A rodar XLVII

José Miguel escreveu:

É verdade, o Peter Hammil tem muitas letras que merecem toda a atenção. Em tempos criei um tópico que abordava o lado das letras das canções, uma espécie de homenagem a uma parte que por vezes é/parece esquecida.
https://www.audioanalogicodeportugal.net/t9470-nem-so-de-musica-vive-uma-cancao

Caro José, tem toda a razão, vou ler com atenção o tópico.
Muitas vezes uso o seguinte tema Still Life para leccionar as questões éticas da manipulação genética:
https://www.youtube.com/watch?v=WYBifGynf6g

Outro poeta da música será o Tom Waits, por exemplo, no Asylum Years:
https://www.youtube.com/watch?v=J_x22aUkkc8

TD124 escreveu:

O meu filho prodigo (aka Anti-Lenco) està de volta para uma curta visita ... uns filhos voltam, outros vão e infelismente alguns partem para sempre, tal é a essência deste funesto album! Diz-se que a realidade ultrapassa a ficção e desta vez o sombrio artista australiano vive na pele a incomensuravel dor dos outros que sempre cantou. Neste album surrealista aonde a tristeza e a desolação interna atingem regularmente o paroxismo ... o que sobressai é a coragem e a dignidade deste homém. Sempre altivo nas suas emoções e espaldado pelo seu eterno tenente Warren Ellis ele encontra esse espaço fugaz aonde o desespero não se transforma em lamentação e dà-nos uma lição de como continuar apesar de tudo. Uma obra intensa e dramatica que esquiva o doentio e mereçe um lugar de destaque nos discos de luto. Não é algo que se escuta todos os dias mas a presença deste gira deu-me vontade de ver como ele esculpe os sentimentos negros ... um belo momento de musica e de humanidade!

Ao que parece o disco foi gravado por coincidência antes da morte do Filho. O que o torna ainda mais misterioso. É como dizes um disco profundo e único!

Não me canso de colocar aqui este disco, é um álbum de excelentes músicos alemães que nos dão a sua visão da música americana.

Alexandre Vieira escreveu:

... Ao que parece o disco foi gravado por coincidência antes da morte do Filho. O que o torna ainda mais misterioso. É como dizes um disco profundo e único!

Do que sei, vàrias letras estavam escritas antes da morte do filho e eles jà estavam no estudio, mas por causa desse acidente o Nick Cave decidiu de as rejeitar e pensou mesmo nunca mais voltar a cantar! Foi o Warren Ellis que escreveu a musica e o convençeu a continuar e que gravém os dois este album como um exorcismo!...

O disco seguinte (Ghosteen) jà é complétamente dedicado ao seu filho ... mas desse gosto menos, é assim

TD124 escreveu:

Alexandre Vieira escreveu:

... Ao que parece o disco foi gravado por coincidência antes da morte do Filho. O que o torna ainda mais misterioso. É como dizes um disco profundo e único!

Do que sei, vàrias letras estavam escritas antes da morte do filho e eles jà estavam no estudio, mas por causa desse acidente o Nick Cave decidiu de as rejeitar e pensou mesmo nunca mais voltar a cantar! Foi o Warren Ellis que escreveu a musica e o convençeu a continuar e que gravém os dois este album como um exorcismo!...

O disco seguinte (Ghosteen) jà é complétamente dedicado ao seu filho ... mas desse gosto menos, é assim

Eu também gosto mais deste! Aliás muito mais.

Gosto muito deste "patinho feio" dos Metronomy, mas arte de fazer canções simples não é para todos e eles sabem fazê-lo como poucos neste momento.

TD124 escreveu:

[justify]O meu filho prodigo (aka Anti-Lenco)

Belo anti.

A rodar:


Ao vivo.....

Atlas Sound - Parallax

Talvez o registo mais intimo de Bradford Cox. Um disco cheio de músicas muito bem concebidas com aquele toque alternativo que lhe dá salero.

Com tempo as nossas análises às obras mudam tanto, aquele que era considerado o patinho feio dos Depeche Mode hoje tem uma enorme legião de admiradores e até alguns acham o disco um dos pináculos da pop-electronica.

Não espera horas "extra" nesta manhã, mas acabei por as ter e saí delas com a necessidade de encontrar um pedaço de confortável conhecido. Olhei para a estante, não me desloquei até ela, senti o abismo da falta no imediato. Peguei no telefone, escrevi o nome da banda e álbum, liguei a caixinha negra:


Em Sky Blue Sky os Wilco não estão com a força experimental que eleva o Folk-Rock para outro nível, mas o meu gosto por este álbum sempre esteve ligado ao conforto que ele transmite (a banda manteve-se na zona de conforto e criou algo confortável). Assim sendo, estamos mais próximos do território Indie, alimentado por sons, textos, filmes, que são inspiração para a procura de um pedaço de realidade sonhado ou aspirado, sempre pela via mais simples.

José Miguel escreveu:

Não espera horas "extra" nesta manhã, mas acabei por as ter e saí delas com a necessidade de encontrar um pedaço de confortável conhecido. Olhei para a estante, não me desloquei até ela, senti o abismo da falta no imediato. Peguei no telefone, escrevi o nome da banda e álbum, liguei a caixinha negra:


Em Sky Blue Sky os Wilco não estão com a força experimental que eleva o Folk-Rock para outro nível, mas o meu gosto por este álbum sempre esteve ligado ao conforto que ele transmite (a banda manteve-se na zona de conforto e criou algo confortável). Assim sendo, estamos mais próximos do território Indie, alimentado por sons, textos, filmes, que são inspiração para a procura de um pedaço de realidade sonhado ou aspirado, sempre pela via mais simples.

Gosto muito dos trabalhos dessa banda especialmente na configuração LOOSE FUR (banda composta por alguns dos integrantes.

Deixo aqui a minha companhia neste inicio de tarde

Um disco mágico desta banda diferenciada. O relato que fazem do amor não tem rosto, não é feminino nem masculino limitam-se alertar para os perigos e vantagens de amar.


Este trabalho é a verdadeira ante-câmara do 69 Love songs, aliás diria que este disco faz parte desse álbum ou vice-versa.



Magnetic Fields - Get Lost

Começar pelo fim nem sempre é má ideia.

Estou à espera

Joy Division a esta hora!?!
Está uma noite de chuva?


edit: da última vez que coloquei o Unknown Pleasures não passei da segunda faixa... por vezes acontece com alguns álbuns, tentei o Closer, ouvi a Face A toda.

José Miguel escreveu:

Joy Division a esta hora!?!
Está uma noite de chuva?

Bravo!, vens de ganhar uma jantarada com a pessoa do teu agrado no antro do TD124 e com tudo o que foi prometido, e visto que é para ti, haverà mais algumas coisas que repousam na adega

Não!, apòs duas semanas de chuva pela primeira vez temos mais ou menos sol e mesmo calor (20°)! Amanhã vou poder aparar o relvado que até pareçe uma selva

ricardo.canelas escreveu:

Começar pelo fim nem sempre é má ideia.

Scriabin é uma escolha fantastica ... arriscada em vinil mesmo com um SP10! As interpretações de Scriabin pelo Horowitz é algo de mistico, quase acredito que Deus existe

TD124 escreveu:

(...)

Não!, apòs duas semanas de chuva pela primeira vez temos mais ou menos sol e mesmo calor (20°)! Amanhã vou poder aparar o relvado que até pareçe uma selva

Vamos lá jogar, quente ou frio, perto ou distante.

Deste lado a escolha para o pós jantar foi feita a pensar no café e momento de sossego, o dia ameçou chuva, mas o sol resistiu até cair a noite - perdemos a luz, a chuva continuou fora do quadro. Ambos gostamos de café e da forma tranquila como por estes dias é possível experimentá-lo perante a cidade despida de vida. Quando visitamos lugares novos, cafés com alguma particularidade, se existir lugar ao balcão é lá que nos sentamos. Não faremos parte de um quadro como as personagens que estão no retrato do Phillies, estaremos apenas mais perto da pessoa que nos poderá proporcionar o que procuramos, estaremos num ponto especial no jogo social da observação - a perspectiva conta.

Blues e café, as duas cores já dariam para pintar muito, mas há letras cantadas e arranjos suaves que enriquecem a paleta de cores.

TD124 escreveu:

ricardo.canelas escreveu:

Começar pelo fim nem sempre é má ideia.

Scriabin é uma escolha fantastica ... arriscada em vinil mesmo com um SP10! As interpretações de Scriabin pelo Horowitz é algo de mistico, quase acredito que Deus existe

Foi a primeira vez que ouvi o Prometheus com ouvidos de ouvir, sem interrupções. É sem dúvida uma obra maior. A estrutura harmónica oscilante, a velocidade com que os arranjos mais arrojados decoram o piano para desaparecerem sem mácula nem eco. Merece mais uma audição!

ricardo.canelas escreveu:

... Foi a primeira vez que ouvi o Prometheus com ouvidos de ouvir, sem interrupções. É sem dúvida uma obra maior. A estrutura harmónica oscilante, a velocidade com que os arranjos mais arrojados decoram o piano para desaparecerem sem mácula nem eco. Merece mais uma audição!

Não conheço muito bem o Poema do Fogo e é sobretudos os Estudos e os Preludios que conheço pelo Horowitz ... se puderes dà uma escuta ao mitico recital em Varsovia do Sviatoslav Richter (1972) integralmente dedicado ao Scriabin, é simplesmente magistral!

Caro Ghost4u, espere pela edição em vinyl....

A noite caiu e o momento convida à escuta de algo que nos aproxima do estado de sossego. Para que o objectivo seja conseguido, pegamos num álbum comprado pelo facto de vir do país de origem connosco, uma recordação do lugar. Tal como o lugar de onde ele veio, há mais mundo nele contido do que as primeiras impressões fazem acreditar. Depois há um desenvolvimento que aqui e acolá lembra um conto de fadas, será a tal terra desconhecida, mas imaginada.


Uncharted Land by Niels Henning Ørsted Pedersen (1992)
Não é um álbum da ECM, mas poderia ser...

Rstuyvesant escreveu:

Caro Ghost4u, espere pela edição em vinyl....

A edição pode ser na gramagem menor.

Tarde arrunada, o sol que cai deste lado levanta-se num outro. Viajamos com a Música, seguimos até Singapura pela mão dos The Observatory. O Rock veste-se do novo psicadelismo na sua forma mais escura, lembra-nos que a expressão "Art Rock" ainda faz sentido.

És TU um KID A?

Kid A é um daqueles álbuns que espero encontrar numa edição decente em vinil... a dupla de 10" que apanhei foi-se, muito ruidosa. Esse álbum merece o cuidado.


Por aqui e depois dos The Observatory, ficou na mente este:


Os anos passam e este álbum, apesar de tudo, mantém toda a pertinência. A esta hora, com o jantar ainda distante, faz ainda mais sentido.

José Miguel escreveu:

Kid A é um daqueles álbuns que espero encontrar numa edição decente em vinil... a dupla de 10" que apanhei foi-se, muito ruidosa. Esse álbum merece o cuidado.


Por aqui e depois dos The Observatory, ficou na mente este:


Os anos passam e este álbum, apesar de tudo, mantém toda a pertinência. A esta hora, com o jantar ainda distante, faz ainda mais sentido.

Esse disco faz sempre sentido seja a que horas fora, às horas das refeições ainda melhor porque contempla a oração:


In nomine patri et filii et spiriti sanctum - Stigmata Martyr.

Alexandre Vieira escreveu:

... És TU um KID A?
...

Não sei!... "A" saturação de dados do meu OK computador tornou-me num Kid Amnesiac

TD124 escreveu:

Alexandre Vieira escreveu:

... És TU um KID A?
...

Não sei!... "A" saturação de dados do meu OK computador tornou-me num Kid Amnesiac

Bom trocadilho!

Eu agora recomendo-te uma obra que não deves conhecer



Todos conhecemos as Quatro Estações, mas esta é a The Four Seasons, é uma obra que é verdadeiramente desconhecida da maior parte.

Bom trocadilho!

Eu agora recomendo-te uma obra que não deves conhecer



Todos conhecemos as Quatro Estações ( Sete Rios, Entre Campos, Baixa-Chiado e Restauradores), mas esta é a The Four Seasons, é uma obra que é verdadeiramente desconhecida da maior parte.  

Suede é o álbum de estreia da banda inglesa de rock alternativo Suede , lançado em março de 1993 pela Nude Records . Foi gravado em Londres nos estúdios Master Rock no final de 1992 e início de 1993 e foi produzido por Ed Buller . Na época o álbum de estreia mais vendido na história britânica em quase uma década, Suede estreou no topo da UK Albums Chart , ganhou o Mercury Music Prize de 1993, e é frequentemente citado como um dos primeirosdiscos do Britpop, e o melhor de sempre . Exibindo um som de britanismo e glam rock , sua música e conteúdo lírico foram comparados aThe Smiths e David Bowie .

Estava no baú! Em boa hora o coloquei a tocar, que boas recordações tenho de os escutar ao vivo no Lux Frágil.

Perry Blake - California.

Existem muitos álbuns por aí que levam estampados os nomes de uma cidade, estado ou região famosa e, na maioria dos casos, a relação entre aquele local e o conteúdo musical mantido dentro dela permanece completamente arbitrária; se o artista nunca tivesse feito a associação, então o ouvinte, nunca teria chegado lá sozinho. Não é assim com a 'Califórnia' do orgulhoso irlandês Perry Blake. O que ajuda a atrair o ouvinte para este estranho mundo de fantasia desbotada é a natureza humana da história que este álbum conta, a conquista da California em primeiro lugar, e para ele é tão simples como querer conquistar um lugar na California.

A música em si faz um trabalho especializado de construir a exata atmosfera sonhadora desejada, uma que deixa o ouvinte flutuando no seu próprio cenário de algodão doce, é como olhar para a nuvens e percepcionar castelos, ursos fofinhos, ou agradáveis rostos familiares que estavam esquecidos, não se importando que esteja afastado da realidade.

As composições são sempre ricas e com texturas densas mas inteligentes, sem serem desagradavelmente açucaradas em demasia, este disco é a 'Califórnia' que ele quis percepcionar, uma California paradisíaca, nostálgica e neo-romântica.

Este disco já fez 18 anos e continua fresco actual à espera de ser (re)descoberto como no dia em que foi publicado, porque de facto merece ter uma segunda vida

Com diz o autor:



A new life is what we need
A new life out of here
Little moments, don't you know?
Maybe go to California, where it's warm
Get some work
I can see you and I breaking waves
In the sunshine

TD124 escreveu:

Alexandre Vieira escreveu:

... Perry Blake - California. ...

Continuando proximo da divagação californiana do Perry Blake e ficando fiel ao meu guitarrista austriaco escuto neste momento o Endless Summer! Considerada como a obra prima do Christian Fennesz este album é uma visão pessoal da California ... convido à escuta atentiva desta obra

Paulo não podes enviar um link da musica que mais gostas dele? Estou muito curioso!

Aqui roda o misterioso



Um escuro registo do Bill Callahan em que a voz e a profundidade das letras fazem-nos esquecer que estamos a ouvir música, parece quase poesia cantada.

As audições acabam agora com este maravilhoso





Um banda com temas extraordinários.

Alexandre Vieira escreveu:

...Paulo não podes enviar um link da musica que mais gostas dele? Estou muito curioso!

As obras que prefiro dele são os jà citados Venice e Endless Summer mais o Agora! Atenção Alexandre, o Fennesz é guitarrista mas a sua musica é pura electronica

Esta magnifica obra que é em mono, mas não é nenhum mono, é de 1958 e constitui um registo fantástico e emocionante.

Roda em K7

Uma delicia voz fresca de Morrissey,e  em que Vini Reilly também é parte determinante no encanto desta K7.

A produção ficou a cargo de Stephen Street, que também foi co-autor de todas as canções do disco. O disco também contou com o guitarrista Vini Reily, líder da banda Durutti Column, também de Manchester, berço dos Smiths. O álbum foi lançado apenas seis meses depois do último álbum dos The Smiths, Strangeways, Here We Come. O título prevê que o conteúdo das letras de Morrissey é sarcástico e cheio de invectivas, embora algumas das faixas lidam com a dureza da separação dos The Smiths. O álbum foi produzido por Stephen Street e a maioria dos arranjos são de Vini Reilly da banda The Durutti Column. O estilo distinto de Reilly é evidente por todo o álbum, especialmente em faixas como "Late Night, Maudlin Street" e "Bengali in Platforms". A gravação continua a ser uma das suas melhores gravações conhecidas e foi certificado com Ouro pela RIAA em 16 de novembro de 1993. Algumas das faixas causaram polêmica, como a faixa "Margaret on the Guillotine", que descreveu a morte da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher como um "sonho maravilhoso". In Wiki

Metronomy continua o seu caminho solitário na música, um pop electrónico aparentemente simples, mas cheio de pormenores que fazem a diferença, colagens sucessivas de sons que criam uma trama incrível.

Depois de um dia de enorme tensão, nada como este álbum para descontrair!

E agora numa espécie de antítese, algo mais intimo e próximo, um dos discos da minha vida, a versão que tenho em vinil está gasta de tanto tocar, talvez seja um dos discos que mais tocou.Mas os riscos e as imperfeições que tem, são como as rugas que tenho, foi eu que a fiz.

Um bom álbum do Gomez na primeira audição, mas um ótimo álbum do Gomez fica melhor a cada audição, ao contrário deste conjunto de músicas pop sólidas, mas que(salvo duas excepções) não guardamos na memória, Definitivamente não é um Gomez como os anteriores que amadurecia com o tempo e queríamos voltar a ouvir.

Recomenda-se a audição mas com cuidado!

Depois do anterior e um pouco sonolento dos Gomez, apeteceu-me limpar o palato com uma boa Strokalhada!