Fórum para a preservação e divulgação do áudio analógico, e não só... |
Fórum para a preservação e divulgação do áudio analógico, e não só... |
|
| *Os imortais do JAZZ* | |
|
+16chicosta Rui Mendes zaratustra Luis Filipe Goios ruifigueiredo Vinil Jorge Ferreira fredperry afonso Duarte Rosa João Henrique anibalpmm Ulrich Fran António José da Silva Mister W 20 participantes | |
Autor | Mensagem |
---|
Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012
| Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Ter Set 09 2014, 01:11 | |
| - zaratustra escreveu:
- Parabéns, Mister W.
As crónicas com W já se tornaram um clássico e, certamente, passarão à categoria das incontornáveis aqui no AAP.
A propósito das crónicas com W e uma vez que já vamos em sete páginas de tópico e cerca de setenta álbuns diagnosticados... apetece-me lançar uma proposta ao AAP...
Seria entendido como interessante colocar uma listagem dos ditos cujos logo na primeira página do tópico e imediatamente a seguir à apresentação do mesmo pelo Mister W??? Obviamente com a possibilidade de se ir acrescentando de acordo com novas entradas...
Setenta álbuns?! Excelente ideia! Seria como um Index (de preferência por ordem alfabética) através do qual se poderia aceder directamente á crónica do álbum em questão(?). Essa possibilidade aparece em alguns sites/blogues e utiliza um link associado a cada item/álbum. O problema é que já não consigo editar o primeiro post... Será que a Administração consegue dar-me essa possibilidade? Obrigado zaratustra! | |
| | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Ter Set 09 2014, 01:22 | |
| Mister W, falastes num álbum dele que adoro, “Criss Cross”. _________________ Digital Audio - Like Reassembling A Cow From Mince If what I'm hearing is colouration, then bring on the whole rainbow...The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte | |
| | | António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
| | | | Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
| Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Ter Set 09 2014, 01:43 | |
| - António José da Silva escreveu:
- Mister W escreveu:
- zaratustra escreveu:
- Parabéns, Mister W.
As crónicas com W já se tornaram um clássico e, certamente, passarão à categoria das incontornáveis aqui no AAP.
A propósito das crónicas com W e uma vez que já vamos em sete páginas de tópico e cerca de setenta álbuns diagnosticados... apetece-me lançar uma proposta ao AAP...
Seria entendido como interessante colocar uma listagem dos ditos cujos logo na primeira página do tópico e imediatamente a seguir à apresentação do mesmo pelo Mister W??? Obviamente com a possibilidade de se ir acrescentando de acordo com novas entradas...
Setenta álbuns?!
Excelente ideia! Seria como um Index (de preferência por ordem alfabética) através do qual se poderia aceder directamente á crónica do álbum em questão(?). Essa possibilidade aparece em alguns sites/blogues e utiliza um link associado a cada item/álbum. O problema é que já não consigo editar o primeiro post... Será que a Administração consegue dar-me essa possibilidade?
Obrigado zaratustra! Podemos sim senhora. O problema é que não cabe tudo num só post, eu já o tentei com as tuas crónicas dos menos badalados. Obrigado António A lista já lá mora (no 1º post). Agora só falta criar os links respectivos. Amanhã tento ver isso... | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Ter Set 09 2014, 09:42 | |
| Afim de "decorar" o excelente trabalho do Mister W, traduzi um texto (cronica) do critico Michel Contat, que expôe à volta de um disco, a complicada relação que possuiram o Miles Davis e o Monk!...Miles Davis and Thelonious Monk: Desacordos perfeitosEles sò gravaram uma vez juntos. Na véspera do Natal de 1954, e sò precisaram de algumas horas para revolucionar o jazz e marcar o territorio deles. O disco sera publicado com o titulo “Miles Davis and the modern Jazz giants”, a ambiência no estudio, eléctrica, serà citada em todas os livros sobre o jazz.
No dia 24 de dezembro de 1954, Miles Davis (1926-1991) e o Thelonious Sphere Monk (1917-1982) gravam pela primeira vez juntos. Não hà um unico livro sobre eles, ném uma historia do jazz que não comente a controvérsia que existiu nessa noite. A unica certeza que temos : é que houve trovoada no ar e que o resultado é uma obra prima. O « leader » é o Miles, pois é o disco dele, e assim serà editado. A iniciativa deste disco é do productor Bob Weinstock, que criou em 1949 a Prestige records. Elle contratou o Modern jazz quartet, que vende pouco, e o Miles Davis que està a subir em prestigio. Reunir uns quantos do MJQ com o Miles e Monk, é um grande golpe da parte deste pequeno editor.
Se é verdade que o Weinstock, tém o instinto para descobrir grandes musicos, também é verdade que è « pão-duro » para pagar as gravações : não hà repetições, nunca hà segunda tentativa. Ele escolhe o estudio de um amador de jazz que se tornou engenheiro de son, Rudy Van Gelder, em Hackensack na Nova Jersey. As sessões começam tarde e os musicos chegam de Nova Iorque jà cansados. E nesta véspera de Natal, faz um frio capaz de gelar um peru.
Nessa noite no estudio :Percy Heath, o contrabaixista, um homém calmo com uma maneira de tocar precisa, justa; Milt Jackson que é a nova estrela do vibraphone, e o Kenny Clarke, o ancião, que inventou o estilo bop com a bateria como o Charlie Parker no saxophone alto, o Dizzy Gilespie està na trompete e o Monk no piano. O Monk é o mestre. Foi ele que criou a transição entre o gospel, a maneira de tocar piano dita « stride » (herdeira do ragtime) e a vanguarda com os seus acordos dissonantes e a maneira estranha de os colocar no tempo. O delicado Miles estudou com ele. Ele admira-o apesar de regularmente gozar sobre a sua personalidade. A ideia de gravar com este gigante inquieta-o, pois o Monk é 1,85m de carne e osso. Do seu lado, o « sphere » talvez queira dar uma aula a este jovem trompetista do quinteto do Charlie Parker, aonde aprendeu a tocar submergido pelo som e pela pirotecnia tecnica do Bird. Como o Monk ele construiu um estilo proprio, unico e inimitàvel.
A tensão é perceptivel… e o drama explode
O Miles e o Monk são dois sobreviventes. O primeiro, influenciado pelo Parker, drogado célebre, tinha caido nessa armadilha, e sò saiu limpo apòs douze dias fechado na casa do seu pai, que era dentista no Illinois. Mas a carreira tinha sofrido disto e ele tentava recuperar o tempo perdido. O Monk que tinha sido preso à Rikers Island por pocessão de droga, saiu na véspera dos seus 31 anos, em outubro 1951, e tinha acabado de recuperar temporariamente a « cabaret card », sem a qual ele tinha sido interdito de tocar durante muitos anos nos clubes Nova Iorquinos.
A sessão começa mal. Sem explicação, o Miles pede ao Monk de não tocar ao mesmo tempo que ele faz um longo solo durante um blues do Milt Jackson (Bag’s Groove). Chateado, o Monk obedeçe mas mete-se a dansar como um urso à volta do Miles, e senta-se depois ao piano para acompanhar o vibrafonista, apòs ter feito um solo que subverte inteligentemente a pauta do blues. Impecàvel. Vão seguir uma composição do Monk (Bemsha Swing), e uma do Miles (Swing Spring) compostas nesse instante. Cada um se apaga durante a intervenção do outro.
Mas a tensão roda. E o drama arrebenta no tema (The man i love), uma balada muito célebre do Gershwin, que é uma composição classica com 32 medidas e uma ponte. A introdução faz-se com um tempo muito lento do vibraphone. Interrupção. O Monk pergunta: “E eu entro quando?” o Miles responde aborrecido « Quando for necessario », e dirigindo-se ao engenheiro de som diz-lhe, “guarda o que venho de dizer”, como para guardar a prova da mà vontade do pianista. A introdução recomeça e apòs esta, o Miles interpreta de maneira sugerida mas reconhecivel a melodia, com um som majestuoso, nuances novas, grandiosas, aonde os acordos do Monk e as frases do Milt Jackson açentuam a emoção. O tempo é depois desdobrado no vibraphone, a bateria e a contrabaixa tocam o ritmo unidos. A pauta na qual os solistas improvisam jà està em 64 medidas. A primeira intervenção do Jackson é inspirada, pois està a se dar bem com o acompanhamento do Monk. Chega então o solo do « proféta » : enquanto a ritmica toca imperturbàvel, ele volta ao tema de base e retoca-o de maneira alusiva, rasgando-o com frases abruptas, discordantes, acordos minerais e silêncios perturbantes. O Miles, partilhado entre admiração e irritação, ouve o Monk conquistar o poder nesta faixa. Ele dà ordem imediatamente, para repetir a gravação que atinge dessa vez o sublime. Mas o Monk, durante o solo dele, persiste ainda mais nas alusões melodicas e de repente, pàra de tocar durante 8 longas medidas. O Miles, furioso, lembra-lhe a medida com uma frase de trompete quase militar. O Monk fecha então o seu acompanhamento em tricotando na melodia acordos, aonde se sente uma mistura de tristeza e còlera. O Miles, imperial, ataca então um solo sublimo, no principio com a trompete nua, e depois com a sua famosa surdina, voltando de novo ao tempo do inicio sem surdina, acompanhado pelos quatro que pareçem siderados pelo nascimento de tanta beleza musical.
Imediatamente o boato apareçe em Nova Iorque que houve porrada entre o Miles e o Monk. Esta lenda foi repetida na prensa, sobretudo à medida que se tornavam célebres. Uns anos mais tarde, na sua autobiografia*, o Miles declarou o amor que tinha pelo « sphere » e restabeleçe a verdade. « Nessa noite, nòs fizémos todos uma grande musica.[…] Eu tinha-lhe pedido simplesmente de não tocar ao mesmo tempo que eu, porque o Monk nunca soube acompanhar um « soprador ». Os unicos que conseguiram isso foram o Coltrane, o Rollins e o Charlie Rouse ». As reversões dos acordos do Monk, desconcentravam o Miles que buscava espaço na musica de acordo com o conçeito de “respiração espacial”, uma técnica do pianista Ahmad Jamal. O Miles vai concluir em dizendo que “neste disco, o som do Monk é bom e natural, como eu queria…”. Do outro lado, o Monk gozador vai declarar sorridente a um jornalista: ”mas o Miles estaria morto se tivesse tentado me bater!, a verdade é que ele aprendeu comigo a maneira de “não tocar” dele”. O que ele resume numa frase implacàvel: “O barulho mais potente do mundo é o silêncio.” A sessão do 24 dezembro 1954, foi o unico encontro deles num estudio... Até+ | |
| | | Rui Mendes Membro AAP
Mensagens : 3159 Data de inscrição : 17/04/2012 Idade : 53 Localização : Alfragide
| | | | Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
| Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Ter Set 09 2014, 12:26 | |
| - TD124 escreveu:
... a complicada relação que possuiram o Miles Davis e o Monk!...[/i]
Miles Davis and Thelonious Monk: Desacordos perfeitos
[justify]Eles sò gravaram uma vez juntos. Na véspera do Natal de 1954... Belo texto sobre uma bela, mas pouco pacífica, sessão... O tema "Bag's Groove" desta sessão pode ser encontrado no álbum com o mesmo nome, editado originalmente em 1957. Na verdade, este álbum tem os dois takes referidos no texto traduzido pelo Paulo. Um bem-haja | |
| | | Jorge Ferreira Membro AAP
Mensagens : 3386 Data de inscrição : 05/11/2011 Idade : 56 Localização : Palmela
| Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* Ter Set 09 2014, 12:35 | |
| Na minha humilde opinião o Miles aprendeu a importância dos silêncios com o próprio Monk, mas nessa sessão de gravação Miles não teve problemas nenhuns em repreender o Mestre...
Afinal de contas o disco era do Miles, convinha que Monk o deixasse tocar... Como se fosse possível o Miles deixar passar uma coisa dessas sem dar a reprimenda...
De facto essa foi a única sessão de gravação do Miles com o Monk.
Apesar das pessoas serem fácilmente enganadas pelo disco da Columbia "Miles & Monk at Newport", pois na verdade não tocam juntos nesse disco.
No lado A é uma actuação do Miles em 1958 e no lado B é uma actuação do Monk em 1963. enfim...manobras de marketing manhosas...
Cumprimentos e Boas Audições, Jorge Ferreira
| |
| | | Luis Filipe Goios Membro AAP
Mensagens : 10506 Data de inscrição : 27/10/2010 Idade : 66 Localização : Lanhelas - Minho
| | | | Conteúdo patrocinado
| Assunto: Re: *Os imortais do JAZZ* | |
| |
| | | | *Os imortais do JAZZ* | |
|
Tópicos semelhantes | |
|
| Permissões neste sub-fórum | Não podes responder a tópicos
| |
| |
| |
|