Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qua Jan 16 2013, 13:09
Luis Filipe Goios escreveu:
Thanks (again), Mr. W Bom de ler e "instrutivo", pelo menos, para mim! Isto é serviço público ou serviço AAP ?
Talvez lhe chamasse antes Serviço Comunitário AAP mas também acaba por ser um exercicio que me permite reciclar conhecimentos e recordar alguns discos que não oiço com tanta frequência.
Agradeço a todos, os comentários e a participação, mas também alguma dose de paciência para lerem crónicas tão extensas como esta última...
Mister W
Última edição por Mister W em Qua Jan 16 2013, 16:00, editado 1 vez(es)
Ulrich Membro AAP
Mensagens : 4947 Data de inscrição : 06/10/2011 Idade : 46 Localização : Aveiro
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qua Jan 16 2013, 13:58
Esta tem de ficar para logo à noite, para ser melhor digerida
Luis Filipe Goios Membro AAP
Mensagens : 10506 Data de inscrição : 27/10/2010 Idade : 66 Localização : Lanhelas - Minho
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qua Jan 16 2013, 14:58
Mister W escreveu:
Talvez lhe chamasse antes Serviço Comunitário AAP Mister W
Parece-me bem!!!
Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Dom Jan 20 2013, 13:54
Baden Powell de Aquino nasceu no dia 6 de Agosto de 1937 em Varre-e-Sai, no estado do Rio de Janeiro e com apenas sete anos começou a tocar guitarra/violão clássico. Com quatorze anos já tinha frequentado, com distinção, o conservatório do Rio de Janeiro e aos quinze iniciava a sua carreira de músico profissional. Com um inicio tão promissor como este, não seria pois de surpreender que Baden Powell já fosse um músico/compositor de renome mesmo antes de atingir os vinte anos de idade, o que constitui um feito (em qualquer área) apenas ao alcance de um número reduzido de artistas geniais.
Tiveram um papel essencial no seu desenvolvimento, para além do seu Pai (Lilo) e do seu Professor Jaime Florence, os Compositores e Poetas Vinicius de Moraes e César Camargo Pinheiro, com quem haveria, mais tarde, de participar, nomeadamente na criação de grandes clássicos da musica popular brasileira. Durante os anos 60, Powell teve uma influência determinante na música Brasileira em que primou por um espirito experimentalista e um gosto especial pelo improviso. Essas características viriam a resultar na edição de vários álbuns em que transparecem algumas influências barrocas, integradas de forma sintética nos ritmos de Samba e de Jazz. Além da grande qualidade com que estes discos eram normalmente dotados, dos mesmos sobressai também um grande trabalho de fusão entre as culturas afro-brasileiras e europeia. Atentemos então a alguns exemplos da sua obra.
Baden Powell - Tristeza on Guitar (1966, MPS) SABA Germany Gravado no Rio de Janeiro em 1966, este aclamado trabalho do virtuoso Brasileiro da Guitarra, teria obrigatoriamente que constar deste grupo de crónicas sobre a Música Popular Brasileira. "Tristeza on Guitar" foi um enorme sucesso internacional que viria a servir de base para vários concertos. Pelo seu simbolismo, destaca-se o concerto de 1967 no Berliner Jazztage onde Baden Powell foi entusiásticamente ovacionado, o que de certa forma explica o modo como tem vindo a ser admirado e respeitado por várias gerações de alemães. A partir de 1970, com vários trabalhos entretanto editados e com o recém-formado "Baden Powell Quartet", iniciou a sua primeira digressão pela Europa e Japão com os resultados a superarem as expectativas mais optimistas.
Apesar do nome, este trabalho incluí alguns temas com ritmos de Samba, portadores de uma dose considerável de alegria. No entanto, o sentimento de melancolia e tristeza está efectivamente presente em grande parte deste trabalho, justificando assim o seu nome. Este trabalho é essencialmente um excelente exercício instrumental em que Baden Powell interpreta vários temas populares adaptados a um estilo marcadamente clássico. São exemplos disso, "Saravá" ou "Manhã de Carnaval" (referido na contra-capa como Manha de Carneval). Em determinadas passagens (do Lado 2), parece estarmos perante um registo marcadamente barroco, onde se concentram vários instrumentos de cordas de uma beleza inquestionável. Baden Powell tinha de facto, a enorme capacidade de nos transportar para ambientes de extraordinária beleza e harmonia e Tristeza on Guitar é nesse aspecto, uma obra deslumbrante. Fazem igualmente parte deste trabalho ritmos e dedilhados de Bossa Nova (de outra forma, não o teríamos incluído nesta crónica...), como é o caso do registo minimalista de "Das Rosas" numa excelente interpretação a solo em que mais uma vez se comprovam os geniais atributos de Baden Powell como guitarrista. Conta com a participação de Copinha (Flauta e Agogo), Sérgio (Baixo), Alfredo Bessa (Atabaque, Guica), Amauri Coelho (Pandeiro, Atabaque), Milton Banana (Bateria, Percussão).
Baden Powell - Solitude on Guitar (1973, Sony Music Distribution) 2011, Columbia Records/CBS Holland Mais um trabalho instrumental e mais uma obra-prima da música Popular Brasileira em que Baden Powell tem um protagonismo considerável (para não dizer absoluto...). As cordas da sua guitarra, são dedilhadas com uma intensidade tal que o seu som parece ecoar por todos os cantos; e para isso contribui certamente a excelente qualidade desta recente re-edição (apesar de existirem outras, igualmente boas e até superiores). Como muitos defendem, Baden Powell não era um simples músico de Bossa Nova, mas sim o protagonista principal de uma nova sonoridade que misturava estilos Afro-Brasileiros com Samba e Jazz e é neste trabalho que essa vertente sobressai com maior intensidade. Para além disso, a confiança que Baden Powell depositava na sua guitarra, servia frequentemente para estruturar de forma clássica e com uma elevada técnica e precisão, as sonoridades marcadas pela influência do Jazz. Nesta obra, Baden Powell explorou como nunca, os limites do instrumento que o tornou numa estrela à escala mundial. Despido de arranjos ou floreados, este trabalho dá-nos conta do génio de Baden Powel numa das suas obras mais genuínas. O excelente trio que dá vida a esta obra, é constituido por: Baden Powell (guitar, vocals, arrangements); Joaquim Paes Henriques (drums) e Eberhard Weber (baixo).
O repertório de Solitude on Guitar é bastante eclético. Não se trata de um disco de grandes sucessos do Compositor, muito pelo contrário. Os temas mais populares deste trabalho são precisamente os que não são da sua autoria. Destaca-se desde logo, o primeiro tema do disco "Introdução ao Poema dos Olhos da Amada" da autoria de Vinicius de Moraes, em que Baden Powell se apresenta sozinho ao violão, na sua vertente de maior influência clássica. A transparência do som produzido é altamente contagiante e digna de um músico de enormes recursos. Outros temas se seguem, como "Chará" (da sua autoria) que primam por ritmos mais fortes e influencias essencialmente de Samba... Mas há mais. Esta obra é uma viagem por inúmeros géneros que mais do que interpretada ou descrita tem de ser ouvida e sentida. Trata-se portanto, de (mais) um disco obrigatório para quem nutre alguma admiração por este género, mas que agrada igualmente a um público mais abrangemte.
Baden Powell - Canta Vinícius de Moraes e Paolo César Pinheiro (1977, Universal Music) 2005 Universal Music France (CD) Como já foi referido, a influência de Vinicius de Moraes ("o branco mais preto do Brasil") e de Paolo César Pinheiro na carreira de Baden Powell teve um papel crucial e por isso, em determinada altura da sua carreira, este quis, em jeito de homenagem, lançar um disco, baseado nos temas dos dois Compositores.
Gravado em Paris em 1977, este é um dos seus trabalhos mais aclamadas pelo público Brasileiro, ao contrários dos anteriores que gozavam (e continuam a gozar) de um forte reconhecimento internacional e de inúmeras condecorações. Além disso, todos os temas deste trabalho são vocalizados por Baden Powell, cuja interpretação assenta numa atitude relaxada e descontraída (e com uma aparente desafinação vocal) e que é um dos aspectos mais característicos desta obra. No vasto legado discográfico de Powell existem outros projectos bastantes semelhanças a este, mas arrisco afirmar que (dentro do género) nenhum teve o mediatismo e a popularidade deste. A selecção dos temas dos dois compositores não se resume (apenas) aos seus temas de maior popularidade, mas em vez disso, são igualmente incluídos alguns temas que não apareceram com tanta regularidade nem obtiveram o grande reconhecimento de outros, o que (na minha opinião) acaba por valorizar ainda mais este trabalho. Nesta obra são "experimentadas" várias emoções através das elaboradas e requintadas letras de Vinicius de Moraes como "Labaréda", "Cavalo Marinho" ou "Linda Baiana". As letras de Paulo César Pinheiro, menos elegantes certamente, são contudo dotadas de maior expressividade e relatam com frequência as vivências da classe operária. Atente-se a temas como: "É de Lei", "Cancioneiro" ou "Falei e Disse". Este registo conta com um excelente alinhamento (humano) que, ao contrário de outros trabalhos mais intimistas, valoriza e atribui alguma variedade instrumental a grande parte dos temas que o compõem. Da formação, fazem parte: Raymond Guiot (flauta), Raymond Katarzynski (trombone), Baden Powell (guitarra, voz), Luigi Trussardi (baixo), André Arpino (bateria), Sam Kelly, Nilton Marcelino e Vilson Vasconcelos (percussão).
Receio que esta longa viagem pelas origens da Bossa Nova esteja longe de chegar ao fim e por isso mesmo, prometo daqui em diante, limitar as minhas crónicas à informação essencial (que é o que tenho tentado fazer...) e compactá-las ao máximo, dentro do possível e do aceitável. Espero que estejam a gostar.
Adeus e até ao meu regresso... se não for antes... Mister W
Rui Mendes Membro AAP
Mensagens : 3159 Data de inscrição : 17/04/2012 Idade : 53 Localização : Alfragide
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Dom Jan 20 2013, 14:20
Mais uma excelente crónica "Mister".
Vou investigar estas obras na próxima semana
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Dom Jan 20 2013, 15:33
Mister W escreveu:
Espero que estejam a gostar.
Isso lá é pergunta que se faça? Falando por mim, estou a adorar. E corroboro o que dissestes em relação a este "monstro" da musica brasileira. Dos dois ou três discos que tenho dele, partilho contigo o Baden Powell - Tristeza on Guitar (1966, MPS) SABA Germany que é realmente mel para o sentidos e bastante bem gravado.
(Gostaria ainda de referir que o nome que os pais lhe atribuíram, deve-se ao facto de eles (os pais) serem grandes fãs do fundador do escutismo e que dava pelo nome de Robert Baden Powell
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Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Dom Jan 20 2013, 15:46
António José da Silva escreveu:
Mister W escreveu:
Espero que estejam a gostar.
Isso lá é pergunta que se faça? Falando por mim, estou a adorar. E corroboro o que dissestes em relação a este "monstro" da musica brasileira. Dos dois ou três discos que tenho dele, partilho contigo o Baden Powell - Tristeza on Guitar (1966, MPS) SABA Germany que é realmente mel para o sentidos e bastante bem gravado. (Gostaria ainda de referir que o nome que os pais lhe atribuíram, deve-se ao facto de eles (os pais) serem grandes fãs do fundador do escutismo e que dava pelo nome de Robert Baden Powell http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Baden-Powell,_1st_Baron_Baden-Powell )
Ainda bem que gostas! Quanto ao nome Baden Powell creio que foi mais por influência do Pai que era um destacado Militar...
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Dom Jan 20 2013, 15:51
Mister W escreveu:
Ainda bem que gostas! Quanto ao nome Baden Powell creio que foi mais por influência do Pai que era um destacado Militar...
Não tenho a certeza, mas acho que a origem do nome vem na parte de trás da capa do disco da MPS.
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chicosta Membro AAP
Mensagens : 1076 Data de inscrição : 25/02/2012 Idade : 54
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 21 2013, 21:08
Mister W escreveu:
Baden Powell de Aquino nasceu no dia 6 de Agosto de 1937 em Varre-e-Sai, no estado do Rio de Janeiro e com apenas sete anos começou a tocar guitarra/violão clássico. Com quatorze anos já tinha frequentado, com distinção, o conservatório do Rio de Janeiro e aos quinze iniciava a sua carreira de músico profissional. Com um inicio tão promissor como este, não seria pois de surpreender que Baden Powell já fosse um músico/compositor de renome mesmo antes de atingir os vinte anos de idade, o que constitui um feito (em qualquer área) apenas ao alcance de um número reduzido de artistas geniais.
Tiveram um papel essencial no seu desenvolvimento, para além do seu Pai (Lilo) e do seu Professor Jaime Florence, os Compositores e Poetas Vinicius de Moraes e César Camargo Pinheiro, com quem haveria, mais tarde, de participar, nomeadamente na criação de grandes clássicos da musica popular brasileira. Durante os anos 60, Powell teve uma influência determinante na música Brasileira em que primou por um espirito experimentalista e um gosto especial pelo improviso. Essas características viriam a resultar na edição de vários álbuns em que transparecem algumas influências barrocas, integradas de forma sintética nos ritmos de Samba e de Jazz. Além da grande qualidade com que estes discos eram normalmente dotados, dos mesmos sobressai também um grande trabalho de fusão entre as culturas afro-brasileiras e europeia. Atentemos então a alguns exemplos da sua obra.
Baden Powell - Tristeza on Guitar (1966, MPS) SABA Germany Gravado no Rio de Janeiro em 1966, este aclamado trabalho do virtuoso Brasileiro da Guitarra, teria obrigatoriamente que constar deste grupo de crónicas sobre a Música Popular Brasileira. "Tristeza on Guitar" foi um enorme sucesso internacional que viria a servir de base para vários concertos. Pelo seu simbolismo, destaca-se o concerto de 1967 no Berliner Jazztage onde Baden Powell foi entusiásticamente ovacionado, o que de certa forma explica o modo como tem vindo a ser admirado e respeitado por várias gerações de alemães. A partir de 1970, com vários trabalhos entretanto editados e com o recém-formado "Baden Powell Quartet", iniciou a sua primeira digressão pela Europa e Japão com os resultados a superarem as expectativas mais optimistas.
Apesar do nome, este trabalho incluí alguns temas com ritmos de Samba, portadores de uma dose considerável de alegria. No entanto, o sentimento de melancolia e tristeza está efectivamente presente em grande parte deste trabalho, justificando assim o seu nome. Este trabalho é essencialmente um excelente exercício instrumental em que Baden Powell interpreta vários temas populares adaptados a um estilo marcadamente clássico. São exemplos disso, "Saravá" ou "Manhã de Carnaval" (referido na contra-capa como Manha de Carneval). Em determinadas passagens (do Lado 2), parece estarmos perante um registo marcadamente barroco, onde se concentram vários instrumentos de cordas de uma beleza inquestionável. Baden Powell tinha de facto, a enorme capacidade de nos transportar para ambientes de extraordinária beleza e harmonia e Tristeza on Guitar é nesse aspecto, uma obra deslumbrante. Fazem igualmente parte deste trabalho ritmos e dedilhados de Bossa Nova (de outra forma, não o teríamos incluído nesta crónica...), como é o caso do registo minimalista de "Das Rosas" numa excelente interpretação a solo em que mais uma vez se comprovam os geniais atributos de Baden Powell como guitarrista. Conta com a participação de Copinha (Flauta e Agogo), Sérgio (Baixo), Alfredo Bessa (Atabaque, Guica), Amauri Coelho (Pandeiro, Atabaque), Milton Banana (Bateria, Percussão).
Baden Powell - Solitude on Guitar (1973, Sony Music Distribution) 2011, Columbia Records/CBS Holland Mais um trabalho instrumental e mais uma obra-prima da música Popular Brasileira em que Baden Powell tem um protagonismo considerável (para não dizer absoluto...). As cordas da sua guitarra, são dedilhadas com uma intensidade tal que o seu som parece ecoar por todos os cantos; e para isso contribui certamente a excelente qualidade desta recente re-edição (apesar de existirem outras, igualmente boas e até superiores). Como muitos defendem, Baden Powell não era um simples músico de Bossa Nova, mas sim o protagonista principal de uma nova sonoridade que misturava estilos Afro-Brasileiros com Samba e Jazz e é neste trabalho que essa vertente sobressai com maior intensidade. Para além disso, a confiança que Baden Powell depositava na sua guitarra, servia frequentemente para estruturar de forma clássica e com uma elevada técnica e precisão, as sonoridades marcadas pela influência do Jazz. Nesta obra, Baden Powell explorou como nunca, os limites do instrumento que o tornou numa estrela à escala mundial. Despido de arranjos ou floreados, este trabalho dá-nos conta do génio de Baden Powel numa das suas obras mais genuínas. O excelente trio que dá vida a esta obra, é constituido por: Baden Powell (guitar, vocals, arrangements); Joaquim Paes Henriques (drums) e Eberhard Weber (baixo).
O repertório de Solitude on Guitar é bastante eclético. Não se trata de um disco de grandes sucessos do Compositor, muito pelo contrário. Os temas mais populares deste trabalho são precisamente os que não são da sua autoria. Destaca-se desde logo, o primeiro tema do disco "Introdução ao Poema dos Olhos da Amada" da autoria de Vinicius de Moraes, em que Baden Powell se apresenta sozinho ao violão, na sua vertente de maior influência clássica. A transparência do som produzido é altamente contagiante e digna de um músico de enormes recursos. Outros temas se seguem, como "Chará" (da sua autoria) que primam por ritmos mais fortes e influencias essencialmente de Samba... Mas há mais. Esta obra é uma viagem por inúmeros géneros que mais do que interpretada ou descrita tem de ser ouvida e sentida. Trata-se portanto, de (mais) um disco obrigatório para quem nutre alguma admiração por este género, mas que agrada igualmente a um público mais abrangemte.
Baden Powell - Canta Vinícius de Moraes e Paolo César Pinheiro (1977, Universal Music) 2005 Universal Music France (CD) Como já foi referido, a influência de Vinicius de Moraes ("o branco mais preto do Brasil") e de Paolo César Pinheiro na carreira de Baden Powell teve um papel crucial e por isso, em determinada altura da sua carreira, este quis, em jeito de homenagem, lançar um disco, baseado nos temas dos dois Compositores.
Gravado em Paris em 1977, este é um dos seus trabalhos mais aclamadas pelo público Brasileiro, ao contrários dos anteriores que gozavam (e continuam a gozar) de um forte reconhecimento internacional e de inúmeras condecorações. Além disso, todos os temas deste trabalho são vocalizados por Baden Powell, cuja interpretação assenta numa atitude relaxada e descontraída (e com uma aparente desafinação vocal) e que é um dos aspectos mais característicos desta obra. No vasto legado discográfico de Powell existem outros projectos bastantes semelhanças a este, mas arrisco afirmar que (dentro do género) nenhum teve o mediatismo e a popularidade deste. A selecção dos temas dos dois compositores não se resume (apenas) aos seus temas de maior popularidade, mas em vez disso, são igualmente incluídos alguns temas que não apareceram com tanta regularidade nem obtiveram o grande reconhecimento de outros, o que (na minha opinião) acaba por valorizar ainda mais este trabalho. Nesta obra são "experimentadas" várias emoções através das elaboradas e requintadas letras de Vinicius de Moraes como "Labaréda", "Cavalo Marinho" ou "Linda Baiana". As letras de Paulo César Pinheiro, menos elegantes certamente, são contudo dotadas de maior expressividade e relatam com frequência as vivências da classe operária. Atente-se a temas como: "É de Lei", "Cancioneiro" ou "Falei e Disse". Este registo conta com um excelente alinhamento (humano) que, ao contrário de outros trabalhos mais intimistas, valoriza e atribui alguma variedade instrumental a grande parte dos temas que o compõem. Da formação, fazem parte: Raymond Guiot (flauta), Raymond Katarzynski (trombone), Baden Powell (guitarra, voz), Luigi Trussardi (baixo), André Arpino (bateria), Sam Kelly, Nilton Marcelino e Vilson Vasconcelos (percussão).
Receio que esta longa viagem pelas origens da Bossa Nova esteja longe de chegar ao fim e por isso mesmo, prometo daqui em diante, limitar as minhas crónicas à informação essencial (que é o que tenho tentado fazer...) e compactá-las ao máximo, dentro do possível e do aceitável. Espero que estejam a gostar.
Adeus e até ao meu regresso... se não for antes... Mister W
Confesso o meu muito limitado conhecimento deste género musical (e dos outros também, LOL)! Após esta crónica e antes de atacar o eBay e outras fontes de perdição, fui 'sacar' os álbuns Tristeza on Guitar e Solitude on Guitar. Gostei muito dos dois, mas... O Tristeza on Guitar não é bom, é divinal, causou-me cá uns arrepios e levou-me ao céu!
Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Ter Jan 22 2013, 13:07
Para mudar-mos um pouco de ares e dar um pouco de beleza e encanto a este longo conjunto de crónicas, achei por bem introduzir uma artista/cantora a quem chamaram "The Queen of Bossa-Nova" e que participou em vários projectos pioneiros da Bossa-Nova, embora essencialmente como intérprete.
Sem qualquer experiência ou conhecimentos académicos de música, Astrud Gilberto tornou-se um sucesso acidental, quando participou numa sessão com Stan Getz e o seu marido João Gilberto e emprestou a sua voz frágil e doce (e a sua frágil pronúncia de Inglês) ao tema "The Girl From Ipanema". Como todos sabem, esse disco teve um sucesso tremendo (um dos mais vendidos da história do Jazz) e catapultou-a para o estrelato, embora algo prematuramente. A partir daí, tudo surgiu naturalmente e embora sem grandes conhecimentos, Astrud Gilberto foi gravando disco atrás de disco e construindo uma longa e sólida carreira, que conta actualmente com perto de 20 trabalhos, quase todos editados pela Verve. O seu estilo frágil e envolto numa atitude naif, foi sendo reconhecido, um pouco por por todo o mundo e foi ganhando admiradores ao ponto de ter contribuído para influenciar uma nova geração de artistas, que seguiram o seu estilo e adoptaram a sua forma de estar.
Contudo, os seus talentos vão para além do conhecido repertório músical. Participou em dois filmes ("The Hanged Man" e "Get Yourself a College Girl") e gravou a banda sonora de "The Deadly Affair", com arranjos de Quincy Jones. No que respeita à televisão, Astrud gozava igualmente de grande sucesso, com aparições regulares e participações nos mais consagrados programas de entertenimento nos Estados Unidos, mas também na Europa, Japão e África. De entre os trabalhos publicitários mais relevantes, destaca-se o facto de ter sido a voz da companhia aérea Eastern Airlines durante vários anos. É igualmente conhecido o seu gosto pela pintura que tem vindo a desenvolver, bem como a participação e defesa em causas humanitárias e de defesa dos animais. O trabalho de Astrud como Compositora e Escritora de canções, também começou a tomar forma com o decorrer dos anos e nos últimos trabalhos passou a ser uma certeza de que a Cantora dificilmente prescinde. O seu trabalho de 2002 de nome "Jungle" é um bom exemplo, já que conta com 10 temas originais da sua autoria.
Astrud Gilberto - The Astrud Gilberto Album (1965, Verve) - 2010, Verve EU Até ao lançamento deste álbum, Astrud Gilberto era simplesmente vista como a interprete de "The Girl of Ipanema" e mesmo após o enorme sucesso obtido pelo disco em que participou com Stan Getz, muitos duvidavam que seria capaz de lançar um disco e muito menos de iniciar uma carreira a solo. Acontece porém que, apesar de muitos duvidarem, esse disco acabou mesmo por aparecer e embora com algumas ajudas (profissionais), obteve um sucesso considerável e contrariou a ideia generalizada de que Astrud não passava de uma amadora. Como era hábito nalguns discos da época, este trabalho apresenta um som orquestrado (de fundo) ao qual se junta a secção rítmica, uma guitarra/violaão e por último, a voz de Astrud Gilberto. A produção está a cargo de Creed Taylor e o repertório é constituído por temas de Tom Jobim (alguns em parceria com Vinicius de Moraes ou com a colaboração de terceiros). Apenas o tema "And Roses and Roses" foi escrito por Ray Gilbert e Danilo Caymmi.
Este trabalho conta com temas que viriam a tornar-se grandes standards do Jazz como "Água de Beber" ou "How Insensitive" (Insensatez) entre outros. O disco acabou por ter uma excelente aceitação e era costume verem-se algumas noticias na imprensa internacional que referiam "Atrud Gilberto is no longer just The Girl From Ipanema".
Astrud Gilberto - Look To The Rainbow (1966, Verve) - Verve UK Este é o terceiro àlbum para a Verve e um dos mais importantes de Astrud Gilberto, que vinha a ganhar reconhecimento internacional e por isso o seu repertório aderia definitivamente à língua inglesa (apesar de alguma contestação dos mais puristas). Os soberbos arranjos de Gil Evans provam ser a combinação perfeita para a música (e para as limitações) de Astrud Gilberto. O famoso compositor canadiano, soube criar, de uma forma inteligente, uma sonoridade de fundo que suporta na perfeição a prestação da jovem e pouco experiente cantora. As suas capacidades para retirar o melhor dos músicos/cantores com quem trabalha, são altamente reconhecidas e respeitadas. O àlbum começa com o tema popular "Berimbau" que consiste numa boa introdução para os temas que se seguem. Esta é uma das várias versões deste tema, mas certamente uma das melhores, não só pelos arranjos refrescantes introduzidos por Bill Evans mas pelo desempenho determinado de Astrud. Num registo diferente, segue-se o standard "Once Upon a Summertime" que requer um tom mais sério e intimista e apesar da técnica da intérprete não ser brilhante, o resultado é bastante satisfatório e sobretudo, agradável. Em temas como "I Will Wait For You" sobressai de novo, a extraordinária competência de Gil Evans na orquestração e arranjos. Este tema conta com um desempenho arrepiante de John Cole no trompete. De salientar ainda "Frevo", com uma sonoridade do tipo "banda filarmónica", que resulta igualmente bem.
O tema que dá nome ao álbum é extremamente sentimental e cativante e é num registo semelhante que o resto do trabalho se desenrola, alternando entre a inocência da jovem interprete e alguns apontamentos de sedução, característicos da música Brasileira. O que Astrud não possui em termos de competências técnicas, é compensado com o seu dinamismo, presença e uma voz inconfundível.
Astrud Gilberto - With Turrentine - (1971, CTi/CBS Records) 2001, Wah Wah Records Spain Através da excelente prensagem da Wah Wah Records (sobretudo gráfica, como podem ver pelas fotos) chega-nos a re-edição de um trabalho de menor visibilidade, de uma colaboração com o saxofonista Stanley Turrentine.
Como já tinha acontecido nas participações com Stan Getz, esta parece ser mais uma obra em que Astrud Gilberto tem o mercado norte-americano como principal alvo. Contudo, ao considerarmos o curioso facto de algumas letras serem cantadas em Português, Espanhol, Italiano ou Inglês, ficamos com a ideia de que as pretensões, em termos de público-alvo, poderem ser outras. De salientar que desta re-edição aqui abordada, fazem parte dois "Bonus Tracks" ("Acercándome a Tí" e "En Tu Piel") produzidos por Manolo Díaz, pelo que, não é de estranhar que possam soar de forma diferente dos demais (produzidos por Creed Taylor). Stanley Turrentine tem um desempenho bastante convincente e ajuda claramente a manter algum do interesse, que por vezes, alguns temas parecem não ter. Apesar de tudo, este é com certeza, o disco de Astrud Gilberto que mais me tem feito mudar de opinião e do qual tenho aprendido a gostar. Se por acaso, procuram um dos trabalhos de Astrud Gilberto, recheado de temas de sucesso que se tornaram standards, posso desde já alertar-vos de que esta não é a escolha acertada. Contudo, se preferem um dos álbuns da intérprete, mais "alternativos" e possivelmente, menos divulgados, esta é certamente uma boa opção. Em termos de orquestração, não sendo um trabalho tão exuberante como os anteriores, tem igualmente um alinhamento bastante completo e para além do saxofone tenor de Turrentine, sobressaem instrumentos como a flauta, a harmónica ou o piano eléctrico. Essa será porventura, uma das mais valiosas contribuições deste trabalho, embora nem sempre reconhecida. Refiro-me à talentosa formação de que fazem parte nomes como: Hubert Laws/George Marge...(flauta), Airto Moreira/Dom Um Romão...(percussão), Ron Carter/Russell George (baixo), Toots Thielemans (harmónca), Harold Coletta (viola), George Ricci (violoncelo), Eumir Deodato (piano eléctrico) bem como um grupo de várias guitarras e violinos. Em termos de recursos nada parece ter faltado na concepção deste trabalho, gravado nos Estúdios Van Gelder e produzido por Creed Taylor.
Astrud Gilberto - This is Astrud Gilberto (1984, Verve) - Verve, West Germany Por último, uma pequena referência a um trabalho que incluí uma selecção de temas gravados entra 1963 e 1967, por Dennis James King, entre os quais se destacam os gravados com Walter Wanderley Trio. Fazem parte desta selecção 14 temas numa boa retrospectiva da carreira de Astrud Gilberto durante o periodo referido. Trata-se de uma boa opção para quem pretende ficar a conhecer uma parte considerável do repertório de Astrud Gilberto, sem no entanto, precisar de adquirir todas as suas obras a solo do mesmo período. Fazem parte, temas tão distintos como "Fly Me To The Moon", "Beach Samba", "Parade" ou "Bim Bom". O disco é iniciado com a célebre versão do tema "The Girl From Ipanema" em que Astrud contracena com João Gilberto e Stan Getz. O facto desta compilação ter o selo Verve dá-nos algumas garantias em termos de qualidade, que parece não andar longe das versões originais dos mesmos temas. Termino, mas sem antes parafrasear a Rainha da Bossa-Nova numa entrevista (creio) a uma publicação norte-americana : "... and when I'm gone, don't worry about me: I got places to go, people to see..."
O próximo desta longa lista, dá pelo nome de Luiz Floriano... o último nome já devem conhecer, senão convido-os a aguardar pela próxima crónica desta série.
Um Abraço e Boas Audições Mister W
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Jan 24 2013, 01:59
Também eu tenho algumas obras da menina e ouvem-se bem apesar de estar longe de ser das que mais gosto. E aplaudo mais uma bela descrição e dedicação da tua parte.
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The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte
Fran Membro AAP
Mensagens : 8496 Data de inscrição : 08/12/2011 Localização : Usuário BANIDO
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Jan 24 2013, 11:49
António José da Silva escreveu:
Também eu tenho algumas obras da menina e ouvem-se bem apesar de estar longe de ser das que mais gosto. E aplaudo mais uma bela descrição e dedicação da tua parte.
Só agora?! Andas a faltar "às aulas"
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Jan 24 2013, 12:42
Fran escreveu:
Só agora?! Andas a faltar "às aulas"
Eu deixo as maravilhosas crónicas do grande W para alturas de total concentração e disponibilidade dos sentidos.
Mas o que tu querias mesmo era dar umas berleitadas cá no rapaz, não era?
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Fran Membro AAP
Mensagens : 8496 Data de inscrição : 08/12/2011 Localização : Usuário BANIDO
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Jan 24 2013, 12:44
António José da Silva escreveu:
... Mas o que tu querias mesmo era dar umas berleitadas cá no rapaz, não era?
Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Jan 24 2013, 13:30
António José da Silva escreveu:
Fran escreveu:
Só agora?! Andas a faltar "às aulas"
Eu deixo as maravilhosas crónicas do grande W para alturas de total concentração e disponibilidade dos sentidos.
Mas o que tu querias mesmo era dar umas berleitadas cá no rapaz, não era?
As idas à casa-de-banho costumam ser bastante adequadas para certas leituras...
Fran Membro AAP
Mensagens : 8496 Data de inscrição : 08/12/2011 Localização : Usuário BANIDO
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Jan 24 2013, 13:33
Mister W escreveu:
António José da Silva escreveu:
... Eu deixo as maravilhosas crónicas do grande W para alturas de total concentração e disponibilidade dos sentidos ...
As idas à casa-de-banho costumam ser bastante adequadas para certas leituras...
Eh eh eh
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Jan 24 2013, 13:36
Mister W escreveu:
As idas à casa-de-banho costumam ser bastante adequadas para certas leituras...
Nunca amigo W, nunca.
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Rui Mendes Membro AAP
Mensagens : 3159 Data de inscrição : 17/04/2012 Idade : 53 Localização : Alfragide
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Jan 24 2013, 14:34
Nunca porquê? Uma boa orquestra tem violinos e ... trombones
Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 00:35
Desta incursão pela Bossa-Nova não podia faltar o nome de um músico virtuoso e apaixonado, que se encontra entre os principais arquitectos deste estilo (e do Samba-Canção) e sem dúvida, um dos maiores contributos para a música popular brasileira do século XX. Trata-se do guitarrista e compositor Luiz Bonfá, cujo maior reconhecimento advém das suas composições para o filme "Black Orpheus", entras as quais sobressai "Manhã de Carnaval". Contudo, a sua carreira vai muito para além da banda sonora desse filme e o seu enorme legado discográfico é bem o exemplo disso.
Apesar do seu inegável contributo para o arranque da Bossa-Nova, o seu reconhecimento era por vezes subestimado em prol de "concorrentes" como Tom Jobim e mais tarde João Gilberto. No entanto, para além das suas qualidades criativas, os argumentos de Bonfá como guitarrista eram outros e no seu estilo inconfundível, destaca-se a capacidade de solista e a frequente mistura de ritmos com solos, ao jeito de Wes Montgomery. A sua formação clássica desde tenra idade, está por detrás dos indiscutíveis atributos técnicos como guitarrista.
O seu enorme reconhecimento internacional levou-o a várias participações e registos com músicos norte-americanos como Quincy Jones, Gerge Benson, Stan Getz e Frank Sinatra. Elvis Presley cantou a composição de Bonfá "Almost in Love" no filme de 1968 "Live a Little, Love a Little". Do vasto legado de Luiz Bonfá, faz parte uma considerável discografia, pela qual obteve vários reconhecimentos pelo serviço prestado à cultura Brasileira. Um verdadeiro Embaixador! De entre os inúmeros discos que gravou, o último que se lhe conhece (em vida) data de 1996; mas mesmo após a sua morte em 2001 (com 78 anos de idade) continuaram a ser re-editadas várias obras suas, de entre as quais, se destaca o excelente "Solo in Rio 1959" pela Smithsonian Folkways Recordings (que conta com o excelente trabalho do lendário Engenheiro de Som, Emory Cook) e que incluí cerca de 30 minutos de material inédito de Bonfá ao seu mais alto nível (ref. SFW 4048 / 2005).
Luiz Bonfá - O Violão e o Samba (1962, EMI Music) 2008, EMI EU (CD) Este excelente trabalho, originalmente gravado em 1962, inclui 12 temas, 3 da autoria de Luiz Bonfá e os restantes de vários outros autores (como Haroldo Barbosa, Luiz Carlos Reis, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Vinicius de Moraes ou Noel Rosa) mas sempre com o cunho pessoal de Luiz Bonfá e com a extraordinária musicalidade que consegue colocar nos temas que interpreta.
A inclusão de vocalizações suaves e pontualmente de uma flauta lírica, conferem um (ainda) maior interesse por um dos seus trabalhos iniciais e uma peça de importância crucial para qualquer coleccionador de Bossa-Nova, pesa embora a grande dificuldade em obter um exemplar deste disco em vinil. Fazem igualmente parte alguns temas instrumentais (como "Nossos Momentos" ou "Voçê chegou sorrindo") que fazem deste, um trabalho muito equilibrado e interessante. O Samba-Canção é porventura, a melhor forma de caracterizar esta obra, onde podemos igualmente aperceber-nos dos extraordinários dotes de Bonfá como guitarrista. Não podemos deixar de referir a excelente contribuição rítmica, quer de Edson Machado na bateria e percussão, quer de Tião Neto no Contrabaixo. O seu desempenho é de uma entrega contagiante.
Luiz Bonfá - (Composer of Black Orpheus) Plays and Sings Bossa Nova (1963, Polygram) - Verve, USA "Plays and Sings Bossa Nova" é o primeiro e único àlbum a solo de Luiz Bonfá para a Verve. Gravado em Nova Iorque, nos últimos dois dias de 1962, este trabalho faz parte da recente mudança que se fazia sentir nos Estados Unidos com o aparecimento e divulgação da música Popular Brasileira. Foi por isso, um trabalho inicialmente destinado ao público norte-americano, embora a sua aceitação no Brasil e na Europa tenha, de certa modo, contrariado as intenções comerciais da editora. Luiz Bonfá, nunca fora, de resto, um músico muito dado a questões comerciais ou editorias, tentando sempre manter as suas convicções e preferências (diversificadas). Trata-se de um trabalho mais intimista, com um repertório de temas maioritariamente da autoria de Bonfá e não sendo propriamente um trabalho repleto de grandes "standards" é contudo, considerado uma das grandes referências do género. Num registo de melancolia e tristeza, as letras de Bonfá encontram-se carregadas de lirismo e elegância e apesar das influências do "Samba-Canção" ainda estarem presentes, nota-se uma maior proximidade de um som mais erudito e cuidado, embora algo simplista, no que se refere aos arranjos. Este trabalho tem duas partes distintas. Na primeira, Bonfá apresenta-se com o seu Trio habitual e desempenha as suas composições com os seus arranjos, num estilo informal e "relaxado" (na linha de Jobim) com uma voz suave e descontraída. Como guitarrista, nota-se em Bonfá a precisão e subtileza que o caracteriza, como nas baladas "Samba de Duas Notas" ou "Vem Só". Na segunda parte, a guitarra de Bonfá tem a companhia da orquestração do Compositor Argentino Lalo Schifrin e os arranjos tornam-se, obviamente, mais elaborados. O trio inicial é constituido por Iko Castro-Neves no Baixo, Roberto Pontes-Dias na Bateria/Percussão e Óscar Castro-Neves no Piano/Guitarra (apenas em 3 temas). A voz feminina que aparece em vários temas, pertence a Maria Helena Toledo e a flauta tem o desempenho de Leo Wright.
Stan Getz / Luiz Bonfa - Jazz Samba Encore! (1963, Verve) - Verve, USA Apesar de não ser o protagonista principal, não deixa de ser relevante o grande desempenho de Luiz Bonfá neste trabalho, que é (para mim) um dos mais extraordinários discos de Bossa Nova. Para tal contribui certamente a intensidade que Stan Getz coloca nos seus solos, mas não só... Todo este trabalho é um hino ao que de melhor o Bossa-Nova tem e por isso, nada melhor que as composições de Luiz Bonfá e António Carlos Jobim. Luiz Bonfá encontra-se ao seu melhor nível e tanto nas componentes rítmicas, como nos solos (acompanhado por Jobim na guitarra rítmica) os resultados são deslumbrantes e só possíveis por quem se entrega ao seu instrumento com uma enorme paixão. Este trabalho tem, de facto, uma alma fantástica e a cumplicidade da guitarra de Bonfá com o saxofone de Getz contribuem fortemente para o resultado final, mas os demais participantes não podem, em momento algum, ser esquecidos. Refiro-me principalmente à vocalização de Maria do Toledo que coloca um cunho muito característico, nos temas em que participa. O facto de ser uma vocalista em inicio de carreira, não limita em nada a sua prestação neste disco. Que extraordinária surpresa! É evidente que o repertório, constituído por uma selecção de excelentes temas, também ajuda. A bem sucedida versão de "Insensatez", conta com um interpretação de grande qualidade de Maria Toledo mas também com uma segura contribuição de Tom Jobim ao piano. Quem, melhor do que o próprio Jobim, para desempenhar um dos mais belos temas da música brasileira e que ele próprio composera (juntamente com Vinicius de Moraes)?
Este é o terceiro de uma série de trabalhos liderados por Stan Getz, que tem na Bossa-Nova e no Jazz as principais referências. Apesar do maior sucesso dos dois anteriores (que atingiram recordes de vendas por todo o mundo) este não deixa de ser um dos melhores registos desta série, já que consegue transmitir o calor e o sentimento que estes músicos colocam nas suas espantosas interpretações.
Luiz Bonfá - Amor!: The Fabulous Guitar of Luiz Bonfa (1959, Atlantic) - 2001 Collectables EU (CD) Este é um dos exemplos de um re-edição de 2001 que conta com 15 temas instrumentais de um álbum com o mesmo nome, datado de 1959 e que é muito difícil de obter (a exemplo de muitos outros desta época). Só não entendo como é que não existem re-edições destas obras em vinil, já que são os principais trabalhos de Luiz Bonfá. Estou certo, que tal irá acontecer mais cedo ou mais tarde. Mais do que um disco de música popular brasileira, ou de "Samba-Canção" que normalmente associamos a Luiz Bonfá, este "Amor!..." é uma selecção de canções claramente viradas para uma sonoridade a que os americanos chamam de "easy listening" e por isso agrada com certeza a um público bastante mais vasto do que o constituído apenas por seguidores de Bossa-Nova. Mesmo assim, este trabalho é extremamente bem executado pelos músicos participantes e a qualidade de gravação é bastante boa. O desempenho de Luiz Bonfá neste registo, é igualmente de grande qualidade e mestria técnica, embora num primeiro impacto possa parecer que falta alguma da "chama" de outros trabalhos. Tal impressão fica possivelmente a dever-se ao formato "ensamble" deste registo, que no entanto desaparecerá facilmente com algumas audições. O som deste trabalho é interessante e diversificado, já que conta com alguns instrumentos pouco utilizados em registos do género. A saber: Ralph Freundlich (flauta), Don Elliott (vibrafone, triângulo, etc.), Tommy Lopez (congas, bongos), Luiz Bonfá (guitarra).
Não fosse o facto da re-edição só existir em CD, este trabalho mereceria certamente a minha recomendação... assim, vamos ter que aguardar.
Por hoje, vamos ficar por aqui...
Um Abraço e Boas Audições Mister W
Rui Mendes Membro AAP
Mensagens : 3159 Data de inscrição : 17/04/2012 Idade : 53 Localização : Alfragide
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 10:23
Ai, Ai...
Tanto trabalhinho de casa...
Obrigado "Mister" por mais esta incursão pela Bossa Nova dos sessentas, que eu gosto tanto
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 13:24
Obrigado W, excelente trabalho. Tenho já há alguns anos a reedição da Pure Pleasure do álbum, Luiz Bonfá - (Composer of Black Orpheus) Plays and Sings Bossa Nova (1963, Polygram) - Verve, USA e é realmente excelente. Apesar de não o ter, já ouvi em vinil (também a reedição da Pure Pleasur) do álbum Stan Getz / Luiz Bonfa - Jazz Samba Encore! (1963, Verve) - Verve, USA, que é absolutamente divinal, uma coisa de levar ao céu e voltar. A nível de som, é um verdadeiro regalo. Aconselho-o fortemente a todos os que gostam de bossa. E o Stan Getz tem uma performance arrepiante.
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Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 13:46
António José da Silva escreveu:
Obrigado W, excelente trabalho. Tenho já há alguns anos a reedição da Pure Pleasure do álbum, Luiz Bonfá - (Composer of Black Orpheus) Plays and Sings Bossa Nova (1963, Polygram) - Verve, USA e é realmente excelente. Apesar de não o ter, já ouvi em vinil (também a reedição da Pure Pleasur) do álbum Stan Getz / Luiz Bonfa - Jazz Samba Encore! (1963, Verve) - Verve, USA, que é absolutamente divinal, uma coisa de levar ao céu e voltar. A nível de som, é um verdadeiro regalo. Aconselho-o fortemente a todos os que gostam de bossa. E o Stan Getz tem uma performance arrepiante.
Se eu já gosto muito desta re-edição "normal" do "Jazz Samba Encore!" essa da Pure Pleasure deve ser do outro mundo! É de facto um dos grandes discos de Bossa-Nova!, aliás como os restantes dessa série...
Um Bem-Haja pelos comentários! Mr W
Duarte Rosa Membro AAP
Mensagens : 2033 Data de inscrição : 27/12/2011 Idade : 48 Localização : Abrantes
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 18:54
Mister W!!!!!!
Pelo que escreves sobre estes discos, eles são obrigatórios
Mais uma vez fartei-me de aprender e já estou a ouvir no youtube e a procurar no ebay, eh eh eh eh
Muito obrigado por mais um post com esta qualidade, esta tua partilha constante é de louvar, obrigado
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 18:58
Duarte Rosa escreveu:
Mister W!!!!!!
Pelo que escreves sobre estes discos, eles são obrigatórios
Mais uma vez fartei-me de aprender e já estou a ouvir no youtube e a procurar no ebay, eh eh eh eh
Muito obrigado por mais um post com esta qualidade, esta tua partilha constante é de louvar, obrigado
No dia em que poderes, não deixes escapar....
Stan Getz / Luiz Bonfa - Jazz Samba Encore! (1963, Verve) - Verve, USA
Vais ficar esmagado com a beleza e som desta obra. A reedição da Pure Pleasure é mesmo divinal.
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The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte
Jorge Ferreira Membro AAP
Mensagens : 3386 Data de inscrição : 05/11/2011 Idade : 56 Localização : Palmela
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 19:20
António José da Silva escreveu:
Duarte Rosa escreveu:
Mister W!!!!!!
Pelo que escreves sobre estes discos, eles são obrigatórios Mais uma vez fartei-me de aprender e já estou a ouvir no youtube e a procurar no ebay, eh eh eh eh Muito obrigado por mais um post com esta qualidade, esta tua partilha constante é de louvar, obrigado
No dia em que poderes, não deixes escapar.... Stan Getz / Luiz Bonfa - Jazz Samba Encore! (1963, Verve) - Verve, USA Vais ficar esmagado com a beleza e som desta obra. A reedição da Pure Pleasure é mesmo divinal.
Penso que a Pure Pleasure só reeditou o "Big Band Bossa Nova" do Stan Getz com o Gary McFarland.
A Speakers Corner é que reeditou todos os mais conhecidos do Stan Getz de Bossa nova, entre os quais esse "Jazz Samba Encore!" (e também os "Big Band Bossa Nova", "Jazz Samba", "Stan Getz with Laurindo Almeida" e o "Getz/Gilberto").
A Analogue Productions já reeditou o "Getz/Gilberto" e também vai reeditar o "Jazz Samba" ambos em duplos a 45rpm.
Duarte Rosa Membro AAP
Mensagens : 2033 Data de inscrição : 27/12/2011 Idade : 48 Localização : Abrantes
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 19:22
Jorge Ferreira escreveu:
António José da Silva escreveu:
Duarte Rosa escreveu:
Mister W!!!!!!
Pelo que escreves sobre estes discos, eles são obrigatórios Mais uma vez fartei-me de aprender e já estou a ouvir no youtube e a procurar no ebay, eh eh eh eh Muito obrigado por mais um post com esta qualidade, esta tua partilha constante é de louvar, obrigado
No dia em que poderes, não deixes escapar.... Stan Getz / Luiz Bonfa - Jazz Samba Encore! (1963, Verve) - Verve, USA Vais ficar esmagado com a beleza e som desta obra. A reedição da Pure Pleasure é mesmo divinal.
Penso que a Pure Pleasure só reeditou o "Big Band Bossa Nova" do Stan Getz com o Gary McFarland.
A Speakers Corner é que reeditou todos os mais conhecidos do Stan Getz de Bossa nova, entre os quais esse "Jazz Samba Encore!" (e também os "Big Band Bossa Nova", "Jazz Samba", "Stan Getz with Laurindo Almeida" e o "Getz/Gilberto").
A Analogue Productions já reeditou o "Getz/Gilberto" e também vai reeditar o "Jazz Samba" ambos em duplos a 45rpm.
Então isso quer dizer que consegues arranjar bolachas deste Senhor?
Jorge Ferreira Membro AAP
Mensagens : 3386 Data de inscrição : 05/11/2011 Idade : 56 Localização : Palmela
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Seg Jan 28 2013, 19:42
Duarte Rosa escreveu:
Jorge Ferreira escreveu:
António José da Silva escreveu:
Duarte Rosa escreveu:
Mister W!!!!!!
Pelo que escreves sobre estes discos, eles são obrigatórios Mais uma vez fartei-me de aprender e já estou a ouvir no youtube e a procurar no ebay, eh eh eh eh Muito obrigado por mais um post com esta qualidade, esta tua partilha constante é de louvar, obrigado
No dia em que poderes, não deixes escapar.... Stan Getz / Luiz Bonfa - Jazz Samba Encore! (1963, Verve) - Verve, USA Vais ficar esmagado com a beleza e som desta obra. A reedição da Pure Pleasure é mesmo divinal.
Penso que a Pure Pleasure só reeditou o "Big Band Bossa Nova" do Stan Getz com o Gary McFarland.
A Speakers Corner é que reeditou todos os mais conhecidos do Stan Getz de Bossa nova, entre os quais esse "Jazz Samba Encore!" (e também os "Big Band Bossa Nova", "Jazz Samba", "Stan Getz with Laurindo Almeida" e o "Getz/Gilberto").
A Analogue Productions já reeditou o "Getz/Gilberto" e também vai reeditar o "Jazz Samba" ambos em duplos a 45rpm.
Então isso quer dizer que consegues arranjar bolachas deste Senhor?
O "Getz/Gilberto" já tenho duas reedições a da Speakers Corner a 33rpm e também a da Analogue Productions a 45rpm. Os outros ainda não tenho mais nenhum por enquanto, mas hei-de ter...
Estou à espera de receber da Speakers Corner a 33rpm: - Stan Getz/Charlie Byrd "Jazz Samba" - Stan Getz "Stan Getz With Laurindo Almeida" - Stan Getz/Luis Bonfa "Jazz Samba Encore!"
O "Big Band Bossa Nova" do Stan Getz com o Gary McFarland a Speakers Corner também tem, mas este eu já não gosto tanto, apenas mando vir se alguém quiser...
Abraço, Jorge
Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qua Fev 06 2013, 23:56
Chamaram-lhe o "Rei da Bossa" ou "O Mito" e foi uma figura genial e incontornável da música popular brasileira. Refiro-me, obviamente, a João Gilberto, um dos pioneiros da Bossa Nova, que viria a alterar a música Brasileira para sempre.
Nascido em 1931 no nordeste brasileiro, desde cedo foi atraído pela música e começou a praticar guitarra aos 14 anos, quando o seu avó lhe ofereceu uma. Para além da música Pop brasileira da época, Gilberto gostava de Jazz e admirava particularmente músicos como Duke Ellington. Ainda jovem, começou a sua aventura na descoberta de uma carreira artística e aos 18 anos mudou-se para Salvador onde teve alguns desempenhos em rádios locais que o levaram a mudar-se para o Rio de Janeiro, para tentar a sua sorte. Depois de ter passado pela banda Garotos da Lua, Gilberto viveu um periodo marcado por alguma falta de norte. A vida boémia que levava e o pouco interesse em arranjar trabalho, levavam-o a viver da boa vontade dos amigos que permitiam que fosse vivendo nas suas casas. Apesar do seu charme e indiscutivel talento como músico e cantor, esta forma de vida parecia afastá-lo cada mais da tão ambicionada carreira.
Decorridos vários anos sem que a carreira de João Gilberto conseguisse tomar um rumo, o mesmo decidiu mudar de ares, aconselhado pelo cantor Luis Telles, com quem já tinha participado. Mudou-se então para Porto Alegre e foi aí que, depois de ter deixado o consumo de marijuana, se deu por fim, a esperada reviravolta na sua carreira. Em Porto Alegre o músico teve a oportunidade de aperfeiçoar a sua técnica como guitarrista e definir um estilo próprio, cujo resultado foi de tal forma convincente ao ponto de se tornar a estrela local que todos pretendiam ver actuar. A partir daí, o seu percurso é sobejamente conhecido. Com uma carreira marcada por inúmeros trabalhos e sucessos, João Gilberto, iria tornar-se um dos músicos mais respeitados do Brasil.
As suas melodias são cativantes e os ritmos descontraídos (embora, por vezes, de execução complexa) são adequados à sinceridade das sua letras viradas para o Povo. Letras que falam desde os mais profundos desgostos de Amor até temas tão banais como os de "O Pato" ou de "Bim-Bom". Trabalhou sempre com grandes compositores, como Dorival Caymmi, Ary Barroso, Tom Jobim ou Vinicius de Moraes, mas também compôs vários temas. Viveu nos Estados Unidos até final da década de 70, onde viria a gravar discos de grande sucesso com Stan Getz. Depois de regressar ao Brasil em 1980, trabalhou com grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Chico Buarque ou Maria Bethania e a sua influência continua viva até aos dias de hoje.
Com quase 85 anos de idade, João Gilberto encontra-se arredado dos palcos e da fama de outrora e optou desde à alguns anos, por viver uma vida de clausura, descrita por muitos como enigmática e egocêntrica.
Pela enorme popularidade que o músico goza entre nós (portugueses), não me vou alongar em grandes comentários, mas em vez disso vou re-visitar algumas daquelas que considero as suas principais obras. Seria contudo, bastante interessante, se pudessem acrescentar e comentar outros trabalhos que façam parte das Vossas colecções.
João Gilberto - Chega de Saudade (1959, ÉL) - Doxy, 2010 EU Através deste primeiro trabalho, o "baiano" João Gilberto, de 27 anos de idade, iria despertar e influenciar uma geração de guitarristas, cantores, músicos e compositores, não apenas no Brasil mas um pouco por todo o mundo. "Chega de Saudade" não é apenas um conjunto de belas canções, mas também um dos mais importantes discos de Bossa-Nova que, segundo muitos, lançaria e marcaria definitivamente, um dos principais estilos de música popular. Num registo simplista, com uma orquestração leve que viria a ser a sua principal marca, Gilberto dá voz a 12 temas (com uma duração total de apenas 23 minutos) entre os quais os que atingiriam maior popularidade "Chega de Saudade" e "Desafinado", que já tinham anteriormente sido lançados como singles. Contudo, num trabalho extremamente regular, outros temas merecem igual destaque, como "Maria Ninguém" ou "Rosa Morena". Como viria a acontecer em trabalhos posteriores, Gilberto opta por vários compositores, desde Tom Jobim, a Carlos Lyra ou Vinicius de Moraes e é esta diversidade de conteúdos dos seus temas que marcou o seu percurso e o ajudou a demarcar-se de vários outros artistas.
João Gilberto - Bossa Nova! (1961, ÉL) - Doxy, 2011 EU Este é mais um dos trabalhos incontornáveis do músico/interprete que em termos gerais se situa muito na linha do anterior, embora (ainda) com menos arranjos. Depois do balanço delicioso de "Samba da minha Terra" que abre este àlbum, outros se seguem de igual beleza, como "Saudade da Bahìa", "Insensatez" ou "Este Seu Olhar", embora não seja fácil destacar temas num trabalho de elevada dimensão e qualidade. "Bossa Nova!" é uma re-edição recente de um trabalho de 1961 (que tinha o nome de João Gilberto) em que são apresentados os 12 primeiros temas desse trabalho. A duração das músicas é bastante curta, como normalmente acontecia na época, permitindo assim um elevado número de temas por LP. Os temas têm vários autores, como António Carlos Jobim (que tem igualmente a seu cargo a Condução e Arranjos), Dorival Caymmi, Carlos Lyra, Vinicius de Moraes, entre outros. Este é um disco indispensável, que tem o cunho da tranquilidade e melancolia de João Gilberto e é por isso um trabalho obrigatório para os seguidores do género e do artista.
Stan Getz/João Gilberto - Getz/Gilberto #1 #2 (1963, 1964) - 2009 Verve, US Apesar de sobejamente conhecido, não podia deixar de fora desta crónica, aquele que foi um dos mais inovadores e bem sucedidos discos da história do Jazz e que ainda hoje continua a atingir uma notoriedade e números de vendas absolutamente surpreendentes.
Na sequência do sucesso que estavam a ter no Brasil, Stan Getz convidou João Gilberto e António Carlos Jobim para a gravação de um disco em Nova Iorque, com a Produção de Creed Taylor. Ao que consta, perante tão tentadora proposta, a mulher de João Gilberto, Astrud Gilberto, também se fez convidada... e até acabou por participar... Escusado será dizer que os resultados excederam em muito as expectativas mais optimistas. Entre outros, este trabalho incluiria um tema de nome "The Girl From Ipanema" da autoria de Jobim, interpretado pela inexperiente Astrud Gilberto, que rapidamente se viria a tornar um sucesso de vendas assombroso. Outros hit singles se seguiriam a este, como "Corcovado", "Só Danço o Samba" e "Desafinado", criando um movimento sem precedentes no mercado norte-americano.
O sucesso de "Getz/Gilberto #1" foi de tal ordem, que os envolvidos não perderam tempo e lançaram, no ano seguinte, a continuação desse trabalho. O "Getz/Gilberto #2" foi registado ao vivo no mítico Carnegie Hall de Nova Iorque e obedece ao seguinte enquadramento: Lado A "The Stan Getz Side" e Lado B "João Gilberto Side". Do Lado B fazem parte temas como "Samba da Minha Terra" e "Rosa Morena" da autoria dos irmãos Caymmi ou "Um Abraço no Bonfa" e "Bim Bom" da autoria de João Gilberto. Este lado fica concluído com "Meditation" de Tom Jobim, Norman Gimbel e Newton Mendonça e por último o divertido "O Pato" de Jayme Silva e Neuza Teixeira.
O sucesso deste 2º volume não se fez esperar e embora não tenha atingido os números do 1º, teve uma excelente aceitação por parte do público norte-americano e mais tarde, um pouco por todo o mundo.
João Gilberto - João Gilberto (Águas de Março) - (1973, Polydor) - 2009 KLIMT, France Excelente disco que nos dá conta da evolução e amadurecimento de João Gilberto através de um registo muito suave e contemplativo e de uma extraordinária fluidez rítmica. "Águas de Março" é o primeiro e mais conhecido tema deste trabalho que inclui outros temas de grande recorte, com excelentes composições como "Avarandado" ou "É Preciso Perdoar". Para além de António Carlos Jobim (Àguas de Março) as letras dos restantes temas são da autoria de Caetano Veloso (Avarandado), Geraldo Pereira (Falsa Baiana), Haroldo Barbosa-Janet de Almeida (Eu Quero Um Samba), Gilberto Gil (Eu Vim da Bahia), Carlos Coqueijo-Alcivando Luz (É Preciso Perdoar) e Herivelto Martins-Roberto Roberti (Izaura). Os temas "Undiú" e "Valsa" são da autoria de João Gilberto. O baterista Sonny Carr tem um desempenho de relevo bem como a cantora Miucha (Heloisa Buarque de Hollanda) que faz os coros em "Izaura". De salientar que, para além destes últimos, este trabalho não conta com quaisquer outros instrumentos ou vozes. A produção é de alta qualidade e é em registos como este que nos damos conta das potencialidades do stereo.
Em suma, trata-se de um trabalho com uma magia imensa e que nos dá a conhecer João Gilberto na plenitude das sua potencialidades. Simplesmente genial.
Por último, gostaria de referir dois discos, que poderão ser interessantes para quem não conhece o trabalho de João Gilberto mas gostava de passar a conhecer e sobretudo, de ficar com uma visão algo alargada e abrangente da sua vasta obra.
Stan Getz featuring João Gilberto - The Best of Two Worlds (1976, CBS) - CBS/Columbia Records, USA
João Gilberto - O Melhor de João Gilberto (de 1958 a 1961) - 1983, EMI-Valentim de Carvalho, Portugal
Posto isto, acho que estamos a chegar ao fim desta longa incursão pela Bossa Nova. Apesar de muitos outros músicos poderem igualmente figurar nestas crónicas, receio que tal tenha que ficar para uma 2ª volta, pois existem outros "Imortais do Jazz" que anseiam desfilar neste tópico.
Até Breve Mister W
Rui Mendes Membro AAP
Mensagens : 3159 Data de inscrição : 17/04/2012 Idade : 53 Localização : Alfragide
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Fev 07 2013, 07:15
Obrigado Mister por mais este episódio da saga.
É um dos meus músicos favoritos e entendo que a colaboração com o Stan Getz ficará indelevelmente assinalada na história da música.
A minha filha de 4 anos teve de aprender uma música há 2 semanas para apresentar no infantário. Durante uma semana o Getz/Gilberto rodou umas 10 vezes. Não a primeira música que é a Garota de Ipanema, e foi a música que apresentou, mas sim todo. Porquê? Porque é um crime tirar a agulha antes do final do disco. Both sides
Duarte Rosa Membro AAP
Mensagens : 2033 Data de inscrição : 27/12/2011 Idade : 48 Localização : Abrantes
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Fev 07 2013, 19:48
Mais uma crónica de muita qualidade
Este tópico é a minha desgraça
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Fev 07 2013, 20:28
Duarte Rosa escreveu:
Mais uma crónica de muita qualidade
Este tópico é a minha desgraça
Esta é a desgraça de muita gente, mas para mim, o pior tem sido o do badalo, ou melhor, dos menos badalados.
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Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Fev 07 2013, 20:44
Rui Mendes escreveu:
Obrigado Mister por mais este episódio da saga.
É um dos meus músicos favoritos e entendo que a colaboração com o Stan Getz ficará indelevelmente assinalada na história da música.
A minha filha de 4 anos teve de aprender uma música há 2 semanas para apresentar no infantário. Durante uma semana o Getz/Gilberto rodou umas 10 vezes. Não a primeira música que é a Garota de Ipanema, e foi a música que apresentou, mas sim todo. Porquê? Porque é um crime tirar a agulha antes do final do disco. Both sides
Decerto que a tua filha irá causar boa impressão com um tema tão universal quanto o Garota de Ipanema (agora já há o "The Boy From Ipanema" da Diana Krall ). Eu também sou assim, um LP deve ser tocado do principio ao fim... senão comprava singles...
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Fev 07 2013, 20:55
Mister W escreveu:
... senão comprava singles...
Nem mais, e o que eu odeio singres.
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anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Fev 07 2013, 21:54
António José da Silva escreveu:
Nem mais, e o que eu odeio singres.
também eu
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Fev 07 2013, 22:15
anibalpmm escreveu:
António José da Silva escreveu:
Nem mais, e o que eu odeio singres.
também eu
Não escapa uma.
Singles catano.
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Ulrich Membro AAP
Mensagens : 4947 Data de inscrição : 06/10/2011 Idade : 46 Localização : Aveiro
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Fev 07 2013, 22:19
Mais uma fantástica crónica, obrigado
Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Como não poderia deixar de ser, trago-vos um dos pesos-pesados (literalmente) do Jazz e do saxophone alto, dos anos 50 e 60.
Cannonball Adderley foi seguramente um dos mais populares e comunicativos músicos de Jazz de todos os tempos, tal era a forma como se apresentava e interagia com o público durante as suas longas e exuberantes actuações ao vivo.
Nasceu em 1928 na Florida onde concluiu parte dos seus estudos. Consta que a sua alcunha de "Cannonball" foi atribuída pelos seus colegas de liceu e deriva do termo "Cannibal" como alusão e homenagem ao seu apetite voraz. Desde os tempos de escola que se conhece o interesse de Cannonbal pela música, tendo chegado a dirigir a banda do Liceu e mais tarde formado um quinteto com o seu irmão Nat.
Contudo, só depois de se ter mudado para Nova Iorque, tem inicio a sua ascensão artística e o reconhecimento do grande público dá-se precisamente com a sua incursão no Sexteto de Miles Davis, onde tocava John Coltrane e com que viria a gravar discos tão importantes como "Milestones" ou "Kind of Blue". Em 1959 formou o seu segundo Quinteto com Nat Adderley e com o pianista Bobby Timmons do qual surgiu o disco de sucesso "This Here". Neste Quinteto e no Sexteto no qual se viaria mais tarde a transformar, passaram inúmeros músicos dos quais destacaria: Bill Evans, Victor Feldman, Yusef Lateef, Charles Lloyd, Sam Jones e Ray Brown.
A partir daí seguiram-se várias participações e discos de sucesso, mas aquele que mais se destacou em termos de popularidade e vendas, foi "Mercy, Mercy, Mercy".
Nos finais dos anos 60, podemos encontrar alguns trabalhos em que Cannonball se afasta do Jazz que o ajudou a celebrizar (Hard Bop) e faz algumas incursões sobre outros géneros como o Electric Jazz e o Avant-Guarde (possivelmente por influência de Miles Davis e John Coltrane) como em "The Price You Got to Pay to Be Free" de 1970. De salientar ainda o seu envolvimento em várias acções de ensino do Jazz, como por exemplo a narração de sua autoria em "The Child's Introduction to Jazz" de 1961.
Faleceu de ataque cardíaco em 1975, ano em que viria a ser lançado "Phenix" que curiosamente, retrata, sobre a forma de retrospectiva, a carreira do grande saxofonista. No mesmo ano, o seu nome passou, unanimemente a constar do Jazz Hall of Fame da conhecida publicação Down Beat.
Cannonball Adderley - Cannonball Adderley Quintet in Chicago (1959, Verve), Mercury Records, USA Esta excelente sessão, originalmente editada com o titulo de "Canonball and Coltrane" reflecte na perfeição, as virtudes do Jazz quando desempenhado de forma sublime. Esta formação (de Miles Davis mas sem o próprio) dá-nos a conhecer um verdadeiro clássico do Jazz, bem como a interacção de dois dos seus mais geniais "performers" e da sua enorme admiração e respeito mutuo. Mesmo sob as influências de John Coltrane e Miles Davis, esta obra não deixa de espelhar as grandes qualidades de Cannonball e principalmente a forma genuina das suas actuações. Apesar deste trabalho gozar de grande regularidade ao longo dos 6 temas que o constituem, posso destacar temas como "Limehouse Blues" em que os saxofonistas disputam, de forma intercalada, solos de uma rapidez alucinante; o ritmado "Wabash" ou o feeling contagiante de "Stars Fell on Alabama". Este é um trabalho essencial, não somente pelo seu fantástico repertório mas também pela forma como é desempenhado; um verdadeiro compêndio para qualquer músico de Jazz. Esse desempenho é no entanto, pouco mais que normal, quando se fala nos músicos que compõem este quinteto, a saber: Jullian Cannonball-Adderley (Sax Alto), John Coltrane (Sax Tenor), Wynton Kelly (Piano), Paul Chambers (Baixo) e Jimmy Cobb (Bateria).
Das obras de Cannonball em geral, sobressai acima de tudo, a boa disposição e a forma genuína de todos que com ele colaboram, como que se fossem contagiados pelo positivismo da sua excelente personalidade.
Deixo-vos com mais algumas referências que na minha opinião podem ser consideradas apostas seguras, do vasto percurso de Cannonball Adderley.
Julian "Cannonball" Adderley - In the Land of Hi-Fi (1956, Mercury), Emarcy USA
Já vi que o "Somethin' Else" é dos mais populares por aqui e é sem dúvida um grande disco, embora este "Cannonball Quintet in Chicago" (ou na versão original "Cannonball & Coltrane") seja igualmente bom. Não tem o Miles Davis mas tem o John Coltrane. Fica uma pequena amostra.
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Já vi que o "Somethin' Else" é dos mais populares por aqui e é sem dúvida um grande disco, embora este "Cannonball Quintet in Chicago" (ou na versão original "Cannonball & Coltrane") seja igualmente bom. Não tem o Miles Davis mas tem o John Coltrane. Fica uma pequena amostra.
Lindo.
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A edição dos 4x45rpm é algo de divinal e nota-se um superior contorno e nitidez da musica. Mas para mim, mudar 4 discos para ouvir uma obra que normalmente é num vinil, é demais, mas como disse, o som é divinal.
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Esse vale a pena pois é a versão stereo (BST) e está a muito bom preço.
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Dom Fev 24 2013, 06:04
Jorge Ferreira escreveu:
..... e está a muito bom preço.
Por enquanto.
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afonso Membro AAP
Mensagens : 2309 Data de inscrição : 17/06/2012
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qua Abr 03 2013, 23:18
Como este tópico tem andado meio parado gostaria de sugerir ao Mister W para escrever mais uma das suas fantasticas narraçoes, sobre o seguinte trompetista que aprecio bastante;
Freddie Hubbard
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qua Abr 03 2013, 23:21
afonso escreveu:
...que aprecio bastante;
Freddie Hubbard
Também eu amigo Afonso.
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Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Qui Abr 04 2013, 17:31
António José da Silva escreveu:
afonso escreveu:
...que aprecio bastante; Freddie Hubbard
Também eu amigo Afonso.
O Freddie Hubbard à semelhança de outros músicos de Jazz da época (como o Donald Byrd, por exemplo) consegue alternar obras de grande mestria com outras de qualidade sofrível. Os discos das décadas de 60 e 70 são todos invulgarmente bons, sem excepção. A partir daí, mas principalmente dos anos 80, quando começou a entrar noutros estilos e a deixar que fossem as editoras a comandar a sua carreira, os seus discos bons (ou razoáveis) são frequentemente intercalados com trabalhos que deixam muito a desejar. Admito que tento evitar os discos mais recentes da sua longa carreira, mas fora isso, concordo que foi um músico excepcional, com discos marcantes na história do Jazz e com inúmeras colaborações com artistas de renome. Quando tiver oportunidade, vou escolher dois ou três dos discos dele que mais gosto e fazer uma breve crónica.