Bom dia,
Gostaria de partilhar com os foristas do Áudio Analógico de Portugal que se interessam por estes assuntos, um texto que »postei« noutro fórum nacional relativo a uma pergunta acerca do significado de »Master Tapes«
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Em primeiro lugar, lamento que um funcionário da FNAC, da secção de música, não tenha tido a competência necessária para explicar, embora muito sucintamente, o que são as »Master Tapes«.
As »Master Tapes« são as fitas originais obtidas após um processo de gravação, mistura ou masterização de um evento. Genéricamente referimo-nos a »Master Tapes« quando o suporte é a fita analógica, mas também poderemos ter este tipo de masters em fita magnética com gravação digital.
Reportando-nos a gravações analógicas em fita magnética, poderão existir outro tipo de fitas que terão funções bem específicas e que serão utilizadas de acordo com os critérios dos músicos, produtores, engenheiros, estúdios e editoras. Teremos, por exemplo as »Safety Copies«, »Production Copies«, etc…
Numa gravação multi-pista teremos a(s) »Multitrack Master Tapes«, fita(s) onde foram gravados os instrumentos, vozes e outros sons, em pistas separadas.
Após a mistura definitiva, aparecerá a »Mixed Master Tape«, a qual na maioria dos casos será feita para stereo, embora como se sabe, existam outros formatos onde a mistura é feita para um maior número de canais.
Seguindo uma ordem convencional teremos portanto,
1. Gravação multipistas em fita • Multitrack Master Tape(s).
2. Mistura definitiva em determinado formato • Mixed Master Tape.
3. Masterização original a partir da Mixed Master Tape.
4. Replicação da obra a partir do suporte onde a mesma foi masterizada.
No caso de uma reedição,
A. Quem de direito decide re-misturar a obra,
1. A partir das »Original Multitrack Master Tapes« é produzida uma nova mistura dando origem a uma nova e diferente (a intenção era essa) »Mixed Master Tape«.
2. Nova masterização a partir da nova »Mixed Master Tape«.
3. Replicação a partir da nova masterização.
B. Quem de direito decide apenas re-masterizar a obra,
1. Nova masterização a partir da »Mixed Master Tape« original.
2. Replicação a partir da nova masterização.
Ao afirmar-se que um disco foi re-masterizado através das »Master Tapes« originais, pretende-se explicar ao consumidor que o trabalho de re-masterização foi feito a partir do material virgem, isto é »limpo« ou »livre« de qualquer manipulação anterior. O problema é que a chamada de atenção para estas situações são muitas vezes falaciosas e as re-masterizações parecem-se mais com re-martírios de que com qualquer outra coisa. Especialmente quando as equalizações tendem a acentuar os agudinhos irritantes, artificiais e, sobretudo, inexistentes na maioria do contexto dos instrumentos musicais, inclusivamente dos eléctricos /electrónicos.
No caso especifico deste LP de Björk, e sem melhor conhecimento do caso, diria que foi feita uma nova masterização a partir da mistura original.
Cumprimentos,
João Sebastião