
Tópicos semelhantes | |
|
| Permissões neste sub-fórum | Não podes responder a tópicos
| |
| |
| |
|