Assunto: Re: A rodar XLVII Dom maio 23 2021, 17:53
José Miguel escreveu:
...Leio, não é a primeira vez que leio, as suas palavras e não as entendo, desde logo por não compreender as suas referências. ...
...A frase que o Paulo escreveu e que eu deixei sublinhada, assim e sem mais (sem outro contexto, entenda por favor), para mim encerra um erro e talvez seja isso que nos separa na compreensão e/ou abertura (gosto!?!) ao que se vai fazendo hoje em Londres, Chicago, Los Angeles, Nova Iorque, etc.
O Jazz nasceu como Música espiritual ou não fosse ele "filho" dos Blues e do Gospel(1). O que o Jazz tem de especial e o torna diferente da Música que lhe deu origem é a maior abertura ao improviso e isto desde o nascimento. É como uma nova língua dentro da grande Linguagem que é a Música.
...O Paulo usa muitas vezes a palavra alteridade, palavra da qual gosto muito. Alteridade é isto mesmo, é a consciência do Eu com o Outro, coisa que vejo muito presente em cada álbum desta nova geração(2) e se não o vê/ouve em The Rich Are Only Defeated When Running for Their Lives de Anthony Joseph, as referências que temos de Jazz serão mesmo diferentes.
O Jazz, a par do Rock são os unicos estilos de musica que trago comigo desde a adolescência ... resultado dos concertos gratuitos no Seixal e nos jardins da Fundação Gulbenkian dos anos 80! È o unico estilo de musica, a par da Barroca, que me tocou suficientemente para que tenha lido muita literartura sobre ela e mesmo vàrias biografias de musicos. Dito isto, a minha intervenção não tinha como objectivo de te contradizer ném de te endoutrinar, ou a qualquer outra pessoa, mas de partilhar as minhas opiniões e sentimentos em relação a esta "cena" actual! Este album do Ambrose Akinmusire comprei-o, escutei-o e esgotei-o, sozinho como um grande e partilhei das razões disso com a minha argumentação que pelos vistos não chegou. Não temos de certeza as mesmas referências, ném pelos vistos a mesma visão deste estilo musical, então re-explico-me em relação ao que citei:
1_Ver o Jazz como um estilo derivado do Blues e do Gospel é esqueçer o ragtime, a marcha, a fanfare, a quadrille e a biguine das antilhas francesas, pois o Jazz nasceu na Nova Orleans que foi um territorio françês. O Jazz nasceu como uma musica popular destinada à dança, aos funerais (brass), ao trabalho e a ser tocada no exterior e sò apareçe como um estilo musical complexo e estructurado com o Bebop nos anos 40. O Jazz é então, à nascença, uma musica popular que é "filho" da musica euro-americana e afro-americana e vê-la como tendo nascido com uma base espiritual pareçe-me inexacto ou tendencioso ... aliàs, citei a obra que explica as suas origens e particularidades e que foi a primeira a ser escrita sobre este estilo musical. Aliàs, os subestilos do Jazz que o tornam mais complexo e que apareçem nos anos 30 e 40 (Swing, Big Band, Bebop) pouco ou nada téem de espiritual no sentido sagrado do termo...
2_Se considerar-mos que o Bebop nasceu da frustração dos musicos no interior dos Big Bands que consideravam que esse estilo e maneira de tocar era redutor, demasiado disciplinado e escolar a "alteridade" nasce com este estilo! As pequenas formações do Bop com os seus tempos ultra-rapidos permitem uma maior improvisação e complexidade ritmica e harmonica dos solos e evidenciar a técnica e virtuosidade dos artistas. Passando do plano de grupo (Big Band) para o plano individual (Bebop) o Jazz açentua a "alteridade" dos artistas e por isso citei essa qualidade que vai acompanhar o Jazz até hoje... por isso falei de "alteridade"!...
Aqui estão as razões que justificam as minhas afirmações, quanto ao resto nada tenho a acrescentar
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVII Dom maio 23 2021, 20:14
TD124 escreveu:
O Jazz, a par do Rock são os unicos estilos de musica que trago comigo desde a adolescência ... resultado dos concertos gratuitos no Seixal e nos jardins da Fundação Gulbenkian dos anos 80! È o unico estilo de musica, a par da Barroca, que me tocou suficientemente para que tenha lido muita literartura sobre ela e mesmo vàrias biografias de musicos. Dito isto, a minha intervenção não tinha como objectivo de te contradizer ném de te endoutrinar, ou a qualquer outra pessoa, mas de partilhar as minhas opiniões e sentimentos em relação a esta "cena" actual! Este album do Ambrose Akinmusire comprei-o, escutei-o e esgotei-o, sozinho como um grande e partilhei das razões disso com a minha argumentação que pelos vistos não chegou. Não temos de certeza as mesmas referências, ném pelos vistos a mesma visão deste estilo musical, então re-explico-me em relação ao que citei:
1_Ver o Jazz como um estilo derivado do Blues e do Gospel é esqueçer o ragtime, a marcha, a fanfare, a quadrille e a biguine das antilhas francesas, pois o Jazz nasceu na Nova Orleans que foi um territorio françês. O Jazz nasceu como uma musica popular destinada à dança, aos funerais (brass), ao trabalho e a ser tocada no exterior e sò apareçe como um estilo musical complexo e estructurado com o Bebop nos anos 40. O Jazz é então, à nascença, uma musica popular que é "filho" da musica euro-americana e afro-americana e vê-la como tendo nascido com uma base espiritual pareçe-me inexacto ou tendencioso ... aliàs, citei a obra que explica as suas origens e particularidades e que foi a primeira a ser escrita sobre este estilo musical. Aliàs, os subestilos do Jazz que o tornam mais complexo e que apareçem nos anos 30 e 40 (Swing, Big Band, Bebop) pouco ou nada téem de espiritual no sentido sagrado do termo...
2_Se considerar-mos que o Bebop nasceu da frustração dos musicos no interior dos Big Bands que consideravam que esse estilo e maneira de tocar era redutor, demasiado disciplinado e escolar a "alteridade" nasce com este estilo! As pequenas formações do Bop com os seus tempos ultra-rapidos permitem uma maior improvisação e complexidade ritmica e harmonica dos solos e evidenciar a técnica e virtuosidade dos artistas. Passando do plano de grupo (Big Band) para o plano individual (Bebop) o Jazz açentua a "alteridade" dos artistas e por isso citei essa qualidade que vai acompanhar o Jazz até hoje... por isso falei de "alteridade"!...
Aqui estão as razões que justificam as minhas afirmações, quanto ao resto nada tenho a acrescentar
Paulo, quero começar por me dedicar à frase que sublinhei, pois não quero deixar dúvidas no ar. Eu respondi à sua mensagem como curioso pela Música que sou e não para forçar uma qualquer troca de argumentos. Eu leio e aprendo com o que escreve, descobri estilos, bandas e álbuns pelas trocas que fazemos e nunca deixei de partilhar a minha opinião honesta, mesmo que esta não vá ao encontro do que pensa. Falar sobre Música é como falar sobre equipamentos, estou aqui para aprender e agradeço que partilhe muito e o mais profundamente possível o que escuta/descobre.
O resto da mensagem continua a levantar-me sérias dúvidas, desde logo o ponto 1. Eu citei dois géneros de Música como origem do Jazz, mas sei bem de todos esses outros que refere. É por saber deles e por saber o que eles significam enquanto parte de uma cultura, que me dei à liberdade de poupar em palavras - não o devia ter feito. Repare bem no que escreve no ponto 1., eu nem preciso acrescentar nada para afirmar como parte integral e fundacional do Jazz a espiritualidade.
Não sei se vemos espiritualidade da mesma forma, eu não a confundo com religiosidade, para mim é algo mais basto. Se há cidade com profundas raízes espirituais e de grande diversidade é Nova Orleães. O Jazz é fruto dessa espiritualidade plural e popular, é fruto de uma mundividência que pedia novas formas de expressão a toda a hora.
Ao lado de tudo isto, bem colado e dificilmente separável, está a intervenção popular e social, o lado político do Jazz não precisa de manifestos, está no sangue e nas ruas, está nas raízes.
Quando vejo estas novas "cenas", que cada vez mais vejo como pontas de um mesmo novelo, vejo algo que me leva a pensar nas raízes do Jazz, vejo a acontecer hoje que sinto ao escutar álbuns dos anos 50, 60, 70, 80, ... quem toca e tem algo para dizer (não sei se recorda, mas já aqui disse que em Portugal sinto o Jazz adormecido por falta do que dizer) serve-se das ferramentas expressivas que existem. Ouvir Kamasi Washington ou Makaya McCraven não é simplesmente ouvir uma reprodução atrasada de Coltrane e afins, é ouvir como as raízes do Jazz cresceram até ao Século XXI! Com Kamasi Washington temos uma abertura mais espiritual, mas não esquecemos o carácter popular, cultural e até interventivo. Escute-se Kendrick Lamar e To Pimp a Butterfly, depois o The Epic... Não está lá a assinatura, o que dizer, a mensagem muito para lá de Coltrane? Com Makaya McCraven o Jazz não volta ao registo dança? Aqueles beats de bateria não são apenas mais de uma língua Jazz, é a língua actualizada, mas a mesma língua cujas raízes contêm os mesmos códigos.
O ponto 2., a alteridade, creio que chegamos ao mesmo ponto, ainda que depois de fazermos caminhos diferentes.
Paulo, não compreenda esta mensagem como afronta, antes como conversa sobre o tema que verdadeiramente me traz ao áudio. Aprender é um gosto e ao falar sobre Música acabo a compreender melhor a Música que escuto.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVII Seg maio 24 2021, 10:31
José Miguel escreveu:
...Quando vejo estas novas "cenas", que cada vez mais vejo como pontas de um mesmo novelo, vejo algo que me leva a pensar nas raízes do Jazz, vejo a acontecer hoje que sinto ao escutar álbuns dos anos 50, 60, 70, 80, ... quem toca e tem algo para dizer (não sei se recorda, mas já aqui disse que em Portugal sinto o Jazz adormecido por falta do que dizer) serve-se das ferramentas expressivas que existem. Ouvir Kamasi Washington ou Makaya McCraven não é simplesmente ouvir uma reprodução atrasada de Coltrane e afins, é ouvir como as raízes do Jazz cresceram até ao Século XXI!...
No que diz respeito à visão seminal do Jazz, aconselho-te de ler obras como a que citei que tém o mérito de ser alternadamente uma visão de historiador e de musicologo. Se continuares a sentir que a espiritualidade, rebelião e a intervenção politica são valores seminais do Jazz ... ficaràs confortado na tua ideia e ao mesmo tempo vais aprender muito sobre este estilo de musica, pois é verdadeiramente um testamento!...
Quanto ao ponto que puz em negrito, creio que é aqui que o nosso ponto de vista diverge totalmente e jà expliquei algumas das razões. Num ponto de vista estreito e polarizante sobre o Jazz até poderia estar de acordo contigo, mas eu escutei e ainda escuto vàrios subestilos de Jazz e essa afirmação torna-se valida num dominio, mas não na globalidade! O que dizes deve ser vàlido para as tuas referências, não para as minhas! Que relação, mesmo de continuidade, pode existir entre Coltrane, Coleman ou Ayler que fundaram uma linguagem propria e o Kamasi Washington que utilisa essa linguagem? A espiritualidade ou a messagem politica?... Qual o lugar então no Jazz para o Evans, Haden, LaFaro ou todos os outros musicos que expressaram sentimentos que não se enquadram totalmente nesse saco? Qual a espiritualidade e mensagem politica do Monk na sua musica?...
O Jazz como expressão exclusiva da "negridão" é uma visão polarizante! Posso compreender que seja um ponto que te toca e que prefiras abordar esse estilo sob esse prisma, mas ele é redutor. O Jazz, como qualquer forma complexa de musica pode exprimir todas as sensações humanas, mesmo as indiziveis, e toca a todas as culturas, como a musica clàssica ... que a primeira tenha sido criada por afro-americanos e a segunda por europeus é uma realidade historica, mas hoje, elas são universais. A diferença entre o simbolo e o cliché pode pareçer ténue ora que portanto é muito grande. O Mehldau, o Rea, o Hamasyan, o Andersen e etc, etc ... produzém Jazz de altissima qualidade que não exprime ném a negridão, ném uma espiritualidade mestiça, eles exprimem algo de universal ... como na sua época fizeram os Davis, Monk ou Tatum! Ao contrario essa "nova cena" utilisa essa linguagem para afirmar valores etnico-sociais abertamente, esqueçendo que a sugestão é uma arma mais potente do que a afirmação! A musica, como qualquer forma de arte não depende simplesmente da sua mensagem, mas da maneira como a diz e é aqui que não estamos de acordo!...
Mas, vamos ficar por aqui, cada um na sua e a partilhar as nossas obras preferidas ... é isso o principal
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVII Seg maio 24 2021, 11:23
TD124 escreveu:
(...) Mas, vamos ficar por aqui, cada um na sua e a partilhar as nossas obras preferidas ... é isso o principal
Esta é frase, ideia, princípio que não esperava ver... com cada um na sua, talvez fiquemos todos um pouco mais longe de compreender melhor a Música.
Para não me alongar muito, convido-o a reler as minhas palavras desde o princípio e convido-o a ler a sua frase que sublinhei em primeiro lugar. O que eu disse está claro, ver o Jazz como expressão espiritual e/ou política não significa "esquecer" (o termo é seu) nada, pelo contrário. Eu tentei explicar que faz parte do ADN do Jazz, está na História da Cultura e da Música.
O resto, como tive o cuidado de deixar sempre claro, vejo o Jazz como Língua e a Música (geral) como Linguagem. Os Músicos de hoje utilizam a mesma Língua que os primeiros, os que iniciaram faz 100 anos ou os que tocaram nas décadas posteriores, contudo essa Língua (como o Português, o Francês, o Inglês, ...) foi sendo actualizada. Nunca afirmei que essa Língua se fechava na comunicação de valores negros, espirituais ou políticos, disse e repito que a Língua Jazz tem na sua raiz essa e outras possibilidades - comunicar o amor, a felicidade, a tristeza, a mundividência física e material, a metafísica e imaterial, as crenças sociais e políticas, etc. Eu não escolhi colocar Blues e Gospel por acaso, mas percebi que deveria ter escrito todos os géneros que acabam por encerrar o mesmo.
Pelo que venho de dizer, compreendo que se coloque o Jazz, a Clássica, o Rock, e todos os restantes géneros de Música como Línguas, com semânticas e sintaxes próprias, que permitem (cada uma à sua maneira) comunicar o mundo que o Músico/Compositor/Instrumentista experimenta. Cada Língua tem as suas qualidades e fragilidades, os seus limites, tem as suas raízes culturais e históricas, mas todas permitem comunicar - compreendo que prefira a comunicação por "sugestão" em vez de "afirmação", por isso compreendo e respeito que se prefiram autores face a outros.
A leitura e troca de mensagens aqui, sobre Música, permite enquadramento das obras e potencia a compreensão das mesmas. Voltando à frase que deixei citada, espero que continue a partilhar os seus pensamentos e sensações sobre as obras que escuta, da minha parte conte com maior moderação. Longe de mim querer que a troca de palavras possa gerar afastamento da Música, tinha a ideia contrária.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVII Seg maio 24 2021, 14:47
José Miguel escreveu:
TD124 escreveu:
(...) Mas, vamos ficar por aqui, cada um na sua e a partilhar as nossas obras preferidas ... é isso o principal
Esta é frase, ideia, princípio que não esperava ver... com cada um na sua, talvez fiquemos todos um pouco mais longe de compreender melhor a Música....
José, esta pequena expressão significa siùmplesmente que não te quero "evangelizar" e que não estou em disposições para ser "evangelizado" pois temos ideias opostas e bem ancoradas em relação ao tema! A questão de fundo é que critiquei um album meu, pertencente a um movimento do qual gostas e isso desagradou-te. Continuar esta conversa é buscar o despiste pois estamos a falar de "gosto", não sou critico musical ném um musicologo, ném sequer colecionador, então ... o meu ponto de vista tém as limitações do melomano. Pareçe-me mais interessante de continuar(mos) a ser curiosos das musicas de uns e dos outros do que tentar defender a sua sardinha. Saber começar e acabar uma discussão é tão importante quanto o que se passa no meio, tal era o miolo dessa pequena expressão
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Seg maio 24 2021, 19:52
Está a saber tão bem ouvir este vinil.
Cocteau Twins no seu melhor criam ambientes magnéticos, que nos fazem quase levitar. Quando oiço este disco parece que perco 20 quilos,
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter maio 25 2021, 11:49
Alexandre Vieira escreveu:
Cocteau Twins no seu melhor criam ambientes magnéticos, que nos fazem quase levitar. Quando oiço este disco parece que perco 20 quilos ...
Portanto, Cocteau Twins não é o prato mais leve que seja nmho ... mas reconheço que é boa gordura
Alexandre Vieira gosta desta mensagem
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter maio 25 2021, 19:54
Alexandre Vieira escreveu:
(...) Quando oiço este disco parece que perco 20 quilos.
Em ti, esse efeito secundário está envolto em perigosidade, porquanto, actualmente, o teu peso são 52 kg.
Alexandre Vieira gosta desta mensagem
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter maio 25 2021, 22:37
Ideólogo resistente que abraçou causas, José Mário Branco, nasceu na cidade Invicta a 25 de Maio de 1942. «Resistir é vencer», álbum de canções dedicado aos resistentes timorenses na opositora luta de 25 anos ao exército timorense. Das dezasseis faixas, destaco «Eram mais de cem» e «Do que um homem é capaz».
(EMI, 7243 5 78846 2 4)
Alexandre Vieira e miguelbarroso gostam desta mensagem
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui maio 27 2021, 22:00
Cash tem uma força interior que se projecta na interpretação dos seus temas. Um homem bom e genial que nos deixou um enorme legado não só na música mas também na atitude que sempre demonstrou com os outros. Ele importava-se!
tomaz gosta desta mensagem
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui maio 27 2021, 22:22
Alexandre Vieira escreveu:
Cash (...). Um homem bom e genial que nos deixou um enorme legado não só na música mas também na atitude que sempre demonstrou com os outros. Ele importava-se!
Sem dúvida! Expressivas palavras de quem foi Johnny, um diferenciável e singular solitary man.
tomaz e Alexandre Vieira gostam desta mensagem
anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jun 01 2021, 17:18
De pequenino se torce o pepino
tomaz e Alexandre Vieira gostam desta mensagem
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jun 01 2021, 17:21
anibalpmm escreveu:
De pequenino se torce o pepino
Diria mais, de pequenino se bate o pezinho!
Ele parece estar a contrair o pé, a sua forma de o "bater" e dizer que gosta.
Alexandre Vieira gosta desta mensagem
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jun 01 2021, 20:52
anibalpmm escreveu:
De pequenino se torce o pepino
Estou a ver que o "pequenino" não estraga acústica. Esses momentos de partilha são tão bons...
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Qua Jun 02 2021, 18:57
Hoje fui à AudioTeam para comprar cabos , aproveitei para comprar este disco que rodava por lá. Foi amor à primeira audição. E por outro lado fiquei muito impressionado com o sistema de entrada da Rega. Para quem quer ouvir música com qualidade muito aceitável, é um sistema muito justo e impressionante.
O Disco é uma reedição da Analogue Produtions que tem um som muito harmónico.
tomaz gosta desta mensagem
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Qua Jun 02 2021, 19:04
Alexandre Vieira escreveu:
Hoje fui à AudioTeam para comprar cabos , aproveitei para comprar este disco que rodava por lá. Foi amor à primeira audição. E por outro lado fiquei muito impressionado com o sistema de entrada da Rega. Para quem quer ouvir música com qualidade muito aceitável, é um sistema muito justo e impressionante.
O Disco é uma reedição da Analogue Produtions que tem um som muito harmónico.
A interpretação de Tennesseee é interessantemente parecida com Cash.Talvez com menos emoção mas maior competência vocal.
RF99 Membro AAP
Mensagens : 196 Data de inscrição : 11/03/2016 Idade : 53 Localização : Santarém
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui Jun 03 2021, 15:42
Hoje já rodou o fantástico Mirrorball da Sarah McLachlan
E em formato digital, algo alemão.... Henrik Freischlader
tomaz gosta desta mensagem
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui Jun 03 2021, 22:26
Mais um 401!
tomaz gosta desta mensagem
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVII Dom Jun 06 2021, 11:37
Belas coisas andam por aqui, belos gestos também pois, escutar musica com um filhote é dar-lhe uma abertura suplementar sobre o mundo, e sobre si mesmo! Hoje neste dia quente mas coberto a musica da Liz Harris aka Grouper vém a calhar e encaixa como uma luva. Seria complicado de descrever em poucas linhas o seu estilo ... mas seria algo entre a folk e a electronica polvilhado de contemporanea e de um lirismo à la Monteverdi! Esta musica que é alternadamente realista e abstrata deixa consoante o auditor ou um sentimento de lenta melancolia ou uma plenitude, estou no ultimo caso. Este album, nmho um dos melhores dela é um perfeito exemplo da profundura da sua linguagem singular. Ajudado por uma gravação aonde a parte acustica é clara e a electronica particularmente desfocada, nasce deste disco um sentimento de sonho acordado que é um convite às reminiscências, à viagem interior. Lenta mas aérea, surealista mas orgânica esta obra descreve paisagens interiores complexas e inacabadas, ela procura nas sensações fugazes de ontém os alicerces de amanhã. Um disco aparentemente simples que acorda sentimentos complexos e liga o real ao irreal, o que em si jà é uma proeza!...
tomaz gosta desta mensagem
anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVII Seg Jun 07 2021, 00:20
tomaz e Fernando Salvado gostam desta mensagem
anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jun 08 2021, 12:54
tomaz gosta desta mensagem
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jun 08 2021, 22:41
Com letras de Alberto Caeiro, Alexandre O´Neill, Ary dos Santos, Bocage e Sophia de Mello Breyner Andresen, reveladoras da vivência portuguesa antes da Revolução, «Mestre» é um álbum de Petrus Castrus, no qual Júlio Pereira assumiu os solos de viola e baixo. Gravado em França e editado em 1973, o registo merece atenta audição.
(World Music Records, PR.2021015WM)
Alexandre Vieira gosta desta mensagem
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui Jun 10 2021, 13:32
Daqueles discos que quando tocam por aqui tocam de A a Z. É um espécie de ópera esotérica (como eles a qualificam) cheia de referências musicais cinematográficas e outras musicais, alguns arranjos fazem lembrar The Who em Tommy, outros The Doors, e até Radiohead. Muito mal recebido pela crítica (um dia destes vai para os bestas) este disco foi completamente desacreditado, e na verdade é uma daquelas obras que inegavelmente tem qualidade, originalidade e na minha opinião bastante gosto na "decoração" dos temas.
Vale a pena dar-lhe uma hipótese!
tomaz gosta desta mensagem
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Dom Jun 13 2021, 18:26
A ouvir o disco num aparelho da época o Telefunken, com uma célula da época e com amplificador da época
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jun 15 2021, 09:44
Fiquei estupefacto com a qualidade da gravação e da edição (1962). Melhor que muitos discos audiofilos produzidos actualmente.
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jun 15 2021, 20:32
Interessante apontamento de escuta de Alexandre Vieira, referente ao LP de José Afonso, mediante célula de leitura e amplificador do mesmo período temporal.
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Seg Jun 21 2021, 20:09
Sol e calor são personagens do Verão. No primeiro dia do resto desta estação, o Sol pouco se deixou ver. Quando observamos a luminosidade desta estrela depois de passar a atmosfera da Terra, apreciamos a tonalidade amarelada. Porém, esta coloração em nada corresponde à realidade, porquanto a matriz da sua cor de origem é esverdeada.
Celebro o início do Verão, mediante a audição da obra «Le Quattro Stagioni», do veneziano Antonio Vivaldi, interpretado pelo grupo Sonatori de La Gioiosa Marca.
(Divox Antiqua, CDX-79404-F)
Fernando Salvado gosta desta mensagem
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui Jun 24 2021, 21:39
Retratando o diário de Nathan Adler, «1. Outside» é um álbum editado a meio da década de 90. Gradualmente, à medida que lhe concedo ouvidos, mais me agrada este registo de David Bowie.
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jun 29 2021, 22:43
Em 1987, um rosto de menina surgiu no panorama musical dos lusíadas. Granjeando a admiração do público, no ano seguinte, uma colecção de nove canções é editada em «Cantar», predominando simples e elegantes arranjos, embelezadores da expressiva linguagem folk da cantora, guitarrista e compositora. «Nazaré» é o meu tema predilecto de Mafalda Veiga.
(EMI, 7916041)
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Qua Jun 30 2021, 10:33
Ghost4u escreveu:
Retratando o diário de Nathan Adler, «1. Outside» é um álbum editado a meio da década de 90. Gradualmente, à medida que lhe concedo ouvidos, mais me agrada este registo de David Bowie.
(Virgin, 7243 8 40711 2 7)
Esse disco é qualquer coisa de brutal! A parceria com o Eno cria soluções inovadoras. Tem uma energia que não se esgota.
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Dom Jul 04 2021, 15:23
Ghost4u escreveu:
Retratando o diário de Nathan Adler, «1. Outside» é um álbum editado a meio da década de 90. Gradualmente, à medida que lhe concedo ouvidos, mais me agrada este registo de David Bowie.
(Virgin, 7243 8 40711 2 7)
Aqui o concerto que melhor o ilustra!!!
Até arrepia de tanto cuidado e tão bons convidados.
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Dom Jul 04 2021, 21:16
Prezado Alexandre Vieira,
Agradeço o apontamento. Visionarei no decurso da semana.
Com melhores cumprimentos,
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Dom Jul 04 2021, 23:06
Enquanto leio o número primogénito da publicação Colóquio/Letras (Março de 1971), dedicado à vida literária - incluso no acervo do meu Paizinho - , concedo ouvidos a Rodrigo Leão & Cinema Ensemble - «A Mãe». Neste trabalho, editado em 2009, além de Ana Vieira, as vocalizações têm assinatura de: Daniel Melingo, Neil Hannon (Divine Comedy) e Stuart Staples (Tindersticks).
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Qua Jul 14 2021, 21:54
Saí da minha zona de conforto. Mas este disco é fabuloso, diria que é um funk-jazz totalmente musical em que esta banda demonstra um enorme talento musical e uma execução fantástica.
tomaz gosta desta mensagem
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui Jul 15 2021, 17:46
Corria o ano de 1969 e a cena psicadélica estava a viver a passagem do Outono para o Inverno. No decorrer desse mesmo ano ainda saíram alguns grandes álbuns com a marca deste estilo de Rock, afinal de contas no Outono e Inverno ainda há criação. Tomem-se como exemplo o grande Live / Dead dos Grateful Dead; Happy Trails dos Quicksilver Messenger Service; Volunteers dos Jefferson Airplane; Trout Mask Replica de Captain Beefheart; … a lista podia continuar, estes álbuns são conhecidos da maioria dos que gostam de Música capaz de cobrir todos os perfumes que vão do fumo ao ácido. Por outro lado, muitos álbuns caíram no esquecimento, ficaram na sombra. Tantos viram a luz pela via de pequenas tiragens e à margem das grandes editoras, aquele tempo era rico, tal como hoje (pela via do digital é impossível acompanhar o que se produz). O Movimento Psicadélico, mesmo o que esteve no centro do “Summer of Love” é muitas vezes apelidado de inconsequente, cantaram sobre os problemas sociais, mas foram pouco intervenientes – é um rótulo comum para quase toda a Arte e Criadores. Voltemos ao ano de 1969, pois foi neste ano que culminaram os trabalhos de um projecto saído da cabeça do então reverendo Nicholas Freund. Este senhor navegou as possibilidades do Rock Psicadélico, chegou a São Francisco e foi tocado… brincadeira, ele era reverendo, já fora tocado antes e usou isso para o seu acto de criação – as letras são muito voltadas para a vertente religiosa (cristã). A Música é tudo o que se espera, Psicadélica, com a voz de Joanie Goff logo na primeira faixa de cada lado a conduzir a viagem possível entre a terra e o céu.
The Search Party - Montgomery Chapel Para Escutar Sem Reservas.
Alexandre Vieira gosta desta mensagem
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui Jul 15 2021, 21:05
Excelente apontamento José Miguel
Deixa água na boca para conhecer essa "pérola"
anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui Jul 15 2021, 21:58
Alexandre Vieira gosta desta mensagem
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVII Sex Jul 16 2021, 18:28
O mundo vive dias complicados, há estilhaços que restam de acções de inconformidade. Hoje, o que experimentamos hoje, não é muito diferente do que outros experimentaram no seu tempo, o que por vezes nos distingue é o que fazemos com o que conhecemos. Joni Haastrup nasceu na Nigéria, um país repleto de problemas sociais, económicos e políticos, mas bebeu da Cultura do mundo. Ainda ontem falava de um estilo de Música que muitas vezes é acusado de ter sido pouco efectivo na sua acção, mas a existência deste álbum no fundo prova que a efectividade de uma acção não se mede apenas pelo lado de quem a pratica, também deverá ter em conta os receptores. Este é um álbum que tem algo de espiritual, de Funk, Psicadélico, de Progressivo… é a arma de comunicação que os Músicos encontraram para chamar a atenção para a necessidade de “Awareness is What You Need”.
MONOMONO - The Dawn Of Awareness (1974)
Sabe muito bem com o calor que está lá fora, com jeito ligeiro podem dizer-se coisas muito importantes.
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVII Sex Jul 16 2021, 18:46
anibalpmm escreveu:
Caro Aníbal, ao ver a sua partilha lembrei-me de um álbum recentemente descoberto... estamos sempre a descobrir coisas novas.
Gosta de grandes formações e este álbum é um exemplo de uma grande formação em todos os sentidos. Bengt Berger é um percussionista Sueco que se apaixonou pelos sons Africanos, dizem até que do Gana para ser preciso. Rodeou-se de companheiros de viajem, foram aprender o que se tocava e como se tocava longe de casa deles. Além desta enorme experiência, juntou-se a um dos grandes que sabia dar corpo aos sentimentos e conhecimentos de África - Don Cherry. É um álbum que parece ter pontas a tocar em todos os estilos, é poderoso sem deixar de nos brindar com pequenos pormenores. Creio que poderá ser divertido para o seu pequeno rebento.
Caso já conheça, fica a partilha pelo facto de eu ter chegado a ele faz pouco tempo.
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14344 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVII Dom Jul 18 2021, 22:21
Ao longo do espaço temporal, Carnegie Hall tem sido palco de actuações transcendentes. Na centésima sétima noite de 2004, Nova Iorque viveu uma filiação romântica com Caetano Veloso e David Byrne.
(Nonesuch, 7559 - 79880 - 7)
Alexandre Vieira gosta desta mensagem
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Ter Jul 20 2021, 21:15
Dois génios da música!
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 59 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVII Qua Jul 21 2021, 16:38
Mais um disco do Nick Cave e do seu inseparavel (actualmente) acolito Warren Ellis ... para alguns este album serà mais do mesmo e essa sensação é(me) compreensivel, para outros trata-se de mais uma pagina no eterno e monomaniaco romance escrito pelo artista australiano. È conhecido que as imponderaveis historias de descida aos infernos são ciclicas e uma eterna fonte de angustia criativa e isto sempre foi o motor artistico do Nick Cave. Encontrar no precipicio dos momentos de escuridão um ultimo sobressalto de humanidade é uma forma de panache que esta musica exalta e apregoa ... quase como uma forma de misticismo. Afastado estilisticamente da (falsa) inocência do Ghosteen este Carnage alterna minimalismo e impudicas salvas de raiva contida ... uma forma de retorno às origens mas diferente estilisticamente pois o homém mudou e diria definitivamente. O que era dantes um ballet de vida e de morte tornou-se num combate orgânico aonde os sentimentos se fundem numa osmose libertadora, o bem e o mal formam a mesma moeda. Subsiste uma forma de romantismo desencantado aonde nasce a esperança ... o que era um combate tornou-se num jogo de dados e a sorte é fonte dessa esperança, o homém precisa sempre acreditar em algo para não (se) esqueçer, para continuar a ser e a avançar, mesmo se por intermitência e sém certezas...
PS: Comprei o vinilo mas ainda não o escutei, venho de descobrir a integralidade do album pelo Spotify hoje e por isso não sei se a prensagem é de qualidade ou não. Deixo aqui no a rodar esta opinião mas, pelo momento, a escuta foi unicamente em digital e em MP3 ... o que não modifica em nada o que està escrito
tomaz e Alexandre Vieira gostam desta mensagem
vlopes Membro AAP
Mensagens : 3034 Data de inscrição : 03/07/2010 Localização : Para onde nos pode levar uma música? Para qualquer lugar onde seja capaz de voar o pensamento.
Assunto: Re: A rodar XLVII Qua Jul 21 2021, 16:44
Bom retrato da obra e estilo de NC. Gostava de ter feedback desse LP, quando o ouvires
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVII Qua Jul 21 2021, 19:17
vlopes escreveu:
Bom retrato da obra e estilo de NC. Gostava de ter feedback desse LP, quando o ouvires
Eu também! Para assim ter um motivo para o abrir quando comprar.
anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVII Qui Jul 22 2021, 22:09
José Miguel escreveu:
anibalpmm escreveu:
Caro Aníbal, ao ver a sua partilha lembrei-me de um álbum recentemente descoberto... estamos sempre a descobrir coisas novas.
Gosta de grandes formações e este álbum é um exemplo de uma grande formação em todos os sentidos. Bengt Berger é um percussionista Sueco que se apaixonou pelos sons Africanos, dizem até que do Gana para ser preciso. Rodeou-se de companheiros de viajem, foram aprender o que se tocava e como se tocava longe de casa deles. Além desta enorme experiência, juntou-se a um dos grandes que sabia dar corpo aos sentimentos e conhecimentos de África - Don Cherry. É um álbum que parece ter pontas a tocar em todos os estilos, é poderoso sem deixar de nos brindar com pequenos pormenores. Creio que poderá ser divertido para o seu pequeno rebento.
Caso já conheça, fica a partilha pelo facto de eu ter chegado a ele faz pouco tempo.
Obrigado pela sugestão José, vou escutar Eu gosto de tudo desde que me entre no ouvido,por ex este disco que ouvi hoje e que é a antítese da big band. 4 génios à solta ei o resultado só pode ser superlativo
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVII Sex Jul 23 2021, 16:15
TD124 escreveu:
Mais um disco do Nick Cave e do seu inseparavel (actualmente) acolito Warren Ellis ... para alguns este album serà mais do mesmo e essa sensação é(me) compreensivel, para outros trata-se de mais uma pagina no eterno e monomaniaco romance escrito pelo artista australiano. È conhecido que as imponderaveis historias de descida aos infernos são ciclicas e uma eterna fonte de angustia criativa e isto sempre foi o motor artistico do Nick Cave. Encontrar no precipicio dos momentos de escuridão um ultimo sobressalto de humanidade é uma forma de panache que esta musica exalta e apregoa ... quase como uma forma de misticismo. Afastado estilisticamente da (falsa) inocência do Ghosteen este Carnage alterna minimalismo e impudicas salvas de raiva contida ... uma forma de retorno às origens mas diferente estilisticamente pois o homém mudou e diria definitivamente. O que era dantes um ballet de vida e de morte tornou-se num combate orgânico aonde os sentimentos se fundem numa osmose libertadora, o bem e o mal formam a mesma moeda. Subsiste uma forma de romantismo desencantado aonde nasce a esperança ... o que era um combate tornou-se num jogo de dados e a sorte é fonte dessa esperança, o homém precisa sempre acreditar em algo para não (se) esqueçer, para continuar a ser e a avançar, mesmo se por intermitência e sém certezas...
PS: Comprei o vinilo mas ainda não o escutei, venho de descobrir a integralidade do album pelo Spotify hoje e por isso não sei se a prensagem é de qualidade ou não. Deixo aqui no a rodar esta opinião mas, pelo momento, a escuta foi unicamente em digital e em MP3 ... o que não modifica em nada o que està escrito
Gostei de ler as palavras do Paulo sobre o Carnage, não me recordo se já falei dele por aqui...
Temos o Carnage e o Ghosteen, apesar de não partilhar (uma pequena) parte da opinião sobre o rumo de estilo (para mim/nós os dois álbuns são um contínuo, a Produção do Ellis nota-se nos álbuns, mas também nos arranjos em concerto), compreendo que o Paulo veja no Carnage uma busca de luz - ela parece existir, mas perde-se num instante (como o vejo, claro). A primeira faixa transporta-me de imediato para o Nick Cave que se procura numa espiritualidade sem ponto completamente definido (!?! um desencontro), a referência parece saltar do The Boatman's Call, na faixa Hand Of God, a primeira de Carnage, diz assim: "There are some people who aren't trying to find anything But that kingdom in the sky, in the sky"
Na faixa 4, White Elephant volta ao tema: "A time is coming A time is nigh For the kingdom In the sky Don't ask who Don't ask why 'Cause there's a kingdom in the sky We're all coming home For a while" (no Ghosteen também aparece esta imagem... pintada por palavras)
Ao longo do álbum ele parece não conseguir fugir a uma página da sua vida que o marcará para sempre, não é "apenas" a morte do seu filho em circunstâncias trágicas, ele mesmo vive uma espécie de tragédia (como os Gregos pensaram e escreveram) faz tempo, a luz faz-se sombra e a sombra volta a dar lugar à luz, o álbum carrega-se de uma paisagem que fica entreaberta pelos arranjos e coros muito bem utilizados.
Tenho escutado muito álbuns de Nick Cave, é uma fase... gosto do que o Ellis consegue em termos de arranjos, permite uma largura e profundidade que nem sempre a "banda clássica" consegue - parte disto deve-se ao uso de electrónica, claro, mas está muito bem conseguido.
Para quem está com dúvidas, as edições em vinil são boas, a capa de Ghosteen merece o tamanho.
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 43 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVII Sex Jul 23 2021, 16:24
anibalpmm escreveu:
Obrigado pela sugestão José, vou escutar Eu gosto de tudo desde que me entre no ouvido,por ex este disco que ouvi hoje e que é a antítese da big band. 4 génios à solta ei o resultado só pode ser superlativo
O Aníbal não deixa de me surpreender com as suas propostas, quatro Saxofonistas a criar linhas de diálogo... gostei do que espreitei, tenho de escutar com mais calma.
Ando numa fase em que preciso de escutar palavras e pouco Jazz tenho feito rodar, quando trabalho em casa faço-me acompanhar de coisas mais próximas da Electrónica Ambient. Para cruzar o tema com Jazz, deixo esta referência que poderá gostar:
Eli Keszler - Stadium (2018)
É bem Jazzístico na forma como é construído, mas há recurso a "novos" instrumentos para criar Música.