Fórum para a preservação e divulgação do áudio analógico, e não só... |
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| Freiria, uma sala dedicada ao Prazer | |
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+8lore luis lopes Mr Bojangles Pedro T. mango João Henrique Ferpina José Miguel 12 participantes | |
Autor | Mensagem |
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Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011
| Assunto: Re: Freiria, uma sala dedicada ao Prazer Dom Ago 20 2017, 21:38 | |
| Este último post do Paulo Marcelo, leva-me reflectir e partilhar, aqui a experiência de muitos intérpretes da chamada música clássica (que conheço bem por dentro), quando preparam / estudam uma obra, a ser interpretada num qualquer concerto, marcado para uma determinada data. Assim, vamos supor que Georg Solti ainda estava no nosso plano e que viria a Portugal tocar com uma Orquestra Portuguesa e com Coros Portugueses, esta obra. O que se passaria? Bom..., Georg Solti e outros maestros com a sua craveira, raramente fazem mais de 1, 2 ensaios com uma orquestra para se apresentarem num determinado concerto. A maioria das vezes fazem só o chamado ensaio de palco / cena, uns pares de horas antes do dito. Então os músicos (intérpretes), necessitam de estudar a sua partitura (sua parte de obra) em casa e a trazerem, mais ou menos preparada, para o maestro repetidor da orquestra (normalmente o 1º violino - concertino), a ensaiar durante a semana de trabalho que antecede a apresentação, conjuntamente com outras obras a apresentar e constantes da agenda de trabalhos. O nosso grande Maestro Solti, chega a Portugal meia dúzia de horas antes do concerto, dirige-se para a sala do concerto e faz o tal ensaio de palco, com toda a gente, onde "ataca", durante cerca de 2 horas as partes mais relevantes, para si, daquilo que naquele dia quer realçar na sua apresentação. Pergunta óbvia: Então se o trabalho dos dias anteriores não for do seu total agrado? Deita-se todo o trabalho fora? Nada disso!! Não me lembro de nenhum maestro conceituado, vir com tais azeites, que deitaria todo o trabalho de estudo e preparação de uma orquestra, fora! Solti, não seria diferente. Ele não pretende arrancar novos conceitos da orquestra, que para si será mais ou menos exporádica. O que ele pretende é arrancar aplausos fáceis e estrondosos de uma audiência incauta e ávida por presenteá-lo com tal. Quando tal não sucede, é porque a banalidade é demasiado óbvia e a "bebedeira colectiva" de audição do GRANDE, não esteve para ali virada. Existem momentos de excepção? Claro que sim!! Não são tão frequentes quanto seriam desejados, ou pensados, mas, pode suceder que toda a preparação e disposição do maestro estejam em tal sintonia, em tal noite, que... Mas o não deitar fora um trabalho de preparação antecedente, dá muito trabalho Para além de outras técnicas, os músicos, individualmente, ou em colectivo ouvem várias gravações do Maestro, como esta, aqui referida, para se aperceberem de como ele faz a leitura de determinada obra. Esta sim, fortemente preparada por ele. Importa ver/ouvir então, qual o tempo que imprime e qual a forma que ele encara o ataque às notas, em cada compasso, em cada secção, etc. Estas são as variáveis mais importantes da interpretação do Maestro de determinada obra. Depois, com estas variáveis, o conhecimento, a experiência e a teoria do todo e de cada um, chega à sonoridade desejada do maestro (os timbres, os volumes, as afinações, etc., etc.). Ora, se fosse possível ser hoje, isto significaria que os músicos teriam ouvido esta gravação, preferencialmente em CD e se não houvesse em tal formato (que efectivamente há), e ainda, se não houvesse mais nenhuns giras disponíveis, senão o Lenco L78 com a Shure e o Rega RP3 com a Legacy, apoiados pelo pré-phono Rega Aria, então os músicos ouviriam o Rega RP3+Legacy+Aria. Certamente! Esta será, sem sombra de dúvidas, a configuração mais correcta nos vários parâmetros, chamados técnicos, acima expostos Isto porque, os tais músicos, estariam a trabalhar e não a deleitarem-se com uma audição qualquer descontraída. Para curtir, esquecendo que o tal senhor Maestro é o Georg Solti então o Lenco levaria a melhor, porque, calhando e como diz o Paulo, faz-nos chegar mais facilmente à tal musicalidade de uma música misturada e empacotada | |
| | | Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14323 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
| Assunto: Re: Freiria, uma sala dedicada ao Prazer Seg Ago 21 2017, 08:53 | |
| Prezado Goansipife, Boa explanação com recurso a imagens metafóricas, de forma a torna compreensível as audições de duas fontes, equipadas com células de diferentes tipologias. Com melhores cumprimentos, 4u | |
| | | TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
| Assunto: Re: Freiria, uma sala dedicada ao Prazer Seg Ago 21 2017, 12:12 | |
| - Goansipife escreveu:
- (...) Solti, não seria diferente. Ele não pretende arrancar novos conceitos da orquestra, que para si será mais ou menos exporádica. O que ele pretende é arrancar aplausos fáceis e estrondosos de uma audiência incauta e ávida por presenteá-lo com tal. Quando tal não sucede, é porque a banalidade é demasiado óbvia e a "bebedeira colectiva" de audição do GRANDE, não esteve para ali virada. ...
Hà muitos anos atràs tinha feito um estàgio de marketing e de gestão afim de melhor conduzir o rumo da minha empresa. Lembro-me bem de uma discussão muito animada com a rapariga que me formava quando ela me disse algo assim: Uma empresa moderna que vém de nascer aspira a ser conhecida ràpidamente! Desde o momento em que é conhecida ela aspira a produzir bons produtos! Uma vez que produz coisas de qualidade ... ela sò aspira a vender, e o mais possivel e com grande lucro !!! E no fim ela vende muito e com grande lucro ... e o resto é sém importância !!!...A frase sobre o Solti fez-me pensar nisto, e muitas das nossas discussões sobre o audio também... - Goansipife escreveu:
- (...) Ora, se fosse possível ser hoje, isto significaria que os músicos teriam ouvido esta gravação, preferencialmente em CD e se não houvesse em tal formato (que efectivamente há), e ainda, se não houvesse mais nenhuns giras disponíveis, senão o Lenco L78 com a Shure e o Rega RP3 com a Legacy, apoiados pelo pré-phono Rega Aria, então os músicos ouviriam o Rega RP3+Legacy+Aria. Certamente! Esta será, sem sombra de dúvidas, a configuração mais correcta nos vários parâmetros, chamados técnicos, acima expostos
Isto porque, os tais músicos, estariam a trabalhar e não a deleitarem-se com uma audição qualquer descontraída.
Para curtir, esquecendo que o tal senhor Maestro é o Georg Solti então o Lenco levaria a melhor, porque, calhando e como diz o Paulo, faz-nos chegar mais facilmente à tal musicalidade de uma música misturada e empacotada
Existe uma frase de um escritor russo que diz mais ou menos isto: Os seres humanos passam uma vida a aprender e a evoluir e quando chegam a velhos sò sonham de voltar a sentir como as crianças... (o amigo Mario escreveu uma frase similar hà pouco tempo num topico). Entre 1995 e 2012, com um amigo eu tive uma loja de audio (auditorio) que era muito afamado no sul da frança. Tinhamos vàrias salas e muito material diferente com preços indo de 1000€ até vàrias dezenas de milhares. Digo isto, porque durante todos esses anos de negocio, raramente vi os clientes (leigos ou conheçedores...) escolher o material em função da musicalidade, mas sempre em função do desempenho/marca (excepto a maioria das mulheres) ... e os musicos da orquestra de Montpellier não eram excepção a esta regra! Se eu me lembrar do material que tive, da evolução dos meus amigos e mesmo da maioria das frases que leio neste forum ... vejo que a grande maioria das pessoas mudam de aparelho para outro que apresente um desempenho superior, e depois vão associar esse desempenho à "musicalidade". Isto é vàlido para todos os elementos e mesmo os Can's, e conheço pessoas que adquiriram um Beyerdynamic DT880, não porque seja mais barato do que tinham antes ... mas porque possui um desempenho melhor e então (para eles) a musica é melhor reproduzida !!! Então para resumir, sempre vi a evolução material da maioria das pessoas ser condicionada pelo desempenho/equilibrio tonal ... pois não basta ser melhor técnicamente, é necessario que o som agrade. Hoje em dia, e mesmo da parte de pessoas que conheço hà muito, vejo uma nova postura que consiste a abdicar do desempenho afim de escolher simplesmente o equilibrio tonal ... este sendo associado directamente à musicalidade. Seria como dizer que a "musicalidade" é o resultado de um fraco ou médio desempenho associado a um modelo calibrado de "equilibrio tonal", o que nos permitiria de fazer o postulado seguinte: Um aparelho (ou sistema) com um equilibrio tonal sedoso e envolvente, com uma dinamica média e uma definição fraca, mas coerente timbricamente e uma linearidade a fazer sobressair os médios e baixos médios é musical...Tenho a certeza que muitos de voçês lendo este postulado assim dictado não vão estar de acordo ... no entanto é impossivel de não reconheçer globalmente nesta frase o som Linn, Rogers, Garrard, Tannoy, Quad, Harbeth e etc, ou seja o tão afamado som inglês ... e mesmo juntar a esta espetada de marcas a Lenco !... Ao mesmo tempo, também posso citar a Naim, Exposure, Epos, Rega, Roksan, ProAc que sendo também inglesas, não correspondem ao postulado ... e que a maioria também as julga globalmente "musicais" ... Então se é o caso, estas ultimas marcas provam que a musicalidade pode existir sém que o desempenho seja castrado e o equilibrio tonal calibrado ou manipulado! Não paro de dizer que ... é bem complicado o audio !!! PS: Globalmente estou de acordo com o que o Gonçalo diz, mas não creio que o coelho esteja na toca à qual pensamos ném que o Vintage seja a solução à crise identitària do audio. Hà que buscar outras tocas penso !!! | |
| | | Goansipife Membro AAP
Mensagens : 3791 Data de inscrição : 04/12/2011 Idade : 65 Localização : Freiria - Torres Vedras
| Assunto: Re: Freiria, uma sala dedicada ao Prazer Seg Ago 21 2017, 21:07 | |
| Mais um mote de conversa dado pelo Paulo Esta questão do vintage, já tão discutida aqui, não é realmente pacífica como diz o nosso amigo . Contudo, estou plenamente de acordo com ele. Mas..., ninguém vai censurá-lo pelos alertas que ele faz ao fenómeno actual do vintage É claro que o Paulo acredita que existem equipamentos, já considerados como vintage, ainda actuais, hoje e de grande valor, não envergonhando ninguém que os possua. Mas..., penso que existe um sítio já criado para falarmos deste fenómeno. Vamos para lá https://www.audioanalogicodeportugal.net/t11137-vintage-ou-nao-vintage-eis-a-questao?highlight=Vintage | |
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| Assunto: Re: Freiria, uma sala dedicada ao Prazer | |
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