A rodar XLVI

Dos veteranos nomes em actividade de rock da América, além de Cafferty, Mellencamp ou Springsteen, Seger é outro nome a reter. Gravado com a The Silver Bullet Band, «The fire inside», sem ser o melhor álbum de Bob Seger, fez furor no país de origem e no Velho Continente. Nas sessões de gravação, participaram Don Was (baixo eléctrico), Bruce Hornsby (acordeão e piano; em 1986 assinou o hit «The way it is») e Joe Walsh (guitarra).

(Capitol Records, 79113 41)

Águas foram glórias de uma colectividade de bairro. No entanto, a minha intervenção neste espaço, em nada se refere a esses avançados...

Roger Waters é a celebridade a quem concedo ouvidos, no LP «The pros and cons of hitch hiking». Gravado entre Fevereiro e Dezembro de 1983, os solos de guitarra têm autenticação de Eric Clapton.

(EMI, 24 0105 1)

Tive um amigo que passou petiscar um bocadito ao meio dia, e como é a feira dos vinhos por aqui, tinha uma garrafita a lhe fazer descobrir. Com umas fatias de chouriço catalão e dois queijos de ovelha e cabra, acompanhados de pão quente, tratava-se de escolher a musica para escutar e acompanhar esta improvisação gastronomica. Sém hesitação, pois não o escutava hà muito, foi o Hard Candy dos Counting Crows que saltou para o streamer e que nos fez companhia. È sempre um prazer renovelado de escutar estas melodias envenenadas e sensuais que fazém pensar a um idilico verão eterno...

O vinho não se fica atràs da musica e hoje por uns quantos euricos é possivel de degustar um Chardonnay de la Loire que se porta como um grande, mas com pequeno preço. Quando os frenchies aceleram no vinho é dificil de fazer melhor...

Gosto de álbuns com pouco tempo de duração. Gosto de escutar um disco para esfriar um dia marcado por vicissitudes. Gosto de registos simples. Gosto de álbuns que conheço, mas que em determinada circunstância movem o meu ser, ficando nitidamente diferenciados.

«Le noise», enquadra-se nas minhas afirmações. Oito temas preenchem 38 minutos. Voz e guitarra, tratados vivamente pelos meios electrónicos explorados por Daniel Lanois. Neil Young, não dado a modas, aos 64 anos de idade, surgiu com um álbum que sobressai e brilha no horizonte de 2010, acompanhando-me, regularmente, desde a invasão da Covid-19 no território lusitano.

(Reprise, 9362-49618-6)

A fusão entre a musica barroca e o jazz não é recente e pode pareçer mesmo natural pois alguns musicologos jà véem o jazz na musica do Bach. Esta obra do Michel Godard é o encontro entre um trio de jazz e outro de musica barroca reunidos à volta das harmonias do Monteverdi. Geralmente não gosto dos cruzamentos estilisticos ném da fusão musical em geral pois o resultado final raramente é superior à soma dos ingredientes. Aqui também é o caso e ném o jazz ném a musica barroca saém mais grandes desta obra ... mas como por milagre uma terçeira via abre-se e é um novo universo, desconhecido e onirico que apareçe em frente do auditor. Gravado com inspiração e fineza na Abadia de Noirlac, esta obra utilisa a acustica natural do sitio como cimento entre as inprovisações de uns e as harmonias obsedantes dos outros ... a arte do mestre veneziano sai enaltecida deste encontro. Uma obra que alterna a asperidade e a elegância não como um concepto maniqueista mas como dois polos extremos de referência. È o que se passa entre o céu e a terra que interessa aos musicos e eles acabam por cristalisar por instantes momentos de graça pura, algo de mistico descobre-se. Uma obra complicada que não facilita a entrada do auditor nos seus arcanos mas que o recompensa vàrias vezes no final da viagem...