Assunto: Álbuns esquecidos do Rock Sáb Ago 03 2013, 19:56
Para falar de discos esquecidos, começo por falar de artistas um pouco esquecidos. Vou dizer umas coisas que todos já sabem, mas vou tentar dizê-las de forma diferente: se calhar não consigo; mas vou tentar.
No Rock há três monstros: tão só três: três catedrais, três imperadores: três torres Eiffel, três touros bravíssimos Miura.
Os Miúras são: Chuck Berry, Elvis Presley e os Beatles.
Tudo o resto são chocas.
Claro que há milhares de chocas que marram com tanta força, elegância e beleza como os Miúras, mas não deixam de ser chocas. As marradas do Neil Young produzem em mim uma emoção de ir ás lágrimas; mas em termos históricos e de importância no desenvolvimento da música, o Neil Young não passa de um imitador.
Pois as catedrais andam ultimamente a ser pouco ouvidas, e é uma pena.
Chuck Berry é o maior dos maiores: é com ele que pela primeira vez surge um novo estilo de música.
Vários artistas andavam na altura lá perto; mas é com ele que o Rock pela primeira vez aparece identificado.
Está para o Rock como o “coup de point” está para os inventos do homem.
A América puritana da altura não podia aceitar que as adolescentes brancas ficassem todas “molhadas” a ouvir música de um negro; e para mais um negro inconformista: se chegava a um hotel que tinha lugares diferenciados para brancos e pretos, dormia no carro. Claro que depois enchia o carro com branquinhas e negrinhas; mas para o hotel não ia.
Como não o conseguiram domar, prenderam-no.
Foi dos atos mais vergonhosos praticados pelos EUA, a par da chacina dos índios, das bomba atómicas lançadas sobre o Japão, do bombardeamento de Dresden, da invasão do Iraque, e das guerras civis que andam a fomentar no mundo, e depois cinicamente lhes chamam primaveras, ( há nesta descrição ironia: cada um identifica a ironia onde quiser).
Conseguiram assim matar a sua popularidade. Mas ele não se domou.
Quando saiu da prisão, em baixa de popularidade, continuou a dar concertos; mas com uma curiosidade: ia dar o concerto a qualquer parte do mundo sozinho: isto porque sabia que quando chegasse ao local do concerto havia músicos que conheciam as suas músicas de ginjeira: de modo que não precisava de levar músicos nenhuns.
Dos três Imperadores do Rock, Chuck Berry é sem dúvida mais esquecido , mas é também sem dúvida o maior dos três.
Todos os discos do Chuck Berry andam um pouco esquecidos: vou referir três segundo um critério muito pessoal:
• After School Session de 1957;
• Fresh Berry’s de 1965/66
• Bio de 1973
Musica esquecida de Chuck Berry refiro: All Aboard.
https://www.youtube.com/watch?v=4dXdlPocfP8
e claro o Johnny B Good
https://www.youtube.com/watch?v=8Z-V6u8PqgE
Oiçam e deliciem-se.
Se Chuck Berry é o percursor, Elvis Presley é o universalisador.
Com Elvis Presley o rock torna-se universal e popular.
Elvis de “pelvis”. A América proíbe que se filme o homem da cintura para baixo.
As meninas também ficam todas “molhadas” a ouvir o Elvis; mas este pelo menos era branquinho.
Também o tinham mandado para a prisão, como fizeram com o Chuck Berry, se ele não tem ido para tropa: a tropa foi a maneira de o domarem; a tropa foi a concessão que o Elvis fez ao sistema.
Mas ficou-lhe caro: para muitos, incluindo Jonhn Lennon, Elvis morreu no dia em que foi para a tropa; muitos recusam-se a ouvir uma música gravada pelo Elvis depois disso; e muitos a ouvir o Elvis a partir do momento em que ele foi para tropa.
Não penso assim: não há dívida que a tropa foi o enjaular de um “leão”; pior, foi um enjaular e um drogar para o entorpecer; mas durante a tropa, e depois disso, continuou a fazer boa música; na generalidade, não com a força anterior, mas boa música, sem dúvida.
Refiro três discos um pouco esquecidos:
• Elvis Presley de 1956, o primeiro;
• Elvis de 1956, o segundo;
• Elvis is Back de 1956.
Música esquecida de Elvis Presley refiro: Old Shep
https://www.youtube.com/watch?v=SE8Y_hc4A5Y
Oiçam e deliciem-se.
Em 1963 é editado o album Please, Please Me dos Beatles: e então tudo muda: não é só a música: é tudo, simplesmente, tudo muda.
Com os Beatles é a revolução.
A influência cultural dos Beatles no mundo é impressionante.
Durante dez anos, toda, mas toda, a música popular é uma cópia deslavada da música que os Beatles produziam: e a cultura, uma cópia das suas atitudes.
Pode dizer-se, e bem, que eles foram muito influenciados pela música americana que se fazia na altura; é verdade: só que eles agarravam o que ouviam; punham aquilo de pernas para o ar; e depois saía de lá música nunca ouvida; e capaz de pôr os anjos aos pinotes: e depois todos os “Who is who” da música se punham atrás daquilo.
Andavam sempre à frente de tudo.
Curiosamente enquanto na Europa já andava tudo maluco com os Beatles; nos EUA a sucesso tardava: O I ‘’Whant to hold your hand’’, o ‘’She loves you’’ foram flops iniciais nos EUA.
Mas quando a América os descobriu, bem menino, foi o fim do mundo: Na primeira a actuação do Beatles na TV dos EUA, no Ed Sullivan show, a criminalidade, que na época era elevadíssima, ficou reduzida a zero: até os criminosos pararam as suas actividades para ver os Beatles.
Foram receber as condecorações à rainha completamente pedrados.
Mas também tiveram de se domar: não foram à tropa, mas tiveram de pedir desculpa pelo que disseram.
Também há quem se recuse a ouvir os Beatles depois do “pedido de desculpas”.
Refiro três albuns:
• Please, please me de 1963;
• Rubber Soult de 1965
• Revolver de 1966;
E algumas músicas, ditas de “segunda linha”, que andam um pouco esquecidas.
https://www.youtube.com/watch?v=96YQdiMV-Jc
https://www.youtube.com/watch?v=ev_XPaakW9Y
https://www.youtube.com/watch?v=4o26RuUGIx8
https://www.youtube.com/watch?v=Gv_Y1kbZbJA
https://www.youtube.com/watch?v=KulSQjjQVPE
https://www.youtube.com/watch?v=SQK2ikupQB8
https://www.youtube.com/watch?v=J6iAykoKLog
https://www.youtube.com/watch?v=-lG3nXyI41M
Oiçam e deliciem-se.
Têm aqui a prova provada que nos Beatles não havia, nem músicas de segunda, nem de primeira linha, só havia músicas celistiais.
Boas audições
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Sáb Ago 03 2013, 22:07
Mas que crónica fabulosa que aqui debitastes. Pena não o fazeres com mais frequência. São resumos destes, que englobam a vertente musical e social num dado contesto histórico, que sempre me fascinaram e ainda bem que existem pessoas como tu que o sabem explanar.
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CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Sáb Ago 03 2013, 22:51
Caros amigos
Venho aqui penentenciar-me por uma gralha no texto acima:
O ano de lançamento do album Elvis is Back não é 1956, como consta no texto mas sim 1960.
Erro grave mas fica agora corrigido.
Para me penenteciar antecipo, para quem ainda não conhece, a recomendação de um filme que relata a vida da editora Chess Records. com uma certa precisão.
Como sabem a Chess Records foi a editora do Muddy Waters, Chuck Berry e outros monstros dos Blues e do Rock.
Mas o filme é ainda melhor do que se pode pensar, pois relata bastante bem o ambiente que se vivia naquela época.
Fica-se a saber que a primeira coisa que a Chess fazia quando apanhava um artista promissor era por-lhe um Cadillac nas mãos: o artista ficava com o cadillac nas mãoes, e o artista passava a ficar nas mãos da Chess Records.
Por isso a alcunha da Chess Recors era Cadillac Records.
També se fica a saber que o dono da editora era uma espécie de Robin Hood da música: tirava royaltis aos artististas mais vendáveis e dáva-os aos artistas que estava curtos de vendas: como imaginam o Muddy Waters foi um dos benificiados e o Chuck Berry um dos prejudicados.
Vale a pena ver o filme: garanto que o irão rever, rever e rever.
O filme chama-se Cadillac Records
Mais uma vez perdão pelo erro.
Boas audições
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Sáb Ago 03 2013, 22:54
A administração equaciona o teu perdão no caso de a próxima crónica não tardar.
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CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Sáb Ago 03 2013, 23:04
Fica combinado: tenho uns discos esquecidos para recomendar: vou tentar inseri-los no ambiente da época.
Espero ficar assim perdoado.
boas audições
Milton Membro AAP
Mensagens : 15388 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 63 Localização : Scalabicastro, naquele Jardim á beira, mal plantado
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Sáb Ago 03 2013, 23:06
Grande e belo filme esse Cadillac Records ! Aqui vai a 1ª parte de 11 que se podem ver no youtube
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Sáb Ago 03 2013, 23:08
CNeves escreveu:
Espero ficar assim perdoado.
Não estejas já ai a esfregar as mãos com a certeza do perdão administrativo concedido. O perdão vai requerer um arrependimento genuíno e não de boca. Ainda por cima, tens andado a falhar como as Donas Marias do antigamente. És tu é o gajo que ficou de organizar a cabeça de peixe grelhada.
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Jorge Ferreira Membro AAP
Mensagens : 3386 Data de inscrição : 05/11/2011 Idade : 56 Localização : Palmela
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 16:26
Magnifico texto Amigo César,
escreva mais!!!
São sem dúvida três dos mais importantes de sempre da música Popular Anglo-Saxónica.
Abraço, Jorge Ferreira
CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 17:55
Infelizmente uma das obras primas do Rock anda completamente esquecida.
Não é um pouco esquecida: é completamente esquecida.
No ano 1967 foram lançados no mercado três álbuns mágicos: “Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band” dos Beatles, “The Doors” dos Doors e “Surrialistic Pilow” dos Jeferson Airplane.
É a este último que me estou a referir no referente ao esquecimento.
E é uma pena, pois das três obras primas é aquele que tem mais força; é o mais selvagem.
O que digo a seguir destina-se a quem não conhece o disco, pois quem conhece já sabe o que aí vem.
Quando se começa a ouvir “Somebody to Love”, uma das músicas do álbum, logo no primeiro centésimo de segundo os pintelhos põe-se todos em pé.
A força da voz da Grace Slick, a vocalista do grupo, e a beleza da música a isso obriga.
A administração que me perdoe, mas sobre este disco, verdadeiramente selvático e mal educado, a palavra tem de ser dita.
Digo mais: a tremideira na voz da Grace Slick no “Somebody to Love” faz mais a um homem do que pôr os ditos em pé.
https://www.youtube.com/watch?v=YIkoSPqjaU4
https://www.youtube.com/watch?v=2d1ozXAOmgg
Daqui a mil anos, duvido que alguém goste de ouvir algum dos outros álbuns já referidos, mas gosta de certeza de ouvir algumas música deste:
Dou como exemplo:
“White Rabbit”.
“White Rabbit” escrita por Slick numa hora, inspirada em Bolero e Alice no País das Maravilhas é uma perfeita maravilha: ouçam-na e depois digam-me o que preferem: ouvir “White Rabbit” ou “Bolero”; ou o que preferem: ouvir “White Rabbit”, ou ler “Alice no País das Maravilhas”.
https://www.youtube.com/watch?v=XR8LFNUr3vw
De seguida aumentem o volume e voltem a ouvir: garanto, no fim da música estão a fazer o pino no teto
https://www.youtube.com/watch?v=R_raXzIRgsA
Mas o disco está repleto de música belíssimas, refiro por exemplo “Comin’ Back to me”.
https://www.youtube.com/watch?v=0NdvMT32skw
Um dos produtores do disco foi Jerry Garcia que sobre ele disse: “É tão surrealista como um travesseiro”.
No disco Jerry Garcia aparece como “Musical and Spiritual adviser”: seria importante saber se Jerry Garcia disse o que disse, antes ou depois de saber do tal ”spiritual adviser”: ou se o nome do álbum veio exatamente do dito do Jerry Garcia.
A última suposição tem fundamento: David Crosby chamava á Grace Slick “Chrome Nun”; e vai daí ela incluiu no nome de um dos seus álbuns a solo, o “Chrome Nun”.
O Grupo foi sempre errático, sem formação certa nem nome certo, ainda produziu uns discos bonzinhos e com bastante sucesso, mas nada que se compare a “Surrialistic Pillow”.
Grace Slick teve durante uns tempos uma vida "colorida" devido ao abuso de álcool e drogas.
Foi presa pelo menos quatro vezes por ser sarcástica com a policia.
Tinha sido colega de uma filha de Nixon num colégio, e como tal foi convidada para um chá na Casa Branca: levou com ela um ativista político e planeou pôr 600 microgramas de LSD no chá do Nixon: infelizmente não teve sucesso; foi presa à entrada.
Ou seja: nunca se deixou domar.
Aqui há uns anos vi num programa sobre os Doors a Grace Slick a dizer: ”nos anos sessenta pertencíamos a um grupo que hoje ninguém conhece, mas na altura teve uma certa popularidade: eram os Jefferson Airplane”.
Porra!!!!! até dei um salto na cadeira: como é possível o mundo ter esquecido personagens e entidades que produziram música com a qualidade daquela que está em Surrialistic Pillow!!!!!!!!!!!!
É um mundo virado de pernas para o ar: não vai longe.
Senhor Presidente, espero ter ficado perdoado.
Boas audições
afonso Membro AAP
Mensagens : 2309 Data de inscrição : 17/06/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 18:08
Platoon - Oliver stone...
Tinha sido colega de uma filha de Nixon num colégio, e como tal foi convidada para um chá na Casa Branca: levou com ela um ativista político e planeou pôr 600 microgramas de LSD no chá do Nixon: infelizmente não teve sucesso; foi presa à entrada
O Nixon iria gostar...
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 19:10
CNeves escreveu:
Senhor Presidente, espero ter ficado perdoado.
Boas audições
Perdoado, readmitido nos quadros e com subida de posto e aumento de ordenado. Mas que maravilha de cronista que me estás a sair, assim sim....
Já agora, não esquecer o belíssimo álbum ao vivo "Bless Its Pointed Little Head".
Ouçam esta e digam de vossa justiça.
Tenho em prensagem japonesa o que neste caso não é uma grande mais valia, mas pronto.
E para continuar na senda da Grace Slick, convém mencionar os Jefferson Starship, para onde ela foi depois do grupo se dividir.
Amigo César, um muito obrigado por mais está deliciosa crónica, fiquei mesmo com tudo no ar.
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enxuto Membro AAP
Mensagens : 1283 Data de inscrição : 14/05/2011 Idade : 50
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 19:19
Belo tópico.
CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 19:48
Amigo Presidente
Grande música e ainda melhor album.
Boas audições
Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 21:02
Muito bem! Boas crónicas que podiam muito bem constar do Capitulo Primeiro da história do Rock'n'Roll.
Por mim, pode avançar (cronológicamente falando) e dar continuidade a essas belas narrações.
Abraço
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 21:05
Mister W escreveu:
Muito bem! Boas crónicas que podiam muito bem constar do Capitulo Primeiro da história do Rock'n'Roll.
Por mim, pode avançar (cronológicamente falando) e dar continuidade a essas belas narrações.
Abraço
E tu também já estás a dever umas crónicas à "casa". (umas boas chapadas corretivas, nunca fizeram mas a ninguém).
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António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 22:05
As belas crónicas do CNeves, seriam merecedoras de uma bela prenda por parte do AAP, não fosse este mesmo, tão pobre.
Algo deste género...
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CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 22:12
Amigo Presidente
Arranjas-me um desses e eu prometo fazer uma crónica diária: que digo eu!!!!!!! Não uma crónica diária, passo a enviar uma crónica horária: durante um ano, dia e noite, passa a sair uma crónica a todas as horas: 24 horas por dia.
Boas audições
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 22:16
CNeves escreveu:
Amigo Presidente
Arranjas-me um desses e eu prometo fazer uma crónica diária: que digo eu!!!!!!! Não uma crónica diária, passo a enviar uma crónica horária: durante um ano, dia e noite, passa a sair uma crónica a todas as horas: 24 horas por dia.
Boas audições
Tantos giras magníficos e nunca estás satisfeito.
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José Carvalho Membro AAP
Mensagens : 355 Data de inscrição : 16/08/2011 Idade : 55 Localização : Carcavelos
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 23:19
CNeves escreveu:
Infelizmente uma das obras primas do Rock anda completamente esquecida.
Não é um pouco esquecida: é completamente esquecida.
No ano 1967 foram lançados no mercado três álbuns mágicos: “Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band” dos Beatles, “The Doors” dos Doors e “Surrialistic Pilow” dos Jeferson Airplane.
É a este último que me estou a referir no referente ao esquecimento.
E é uma pena, pois das três obras primas é aquele que tem mais força; é o mais selvagem.
O que digo a seguir destina-se a quem não conhece o disco, pois quem conhece já sabe o que aí vem.
Quando se começa a ouvir “Somebody to Love”, uma das músicas do álbum, logo no primeiro centésimo de segundo os pintelhos põe-se todos em pé.
A força da voz da Grace Slick, a vocalista do grupo, e a beleza da música a isso obriga.
A administração que me perdoe, mas sobre este disco, verdadeiramente selvático e mal educado, a palavra tem de ser dita.
Digo mais: a tremideira na voz da Grace Slick no “Somebody to Love” faz mais a um homem do que pôr os ditos em pé.
https://www.youtube.com/watch?v=YIkoSPqjaU4
https://www.youtube.com/watch?v=2d1ozXAOmgg
Daqui a mil anos, duvido que alguém goste de ouvir algum dos outros álbuns já referidos, mas gosta de certeza de ouvir algumas música deste:
Dou como exemplo:
“White Rabbit”.
“White Rabbit” escrita por Slick numa hora, inspirada em Bolero e Alice no País das Maravilhas é uma perfeita maravilha: ouçam-na e depois digam-me o que preferem: ouvir “White Rabbit” ou “Bolero”; ou o que preferem: ouvir “White Rabbit”, ou ler “Alice no País das Maravilhas”.
https://www.youtube.com/watch?v=XR8LFNUr3vw
De seguida aumentem o volume e voltem a ouvir: garanto, no fim da música estão a fazer o pino no teto
https://www.youtube.com/watch?v=R_raXzIRgsA
Mas o disco está repleto de música belíssimas, refiro por exemplo “Comin’ Back to me”.
https://www.youtube.com/watch?v=0NdvMT32skw
Um dos produtores do disco foi Jerry Garcia que sobre ele disse: “É tão surrealista como um travesseiro”.
No disco Jerry Garcia aparece como “Musical and Spiritual adviser”: seria importante saber se Jerry Garcia disse o que disse, antes ou depois de saber do tal ”spiritual adviser”: ou se o nome do álbum veio exatamente do dito do Jerry Garcia.
A última suposição tem fundamento: David Crosby chamava á Grace Slick “Chrome Nun”; e vai daí ela incluiu no nome de um dos seus álbuns a solo, o “Chrome Nun”.
O Grupo foi sempre errático, sem formação certa nem nome certo, ainda produziu uns discos bonzinhos e com bastante sucesso, mas nada que se compare a “Surrialistic Pillow”.
Grace Slick teve durante uns tempos uma vida "colorida" devido ao abuso de álcool e drogas.
Foi presa pelo menos quatro vezes por ser sarcástica com a policia.
Tinha sido colega de uma filha de Nixon num colégio, e como tal foi convidada para um chá na Casa Branca: levou com ela um ativista político e planeou pôr 600 microgramas de LSD no chá do Nixon: infelizmente não teve sucesso; foi presa à entrada.
Ou seja: nunca se deixou domar.
Aqui há uns anos vi num programa sobre os Doors a Grace Slick a dizer: ”nos anos sessenta pertencíamos a um grupo que hoje ninguém conhece, mas na altura teve uma certa popularidade: eram os Jefferson Airplane”.
Porra!!!!! até dei um salto na cadeira: como é possível o mundo ter esquecido personagens e entidades que produziram música com a qualidade daquela que está em Surrialistic Pillow!!!!!!!!!!!!
É um mundo virado de pernas para o ar: não vai longe.
Senhor Presidente, espero ter ficado perdoado.
Boas audições
Boas,
Recentemente propuz, aqui no forum, a troca de alguns discos que não houvia por discos de clássica. Um que ficou por trocar é o Paul Kantner, Grace Slick & David Freiberg - Baron Von Tollbooth & The Chrome Nun 1973 Grunt Records (Uk) BFL1 0148, o outro foi o nosso adm. Milton que ficou com ele Jefferson Starship - Dragon Fly 1974 Grunt Records (Uk) BFL1 0717O e se a memória não me falha, também é com a Grace Slick .
Como não faz o meu género , pode ser que o Milton se pronuncie.
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Dom Ago 04 2013, 23:40
José Carvalho escreveu:
Um que ficou por trocar é o [b]Paul Kantner, Grace Slick & David Freiberg - Baron Von Tollbooth & The Chrome Nun
Ficou por trocar? Pensava que o tinha-mos trocado?
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José Carvalho Membro AAP
Mensagens : 355 Data de inscrição : 16/08/2011 Idade : 55 Localização : Carcavelos
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 00:00
António José da Silva escreveu:
José Carvalho escreveu:
Um que ficou por trocar é o [b]Paul Kantner, Grace Slick & David Freiberg - Baron Von Tollbooth & The Chrome Nun
Ficou por trocar? Pensava que o tinha-mos trocado?
Caro AJS,
Como o meu amigo não disse mais nada, e eu não sou de insistir, pensei que...
Sendo assim mantém-se reservado!!
No entanto, estou a ouvir o disco todo pela 1ª vez (está como novo), e de fato estou a reconhecer a voz da Grace Slick na musica "White Rabbit".
Santa ignorãncia.
Luis Filipe Goios Membro AAP
Mensagens : 10506 Data de inscrição : 27/10/2010 Idade : 66 Localização : Lanhelas - Minho
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 00:25
Um aplauso para o companheiro cneves ( pelo atraso), belas crónicas e melhores discos (perdoe-me)... Do "velho"" Chuck ao Elvis (sobre este não me pronuncio) aos Beatles, estes com dois dos meus preferidos, o "Revolver" e o primeiro dos Beatles a sair sem o nome Beatles, estou, claro, a referir-me ao magnífico "Rubber Soul", mesmo afirmando que eu sou mais Stones, uns fans do "velho" Chuck e até do Elvis, o Keith diz na sua biografia (Life) acerca do Chuck « ... só descobri que o Chuck B. era preto dois anos depois de o ouvir pela primeira vez...» e adorava o guitarrista (Scotty Moore) que acompanhou Elvis na Sun, dizendo mesmo que « ..era o meu ídolo». Não posso estar mais de acordo com o "eterno" Surrealisc Pillow dos enormes JA, com o "vozeirão" do "borracho" da Grace. Por favor, venham mais crónicas... Abraço
Rui Mendes Membro AAP
Mensagens : 3159 Data de inscrição : 17/04/2012 Idade : 53 Localização : Alfragide
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 08:17
Belas crónicas camarada CNeves.
fredy Membro AAP
Mensagens : 5130 Data de inscrição : 08/02/2011 Idade : 62 Localização : Casal do Marco - Seixal
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 09:46
Olá
Aqui está Crónica digna de muitas revistas da especialidade... que gostariam de ter de certeza nas suas fileiras alguém que escrevesse tão assertivamente
Parabéns amigo CNeves
Fredie
CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 10:17
Caros amigos
Qualquer rapaz da minha geração, agora á roda dos sessenta, que gostasse de música e que tivesse bom gosto, tinha obrigatoriamente de ter na sua discografia um álbum, que alguns consideram o melhor álbum de música popular jamais feito; e que, no presente, quarenta anos mais tarde, ninguém ouve.
É caso para dizer: anda tudo maluco.
O álbum é:
White Mansions A tale from American Civil War 1861-1865
Não sei se é o melhor álbum jamais feito, mas é de certeza um dos melhores.
Duas músicas, que não são as melhores, pois infelismente a maioria dos videos deste disco estão apagados no YouTube.
É um álbum conceptual: pretende retratar a vida dos brancos confederados durante a Guerra Civil.
Todas as música, com exceção de uma, foram escritas por Paul Kennerley que curiosamente é inglês.
Cada cantor interpreta uma personagem distinta, tipo de peça de teatro, e tenta retratar o chamado “Orgulho Sulista”.
Os cantores são: Waylon Jennings, Jessi Colter, John Dillon and Steve Cash.
Eric Clapton farta-se de tocar guitarra no disco.
O disco não teve grande sucesso comercial, mas entre os “entendidos” é uma obra de culto; e como já disse, alguns consideram-no o melhor álbum jamais feito.
Em resumo: um biju a não perder.
Caros amigos, vamos lá a escrever umas coisitas sobre discos que gostam, e andam esquecidos.
A maioria do pessoal percebe muito mais disto do que eu, de modo que toca a bater nas tecas do teclado, e deitar cá para fora a vossa sabedoria.
Boas audições
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 11:01
Esse álbum é sem duvida, uma maravilha.
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fredy Membro AAP
Mensagens : 5130 Data de inscrição : 08/02/2011 Idade : 62 Localização : Casal do Marco - Seixal
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 11:07
Olá Eu sou de uma geração um pouca mais nova mas tenho esse álbum quer em Vinil quer em CD, é um álbum fabuloso e em vinil traz um livro de 28 páginas a acompanhar, que é como um guião de uma peça de teatro como referiste e bem. Tem a história por detrás do disco e todas as letras com fotografias originais da época que retrata, de facto até nisto o Vinil deixa qualquer suporte a léguas. E agora vou ouvi-lo Fredie
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 11:12
O meu também está completo.
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Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 11:33
António José da Silva escreveu:
O meu também está completo.
Eu só tenho o booklet das 28 págs... falta-me o disco...
Luis Filipe Goios Membro AAP
Mensagens : 10506 Data de inscrição : 27/10/2010 Idade : 66 Localização : Lanhelas - Minho
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 12:36
Também cá mora um WM, desde a data em que "saiu" para o mercado nacional, com o pvp de 310$00, como "atesta" a etiqueta... (na época, deixava ficar (em alguns) o preço nos lp's, porquê??? não sei...), e, por aqui não está "esquecido".
Milton Membro AAP
Mensagens : 15388 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 63 Localização : Scalabicastro, naquele Jardim á beira, mal plantado
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 13:34
Luis Filipe Goios escreveu:
Também cá mora um WM, desde a data em que "saiu" para o mercado nacional, com o pvp de 310$00, como "atesta" a etiqueta... (na época, deixava ficar (em alguns) o preço nos lp's, porquê??? não sei...), e, por aqui não está "esquecido".
Tem graça que eu tambem tinha esse habito, só que eu retirava o preço e colava por dentro da capa. E tambem tenho esse White Mansions.
Milton Membro AAP
Mensagens : 15388 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 63 Localização : Scalabicastro, naquele Jardim á beira, mal plantado
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 13:40
José Carvalho escreveu:
[... o outro foi o nosso adm. Milton que ficou com ele Jefferson Starship - Dragon Fly 1974 Grunt Records (Uk) BFL1 0717O e se a memória não me falha, também é com a Grace Slick .
Como não faz o meu género , pode ser que o Milton se pronuncie.
Estou a ouvir essa excelente obra neste momento ! Sim, a Grace Slick entra neste album.
CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 13:53
Caros amigos
Vou tentar dar uma resposta conjunta a toda a gente.
Obviamente que os discos são melhores que as crónicas: se fosse o contrário os discos não mereciam ser cronalizados.
Também é óbvio que a minha geração não tem o monopólio do bom gosto: antes pelo contrário: nas gerações seguintes há gosto, conhecimento e paixão do melhor que há.
Amigo José Carvalho, se o senhor administrador não se chegar á frente, quem fica com o “Chrome Nun” sou eu: que isto fique bem claro.
Volta a repetir o desafio: ao pé de certo pessoal do fórum eu não passo dum amador e de um audiófilo de aviário: de modo que, caros amigos, vamos lá a escrever umas crónicas de discos de eleição que andam por aí esquecidos.
Boas audições
CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Seg Ago 05 2013, 13:54
Esqueci-me do mais importante: um enorme obrigado ás referências elogiosas sobre as crónicas: é importante que outros as continuem.
Boas audições
CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Ter Ago 06 2013, 02:09
Vou falar de um disco falhado.
O disco anda um pouco esquecido, mas não muito.
Imaginem um artista que designamos por artista 1, recentemente saído de um conjunto muito na moda, que resolve fazer um disco de música espontânea, tipo “Jam sessions”: do género: um grupo de músicos encontra-se num clube e desatam a fazer música em conjunto.
Para fazer o disco a editora dá-lhe $10000, e mais tarde reforça com mais $3000: total $13000, soma irrisória para a altura
O artista 1 convida o artista 2, e é alugado um estúdio durante dois dias.
No primeiro dia aquilo corre muito mal: tão mal, que o artista 2, no outro dia, sem ter dito nada, não aparece.
Na própria manhã do segundo dia, o artista 1 vai á pressa contactar o artista 3 para continuar o disco.
O artista 3 chega ao estúdio tarde, mal disposto e mal dormido; e mesmo assim iniciam a gravação, que se desenrola em ambiente rilhado.
Aquilo terminado, o artista 1 ouve o que tinha sido feito e conclui que aquilo está uma me......
Não está de modas, contrariamente ao espírito do disco, resolve fazer batota e encaixar naquilo uns metais a martelo.
Se analisarmos a produção do disco, vemos que tem tudo aquilo que não gostamos e criticamos; tal como um instrumento a sair de uma coluna, e outro a sair de outra: ou seja, a produção é altamente criticável.
Em resumo: um disco completamente falhado.
Pois este disco falhado teve um enorme sucesso comercial: foi disco de ouro;
e é um dos melhores discos de música popular jamais feito.
Perceberam a receita para ter sucesso?
É fácil:
Gastam uma ninharia; falham tudo; improvisam tudo; fazem o que têm a fazer mal dispostos e aos gritos; zangam-se com toda a gente; e no final fazem batota;
e o resultado final é sucesso garantido.
O artista 1 é Al Kooper, o artista 2 é Mike Blomfield e o artista 3 é Stefen Stills.
O álbum é Super Sections
E é na realidade um dos melhores álbuns de música popular jamais feito.
Boas audições
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Ter Ago 06 2013, 03:33
CNeves escreveu:
E é na realidade um dos melhores álbuns de música popular jamais feito.
Sem duvida alguma, um dos que volta não volta vai para o prato para ser degustado. Um exemplo de que a soma de muita coisa errada pode criar algo de belo. Um pouco à semelhança da própria reprodução vinilica e todas as teorias que tenta demonstrar que aquilo não pode tocar bem, mas depois......acontece magia.
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Mister W Membro AAP
Mensagens : 4333 Data de inscrição : 07/03/2012 Idade : 57 Localização : Margem Sul... Margem Norte...
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Ter Ago 06 2013, 10:09
Pois é, o Super Session pelas razões enumeradas, tinha alguns motivos para ser um álbum desconhecido... mas quis o destino que se tornasse num disco de sucesso, com inúmeras re-edições por todo o mundo.
É a prova que a "alma" e a qualidade artistica dos intervenientes, muitas vezes supera a qualidade dos meios técnicos. A história da música (e sobretudo do Rock) é fértil nessas situações... e ainda bem.
Gostava apenas de acrescentar que o artista 1, 2 e 3 já gozavam de um estatuto de vedetas Rock e por isso achavam que podiam faltar a compromissos ou andar constantemente mal-dispostos.
Apesar de não ser um disco que roda com grande frequência cá por casa, ouvi a minha cópia (edição nacional 1968) á dois dias atrás e trata-se de facto de um disco que se ouve com grande prazer!
Um bem-haja caro Neves
BAILOTE Membro AAP
Mensagens : 1648 Data de inscrição : 16/02/2011 Idade : 52 Localização : Albufeira
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Ter Ago 06 2013, 13:11
Parabens ao Cneves pelas belissimas cronicas de musica...quem me dera ter essa cultura musical...
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Ter Ago 06 2013, 14:20
CNeves escreveu:
Caros amigos ...
Também é óbvio que a minha geração não tem o monopólio do bom gosto: antes pelo contrário: nas gerações seguintes há gosto, conhecimento e paixão do melhor que há.
Amigo José Carvalho, se o senhor administrador não se chegar á frente, quem fica com o “Chrome Nun” sou eu: que isto fique bem claro.
Volta a repetir o desafio: ao pé de certo pessoal do fórum eu não passo dum amador e de um audiófilo de aviário: de modo que, caros amigos, vamos lá a escrever umas crónicas de discos de eleição que andam por aí esquecidos.
Boas audições
Olà,
aqui vão três albuns desconhecidos de alguns, mas cultissimos para todos os que acreditam que o Rock não desapareceu nos anos oitenta. Estes são todos os três de 1991, e apesar dos quase 25 anos de idade, são de uma pertinência e de uma construção visionària... todos possuém uma estima altissima nos meios da critica internacional, mesmo se são desconhecidos e nenhum foi um sucesso à saida... pois foi com e graças ao tempo que a visão radical e seminal destas obras foi reconhecida, e a influência destas obras primas na musica moderna é hoje evidente, e reclamada por muitos grupos modernos !!!
My Bloody Valentine_Loveless : Eis um disco de Rock denso, carregado de electricidade estàtica e furioso nas distorsões e riffs. A energia selvagem, brutal e primària de "Loveless", continua sem equivalente, tanto esta musica faz pensar ao free-jazz do Albert Ayler... A tensão é imensa e permanente, sem deixar o auditor respirar ném pensar. O Hard rock e o Metal ofereciam um ritmo binario, ao qual o auditor podia se agarrar, ora que aqui a energia é (em aparência) caotica, desregulada e imprivisivel... mas, se "Loveless" sò fosse energia não resistiria aos assaltos do tempo. Na realidade, por detràs da espessa parede sonora e das altissimas vagas de distorsão, existem melodias escondidas de uma rara sensibilidade e expressividade. "Loveless" é uma critica profunda, devastadora e algo hipnotica à maior deficiência dos tempos modernos, que é a ausência de amor !!! Neste aspecto, este album é o oposto sonoro, mas o gémeo sensivel do "Love supreme" do Coltrane. Esta obra é o constato musical do nosso tempo, ràpido, poderoso, vertiginoso e sém objectivo !... Obra lucida e preta...
Talk Talk_Laughing Stock : Ultimo album de um grupo que possuiu duas vidas. A primeira conhecida de todos nos anos oitenta, com sucessos de radio imensos no estilo new wave, e outra vida, com os dois ultimos albums nos anos noventa complétamente opostos aos outros e seminais na construção e estilo. Um ano apos o sensivel e sublime "Spirit of Eden", Talk Talk sai pela grande porta da historia com esta imensa e imaculada obra-prima. Acompanhados por uma grande formação de instrumentos sinfonicos, este disco é um monumento de minimalismo, apaziguamento e fineza de escritura. Os instrumentos ponctuam o silêncio, mais do que o que tocam, fazendo desta obra um momento de beleza em suspensão. As notas distiladas possuem algo de profundo e intemporal, que varrem este disco de uma brisa potente como o sopro divino. O "Laughing Stock" é o mosteiro dos jeronimos do Rock, pelo ciselado da composição e pela ligeireza aparente. Um monumento à musica !...
Slint_Spiderland : No mesmo ano do outro lado do atlântico, é como se os Slint tivessem ouvido os dois albuns précédentes. "Spiderland" é o traço diagonal entre o "Loveless" e o "Laughing Stock", herdando do primeiro a brumosa e impenetràvel energia eléctrica e momentos de apaziguamento melodico como nos Talk Talk. E finalmente é esta alternância que vai fazer dele um album unico, e para muitos ele é o manifesto seminal do Post-Rock, em vez do "Hex" dos Bärk Psychosis. Se o "Loveless" é um album preto "escuro" e o dos Talk Talk branco "imaculado", o "Spiderland" é branco&preto como na foto do disco. Quatro jovens mergulhados até ao pescoço na àgua !... é um rio, um lago ou o mar não importa, o que importa é que eles deitaram-se à àgua, aonde os outros se contentaram de olhar! Um disco dualista sobre a "impossivel escolha"... Potente e magico!
Até+
Última edição por TD124 em Qua Ago 07 2013, 10:53, editado 1 vez(es)
BAILOTE Membro AAP
Mensagens : 1648 Data de inscrição : 16/02/2011 Idade : 52 Localização : Albufeira
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Ter Ago 06 2013, 14:59
Queremos mais!!!
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Ter Ago 06 2013, 23:26
Amigo Paulo, esse "Talk Talk - Laughing Stock" é qualquer coisa de soberbo.
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CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Ter Ago 06 2013, 23:52
Não os conhecia: estou a ouvi-los: logo que tenha opinião boto faladura.
Boas audições
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Qua Ago 07 2013, 10:57
António José da Silva escreveu:
Amigo Paulo, esse "Talk Talk - Laughing Stock" é qualquer coisa de soberbo.
Hi ! Antonio,
jà està corrigido "Laugh(t)ing" !!!... as minhas desculpas e que este erro não vos impeça de mergulhar nesta imensa obra ainda (demasiado) desconhecida !
Abraço
PS: Evidentemente estes três albuns devem ser consumidos em CD !!! ...
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Qua Ago 07 2013, 17:03
TD124 escreveu:
PS: Evidentemente estes três albuns devem ser consumidos em CD !!! ...
Nunca, ouvistes, nunca....
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CNeves Membro AAP
Mensagens : 1098 Data de inscrição : 13/11/2012
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Qui Set 12 2013, 13:40
Caros amigos
Venho aqui falar, não de um álbum esquecido, nem de um artista esquecido, mas sim dum livro muito, muito esquecido.
É um livro ideal para ser lido enquanto se fuma um charuto Partagas D4, (os melhores dos melhores), se bebe um bom copo de vinho e se escuta um ainda melhor disco de Jazz.
O livro chama-se: “Pela estrada fora-o rolo original”, de Jack Kerouac.
É uns dos primeiros livros a criticar a cultura americana da altura; relata a geração do pós guerra: uma geração que anseia por uma nova cultura e por uma nova liberdade: é a beat generation: é a geração “do Jazz, do cachimbo e da boina”: os Beatniks.
O seu elemento mais emblemático é Che Guevara.
O livro relata exemplarmente o ambiente dos clubes de Jazz; descreve o “soprar desenfreado” de uma forma que nos “leva ás lágrimas”. Claro que isso é uma minoria, muito minoria do livro:
Em abril de 1951, entorpecido por benzedrina e café e inspirado pelo jazz, Jack Kerouac escreveu a primeira versão do que viria a ser On the Road. Kerouac escrevia em prosa espontânea, como ele chamava: uma técnica parecida com a do fluxo de consciência. O manuscrito original foi rejeitado por diversas editoras, mas em 1957, On the Road foi finalmente publicado, após inúmeras alterações exigidas pelos editores. O livro, de inspiração autobiográfica, descreve as viagens através dos Estados Unidos e México de Sal Paradise (Jack Kerouac) e Dean Moriarty (Neal Cassady). (Wikipédia)
Foi escrito de uma assentada durante três semanas seguidinhas, num rolo de papel colocado na máquina de escrever.
A escrita tem o ritmo das ruas une a realidade ao sonho. (wikipédia)
Correm uma pipa de vezes os EU de costa a costa: é o prazer pelo prazer, com regras mínimas e pedalada máxima: dormir pouco, malucar muito, e pinar ainda mais: “nada vai para os porcos”, tudo o que mexe é aviado, em single, dupla, tripla, e por aí fora.
Jack Cassidy é o homem do “a todo o gás”; capaz de proporcionar as máximas emoções; e o um prazer inebriante a quem o acompanha: homens ou mulheres.
O livro teve um êxito avassalador: é considerado um dos livros mais importantes do século vinte.
Mas claro essa edição foi expurgada das partes mais tórridas em termos sexuais pois eram incompatíveis com o puritanismo da época.
Em 2007 é publicado, julga-se que ainda não a versão completa, mas uma mais completa: daí o título: “o rolo original”. Nessa versão o Sal Paradise já aparece como o Jack kerouack e o Dean Moriarty como Neal Cassady.
O Neal Cassidy depois daquela ramboia toda, ganhava a vida como picador de comboio.
Conta-se que, antes da publicação do “rolo original”, estando ele a picar bilhetes numa viagem, alguém o reconheceu. Viajavam no comboio uma montanha de Beatnik. Quem o reconheceu agarrou no Sam por um braço levou-o aos Beatniks e disse:” sabem quem é este gajo? é o Dean Moriarty.”
Ninguém o acreditou; puseram-se a gozar: o Dean Moriarty não podia ser um reles burguês picador de comboios.
O Jack kerouac depois daquilo tudo e do sucesso, foi viver para ?; uma vila socessegada na California. Mas qual sossego: regularmente apareciam-lhe uns “malucos” a meio da noite a atirar-lhe pedras á porta e ás janelas, e a desafia-lo para ir ginofrar.
Claro que nessa altura o homem só queria “sopas e descanço” e amaldiçoava aquilo tudo.
Quem não conhece o livro, recomendo a leitura; e quem conhece, recomendo a releitura; de preferência com todos os adereços acima referidos: charuto, vinho e Jazz.
O prazer é garantido.
Boas audições
António José da Silva Membro AAP
Mensagens : 64575 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 58 Localização : Quinta do Anjo
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Qui Set 12 2013, 14:01
Vou pedir à esposa que me compre o livro. Obrigado pela sugestão.
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The essential thing is not knowledge, but character. Joseph Le Conte
Milton Membro AAP
Mensagens : 15388 Data de inscrição : 02/07/2010 Idade : 63 Localização : Scalabicastro, naquele Jardim á beira, mal plantado
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Qui Set 12 2013, 14:11
A ver se me cruzo com o Kerouac na Bertrand...
Luis Filipe Goios Membro AAP
Mensagens : 10506 Data de inscrição : 27/10/2010 Idade : 66 Localização : Lanhelas - Minho
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Qui Set 12 2013, 14:51
CNeves escreveu:
C O livro relata exemplarmente o ambiente dos clubes de Jazz; descreve o “soprar desenfreado” de uma forma que nos “leva ás lágrimas”. Claro que isso é uma minoria, muito minoria do livro:
Em 2007 é publicado, julga-se que ainda não a versão completa, mas uma mais completa: daí o título: “o rolo original”.
O prazer é garantido.
Boas audições
Obrigado por (re)lembrar, meu/nosso caro CNeves. Li o "Pela Estrada Fora" do J. K., numa edição de bolso ("mixuruca"), lá pelos '70/80, ainda deve andar por aqui, vou procurar...uma verdadeira viagem, pelas "Américas". Essa edição (a mais completa), « ..rolo original» é fácil de conseguir ? Obrigado e retribuo as "boas audições"
Rui Mendes Membro AAP
Mensagens : 3159 Data de inscrição : 17/04/2012 Idade : 53 Localização : Alfragide
Assunto: Re: Álbuns esquecidos do Rock Qui Set 12 2013, 15:18
Para quem quer ler na língua original do autor deixo um link possível: