Eu e os XOvers passivos

Na sequência de uma pergunta do forista Vodoo acerca do estado da minha aventura com os XOvers (originais) das B&W 801F, aqui dou conta do que tenho sofrido ao longo destes últimos tempos.

Depois de aberta a caixa do woofer, removidos os milhares de m3 de material absorvente, lá consegui, à custa dos meus tempos de contorcionista de circo, tirar a placa (tabuleiro?) do XOver para fora.


Passados cerca de quinhentos anos, acabei o desenho do esquema electrónico do bicho e, apoiado no meu espírito aventureiro, e de ignorante convencido, comecei a pensar no que fazer para melhorar o XOver. Antes de ponderar a substituição de componentes por outros mais actuais, ou ― suprema arrogância dos convencidos ― experimentar outros valores, decidi tentar suprimir algo que, no meu entender, não fosse necessário. Escudado em certas experiências ― sim porque eu sou atrevido, mas não sou burro ― atirei-me ao circuito de protecção e sem hesitações, mandei os diodos de ligação e o relay para as favas. Como não estou a utilizar as colunas em estúdio, não preciso do imenso circuito de protecção. Isto é, se derem o berro, posso esperar pela reparação. O que obviamente não aconteceria se estivesse a utilizá-las em estúdio, onde uma paragem, por mais pequena que seja, custa um balúrdio e causa um stress, perdão, uma tensão do caraças (confirmei no dicionário: stress = tensão do caraças, por vezes, do camandro).

Notei uma melhoria muito significativa, aliás antecipada, já que o circuito de protecção tem mais componentes que o próprio filtro.

Numa segunda fase decidi eliminar a equalização dos satélites, e experimentar outras alternativas. E é nesta fase que me encontro. Já experimentei com um equalizador activo, estando agora com um circuito passivo intercalado entre o pré e o amp, e actuando precisamente na zona de reprodução dos satélites.

A saga vai continuar até eu conseguir »içar« as minhas colunas principais para a sala onde agora tenho os trecos.

Irei dando notícias, quanto mais não seja darei conta da minha desistência.

Cumprimentos,

Mário

O melhor xover é o que não existe... Por isso, ao construir as minhas colunas, tive a felicidade de utilizar um que é quase inexistente. Mas aqui é essencial umas boas unidades.

Amigo Mário. Mas explique-me primeiro, o que o levou a tão desesperada atitude. As colunas não tinham um som agradável?

É uma longa história.

Estas colunas foram adquiridas com a intenção de utilizar apenas as caixas dos graves, e os respectivos altifalantes, ignorando o XOver interno, através de um XOver activo, e em conjunto com as minhas colunas principais. Acontece que depois de algumas trocas de impressões com o fabricante nos E.U.A., com o então representante no Reino Unido, e de acordo com as minhas experiências chegámos á conclusão que o ponto de corte do XOver activo ficaria nos 180Hz.
E assim foi, e assim o sistema operou durante muito tempo.

Acontece que por ironia do destino (e uns empurrões de papá), o meu filho decidiu tirar um curso de engenharia de som. Quando regressou a Portugal, obviamente quis começar a trabalhar e a hipótese de montar um estúdio apareceu de imediato. Ora como o papá estava a acabar de pagar o cacau pedido ao banco para a criancinha ter uma formação decente, xeta para o estúdio, viste-la.
Vai daí o infante teve a brilhante ideia de arrancar com o estúdio nas caves cá de casa, sendo que a minha sala de música (construída de raíz em 1979) foi, portanto ocupada.

Está a gostar da história?

Mudei-me de armas e bagagens para o piso térreo, para uma sala porreira (poucas queixas da W&F). Veio tudo para cima? Não. Os matacões ficaram na cave, à espera de um dia serem içados. O menino João um belo dia viu que eu não estava a utilizar os graves das B&W, e disse com aquele ar de chico esperto piedoso,
― Oh Pai, que pena as B&W ainda não terem ido para cima. Queres que te ajude? Mas antes gostava de as experimentar no meu estúdio ―.

E foi assim que eu fui levado.

As B&W passaram a ser os monitores principais do estúdio. Através de medições exaustivas, as 801 foram devidamente equalizadas (o melhor possível) para a sala onde estavam, e foi esse o som que nos habituamos a ouvir durante muito tempo.

A dada altura do campeonato, o menino foi para França gravar um disco, e como a ausência se antecipava prolongada, as B&W lá vieram para cima, para a nova sala de música. É claro que quando as liguei sem a equalização, a que estava habituado, ia morrendo.

E foi assim que tudo começou. E está longe de acabar.

Um abraço,

Mário

Essa tua saga é igual a muitas outras no áudio. Quantos já não passaram pela experiência de comprar umas colunas que queriam ter e depois o amp não tem "força" para elas, ou uma célula que requer outro braço, ou, ou, ou.

Mas essa tua longa história é interessante e não é só sobre a nossa paixão da música, mas também é uma saga de vida vivida. Ficamos à espera dos próximos episódios.....

"to be continued"
exige-se--

Sim, sim Caro MFernandes não julgue que se vai safar facilmente dessa odisseia


Abraço

Sensibilizado pelo acolhimento que esta minha saga mereceu da vossa parte, e a pedido desta grande família analógica (pronto Vodoo, já foste adoptado, traz lá os teus FLACs) fica desde já prometido, e para tão breve quanto possível, a continuação da história.

Entretanto e para fazer frente a eventuais despesas de publicação e desenvolvimento da história, segue abaixo o meu NIB, para V. Exas. contribuirem caritativa e carinhosamente para a caixa de esmolas deste pobre dependente.

Dedicadamente,

Mário

Isto foi só para manter o tópico em dia...

Não foi não !!!
Vamos lá a vêr se com a desculpa de postar no forum não sobram peças no final das mal empregadas B&W, e depois já estamos todos fartos que nos estejam sempre a pedir mais euros para tudo
Como tal aconselho-o a tirar antes umas fotos frontais das colunas que para o caso de elas explodirem voluntáriamente o meu Caro poder mandar imprimir uns cartões á escala de 1/1 e colocar no sistema, e assim quando postar as fotos ninguêm sabe se são as verdadeiras ou umas maquetes de cartão impresso


Grande Abraço

Ilustres foristas,

Já ontem havia novidades fresquinhas, mas com a reunião do Conselho de Administração, não houve tempo para vos pôr a par da situação. O que farei hoje, mais tarde. De momento, e depois de acordar, fazer a higiene matinal, passear 6 cães, estou pronto para comer qualquer coisinha.

Desde já vos informo que num acesso de raiva, mandei os XOvers passivos para dentro da gaveta das cuecas, e liguei um XOver activo.

Continua...

Mário

M Fernandes escreveu:

Ilustres foristas,

Já ontem havia novidades fresquinhas, mas com a reunião do Conselho de Administração, não houve tempo para vos pôr a par da situação. O que farei hoje, mais tarde. De momento, e depois de acordar, fazer a higiene matinal, passear 6 cães, estou pronto para comer qualquer coisinha.

Desde já vos informo que num acesso de raiva, mandei os XOvers passivos para dentro da gaveta das cuecas, e liguei um XOver activo.

Continua...

Mário

Calma!... Isto de misturar xovers com cuecas não acredito que resulte! Esperemos que essa fase passe depressa!