A rodar XLVII

Quando o companheiro vlopes referiu que escutava o triplo álbum ao vivo de Bruce, a vontade de dar ouvidos a outro registo foi despertada no meu ser... Neste primeiro domingo de Março, consegui concretizar esse desejo. Assim, quando no horizonte o rosto do Sol desaparecia, no Quatro Centenas e Uma Unidade, iniciei a audição de Bruce Springsteen & The E Street Band «Live/1975 - 85», ofertada pelo amigo Júlito. Springsteen, embaixador da música com narrativa de acontecimentos marcantes nos States, é bom contador de histórias. Particularmente, considero magistral o alinhamento do lado 6:
- «This land is your land»;
- «Nebraska»;
- «Johnny 99»;
- «Reason to believe».

Recordo que em 1986, aquando a edição, estudando em horário nocturno na Escola de Artes António Arroio, à meia-noite, de segunda a sexta-feira, ligava o rádio, sintonizando a RFM para escutar «O último metro». Neste programa, os cinco discos inclusos na caixa, foram dados a conhecer ao longo de várias sessões, conduzidas por Nuno Infante do Carmo.

(Columbia, C5X 40558)

1997. «O Paraíso» foi o primeiro álbum do agrupamento Madredeus, editado a nível planetário. Embora, não seja o meu disco de eleição deste grupo, reservei a escuta para esta noite.

(Warner Music, 2564630947-4)

11 de Março de 1921. Volvidos cem anos do nascimento de Astor Pantaleón Piazzolla, que concedeu novo e vigoroso fôlego ao tango, aproveitando a ambiência da cidade de Buenos Aires como manancial criador das suas composições, prestei-lhe tributo dando ouvidos às sete leituras de Bolívar Soloists.

(Berliner Meister Schallplatten, BMS 1202 V))

O filho de Dylan sabe cantar? A resposta é dada sem rodeios, pois o rapaz é vocalista dos Wallflowers. A solo, Jakob cativa o ouvinte com uma dezena de composições, no sereno álbum «Seeing things».

(Columbia, 88697023282)

Este artista é pouco badalado por aqui e no entanto mereçe cada microsegundo do vosso tempo e sensibilidade! Déem uma orelhada a isto e a cada um dos outros albums ... o rapaz viveu pouco tempo mas deixa-nos um legado imenso!...

Boa-noute e boa-semana!

Márcia detém voz doce e cristalina, interpretando as suas composições com naturalidade desarmante, sem necessitar de fazer piruetas vocais para despertar a atenção do ouvinte. Em 2013, editou uma dúzia de temas que materializam «Casulo», um dos melhores álbuns da década.

(EMI, 50999 9 75451 2 5)

No início da carreira, os Alice in Chains, com a sonoridade das guitarras repletas de distorção e, quiçá, por efectuarem a abertura de concertos dos Poison e Van Halen, eram considerados uma banda promissora de metal. Oriundos de Seattle, Layne Staley, dava voz às suas letras perturbadoras, como se fossem auto-profecia da sua curta vida, retratando a frustração e os seus problemas inerentes à dependência de drogas. Gravado a 10 de Abril de 1996, o álbum «Unplugged», constitui a versão light do percurso da banda, embaixadora do movimento grunge.

(Columbia, 484300 2)

A paixão e o entusiasmo levam-nos por momentos a classificar como "indispensaveis" albums que são simplesmente uma cristalisação de um momento, de um estado de alma ou de uma época! Em paralelo de estes momentos existém obras que sém esforço ném intenção se impõem ano apòs ano, década apòs decada e que caminham calmamente até à eternidade, são os chamados "classicos", ou seja, aqueles para os quais a qualidade não depende do nosso gosto e que nos mostram cara-a-cara o nosso nivel de compreensão do que é a Arte! Desta vez abandono a minha zona de conforto (poderia ser um exemplo para outros) e entro numa praia que não é a minha ... mas o que venho de dizer é pura postura pois no fundo gostaria que a qualidade seja a minha unica praia, o resto são instantes fugazes, são sentimentos temporarios! Evidentemente que qualquer sentimento é fugaz, mesmo o amor, mas alguns duram e pareçe que mesmo que podem ser eternos, pelo menos na literatura! Mas, passado este preambulo em forma de introdução digo-vos que escuto isto neste momento e que é simplesmente abissal de profundura e virtuosidade! Não mereçe um prémio Nobel de literatura é certo ... mas mereçe qualquer Nobel Musical que se possa imaginar e mesmo no sentido literario é de um nivel que estonteia, traduzido em françês, português ou chinês pouco importa pois é sempre enorme, esta é a verdadeira assinatura de um "puro classico"! Tudo isto para dizer que vos convido a escutar o Highway 61 Revisited do amigo Robert Allen Zimmerman aka Bob Dylan e deixo-vos um cheirinho! Quando estamos a este nivel era costume no passado meter o joelho esquerdo no chão e inclinar-se à frente do Rei, é a vénia que faço neste momento...

Não aprecio a maioria dos registos de Miles Davis a partir dos anos 70, aquando a sua incursão pelo funk e por experimentalismo!

Editado em 1971 e composto por dois temas, «A tribute to Jack Johnson» (primeiro pugilista negro campeão mundial de 1908 a 1915), constitui excepção na minha afirmação. Com John McLaughlin (guitarra eléctrica), Herbie Hancock (sintetizador), Steve Grossman (saxofone), Michael Henderson (baixo eléctrico) e Bill Cobham (bateria), este é um registo jazz/rock para explorar.

(Columbia/Legacy, 19075950871)

"O Autor recusa veemente, repudia, abomina e denúncia o ridículo e ofensivo Acordo Ortográfico de Malacas e outros Condes Andeiros da Língua Portuguesa", refere Pedro Barroso, em «Artes do futuro». Editado em 2017, é o seu penúltimo álbum, gravado nos estúdios Ponto Zurca, em Almada, em 13 dias, por 13 músicos (entre os quais, António Chainho e Rão Kyao), contendo 13 canções. «O engenheiro comendador» é uma leitura realista do que ainda se passa neste país.

(Ovação, 877CD)

Nas ondas hertzianas, a Antena 2 presenteia os ouvintes com a transmissão do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu. Directamente da Aula Magna do Instituto Politécnico, o trio constituído por António Saiote (clarinete), Artur Caldeira (guitarra portuguesa) e Daniel Paredes (viola), apresentou melodias do fado canção identificáveis por si só e outras músicas de latitude latino/americano.

O trio teve conhecimento que Fernando Salvado, ouvinte exigente e atento, estaria com a orelha colada ao rádio Por conseguinte, o concerto teria que ser aprazível.