O Arco Mágico de Michael RabinNo final de 2012 fez precisamente 40 anos que morreu Michael Rabin, um dos maiores violinistas do século 20, apesar da sua carreira curta e morte prematura em 1972 com apenas 35 anos de idade.
Michael Rabin era Americano descendente de Judeus Romenos, a sua Mãe Jeanne foi uma pianista que estudou no conservatório Juilliard em Nova Iorque e o Pai George foi um violinista da Filarmónica de Nova Iorque.
Michael Rabin começou a estudar violino a sério aos sete anos de idade.
Depois de uma lição com o grande violinista Jascha Heifetz (também ele um dos maiores violinistas do século 20), o mestre Heifetz aconselhou-o a estudar com Ivan Galamian que foi também mais tarde professor de Itzhak Perlman e Pinchas Zuckerman.
Começou então os estudos com Ivan Galamian em Nova Iorque e também na escola de música Meadowmount e no conservatório Juilliard.
Rabin estreou-se profissionalmente em 1947 com 10 anos de idade, com a filarmónica de Havana e o maestro Artur Rodzinski, interpretando o 1º concerto de Wieniawski.
Fez a primeira gravação em 1949 para a Columbia com 11 Caprichos de Paganini.
A sua estreia no Carnegie Hall aconteceu em 1950 com 13 anos de idade, como solista da National Orchestral Association, e tocou o concerto nº 5 de Henri Vieuxtemps com o maestro Léon Barzin.
Depois disso actuou com uma série de Orquestras Americanas, antes de voltar ao Carnegie Hall no final de 1951 já com 15 anos onde tocou o concerto de nº1 de Paganini com o maestro Dimitri Mitropoulos a conduzir a Filarmónica de Nova Iorque.
A sua primeira actuação em Londres aconteceu em 1954 com 18 anos de idade, tocou o concerto de Tchaikovsky no Royal Albert Hall com a orquestra sinfónica da BBC.
Rabin tocou principalmente com o seu violino "Kubelik" Guarnerius del Gesu de 1735.
Fez muitas turnés nas principais cidades dos estados unidos da America, Europeias, América do Sul e Austrália.
Nos anos 50 Rabin assinou pela Capitol-EMI onde gravou a maior parte do seu legado.
Depois de 1959 Rabin nunca mais gravou por razões que nunca foram totalmente clarificadas, continuou no entanto a actuar ao vivo em concertos por todo o mundo que revelavam todo o seu talento intacto.
Existem relatos da sua instabilidade tanto a nível emocional como também na sua vida privada.
Especula-se que Rabin terá tido algumas dificuldades em ajustar-se à mudança da criança prodígio para o adulto virtuoso, apesar do seu talento nunca ter mostrado sinais disso.
Nos anos 60 existem rumores de ter tido um esgotamento nervoso, depressões, neuroses, medos e ansiedades que o levaram a cancelar alguns concertos e a um certo isolamento.
Michael Rabin morreu prematuramente em 1972 aos 35 anos devido a um ferimento na cabeça após uma queda no seu apartamento em Nova Iorque.
Michael Rabin foi um dos talentos mais superlativos que apareceram neste mundo.
No início dos anos 50 era uma extraordinária promessa, cujos atributos como violinista eram impecáveis e sem falhas, possuía um "quarto dedo" poderoso que fazia muitos violinistas morrer de inveja.
Tudo isso foi auxiliado por uma suavidade instintiva de fraseado e uma entrega suprema.
Ternura, charme e uma certa doçura de carácter fizeram parte da sua forma de tocar, juntamente com o seu talento, enorme virtuosismo e ousadia.
Nos seus melhores anos o seu desempenho exalava uma aura de juventude.
Era a arte de um violinista fenomenal jovem ainda a caminho da maturidade intelectual, espiritual e cultural.
O inicio dos seus problemas neurológicos que o afastaram talvez das gravações e depois a sua morte prematura foram uma perda trágica para o mundo da arte e do violino em particular.
O melhor tributo que lhe podemos fazer é escutar e apreciar o esplendor da sua herança gravada, estas gravações essencialmente feitas nos anos 50, têm no entanto e felizmente uma excelente qualidade sonora.
A Editora Testament tem vários LP's reeditados de Michael Rabin :
- The Magic Bow
- Bruch Scottish Fantasy
- Mendelssohn Violin Concertos
- Paganini Caprices
- Mosaics
- Mosaics Vol. 2
- Glazounov & Paganini Violin Concertos
- Tchaikovsky Violin Concerto
Destes todos destaco não só musicalmente mas também pela extraordinária qualidade sonora "The Magic Bow" (O Arco Mágico).
Este LP do violinista Michael Rabin conta com a participação da Orquestra Sinfónica Hollywood Bowl conduzida pelo grande maestro Felix Slatkin.
São interpretadas as seguintes belas peças com um excelente som :
Fritz Kreisler (1875-1962)
1. Caprice Viennois
Grigoras, Ionica Dinicu (1889-1949) & Jascha Heifetz (1901-1987)
2. Hora Staccato
Jules Massenet (1842-1912)
3. Meditation From Thais
Pablo de Sarasate (1844-1908)
4. Zigeunerweisen
Niccolo Paganini (1782-1840) & Fritz Kreisler
5. Moto Perpetuo
Fritz Kreisler
6. The Old Refrain
Rimsky-Korsakov-Heifetz
7. The Flight Of The Bumble Bee
Camille Saint-Saens (1835-1921)
8. Introduction And Rondo Capriccioso
Gosto especialmente do tema “Meditation From Thais” de Massenet que como sabem tem uma musicalidade e um romantismo que nos toca profundamente, capaz de fazer chorar até as pedras da calçada...
Esta foi mais uma magnifica reedição da Testament com um excelente trabalho de remasterização para vinilo, realmente até parece que Michael Rabin tinha um Arco Mágico…
P.S.:
já tenho a confirmação que vou arranjar mais exemplares brevemente do magnifico LP da Testament do Nathan Milstein & Erica Morini e também já sei que vou conseguir arranjar mais alguns exemplares deste magnifico "The Magic Bow" do Michael Rabin.
Abraços,
Jorge Ferreira